Do Meu Jeito
Rony ouviu o toc-toc irritante de sapatos de salto descendo as escadas do dormitório feminino. Foi erguendo lentamente os olhos do livro quando o barulho cessou. Botas de cano semi-curto pretas, de couro, salto agulha de pelo menos nove centímetros, pernas bem torneadas, com uma minissaia plissada que as cobria no máximo até a metade das coxas, de estampa escocesa e tecido leve, e uma blusa tão semitransparente quanto possível. Sobre a roupa, tornando tudo quase um convite dissimulado, estava um sobretudo aberto de couro leve, como as capas antigas de detetives, podendo ser fechado apenas por uma faixa. Rony olhou para o lado. Não, sua irmã estava ali, a seu lado, terminando de ajeitar sua maquiagem, com uma roupa um pouquinho menos recatada que a da outra garota. Com mais um relancear de olhos para se certificar de que não era Gina, ele encarou a garota à frente.
— Hermione? – concluiu ele, incrédulo. – Merlin, o que deu em você?
— Eu... Gina comprou isso para mim – murmurou ela, corada. – Por que, está ruim?
— Não... Está... – Ele não conseguia parar de olhar para as pernas da amiga. – Nossa, está muito... sensual.
— Não era bem essa a intenção... – Ela sentiu seu rosto começar a queimar quando percebeu que Rony olhava suas pernas. – Rony, fale sério... Pare de olhar... – Ela cruzou as pernas, constrangida.
— Caramba, Hermione! – exclamou ele, olhando-a de cima a baixo. – Caramba, mesmo...
— Eu garanto que tem pano suficiente nessa roupa pra ter um bolso e esconder uma varinha – sibilou ela, corada. – Então ou você desgruda esses olhos das minhas pernas ou eu juro que te azaro!
— Tudo bem, tudo bem... – Mas ele não moveu os olhos. Não conseguia.
— Pára de me olhar! Que saco, isso incomoda!
Ele não estava nem ouvindo. Perplexidade? Pavor? Os dois? Ele não sabia. Só tinha certeza de que nunca havia visto a garota vestida daquele jeito. Ela fechou o casaco, estalou os dedos e apontou para os próprios olhos como quem diz “foco, Rony!”.
— Se você não quer me ouvir, pelo menos pare de dissecar minhas pernas! – exclamou ela.
— Eu nem estava olhando... – defendeu-se ele.
— Se olhasse mais, comeria as pernas dela com bota, saia e tudo – intrometeu-se Gina, erguendo-se. Estava com uma microssaia de couro preta, top branco de lycra e luvas que pareciam aquelas de vestido de noiva, mas completamente lisas, combinando, com um blazer semitransparente preto. – Agora, sai! Eu vou terminar de arrumá-la e você a está constrangendo.
Após alguma insistência, Rony se ausentou, e Gina pôde finalizar sua obra. Hermione Granger, a estudiosa grifinória, monitora exemplar e um verdadeiro patinho feio estava legalmente pronta para qualquer coisa. E não era por causa das botas Jimmy Choos.
— Esqueci disso – disse Gina, pegando uma caixa e entregando à garota. – É um perfume novo, um Yves Saint-Laurent. Combina com você.
Ela borrifou um pouquinho na amiga e retornou-o à caixa, escondendo-a com perícia. Estava pronto. Agora, era com ela.
Como combinado, elas encontraram Draco no primeiro degrau da escadaria. Ele se postou entre as duas, sorrindo malicioso, envolvendo-as pela cintura como se ambas lhe pertencessem. Assim, naquela formação estranha e lutando para não descuidar da postura ou parecer nervosa, apesar de sentir que estava suando frio, Hermione começou a descer as escadas. Assim que seus pés tocaram o terceiro degrau, ela sentiu que os olhares de todos dirigiam-se a ela e Gina. Respirando fundo novamente, terminou de descer as escadas e Draco tirou os casacos das duas. Houve um burburinho no Salão mas, quando o loiro pousou os casacos e Gina deu o primeiro passo, todos se calaram e voltaram ao que estavam fazendo. Hermione mal se moveu. Depois de várias outras festas menores com esse mesmo comportamento, ela aprenderia a sair desfilando entre as pessoas e roubando drinques de rapazes, acompanhados ou não, só para beber um gole irrisório e devolvê-los com uma piscadela maliciosa, como Gina fazia, e puxando pelo colarinho da camisa qualquer um que tivesse bebido mais de meia taça de qualquer coisa, para dançar.
Foi salva de ficar estacada ali a noite inteira por um Brian muito charmoso em um jeans displicente, camiseta branca lisa e blazer preto, combinando perfeitamente, apesar da disparidade.
— Se queria negar-me a dança ao se atrasar – sussurrou ele, estendendo-lhe uma das mãos e sorrindo – devia ter vindo em trajes mais confundíveis. Nenhuma garota que fique perfeita em uma blusa semitransparente consegue passar despercebida.
— Pois saiba que, se me atrasei, é apenas porque tive vontade de fazê-lo – replicou ela, com um esboço de sorriso, pousando a mão sobre a dele. – Não tenho medo de rapazes, Brian. Não há nada que vocês possam me fazer que realmente me surpreenda.
Aquilo fora um flerte? Oh, meu Merlin, aquilo fora um flerte! Um desafio, praticamente! E se Brian aceitasse? Como ela supostamente deveria reagir? Meleca! Por que Gina sempre se esquecia dos detalhes? E por que sempre dos detalhes constrangedores?
— Acredito que tenho então direito a uma longa dança. – Ele colocou a mão direita sob a blusa da garota, em suas costas.
— Faça o que quiser com essa mão – disse Hermione, com um meio-sorriso. – Mas se você conseguir amassar a seda dessa blusa Celine, você não levantará mais.
— Desde que você também não levante...
Antes que a situação saísse do flerte inocente e passasse para o prelúdio de uma ficada, uma música começou, e Brian decidiu levar a garota para o meio do Salão e exercer sua dança de direito. Hermione nunca precisaria ser compelida a dançar com ele novamente: Brian era um excelente dançarino.
— Razoável – disse ela, quando ele perguntou-lhe se a dança estava agradável.
— Hum... – O rapaz sorriu. – Sabe o que eu acho? Que você é orgulhosa demais para admitir que eu sou o melhor cara com quem você já dançou.
— Haja presunção! – exclamou ela, rindo e jogando a cabeça para trás, num movimento gracioso. – Não, Brian... Não seja convencido.
— Realista, Hermione – replicou Brian, puxando uma taça de uma mesa enquanto dançava e levando-a sensualmente aos lábios. Na realidade, pensou a garota, ele tem lábios muito bonitos... – Beba.
Ele estendeu a taça a ela e observou-a sorver um gole do líquido levemente alcoólico. Depois, o rapaz pousou novamente o objeto e encarou a garota. Num movimento relativamente rápido, acariciou com os lábios o pescoço de Hermione, como se procurasse por algo, mas foi levemente repelido quando tentou levar a iniciativa para a boca da garota. Sem insistir, ele retornou o movimento, até a música parar.
— Quer parar? – perguntou ele, sorrindo, sugestivo.
— Por quê? – replicou ela, quase inocente. – Minha blusa não está amassada.
Brian tocou com a língua uma parte sensível do pescoço da garota, que estremeceu e se encolheu. Parecia um joguinho. Não era como se ela estivesse afim dele, e vice-versa. Ao menos, ela pensava assim.
— Vem. – Ele segurou-a pelo quadril e foi até uma mesa. Pegou uma taça e serviu a garota. – Esse é bom. – Os dois egueram as taças. – À sua saúde.
— À sua saúde – repetiu ela, bebendo um gole quase imperceptível então. – Agora que minha dívida está paga, vou sair por aí, tudo bem?
O rapaz fingiu um dar de ombros despreocupado e Hermione se ergueu. Queria olhar as outras pessoas, ver se conhecia mais alguém. Seu olhar bateu em Mariah logo em seguida. Não havia outra palavra, ela estava vulgar. E não moderadamente, ou de uma maneira no mínimo atraente, não: estava completamente vulgar. Blusa curta demais, calça apertada demais, jóias demais, e um perfume barato de cheiro doce demais. Tudo demais. Hermione sentiu pena, e não entendeu por quê. Talvez fosse a convivência com Gina que a tornara tão complacente quanto às outras garotas. Suspirou e desviou o olhar. Rony e Susan estavam sentados lado a lado em um banco almofadado, rindo e brincando um com o outro. A morena estava bonita, com uma calça de camurça preta justa e uma básica de gola rulê rosa, e os cabelos presos em um rabo-de-cavalo, cacheados e brilhantes.
— Suzie é bonita, não é? – perguntou Gina, atrás de Hermione, com uma taça na mão, sorrindo e apontando a amiga do irmão. – Ela tem bom gosto. A calça é Gucci.
— Rony gosta dela, não? – Ela roubou a taça da mão da ruiva e bebeu um gole generoso. – Digo, da Susan, não da calça.
— Ah, sim. – Ela riu. – Ele a adora. De verdade, adora mesmo...
— Hum... – Hermione suspirou e encarou a amiga novamente. – Como eles estão?
— Ainda nas preliminares – delatou a garota, esvaziando a taça e roubando, com a piscadela que lhe era tão característica, outra das mãos de um rapaz alto, de camisa de linho e calça pretas, que sorriu para ela, inconformado, e deu a Hermione a impressão de que ela o conhecia. – Por quê?
— Sei lá – disse a outra, olhando discretamente para as costas do rapaz que se afastava. – Sabe, ele é seu irmão, e meu amigo, e...
— Hermione, você está com ciúmes do Rony? – Gina boquiabriu-se, rindo.
— Não! – apressou-se ela a dizer. – Do Ray, com certeza, mas do Rony, não, não mesmo...
— Hum... Sei... – A ruiva riu mais um pouco. A taça já desaparecera, provavelmente bebida até o final e enfiada na mão de um passante desavisado. – Bem, vou circular por aí, ver se eu acho um amigo meu... Ele está me devendo uma coisa.
Gina deu as costas à garota e saiu, alegre e já não muito sóbria, saltitando por entre os convidados, brincando com os rapazes e importunando as garotas. Hermione riu. Aquela era a amiga que ela conhecia.
— Se eu te roubar novamente, você vai ficar muito furiosa comigo? – perguntou a voz grave de Brian as suas costas.
Ela se virou para fitá-lo, sorrindo abertamente e sabendo que flertaria com ele, inevitavelmente, de novo.
— Se você fizer tudo direitinho, não vou ficar nem um pouquinho furiosa – respondeu, passando o indicador pelo peito do rapaz.
— Bom para mim – sentenciou ele, segurando-a daquela sua maneira peculiar.
Pela primeira vez desde que chegara na festa, Hermione tentou prestar atenção nas pessoas a seu redor. Descobriu que várias garotas a fitavam de vez em quando, e algumas procuravam defeitos inexistentes em sua aparência para poder rebaixá-la à condição de “simples mortal”. Outras dissimulavam o máximo que podiam o ciúme por Brian estar conversando, tão definitivamente atraído e atraente, com ela. A garota riu, e desviou os olhos para outro ponto do salão. Brian puxou-a mais para si, e Hermione percebeu um olhar atravessando-a.
— Ai... – gemeu ela, quase inaudivelmente.
Seu acompanhante não percebeu. O rapaz que a fitava tão intensamente era o mesmo de quem Gina roubara a taça de bebida, que havia sido substituída por uma dose de licor que ele sorvia sensualmente, os cabelos castanhos e ondulados caindo sobre os olhos, num charme displicente e decididamente conhecido. Embora parecesse muito concentrado em algum ponto ao longe, a garota sabia que ele olhava para ela, como se nada mais existisse. Parecia estar com raiva de Brian, e os olhos claros luziam, de quando em vez, com um esgar límpido, doce, apelativo e possessivo, como se tomasse Hermione como dele, e apenas dele.
Com um suspiro, ele pousou o copo que tinha na mão, com as últimas gotas de licor ainda apegando-se às paredes de vidro do objeto. Havia tanta deliberação naquele ato... Ela estava estupefata. Os olhos claros luziram mais uma vez, com um pensamento muito explícito por trás: eu quero você. Era essa a frase que aquele olhar lhe transmitia, e que a fazia perder o compasso. O rapaz afastou algumas mechas onduladas que lhe caíam sobre os olhos, e Hermione sentiu-se impelida a mexer nos cabelos, também, constrangida e deslocada. Ele não buscava as pernas da garota, como os outros rapazes, ou os outros centímetros de pele nua ou seminua que estavam visíveis. Buscava seus olhos. Hipnose.
— Acid Surprise – disse Brian, estendendo-lhe uma taça com um líquido esverdeado. Não parecia ter percebido os bons cinco minutos que Hermione perdera com aquele rapaz que insistia em olhá-la.
— O quê? – perguntou ela, sem entender.
— Vodca, limão, champagne e um gole de whisky – explicou ele, bebendo da própria taça. – É um dos melhores, pode ter certeza.
Hermione deu de ombros e, esperando que aquela miséria de álcool tirasse da sua mente a sensação de ser perseguida por aquele estranho de olhos claros e tão explícito, bebeu também. O álcool invadiu suas narinas e papilas, as bolhas do champagne parecendo ácido em sua boca, enquanto ela sentia que seu corpo absorvia tudo aquilo de uma maneira muito brusca e eficiente, distribuindo todas as substâncias daquele gole de drinque para todo o seu ser. Sentiu-se tonta, enjoada, e apoiou-se em Brian. O rapaz sorriu.
— Não é inteligente beber tanto de uma vez só se é a sua primeira vez – disse ele, aproveitando a situação para terminar a sua taça e envolver a cintura de Hermione.
— Não é a minha primeira vez – replicou a garota. – Talvez com esse drinque, mas não com álcool.
— Hermione, querida, você sabe tão bem quanto eu que pessoas que se acabam de estudar não têm tempo para se acabar de beber. – Ele piscou. – É uma impossibilidade física alguém se acabar de duas coisas ao mesmo tempo.
— Ei! – Ela riu. – Não disse que eu me acabei de beber; disse que já havia bebido!
— Sei... – O rapaz observou-a tomar mais um pouco da bebida. – Outra dança?
— Com certeza!
E, deixando a taça sobre a mesa, ela foi para o centro da pista com Brian. O álcool fazia efeito rápido demais em seu corpo; ela ainda estava tonta e, para seu – des? – contentamento, desinibida. Sentiu a mão do rapaz em suas costas, os lábios em seu pescoço, como da última vez. O rapaz de olhos claros a observava atentamente, como uma serpente pronta para dar o bote. Brian não queria mais nada, apenas desestabilizá-la.
Talvez pense que eu vou relaxar nos estudos se ele conseguir me seduzir... Riu com esse pensamento. Brian parecia ser tudo, e era certamente inteligente o suficiente para saber que a garota nunca faria isso.
De olhos fechados, sentiu uma rajada de um vento sólido demais passar por si, e logo estava contra uma parede do Salão Principal, escondida da vista de quase todos os presentes. E a camisa do rapaz que a agarrava não era de malha. Era de linho.
Quando conseguiu se dar conta de que o corpo que a pressionava contra a parede não era o de Brian, como ela presumira, mas o do rapaz que a estivera comendo com os olhos, Hermione já estava completamente tomada pela atitude dele, que a beijava. Apesar de a regra tácita sobre a blusa Celine ainda estar em validade, a garota não se sentia compelida a sequer esboçar resistência. Parecia simplesmente que ela conhecia as mãos que a seguravam com força, e os lábios que pressionavam tão ferozmente os seus.
— Eu sei que é uma quebra das regras – murmurou o rapaz, com a boca ainda colada à de Hermione. – Eu sei, mas não dá mais para agüentar...
Ela reconhecia aquela voz, sabia quem era. Claro que reconhecia as mãos e os lábios; tivera-os apenas para si durante muito tempo. Sentindo o corpo do rapaz tão junto ao seu, a ponto de a coxa dele pressionar a sua pélvis, ela puxou-o para outro beijo. A blusa que se danasse! Aquilo, sim, valia a pena. Sentiu as mãos fortes agarrarem sua cintura, e o leve sabor adocicado de licor adentrou sua boca, envolvendo sua língua, embebedando-a, enlouquecendo-a, enquanto seu corpo traía o quanto sentira falta daquilo. Agarrou com as unhas o torso do rapaz, nu sob a camisa de linho, tentando extrair toda a sua essência, querendo tentá-lo a ponto de ele pedir clemência, suplicar, se humilhar. Hermione não sabia o porquê, mas era mais forte que ela.
Se a parede não cedesse com a força com a qual ele empurrava a garota contra ela, jamais cederia, a coisa alguma. Hermione sentia as mãos se enterrando em sua pele, e as costelas doíam, tamanha a pressão que aquele corpo exercia sobre ela. Estavam ofegando, respirando pouco para não perder tempo. O rapaz sentiu que a perna direita da garota subira levemente e dobrara-se, envolvendo a sua, trancando-o, impedindo-o de se soltar, de esboçar uma fuga. Zonzo por tanto tempo sem inspirar profundamente, ele sorveu todo o ar que pôde em arquejos rápidos, murmurando entre eles:
— Volta para mim, Hermione. Por tudo o que há de mais sagrado, volta pra mim.
Ela riu, tão ofegante quanto o rapaz.
— Com prazer, Ray. – Ela sentiu as batidas descompassadas de seu coração começarem a se ajustar às dele, enquanto ambas as respirações se normalizavam. – Com todo o prazer.
Ela estava segura, então. Ele tivera a chance, e nada fizera porque sabia que ainda não era a hora. Ele a merecia. Plenamente.
Estavam no derradeiro dilema entre parar por ali e aproveitar a festa ou começar tudo de novo quando ouviram um grito fino vindo de algum lugar por perto. Separaram-se, recompuseram-se e, ouvidos atentos, começaram a procurar de onde viera o som. Encontraram Gina e Harry brigando em um dos extremos do Salão, afastados de todo o mundo, que parecia surdo com a música altíssima que tocava.
— A vida é minha, e a droga do corpo é meu! – gritou a ruiva, a uma distância segura do namorado. – Deixa eu fazer o que eu quiser com ele!
— Porra, Gina, eu só quero o seu bem! – replicou Harry, mais controlado que a garota, mas tão furioso quanto ela. – Você nem sabe onde essa maldita coisa passou!
— Não vou morrer se tiver passado por algum lugar imundo! – berrou ela, rubra de raiva. – Já enfiaram coisas com procedência mais duvidosa em mim e eu não falei merda nenhuma!
— Você está falando como uma puta, Gina! – retorquiu ele. – E uma das mais vulgares que já existiu!
— Como você sabe?! – Ela começou a chorar de ódio. – A sua experiência com elas é tanta assim?!
Antes que ele respondesse, porém, Gina deu meia volta e saiu correndo, sem perceber Hermione e Raymond. A amiga sabia que a ruiva ia atrás de Draco. Ela sempre ia atrás de Draco. Relutante, pedindo a Ray para esperar, ela aproximou-se de Harry. Havia pequenas manchas de sangue no local em que Gina estivera.
O moreno levantou a cabeça e encarou a amiga, o olhar vazio.
— Ela que se dane, Hermione – disse, com pesar, ódio e asco na voz. – Ela que enfie o que quiser, onde quiser, e quando quiser. Estou pouco me lixando, agora. Boa noite.
E, com um suspiro pesado de derrota, e talvez alívio, ele se retirou para o próprio dormitório. Hermione voltou-se para Raymond, aflita.
— Não deve ser nada de mais – consolou-a ele, enlaçando-a. – Os dois brigam sempre que podem, por motivos idiotas. Você vai ver, eles estarão melhores de manhã.
Ela concordou com a cabeça, entristecida e sinceramente preocupada, então Ray não insistiu quando ela pediu para ir embora. Os dois pegaram os casacos e subiram as escadas, separando-se, um para cada lado, com um caloroso beijo de boa-noite, rumo às respectivas Salas Comunais.
Hermione murmurou a senha para a Madame Gorda, que girou, contrafeita e sonolenta, para que ela passasse. Assim que entrou no aposento, reconheceu os cabelos fulvos da amiga se projetando para fora de um sofá de três lugares, o único da Sala Comunal. Na mesinha de centro, uma garrafa de whisky com cerca de cinco doses faltando entregou a ruiva. No umbigo de Gina, pendente como um bêbado e manchado de sangue, estava um piercing bonitinho e inacabado. Tirando a jóia dali, lavando-a, e ao ferimento, e guardando-a no bolso da calcinha da amiga – as calcinhas de Gina sempre tinham bolsos –, Hermione subiu as escadas do dormitório. Tomou um banho demorado, pegou uma das camisolas novas, vestiu-se e desabou na cama. Fora um dia comprido.
Gente se entendendo, gente rompendo, gente consolando. Ela bocejou. Bela vida.
E, como última ação, antes de cair em um sono profundo e sem sonhos, ela pegou o bilhete de Brian e enfiou-o no fundo da gaveta da mesa de cabeceira.
*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *
— Está conseguindo? – perguntou ela, sorrindo e olhando a letra do amigo.
— Preciso de um livro – disse ele. – Um livro bom, muito bom, sobre Conversão de Feitiços em Poções.
— Bem, eu conheço um... – Ela hesitou. – Mas vou precisar de ajuda para pegá-lo. Ele fica muito no alto, e você sabe que não podemos usar magia na biblioteca.
— Não seja por isso. – Ele se ergueu. – Se importa se eu tirar essa camisa? Está um calor desgraçado aqui nessa biblioteca fechada.
— Ahm... Não, fique... Fique à vontade.
*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *
*♥ ~* ♥ * Ron/Hermione 4 Ever * ♥ *~ ♥ *
Capítulo de celebração de volta da Floreios e Borrões!
Naty, sua ciumenta... Obrigada por tudo o que você tem feito por mim, moça... *chora de emoção* Você é simplesmente muito tudo.
Raysa, muito obrigada por ser uma leitora tão fiel... *emocionada*
Espero que tenha gostado do capítulo... A Mi não está fútil... (Eu espero)
E, peoples que não comentam, digam alguma coisa sobre a fic, plix...
Kisses and By-ye!
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