Capítulo 2



Faltava apenas 1 hora para a detenção, tomei um banho rápido e coloquei uma calça jeans com uma blusa rosa regata colada no corpo. Meu quarto estava abafado e eu estava morrendo de calor. Prendi o cabelo em um rabo-de-cavalo e botei um tênis velho. Botei a varinha no bolso da frente da calça e desci as escadas do meu dormitório. Quando eu estava chegando ao retrato da mulher gorda ouvi Harry chamando pelo meu nome.
-O que você quer?-respondi virando-me pra trás.
-Falar com você.
-É mesmo?Azar o seu.
-Onde você vai?-quis saber ao olhar a roupa que eu estava usando.
-Não te interessa. Tchau. -falei passando pelo retrato da mulher Gorda.
-Hermione! Eu preciso falar com você. -insistiu o moreno vindo atrás de mim.
-Você ainda não entendeu que eu não quero falar com você?-perguntei andando mais rápido.
-Você tem que me ouvir. -ele me seguia pelo castelo.
-Eu não tenho que fazer nada. –lembrei entrando em outro corredor.
-Deixa eu te explicar o que aconteceu. -pedia o garoto tentando me acompanhar.
-Vai embora.
-Não, eu não vou até você parar e me ouvir. -avisou ele.
-Então vai perder seu tempo, porque eu não vou parar. –agora nós já estávamos perto da sala do Filch.
-Dá pra deixar de ser cabeça-dura?
-Desculpa, meus chifres te incomodam? –perguntei irônica.
-Mione! Pára. -falou segurando meu braço.
-Me solta. -pedi sem olhar pra trás.
-Não até você me ouvir.
-Eu vou gritar. -avisei olhando pra ele.
-Isso, aí nós vamos ficar na detenção e você vai me ouvir de qualquer jeito. –comentou sem me soltar.
-Eu tenho um compromisso.
-Olha, Mione, eu juro que não fiz por mal. Eu não tinha coragem de terminar com você. Eu fiquei com medo de te magoar, eu tava gostando da Cho. -explicou tristonho.
-Ah, claro, então tudo bem se eu descobrisse, né? Realmente eu ia ficar bem menos chateada se ouvisse pela sua boca que eu era corna. -ironizei olhando-o com desprezo.
-Aconteceu! Eu errei, fui deixando e me envolvi demais com ela.
-Você errou? Não brinca? E eu nem tinha percebido! Pensei que o erro era todo meu. -desdenhei tentando soltar meu braço do dele.
-Você tem todo o direito de estar com raiva. Eu só queria que você me desculpasse. Nós somos amigos há tanto tempo, Mione.
-Ah, você pensou nisso enquanto enfiava a língua na boca da Chang? Olha só, eu não sou ninguém pra te julgar, garoto. Foda-se você e aquele monstro. Mas não venha me pedir pra ser sua amiguinha. –avisei com raiva.
-Eu gosto de você Mione. Não faz isso comigo, eu não fiz por mal. -tentava ele com lágrima nos olhos.
-Eu tenho mais nojo de você do que do Malfoy. –confessei.
-Isso foi um elogio, Granger?-perguntou interessado o garoto que acabara de chegar.
-Cala a boca, Malfoy. Me solta, Harry. -falei olhando pro meu braço vermelho que ele ainda segurava.
-Não, você não conversa direito comigo. Olha pra mim, Mione, eu quero falar com você.
-Mas eu não quero. Me solta! -gritei tentando me soltar, mas pelo visto eu era fraca demais.
-Solta ela. -ouvi a voz autoritária de Malfoy.
Eu e Harry olhamos surpresos pra ele.
-Ou o que? -continuou Harry levantando uma das sobrancelhas.
-Eu quebro a sua cara.
Harry apenas riu e afrouxou a mão, eu me debati e consegui me soltar sacando a varinha do bolso.
-Sai daqui. -mandei apontando-a para ele.
-O que você ta fazendo?-perguntou confuso.
-Não tente falar comigo outra vez. Some da minha vida.
Ele bufou e saiu batendo os pés. Olhei para o loiro ao meu lado.
-Por que você mandou ele me soltar?-perguntei massageando o braço.
-Ah, você queria ter ficado ali? Ok, eu aviso pra ele.
-Não! Vamos entrar logo. Ainda temos uma detenção por sua culpa.
-Minha?Você que saiu me agarrando no meio das masmorras. –lembrou dando um sorriso vitorioso.
Eu fiz uma careta e abri a porta. Quando entramos, avistei uma figura sentada fazendo carinho em uma gata.
-Boa noite. –falei aproximando-me.
-Vocês vão para a floresta proibida com o Professor Hagrid. Então vamos logo. -avisou levantando-se e caminhando em direção a porta.
Eu olhei feio para Malfoy e o segui. Descemos as escadas e saímos do castelo. Um vento frio bateu e eu me arrepiei toda. Hagrid estava parado um pouco a nossa frente com canino e uma lamparina. Aquela detenção me lembrava muito a primeira detenção da minha vida.
-Boa noite Hermione. Olá, Malfoy. –cumprimentou o gigante me dando um abraço.
-Oi, Hagrid.
-Depois eu quero conversar com a senhorita. Filch eles estão bem, pode ir. -avisou Hagrid acenando para o velho.
-O que nós temos que fazer?-resmungou o loiro cruzando os braços.
-Bem, alguns centauros andaram brigando e dois deles se machucaram. Eu preciso achá-los.

Quando chegamos na floresta proibida, Hadrig falou para eu e Malfoy irmos por um lado e ele ia com Canino para o outro.
-E se nós encontrarmos?-perguntei.
-Tragam-no para cá. Usem um feitiço para trazê-lo. A gente se encontra aqui em duas horas.
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-Não acredito que por sua culpa eu to no meio dessa floresta maldita de novo. -reclamava Malfoy.
-Você é um babaca, esse é o motivo por estarmos aqui. -completei apontando a varinha com a luz acesa para seu peito.
Nós já estávamos andando há meia hora e não tinha visto sinal de centauro algum. O lado esquerdo era iluminado por mim e o esquerdo por ele. Eu estava tremendo de frio com aquela blusinha.
-Aparece, centauro, por favor. –suplicava passando minha mão livre pelo meu braço, tentando aquecê-lo.
-Ouvi um barulho! -avisou ele. - Apaga essa varinha, sua burra.
-Nox!-sussurramos juntos.
-Onde você ta? Eu não to vendo nada. -falava eu baixinho tateando o ar a sua procura.
-Cala a boca, sangue ruim.
-Eu não sei onde...
-Levicorpos! -gritou ele.
-Lumus. -falei apontando minha varinha para qualquer lugar.
E lá estava Malfoy estufando o peito e fazendo um centauro flutuar com sua varinha.
O animal estava machucado, ele tinha muito sangue na pata.
-Nós vamos levar você para o Hadrig te curar. -avisei sorrindo para ele.
Eu estava andando ao lado do loiro de farmácia olhando para o centauro bem a nossa frente e não vi o pedaço de madeira a minha frente. Tropecei de cara no chão e o Malfoy começou a rir descontroladamente de mim.
-Cala a boca, serpente Albina. -falei tentando me levantar.
Ele apenas continuou rindo da minha tragédia e andando. Eu apaguei a luz que saia da minha varinha e fui andando ao seu lado. Depois de andar bastante, nós chegamos ao lugar combinado com Hagrid.
Malfoy pousou o centauro no chão e eu sentei em um pedaço de tronco de árvore. Cada vez eu sentia mais frio. Meus dentes estavam começando a bater e eu tentava me esquentar passando as mãos pelos meus braços. Malfoy não parecia sentir frio algum. Ele devia estar com mais de dois casacos. Aquilo me fez odiá-lo mais.
-Ta com frio Granger? -perguntou rindo.
-Não. -respondi amarga.
-O Potter...-começou ele.
-O que tem ele?
-Você não sabe porque ele te traiu?-perguntou balançando a cabeça fingindo que se importava.
-Não, eu não sei, e não preciso que você me conte.
-Você é tão ingênua, Granger. Ele só tava com ela, porque você não transava com ele. Você acha que ele ta apaixonado por ela? Como ele disse? -riu jogando a cabeça pra trás.
Uma lágrima caiu dos meus olhos e eu a limpei rapidamente. O que o Malfoy estava dizendo fazia sentido. Eu e Harry nunca havíamos transado e ele vinha tentando há um bom tempo. Mas eu sempre falava que não, que não estava preparada. Acho que eu tinha medo. Como ele pôde me trair por causa de sexo? Isso o torna mais babaca ainda. Cada dia que passa, eu descubro que ele é mais escroto.
-Você não sabe do que você ta falando!
-Eu? Quem disse isso foi a Chang e não eu.
-O que?-indaguei perplexa.
-Todo mundo sabe que você e o Potter não transavam. Ela contou pra todo mundo. -contou o loiro rindo.
-Filha da puta! -xinguei com raiva.
-Olha os modos, sangue ruim. Você ficou tristinha? -perguntou fazendo uma carinha de choro.
-Vai se fuder, Malfoy.
-Não, eu não vou, mas o Potter e a Chang vão. –disse rindo.
-Você é desprezível, Malfoy. Porque você não morre?
-Porque não morre você? Não tem amigos, é feia, virgem, seu namorado te traiu...Faça um favor pra humanidade e se mate.
Meus olhos estavam molhados. Eu queria chorar, queria muito chorar. Mais que qualquer coisa. Como alguém podia ser tão idiota? Loiro desgraçado. Apenas virei de costas pra ele e afundei a cabeça entre meus joelhos. Eu senti um pano bater na minha cabeça. Era o casaco que o loiro nojento estava usando.
-Pára de chorar, sangue ruim. -disse Malfoy.
-Pra que isso?-perguntei mostrando o casaco e limpando as lágrimas do meu rosto.
-Pra costurar pra mim. -respondeu sarcasticamente. -Pra que você acha? Veste logo isso e pára de reclamar.
Eu levantei uma das sobrancelhas e coloquei o casaco. Finalmente eu estava quentinha. Ele ficou me olhando e eu agradeci sem graça. Por que ele tinha me emprestado o casaco? Aquilo não sai da minha cabeça.
-Não precisa me devolver, vai infectar com esse sangue-ruim. -avisou ele cruzando os braços. - Cadê esse maluco?
-Ele deve estar chegando. -falei olhando para o centauro adormecido ao meu lado.
-Malfoy...-chamei.
-O que foi? –perguntou impaciente.
-Me ajuda a me vingar do Harry?-pedi olhando-o nos olhos.
-O que? –perguntou perplexo.
-Isso mesmo que você ouviu. Eu quero me vingar dele. –repeti seriamente levantando-me e parando a sua frente.
-E o que você sugere?-quis saber sorrindo maliciosamente.
-Não sei, por isso eu to pedindo a sua ajuda. -respondi obvia.
-O que o Potter mais odeia?-perguntou levantando a sobrancelha.
-Você. -ele sorriu.
-E ele gosta de você. -comentou pensando.
-E...?-insisti mexendo as mãos.
-Tive uma idéia!-exclamei sorrindo.
-Qual?-perguntou interessado.
-Você não vai gostar. Nem eu. Mas aposto que o Harry vai querer nos matar.
-O que?
-Nós... Vamos fingir que...-eu parei.
-Que...?-continuou.
-Estamos namorando. -falei rapidamente.
-Nunca!-exclamou ele incrédulo.
-Ok, é a única idéia que eu tive. Se você tem uma melhor, me diz então.
-Eu teria que te beijar?-quis saber voltando ao assunto.
-Não vai precisar disso. -respondi sorrindo. - Só de nos ver juntos ele vai morrer. -contei animada.
-Tudo bem. -concordou por fim.
-Ótimo, então a partir de hoje, Hermione Granger e Draco Malfoy estão namorando. -falei por fim.
Ele fez uma cara de nojo e resmungou um “ta bom, ta bom”. Eu tinha certeza que ele estava animado pra ver Harry com raiva. Aquela seria a vingança perfeita. Ele ia ver quem era idiota. Tudo bem que eu ia ter que andar junto com o loiro de farmácia, mas valeria a pena.
Um tempo depois, Hagrid chegou com o outro centauro no ar.
-Vocês o acharam! Obrigado. Bem, vamos então?
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