Escuridão e Inundação
Muito cedo para o arco íris,
Muito cedo para o pombo.
Estes são os dias finais,
Esta é a escuridão, esta é a inundação.
-LC
***
A pior coisa de se estar ferida em um hospital, Ginny logo determinou, era o dilúvio de pessoas que vinham com um “coragem e melhoras”. Não era ruim ver Hermione, Harry e Ron, e ela não prestou a atenção nas visitas de Elizabeth, mas quando todo o time da Gryffindor caiu sobre ela, ao mesmo tempo, isto lhe deu dor de cabeça e Charlie preocupado que isto a deixasse nervosa. Ela se sentia perfeitamente bem e desejava que Madame Pomfrey a deixasse sair da enfermaria, mas ela insistia em manter Ginny ali “para observação” – sem dúvida, Ginny supôs, isto era porque ela estava preocupada que o ataque de desmaio que a fulminou enquanto ela voava pudesse acontecer de novo, de modo inesperado.
Lavender e Parvati vieram visitá-la no segundo dia em que ela estava no hospital, ferida. Ginny fingiu estar parcialmente dormindo enquanto elas sorriam fofocando (Eloise Midgen tinha rompido com Justin Finch-Fletchley, explicou a ele não “estar entusiasmada o suficiente com o relacionamento deles”), fofoca fashion (Pansy Parkinson aparecido na aula de História da Magia usando “um pregador de cabelos de aparência muito duvidosa”) e a fofoca sobre o Pub Crawl (Parvati estava saindo com Dean Thomas, Lavender com Mark Nott).
“Mas Mark é um Slytherin,” Ginny protestou, momentaneamente surpresa revelando que estava acordada.
Lavender parecia impassível. “E daí? Ser anti-Slytherin é muito ultrapassado, Ginny”.
“A não ser que você fosse o Seamus,” disse Parvati e deu um sorriso.
Ginny pestanejou. “O que você quer dizer?”.
Parvati parecia muitíssimo feliz em explicar. “Quando você caiu de sua vassoura, Seamus praticamente matou Draco por ele se manter perto de qualquer lugar que fosse próximo a você. Isto foi muito fofo”.
Chocada, Ginny fitou os olhos. “Malfoy parecia, ele estava – eu quero dizer, ele estava tentando -- por que ele estaria...?”.
Lavender balançou sua cabeça negativamente. “Eu não sei. Nós não conseguimos escutar nada, você sabe. Nós apenas vimos todos meio que irem para cima de você e então Seamus se colocou na frente do Malfoy e o bloqueou tempo suficiente para fazer Harry chegar e o expulsar do campo”.
“Harry expulsou Malfoy do campo?”.
“Eu acho que sim,” disse Parvati, parecendo pensativa, “ele simplesmente meio que o agarrou pelo pulso e então Draco olhou para ele por um minuto e saiu disparado como um animal selvagem. Foi um pouco difícil dizer o que estava realmente acontecendo, talvez Draco estivesse apenas fugindo porque Dumbledore estava se aproximando. E o seu irmão mais velho estava com Dumbledore -- ele parecia com raiva suficiente para cuspir marimbondos, também”.
“Eu queria que o Professor Weasley fosse ao Pub Crawl comigo,” anunciou Lavender, parecendo desejosa.
“Lavender, isto é ridículo, ele é um professor e ele é horrivelmente velho,” disse Parvati com severidade, enquanto Ginny tentava no rir. “De qualquer forma, nós estamos fugindo do assunto”.
“Havia um assunto?” disse Ginny.
“O assunto era que nós achamos que Seamus está atraído por você,” disse Parvati.
“Ele não está,” protestou Ginny, surpresa.
“Ele está,” disse Lavender, que tinha tido um breve encontro com Seamus durante o quinto ano, ainda que isto não inspirasse em Ginny nenhuma confiança de que Lavender sabia sobre o que ela estava falando. “Por que nós inventariamos isto?”.
“Porque vocês são garotas desmioladas que gostam de causar problemas” estava na ponta da língua de Ginny, mas ela mordeu a língua e volto atrás. Qualquer coisa que Lavender e Parvati talvez fosse, elas não eram maliciosas e estar estranha e nervosa não era desculpa para ser asquerosa com elas. “Olhe, eu estou terrivelmente casada,” ela começou, mas era muito tarde – Lavender e Parvati começado o seu jogo favorito, um exercício repelente chamado “O que mais gosta?” que envolvia eleger vários pares de garotos de Hogwarts e determinar com qual deles você gostaria de dormir.
“Terry Boot ou Ernie MacMillan?” Parvati perguntou a sua amiga.
“Terry,” disse Lavender.
“Draco Malfoy ou Malcolm Baddock?”.
Lavender pensou por um momento e então sorriu. “Draco Malfoy”.
“Justin Finch-Fletchley ou Ron Weasley?”.
“Ron”.
“Harry ou Ron?”.
“Um…ainda Ron, eu acho”.
Ginny assistiu a isto com os olhos dando reviravoltas e ficou alarmada quando Lavender se virou para ela, anunciando que era a sua vez. “Justin Finch-Fletchley ou Ernie MacMillan?”.
“Justin, eu acho,” disse Ginny, que não estava interessada nem em um, nem em outro.
“Seamus ou Dean?”.
“Seamus”.
“Draco ou Malcolm?”.
“Malcolm,” Ginny mentiu.
“Harry ou Ron?”.
Ginny olhou para Lavender com uma repulsa horrorizada. “Lavender, isto é simplesmente...doentio”.
“O que?” disse Lavender inexpressivamente. Então, a compreensão amanheceu em seu rosto. “Oh, certo. Você tem que escolher…a coisa de Harry. Desculpe”.
“Argh,” disse Ginny, enquanto ela coloca um travesseiro sobre seu rosto, recusando a tirá-lo de lá até Lavender e Parvati finalmente irem embora.
***
A sala comunal da Gryffindor era a mesma, Sirius pensou, nunca mudava. Não mudara desde que ele era um estudante ali. Olhando ao redor de sua posição na lareira, ele lançou um olhar de fã sobre aos sofás pesadamente estofados e as cadeiras, cobertas com um veludo grosso desbotado pelos anos de uso, a pilha de almofadas com suas franjas douradas, as mesas baixas arranhadas, os retratos com molduras douradas nas paredes. Harry estava ali como ele disse que estaria, sentando no chão, perto do fogo, de pernas cruzadas. Ele estava vestindo calças pretas e um pulôver azul escuro, tênis e nenhuma meia. Ela parecia ter doze anos e estava muito magro e cansado – tão magro e cansado que Sirius deu uma exclamação de surpresa.
“Olá, Sirius,” disse Harry calmamente. “Feliz que tenha vindo”.
Fazia alguns meses que eles se falaram pela última vez, deste jeito. Sirius lembrou de ter pensando que Harry parecia um pouco mais magro na última vez que ele o tinha visto, mas ele tinha colocado a culpa no nervoso com o próximo jogo de Quadribol que estava por vir.
Sirius tentou manter a voz neutra. “Harry. Você parece...tão magro. E exausto”.
“Está tarde,” disse Harry de maneira direta. Ele se encostou de encontro à lateral de uma poltrona estofada. Ele tinha perdido bastante peso, Sirius notou que o colarinho de sua camisa estava frouxo, caindo livremente em forma de ‘v’ pela sua clavícula. As sombras debaixo de seus olhos estavam azuladas de encontro com sua pele pálida de inverno. Sirius lembrou de quando Harry subiu no trem para o primeiro dia de escola, bronzeado e saudável por ter passado duas semanas na Toca. O que teria acontecido? “Nós tivemos um jogo hoje. Eu estou exausto”.
Sirius não se sentiu menos preocupado. “Eu sei. Lupin me contou o que aconteceu. Eu estou contente que Ginny esteja bem...Harry, você está comendo direito?”.
Harry olhou como se ele tentasse se lembrar da última vez que comera. Então, ele deu de ombros. “Eu estou comendo direito, Sirius. Como estão os planos para o casamento?”.
“Tudo ok. E a adoção já está quase acertada,” Sirius acrescentou em tom de conversa. “Existe apenas um pouco mais de papelada para ser arrumada. No entanto, tudo estará pronto quando você chegar para o Natal. E Narcissa está ansiosa por ter vocês todos aqui. Ginny e Ron virão com você no trem?”.
“Não, no próximo dia,” disse Harry desatento. Sirus podia ver que ele estava pensando em outra coisa.
“Você já arrumou suas roupas?”
“Uh-huh”.
“Você sabe que eu mudei de idéia quanto a me casar com Narcissa, né? Eu acho que, ao invés, me casarei com Remus”.
“Quê legal”.
“Harry,” disse Sirius bravo. “No que você está pensando?”
“Em nada,” disse Harry com pressa. Então, ele parecia ter se sacudido como se faz para remover teias de aranha. “De fato...existe algo que eu estava me perguntando”.
“Isto é bem óbvio”.
Harry fechou suas mãos em torno dos seus joelhos. “É sobre meus pais”.
Sirius olhou para o seu afilhado, mas sua expressão estava escondida pelos cabelos negros que lhe cainham no rosto. “Sim?”.
“Onde eles estão enterrados, Sirius?”.
Sirius sentiu seu coração pular uma batida. “Por que você quer saber?”.
“Não responda uma questão com outra”.
“Me desculpe, Harry, mas eu preciso saber do por que você quer esta informação. O que você está planejando?”.
Harry bufou. “Apenas alguma necromancia. Um pouco de “vamos levantar os mortos”, algum sacrifico humano”.
“Harry --".
“Olhe, foi sugestão do Draco. Ele achou que isto talvez pudesse me ajudar a dar um fim em toda esta situação”.
“Isto não me soa muito como algo que Draco pudesse dizer”.
“Bem, ele disse, ok?”. O rosto de Harry ruborizou de aborrecimento. “O que, você não acredita em mim agora?”.
A coisa mais chata nos adolescentes, Sirius pensou sem ser capaz de se ajudar, era que eles sempre levavam as coisas para o lado pessoal. “Eu acredito em você, Harry. Eu estou apenas preocupado com você”.
“Eles são meus pais”. Harry parecia ter trabalhado bem esta parte. “Eu tem o direito de saber onde eles estão enterrados”.
Sirius apertou os seus olhos, os fechando, então os abriu lentamente. “Nas colinas de Doon (rio localizado ao noroeste da Escócia),” ele disse e em sua mente ele viu a grama verde acinzentada se estendendo por toda parte da colina, um sopro de vento na encosta e várias lápides desbotadas pelos anos de chuvas. Ele via um grupo de figuras cobertas se aconchegando juntos a duas lapides, um bruxo de pé e murmurando palavras de uma reza. "Venite, benedicti patris mei, percipite regnum, quod paratum est vobis ab origine mundi...". Ele disse tão claramente, ainda que ele soubesse que isto era um fantasia – ele não tinha, ele mesmo, obviamente, tido a oportunidade de estar presente no funeral de James e Lily. Mas ele tinha estado em outros funerais, ele tinha estado em tanto e muitos outros. “No cemitério dos bruxos”.
“Você já esteve lá?” A voz de Harry estava calma e firme.
“Uma vez,” disse Sirius.
“Como é?”.
Sirius se perguntou o que deveria dizer. Era muito bonito? Era agradável? Eu nunca quis ir lá de novo? “É um cemitério, Harry”.
“Onde ele está?”.
“Perto de Godric’s Hollow...se você quiser ir, eu te levo lá. Depois do seu N.E.W.T.s.”.
“Mas isto será daqui a meses!”.
“Harry...eu...entendo porque você quer ir e eu também entendo porque você está angustiado, mas encerrar uma situação não é simples, nem uma coisa fácil. E existe uma razão pela qual ninguém te levou até lá...”.
“O quê?” Os olhos de Harry brilharam na sala escura, seus cabelos pretos caíram em torno dele como uma sombra. Seu rosto estava pálido, marcado por impressões fantasmagóricas em contraste com a escuridão.
“Porque não é seguro. Enquanto eu continuar preocupado contigo, só será seguro para você estar na escola e aqui em casa comigo e é isto. Eu nem mesmo sei se a Toca continua sendo segura. Eu mão muito você, Harry, mas eu não tenho uma relação sanguínea com você e a não ser que haja esta relação, a mágica de Dumbledore não pode protege-lo. Se nós formos, você terá que levar os Dursleys-“.
“Não! Não!” Harry exclamou, saltando de pé. “Isto é como – eu não irei com eles. Como você pode até mesmo-“.
“Mas, Harry --".
“Você não entende,” disse Harry e a infelicidade em sua voz fez Sirius parar. Ele soava não apenas com raiva, mas como se tivesse feito uma descoberta sombria. “Você não entende e você não quer entender. Você não se importa – eu achei que as coisas seriam melhores se eu fosse viver com você, mas você não está sendo diferente dos Dursleys, você mente para mim sobre tudo”.
“O que você está dizendo, Harry? Você quer voltar a viver com os Dursleys? É isto que você quer?”.
Harry fez um pequeno som que transpareceu ser de uma respiração cansada e profunda, como se Sirius o tivesse golpeado. Imediatamente, Sirius se lembrou do que ele tinha dito – ele não pretendia que isto soasse como soou, mas antes que ele pudesse pedir desculpas ou até mesmo falar, Harry se virou e correu para fora da sala. Sirius escutou o som do tênis dele fazendo barulho nas escadas, a porta do dormitório dos garotos sendo aberta de uma vez só e então o silêncio. Ele esperou ali por alguns minutos, certo de que Harry iria voltar.
Mas ele não voltou.
***
Seu coração se despedaçava quando ela lembrava de Tristan, que ela tinha visto pela última vez sendo levado, inconscientemente, para um outro lugar, colocado sobre a sela da bonita mas má Lady Stacia, prima do Bruxo das Trevas, Morgan, que corria o rumor de ter um armário inteiro cheio de espartilhos encantados com os quais ela fazia os desafortunados bruxos se curvarem a suas vontades malignas. Quando ela drenava deles a energia vital, Lady Stacia se desfazia de suas vítimas poço sem fundo que seus servos narigudos escavaram durante anos para ela.
Rhiannon explodiu em lágrimas ruidosas de tristeza. O seu choro abafado atraiu a atenção do capitão dos piratas, um musculoso homem de cabelos negros que caminhava sobre a proa do HMS Intent sem camisa, a despeito do fato de que estava muito frio e gelo estava se formando sobre o pêlo de seu peito. Ela escutou os outros piratas se referirem a ele como “Sven”, então Rhiannon estava bastante certa de que este era o seu nome. (Ela era muito bonita, Rhiannon, mas não muito brilhante).
Sven caminhou em direção a ela enquanto grossas ondas lavavam o grande convés e Rhiannon se esforçou inutilmente para desamarrar a corda que a mantinha presa, mas confundiu tudo e acabou desamarrando suas roupas no processo. Os olhos verdes dele queimaram olhando os dela. “Olhe para a sua terra natal pela última vez, minha adorável princesa,” ele mumurou, seus olhos famintos acariciando o corpo quase nu dela com o seu olhar que hipnotizava...
“Hery? Ginny? Você está acordada?” uma voz chamou atrás da cortina que estava dependura ao redor da cama.
“Sim,” ela chiou, abaixando o “Calças Ardentes” apressadamente e o cobrindo com as suas cobertas. Era a voz de um garoto e abafada – possivelmente Ron? Era uma voz muito jovem para ser a de Charlie. “Você pode entrar”.
A cortina foi puxada para o lado e Ginny viu, para a sua surpresa, que a visita para ela não era Ron, mas sim Seamus Finnegan. Ela pestanejou, mas era muito definitivamente Seamus e o olhou começando pela sua cabeça tom de louro e terminando nos seus tênis gastos. O que ele estaria fazendo ali?
Ele parou um pouco, hesitante, no meio do quarto. Ele tinha sua mochila sobre seu ombro e estava carregando uma pena; ele deve ter vindo diretamente da aula. Ela parou de pé perto da cama dela, parecendo desconfortável. Ginny olhou para ele ainda mais surpresa. Seamus dificilmente parecia desconfortável. Freqüentemente, ele estava muito ocupado contando piadas sujas.
“Hey, Seamus,” ela disse gentilmente, esperando facilitar as coisas para ele. Não funcionou. Seamus parecia apenas mais desconfortável. Um pensamento a assolou. “ Você está aqui porque está doente?”.
Seamus entortou a pena que ele estava segurando entre os dedos. “Não. Não exatamente”.
“Não exatamente?”.
“De modo algum”. Seamus colocou sua pena para baixo e disse, “eu esta me perguntando se você gostaria de ir ao Baile de Inverno comigo”.
A surpresa fez com que Ginny ficasse momentaneamente sem fala. Ela olhava fixamente para o pobre Seamus até ele começar finalmente a ruborizar. Então, ela disse rapidamente, “mas – você está no Sétimo Ano! Você estava pensando na possibilidade de ir ao Pub Crawl! E eu não posso ir lá”.
“Eu sei,” disse Seamus pacientemente. “Por isto eu estou perguntando se você quer ir ao Baile de Inverno”.
“Mas por que você quer passar a noite com um grupo de pessoas do sexto ano quando você poderia ir ao Pub Crawl?”.
“Eu não quero passar a noite com um grupo de pessoas do sexto ano,” disse Seamus, ainda mais paciente. “Eu quero passa a noite com você”.
“Oh,” disse Ginny. E então, de novo. “Oh. Certo”.
Seamus apenas olhava para ela. O rubor que cobriu se rosto tinha desaparecido e sua expressão era cômica, até mesmo divertida, mas ela podia ver que ele estava ainda um pouco nervoso. Era cativante. Draco nunca ficava nervoso. Ela tentou imaginar Draco lhe convidando para o Baile de Inverno e falhou absolutamente na tentativa. Mesmo quando eles tinham tido um encontro, Draco nunca a convidou para o Baile de Inverno. Ele simplesmente pressupôs que eles iriam juntos e apareceu nas escadas da Torre da Gryffindor, parecendo fabuloso e nem um pouco preocupado que ela talvez não estivesse radiante em vê-lo. Insegurança não fazia parte do seu vocabulário e isto podia ser um pouco irritante. Mas então, é claro, ele podia fazer alguma coisa incrível e romântica para ela, como conjurar um par de sandálias frágeis de cristal a partir de um par de meias. E quando Draco fazia alguma coisa romântica, isto nunca parecia desajeitado ou encenado ou planejado, apenas crescia naturalmente com o que quer que seja que ele estivesse sentido e era feito com sinceridade e graça.
Ginny pestanejou. Não havia razão para pensar em Draco neste momento. Ele não a estava convidando para o Baile de Inverno e de qualquer maneira, ele tinha uma namorada. E Seamus era bonito e agradável e muito engraçado. Ele não tirava os olhos da roupa de cama; agora, ela levantou sua cabeça e olhou para ele. “Parvati me contou o que você fez no campo de Quadribol,” ela disse. “Foi incrivelmente gentil de sua parte”.
Seamus sorriu. Ele tinha sardas, não muitas mas algumas, na ponta do seu nariz. Ele disse, “Não foi nada. Foi apenas uma desculpa para irritar o Malfoy”.
“Bem, você não precisava ter feito. Foi corajoso”.
“Eu tenho feito coisas corajosas desde então,” ele disse ligeiramente e Ginny se sentiu ruborecer. Estava sendo especialmente corajoso da parte dele entrar ali e pedir a ela algo assim, especialmente desde que eles não se conheciam tão bem. E ele estava sendo incrivelmente doce quanto a tudo isto.
Ela levantou o seu queixo e disse, “É claro que eu adoraria ir ao baile com você, Seamus”.
Um sorriso como os raios do sol se irromperam do rosto de Seamus. “Isto é ótimo,” ele disse. “E você pode dizer ao Ron que eu trarei você de volta à meia-noite. Você sabe, é um pouco assustador convidar a irmã mais nova do Monitor”.
“Ron estará no Pub Crawl,” disse Ginny. “Ele beberá um galão de cerveja amanteigada e estará completamente trocando as pernas à meia-noite. Ele não irá perceber se você estará devolvendo um gigante cor de abóbora à Torre da Gryffindor ao invés de mim”.
“Ele irá saber na manhã seguinte, de qualquer forma. E este distintivo de Monitor é impetuoso. Eu quero manter minha pele intacta,” Seamus forçou um sorriso, deu a volta pela lateral da cama e para a surpresa de Ginny, a beijou na bochecha. “Eu estou praticando – espero que eles liberem você deste maldito lugar logo”.
“Eu também espero,” disse Ginny com distração. Um pensamento lhe ocorreu. Aquele beijo na sua bochecha na noite anterior – “Seamus?” ela disse, de repente.
Ele parou no momento em que estava puxando a cortina para fechar o biombo. “Sim?”.
“Você – você esteve aqui na noite passada?” ela perguntou, seu coração pulando. “Você veio me visitar?”.
Ele balançou a cabeça negativamente, parecendo honestamente confuso com a questão. “Não, eu não estive, por quê?”.
“Oh” disse Ginny, se afundando de encontro aos travesseiros enquanto uma inundação de alívio culpado a assolava, “Nada, nenhuma razão”.
***
“Seamus convidou você para o Baile de Inverno? Isto é maravilhoso!” Hermione exclamou, sorrindo de alegria para Ginny, que, de maneira desanimada, estava mexendo com o garfo os ovos mexidos e as torradas do seu prato. Era o primeiro dia fora da enfermaria e quando ela se sentiu perfeitamente bem, um tipo estranho de obscuridade se apoderou dela; estava difícil se livrar disto.
“Shhh,” Ginny assobiou, ainda que, felizmente, Seamus estivesse sentado longe, no fim da mesa da Gryffindor, do lado oposto e não podia possivelmente ouvir nada.
“Você disse sim?” perguntou Ron, que estava empurrando um pedaço de pão em volta do seu prato com uma colher. Aparentemente, ele não estava muito famito.
“É claro que ela disse sim,” disse Hermione rapidamente. “Seamus é adorável e ele é bem apessoado e agradável e talentoso e muito engraçado”.
Ron parecia surpreso. “Boa descrição, Hermione, talvez você devesse sair com ele”.
Hermione ruboreceu. “Eu apenas quero dizer –“.
“Eu disse sim,” disse Ginny, abruptamente.
“Ótimo!”. Um largo sorriso reluziu no rosto de Hermione. “Isto é tão amável de sua parte, Gin”.
“Obrigada,” disse Ginny, incapaz de se livrar da sensação de que Hermione estava exatamente um pouco mais feliz do que ela.
“Oi para todos”. Ginny olhou para cima e viu Harry, sentando em um lugar vazio entre Ron e Hermione que eles tinham guardado para ele. Ele parecia um pouco cansado, mas, no todo, melhor do que vinha parecendo recentemente.
“Seamus convidou Ginny para o Baile de Inverno,” Hermione lhe contou alegremente enquanto ele se sentava e apanhava seu garfo.
“Legal”. Harry levou seu garfo em direção a salsicha, de maneira desinteressada, então olhou para cima, para Hermione. “Isto é uma boa coisa, certo? Se você não está me contando isto é porque eu suponho que você não está indignada ou alguma coisa do tipo?
“Não”. Hermione balançou sua cabeça negativamente. “É claro que é uma boa coisa”.
“É claro, isto significa que Seamus não estará no Pub Crawl, o que é muito ruim,” disse Ron, estendendo sua mão em direção ao jarro de creme e derramando uma generosa quantidade no seu mingau. Quando ele olhou para cima, sua expressão estava pensativa. “Hey, Harry você tem um período livre para estudo agora, não tem?”.
Harry concordou.
“Você quer vir até Hogsmeade comigo?” disse Ron. “Eu tenho que ir até a fábrica, para ver George e Fred. A última prova dos convites para o Crawl”. Ele bateu no seu bolso, que tinha um molho de pergaminhos saindo dele. “Eu tenho uma permissão” .
Harry deu de ombros. “Certo. Por quê não?”.
“Você consegue voltar antes da hora da aula de Trato de Criaturas Mágicas?” Hermione perguntou, preocupada.
“Se eu não conseguir, eu não consegui,” disse Harry sem muito interesse.
“Mas – Charlie disse que tem algo especial para nós”.
“Então, você pode me contar tudo mais tarde,” disse Harry com objetividade.
Hermione pareceu como se ela estivesse a ponto de dizer alguma coisa. Ginny podia dizer que se ela fizesse, Harry explodiria como fogos de artifícios Filibuster. Havia muita tensão entre os dois nestes últimos dias, dava até para apostar um galeão nisto. “Todos ainda estão apaixonados por Charlie?” ela interrompeu apressadamente.
Hermione arrastou seus olhos para longe de Harry. “Ele é realmente um bom professor,” ela disse. “Ele sabe tudo. Semana passada, ele falou sobre diricawls durante duas horas inteiras”.
“Ninguém mais a não ser você poderia achar que isto foi sexy, Hermione,” disse Ron.
“Eu não disse que foi sexy,” disse Hermione indignada e então ela e Ron se afastaram correndo, brigando como era do hábito deles. Harry que estivera sentado em silêncio entre eles, olhou ao redor do cômodo. Uma sensação de algo familiar puxou a mente de Ginny para trás enquanto ela olhava para ele. Ele a lembrava de alguém: do mesmo modo sentando, a expressão fantasmagórica, os olhos contidos e encerrados que estavam iluminados por anos a mais do que os estampados no resto do seu jovem rosto. Foi quando ele esticou sua mão e empurrou seus cabelos negros para trás, então ela soube onde tinha visto esta aparência antes e tais olhos semelhantes.
Tom, é claro.
***
“Aprese-se, Harry. A primavera está se aproximando. Nós deveríamos ir, não? Eu falei com George que nós estaríamos lá antes do meio dia”.
“Oh, tudo bem”. Harry olhou para cima, tirando os olhos de sua aparente, fixa e compenetrada observação de uma massa de gelo em cima de um galho de árvore. Sua pele clara, em volta das suas bochechas, estava vermelha por conta do frio e então suas mãos também; ele não tinha perdido tempo em colocar suas luvas. Ele suspirou e recomeçou a andar. “Primavera se aproximando? Você soa como Malfoy”.
“Deus me livre!”. Ron esperou com paciência Harry alcançá-lo. Felizmente, era um bonito dia de dezembro, o céu profundamente azul está tracejado por débeis nuvens brancas. O caminho, através das árvores, que conduzia para Hogsmeade, estava traçado por um brilho opaco e os galhos das árvores desnudas pairavam sobre as cabeças deles como uma passamanaria negra de encontro ao céu. Dados o esplendor e beleza do tempo, o humor triste de Harry parecia até mesmo arruinar a paisagem. “Realmente, Potter,” Ron falou lentamente em sua melhor imitação de Draco, “se eu soubesse que você ia se arrastar como uma tartaruga carregando uma carga pesada, eu não teria te convidado, antes de tudo”.
“Ha, ha. Muito engraçado”. Harry tinha agora alcançado Ron, que recomeçou a andar de novo, Harry atrás dele. “Ele nem sempre soa assim”. Ron olhou para ele de maneira seca. “Oh, tudo bem, ele soa. Isto soa estranho vindo de você, de qualquer forma”. Harry parou, pensando. “Repugnante”.
“Você está apenas acostumado com a minha normal e radiante personalidade”.
“Provavelmente,” disse Harry e olhou de lado para o Ron. “Mudando de assunto, você já convidou alguém para o Pub Crawl?”.
Ron quase tropeçou no galho de árvore caído no chão. “Oh. Não, de fato, não”.
“Por quê não?” perguntou Harry curiosamente.
Ron engoliu a resposta que ele iria chocar Harry que em seu estado mental de lamentação não tinha conseguido perceber se Ron tinha ou não um encontro. “Será como trabalho para mim, você sabe, sendo um monitor e tudo mais. Ficar vigiando todos. Não será divertido para uma garota”.
“Se você diz”.
“Você já convidou Hermione?”.
Harry pareceu surpreso. “Bem, não. Eu apenas presumi...por que você está me perguntando isto?”. A preocupação impregnou a sua voz. “Ela não disse que queria ir com outra pessoa, disse?”.
“Não, idiota. É simplesmente...bem, você não irá ganhar nenhum ponto se não a convidar. Ninguém gosta de aceitar como certo, especialmente Hermione”.
A boca de Harry estremeceu. Ron se perguntou se ele estava se lembrando do quarto ano deles. Da próxima vez, me convide antes que algum outro faça e não como a última opção! Foi a primeira vez que Ron tinha visto Hermione realmente com raiva, sem contar a vez que ela esbofeteou Malfoy no rosto. A memória o fez sorrir agora – ambas as memórias, de fato. “Certo, então,” disse Harry. “Eu a convidarei”. Ele andou, arrastando os pés, de mau humor, pela neve com os dedos do pé enlaçados na bota. Era um sapato de pele de dragão preta, impermeabilizada. Uma das coisas que Ron percebeu: enquanto a boca de Harry parecia estar mais murcha, seu guarda roupa parecia ter melhorado. Desde o seu suéter com gola canoa, a camisa bem justa que chegava até os seus pulsos, os tênis bem surrados. Ron não tinha idéia se isto era influência de Draco ou se era apenas porque Harry agora tinha uma namorada que se interessava pelo o que ele vestia. “Ron...?”.
“O quê?”.
Harry abriu sua boca para falar, então parou, olhou adiante. Ron seguiu seu olhar e viu Pansy Parkinson vindo por uma pequena elevação que levava até Hogsmeade. Ela estava carregando um molho de pergaminhos na sua mão.
Ela deu um falso sorriso quando os viu. “Oi, Ron, Harry,” ela disse. “Vocês não deveriam estar na aula de Trato de Criaturas Mágicas?”.
Ron olhou para ela irritado. Não era de se estranhar que Pansy não tivesse um encontro para o Pub Crawl, ela era ainda mais mandona do que Hermione mas sem a bem quista bondade e generosidade da Hermione. Também, desde que ele não sabia muito sobre a moda feminina, ele estava bastante certo de que não era o melhor dos gostos se vestir totalmente de laranja, azul claro, verde e amarelo. A combinação a fazia parecer ainda mais pálida do que ela freqüentemente parecia. Existiam, provavelmente, garotos que se sentiam atraídos pelo tipo de beleza dura de Pany; Ron não era um deles. “O que você estava fazendo lá, Pansy?”.
“Eu recebi uma permissão para descer até Hogsmeade e distribuir os panfletos da Pub Crawl,” ela disse em um tom superior. “Vocês receberam?”.
“Não, nós saímos escondidos,” disse Harry de mau-humor. “Volte correndo e conte a todos sobre isto”.
“Nós estamos indo lá a negócios,” Ron forneceu mais detalhes. “Indo para a fábrica Wheeze. Dumbledore nos deu permissão, então, sem nenhum alarme”.
“Como se eu fosse fazer isto, de qualquer forma,” disse Pansy, parecendo indignada.
“É claro que você faria, se você pesasse que isto pudesse fazer de você a rainha em terra de cego,” disse Harry, em um tom que surpreendeu Ron com sua crueldade. “Adeus, Pansy”.
E ele se virou e seguiu andando, de forma que Ron foi forçado a girar e o seguir. “Caramba, Hary,” ele disse, o alcançando. “O que foi aquilo tudo afinal?”.
“Eu não gosto dela,” disse Harry e sua boca estava marcada por uma dura e reta linha. “Ela me tira do sério”.
Ron bufou. “Você é aquele que está todo de bem com a Slytherin, não eu”.
Harry continuou andando, chutando o cadarço do tênis fazendo espirrar jatos de neve com suas botas. “Sim, certo. Que seja. Eu não espero que você entenda”.
“Harry--" Ron começou, exasperado, mas não podia lhe contar diante tensão colocada nas costas de Harry e não fazia sentido continuar com o assunto. Ao invés disto, ele parou e olhou por sobre o seu ombro. Pansy ainda estava parada, de pé no meu da trilha de neve, olhando para trás, para eles e por um momento ele viu um brilho do que parecia ser malicia cruzando seu rosto. Então, ela se virou e voltou a descer o caminho e logo tinha sumido por entre as árvores.
***
Depois de ter quase caído no sono na aula de História da Magia, Draco estava agora atrasado para a aula de Trato de Criaturas Mágicas. Os outros estudantes já estavam lá, ainda que Charlie não tivesse chegado. Enquanto ele se aproximava do campo com neve, onde eles estavam reunidos, ele viu que uma pequena forma afastada do resto dos Gryffindors, olhando para a Floresta Proibida com uma expressão distraída, era Hermione, que parecia muito sozinha. Sem Harry ou Ron como bolsa a tira colo, ela parecia menos do que usualmente era e mais frágil. Era estranho que eles não estivessem lá – oficialmente, a aula já era para ter começado. Caminhando, passando por Hermione, em direção ao grupo dos membros de sua casa, Draco parou, xingou, ajoelhou-se na frente dela e prosseguiu com o fingimento de estar amarrando seu sapato. Pelo canto de sua boca, ele sibilou, “onde está Harry? E, falando nisto, o Weasley?”.
Hermione se sobressaltou um pouco, então se ocupou em enfiar um cacho de cabelo do cabelo atrás de sua orelha. “Eles foram até Hogsmeade para fazer algum trabalho para Pub Crawl. Dumbledore deu a Ron uma permissão”.
“Mas não para Harry?”.
“Eu acho que não”.
“Então, ele simplesmente saiu escondido”.
Hermione parecia infeliz. “Talvez, é típico dele”.
“Talvez”. Draco abandonou o fingimento de amarrar o sapato, ficou de pé e foi se juntou ao resto dos Slytherins. Blaise pegou sua mão e deu nela um rápido aberto de boas vindas enquanto ele se juntava ao grupo.
“Você está atrasado,” ela disse, sorrindo para cima, para ele”.
“Eu parei no escritório da Madame Hooch para marcar uma nova data para a partida de ontem,” Draco replicou.
“Nós a ganhamos,” disse Malcolm Baddock de maneira revoltada, empurrando sua franja negra para longe de seu rosto pálido e rígido. “De maneira honesta e justa”.
“Nós nunca ganhamos nada de maneira honesta e justa, Malcolm,” disse Draco. “Nós somos Slytherins, deixe-me lembrá-lo. Nem dos Hufflepuffs. Nós ganhamos deles usando artifícios”.
“E trapaças,” acrescentou Blaise.
“Trapaças também,” Draco concordou.
“Olhe,” disse Blaise, seus olhos verdes estavam muito arregalados e vidrados. Draco se virou para ver o que ele estava olhando e viu Charlie descendo pela senda em direção a eles, envolvido por uma capa negra de inverno. Ele estava puxando alguma coisa atrás de si que parecia um grande carrinho de mão com rodas, que estava protegido por um tecido pesado e a prova d’água, cobrindo alguma coisa dentro do carrinho. Debaixo da capa de tecido, erguia-se o que parecia ser um grosso e branco vapor.
“Eu me pergunto o que ele tem ali,” disse Malcolm, interessado.
“Eu acho que sei,” disse Draco, com certeza. Apenas uma coisa fazia Charlie se iluminar daquela maneira. “Deve ser-“.
“Dragões,” disse Charlie em voz alta, parando entre os grupos de estudantes e largando o seu carrinho, que ficou no lugar e vaporizou junto dele, “são as criaturas mágicas mais fascinantes já existentes”.
A classe toda concordou com a cabeça. Todos amavam Charlie. Até mesmo aos frios Slytherins se derretiam um pouco sob o implacável charme sociável dele e algumas garotas da Slytherin quase cainham em risadinhas quando ele estava por perto. Ele era jovem o suficiente para ser o tipo de professor que as estudantes pulavam em cima, e como manda o figurino, um bom número de garotas com dezessete anos, de todas as casas, gostava de Charlie. Se ele dissesse que os trolls eram fascinantemente sociáveis e as fadas de Cornwalls eram boas parceiras de estudo, elas teriam concordado com ele.
“Eu venho trabalhando com dragões há seis anos,” Charlie continuou de modo constante, “e não há nenhum outro animal mais incompreendido no mundo mágico. O que eu tenho aqui, debaixo desta capa, tem apenas uma semana de vida. Agora...” ele olhou ao redor da classe e Draco viu suas sobrancelhas se juntarem quando ele registrou a ausência de Harry. “Certo,” ele continuou, “quem aqui quer ver um real e bem vivo dragão bebe?”.
A classe toda respondeu com ímpeto, até mesmo os normalmente reservados Slytherins conseguiram emitir um murmuro soando afirmativamente. Com um sorriso alegre, Charlie levantou dois objetos vindos do topo do carrinho – grossas luvas a prova de fogo – e despiu a capa pesada que ele estava usando, revelando debaixo dela sua jaqueta surrada e calças de couro preto de pele de dragão. Uma pequena arfada feliz de apreciação escapou de alguns membros femininos da classe, o que, aparentemente, Charlie não percebeu – ou se percebeu, estava fazendo um excelente trabalho fingindo ser distraído.
“Oooh,” disse Blaise, em voz baixa, “esta está sendo a melhor aula”.
Draco bufou com um riso.
Blaise deu a ele um olhar semi-cerrado. “Você não se importa se eu não tirar os olhos de Charlie, não é querido?”.
“De maneira nenhuma”. Draco estava indiferente. “Vá em frente”.
Os olhos de Blaise se estreitaram, mas Draco quase não percebeu. Seu olhar estava voltado para Hermione, que ele instintivamente sabia que entendia o porque dele achar isto engraçado. Ela parecia como se tivesse tentando não rir também, o que era uma mudança agradável em vista do resto das garotas que pareciam como se estivessem decidindo se corriam ou não para Charlie em formação triangular.
“Esta aula pode, realmente, causar um pouco de acidentes,” Charlie continuou, alegremente, colocando suas luvas de couro e desamarrando uma grande fivela que mantinha o tecido impermeável preso sobre o carrinho. “Eu fiquei supervisando um ovo de dragão neste ano; isto não quer dizer que eu fiquei chocando o ovo até nos feriados, mas que estas coisas são de maneira vergonhosa imprevisíveis. De qualquer forma, ele nasceu na última terça-feira, totalmente inesperado, e o filhote está apenas agora realmente pronto para encarar o mundo exterior”. A última fivela se desfez, Charlie puxou o tecido impermeável para longe e a classe arfou de novo. Dentro do carrinho aberto tinha uma gaiola grande de ferro, e dentro da gaiola, enroscado como uma bola e quase adormecido, tinha um bebe dragão. Era da cor verde escuro, com profundos chifres dourados saindo de sua pequena cabeça. Charlie olhou para baixo, para ele com uma clara expressão de fã, então se voltou para a classe. “Alguém poderia me dizer a qual gênero de dragão este faz parte?”.
A mão de Hermione subiu. “Romanian Longhorn,” ela disse, com sue habitual tom de voz claro e certo, mas Draco podia dizer – sem ser capaz de explicar como ele podia fazer isto – que alguma coisa a estava incomodando. Ela parecia muito, quase triste quando ela deixou sua mão cair de volta para o lado dela.
“Certo,” disse Charlie. “E o que ele come?”.
A mão de Hermione subiu de novo, mas, desta vez, Charlie chamou por Neville, que se arriscou adivinhar que os Longhorns comem cabra e gado e acrescentou que seus chifres eram valiosos como ingrediente para poções. Charlie deu cinco pontos para Gryffindor, mais porque ele gostava de Neville do que por qualquer outra coisa, Draco suspeitou. Por que, Draco não sabia – no que diz respeito a ele, Neville era um completo inútil, ainda que, outrora, ele tivesse dividido deste tipo de pensamento com Harry e Harry tinha quase tirado sua cabeça fora em resposta.
“Oh, quê infortúnio,” Charlie disse, sua voz tirando Draco de seu pensamento. Charlie estava ajoelhando próximo do carrinho agora, na neve, com uma expressão irritada no rosto. “Eu esqueci a comida do dragão. Eu posso ter dois estudantes voluntários para correr até o meu escritório e pegá-la para mim? É um balde azul sobre minha escrivaninha...certo, então. Granger, e...Malfoy?”.
Draco ficou tenso de surpresa – ele nem ao menos tinha levantado sua mão. Próximo dele, Blaise ficou iluminada de fúria. Ela tinha um ciúme quase selvagem de Hermione e isto vinha acontecendo desde o último ano. Sem olhara para Blaise, ele se descolou do resto dos Slytherins, vagueando em direção a Charlie e aceitando uma grande chave dourada vinda dele. “Segunda porta antes da de Snape e se apressem,” Charlie disse enquanto Hermione veio se arrastando, parecendo muito infeliz, de fato. Draco se sentiu vagamente insultado – ele sabia que ela estava fingindo estar descontente diante do pensamento de passar um tempo com ele, mas ela não precisa parecer tão miserável assim. “Eu espero que o dragão não acorde com fome – ele tende a começar a gritar”.
Draco acenou concordando para Charlie, enfiou a chave no seu bolso e saiu caminhando em direção ao castelo. Ele podia sentir Hermione junto dele, sua pequenez, os pés calçados por botas pisando na neve dura. Logo que eles estavam fora do alcance de escuta da classe, ela anunciou sem preâmbulos: “Draco, eu quero conversar com você sobre um negócio”.
“Ótimo, mas eu já tenho um encontro para o Pub Crawl”.
“Ha,” disse Hermione. “Muito engraçado. Ainda que não seja o que eu quero conversar com você”.
“O que é, então?”.
Hermione respirou fundo. “Ginny irá ao Baile de Inverno com Seamus,” ela disse.
Draco parou de chofre sobre os dois pés. Por um momento, ele ficou muito consciente do ar frio em torno dele, a frieza da terra penetrando nas solas dos seus sapatos, o doloroso brilho do céu de inverno.
Então, ele deu de ombros. “Que legal para ela”.
Hermione soltou o ar. “Certo. Mais uma vez, sem sentimentalismo”.
“Eu quero dizer. É legal para ela”. Draco recomeçou a caminhar e Hermione o seguiu de perto. Eles estavam quase na porta lateral do castelo agora. “Ginny e eu,” ele disse. “Nós não temos nada. Nós nunca tivemos nada. Eu tenho uma namorada. E até mesmo se eu não tivesse...”.
“E até mesmo se você não tivesse?”.
“Eu não estaria com a Ginny,” ele disse calmamente. “Por outras razões”.
Hermione ficou em silêncio. Draco sabia que ela estava esperando para ver se ele iria acrescentar os detalhes das razões dele; ele não fez isto. Eles chegaram na porta do castelo e entraram, onde o ar era mais quente e que era sentido como um toque acolhedor.
Enquanto as portas se fechavam atrás deles, Hermione balançou sua cabeça. “Tudo bem, então. Aceite isto como destino se você prefere”.
Draco riu, sem humor verdadeiro. “Meu pai costumava dizer que o destino é o que você chama quando não sabe o nome da pessoa com quem fez sexo”.
“Ninguém está fazendo sexo aqui, Draco, exceto você, talvez”.
“Como estão as coisas com Harry?” ele disse bruscamente.
Hermione ruborizou. Ele estava ciente de que a desconexão da questão era levemente cruel, mas não tinha interesse em continuar a conversa sobre Ginny e Seamus. Ele empurrou isto para o fundo de sua mente, para processá-la mais tarde. “Não muito bem,” ela disse. “Eu ainda estou preocupada”.
Draco percebeu de repente que ele não queria estar tendo esta conversa tampouco. “Preocupada?”.
Hermione deu de ombros. Eles estavam caminhando por um logo corredor agora, passando por outros estudantes, alguns dos quais lançavam olhares curiosos. Hermione abaixou seu tom de voz. “Ele ainda parece infeliz, ele quase não presta atenção em nada mais. Na última noite, ele ficou acordado até tarde para conversar com Sirius e ele não me contou sobre o que eles conversaram. E agora, ele está matando aula, o que não é o fim do mundo, mas isto não faz o tipo dele, tampouco”. Eles estavam na porta do escritório de Charlie agora e Hermione olhou para Draco de modo infeliz enquanto ele deslizava a chave para dentro da fechadura. “Você acha que ele está parecendo deprimido também, não é?”.
“Bem, ele está vestindo mais preto ultimamente”. Draco empurrou a porta, abrindo-a e entrou; Hermione o seguiu. “Ou é toda a coisa de ser “um guerreiro condenado a chegada do apocalipse” – algo que realmente causa depressão, -- ou sua visão tem piorado e ele está apenas e realmente preocupado com isto”.
“Não,” disse Hermione com severidade. “Você sabe que eu não tenho nenhum senso de humor no que diz respeito a Harry. Ou apocalipses”.
“Eu acho que isto apenas vem mostrar o tipo de vida que nós levamos e que nós podemos até mesmo considerar usando ‘apocalipse’ no plural”.
Hermione sorriu, então. “A vida tem sido ruim ultimamente, não é? Desculpe-me Draco. Eu sei como isto tem sido para você, também”.
Draco não respondeu; ele olhava em volta com curiosidade. Desde que Charlie tinha sido um membro Junior da faculdade, seu escritório era pequeno, mas era decorado com um quê de moda caseira, mas isto não era o interessante. Fotos do clã Weasley, se movendo e sorrindo, estavam dependuradas em todos os lugares disponíveis. As pequenas e surradas escrivaninhas estavam cobertas com pilhas de tecidos da Romênia e um bonito arco-íris de vários tons de pele de dragão decorava a parede próxima a porta. Numa parede mais afastada estava um espelho emoldurado com madeira que Draco reconheceu – estava dependurado na tenda de Charlie no acampamento de dragão. Na pequena mesa perto da escrivaninha estava empilhada um número de livros com as lombadas folheadas a ouro. Fantásticas bestas, é claro (tudo mundo tinha este), O Manual do caçador de Dragão, Histórias sobre Dragões: um compêndio, um livro pequeno ensinando como tratar as queimaduras sérias e um romance com uma capa toda colorida intitulado Um sonho de Dragões.
Draco se virou. Enquanto ele estivera escaneando a sala, Hermione tinha localizado o balde, grande, sobre a prateleira acima da escrivaninha de Charlie. Draco a assistia enquanto ela procurava por alguma coisa que pudesse usar para subir e pegar o objeto. “Hermione,” ele disse, sua voz cuidadosa, “o que você saber sobre ‘onieromantics’?”.
“Romantic o quê?”.
“Onieromantics,” ele a corrigiu gentilmente.
“Oh”. Ela ruborizou um pouco. “Bruxos que podem viajar pelos sonhos?”.
“Certo”.
“Bem, eu sei que isto exige muito estudo e preparação,” disse Hermione, agarrou segurando um pequeno banco e o arrastou pelo cômodo. “Eu sei que existe um departamento na corporação dos Aurores que lida com isto. E eu sei que se você não fizer isto de maneira correta, você pode se explodir – não o seu físico em si, mas a sua mente”.
“Isto soou nojento”.
“Você nunca mais será o mesmo de antes,” ela disse de modo assustador, escalando o banco e balançando de forma precária.
“Aqui – pegue minha mão,” Draco disse, vindo a ficar em pé, junto dela, e ela a pegou com gratidão, alcançando o balde com a outra mão livre. Draco tentou não reparar que ele estava agora no mesmo nível da delgada panturrilha dela vestida com meias pretas. Até mesmo quando ele detestava Hermione, ele pensava que era um sinal da injustiça universal que o repelente Ron Weasley conseguira um encontro com alguém de pernas tão legais.
“Pegue isto,” ela disse, alegremenete, e estendeu o balde para ele. Ele o colocou cuidadosamente na mesa. “Ugh,” ela acrescentou, esfregando o nariz de desgosto quando olhou para dentro do balde, vendo o seu conteúdo. “Existe alguma coisa toda molhada e macia aí dentro”.
“Bem, o que você acha que os dragões comem?” Draco replicou levemente. “Waffles?”.
“Ração para Dragão?” sugeriu Hermione que continuava usando a mão dele para se equilibrar. “Eu estou certa de que Charlie disse alguma coisa sobre ração...”.
“Nenhum Dragão se importa se o seu petisco quer ficar vivo na ração. Isto porque eles sempre devoram jovens virgens e bonitas nos contos de fada, não tigelas de salada. De fato, se eu fosse você, eu apenas ficava bem longe do dragão, não importando o que Charlie disser...” e Draco parou, percebendo que Hermione estava lhe dando um olhar muito peculiar. “Não,” ele acrescentou com pressa, “que você seja uma virgem”. Ela levantou suas sobrancelhas ainda mais alto. “E não que você não seja tampouco,” ele disse, até ainda com pressa, percebendo que ele nunca tinha dado este aspecto ao relacionamento dela com Harry, que presumia este nível também, eles simplesmente não podiam...podiam?. “E não que eu soubesse. Eu quero dizer, como eu poderia saber? Porque Harry não teria dito nado sobre você para mim. Eu quero disse, não que ele não converse sobre você – ele conversa sobre você todo o tempo-“ Draco percebeu que ele estava delirando, e, com um esforço, parou com a enchente discursiva. Hermione estava olhando para ele que apenas podia interpretar isto como total fúria. “Eu não acredito,” ele disse finalmente, “que se eu concordar em comer qualquer coisa que esteja no balde, você seja capaz de esquecer tudo o que acabei de dizer?”.
Por um momento, Hermione ficou em silêncio. Então, para a surpresa dele, ela caiu em gargalhadas estrondosas. Ela colocou uma mão sobre sua boca e riu até que perdesse o equilíbrio, quase caindo do banco; ela tropeçou e deslizou para frente e ele a alcançou e a pegou pela cintura enquanto ela caia e a colocou no chão, de pé, ainda rindo. “Oh!” ela disse, seu rosto voltado para cima, para ele. “Oh, o olhar em seu rosto – você realmente deveria comer o que está no balde?”.
“Eu não sei,” Draco disse. Ele estava tendo algum problema para concentrar a sua atenção em outra coisa. Ele não estava certo se Hermione tinha percebido o quão próximo dele ela estava. Ele tinha a sensação de que se Harry entrasse ali neste momento, ele estaria pronto para um confronto de esgrima que seria simplesmente para praticar. “Provavelmente, se você me quiser”.
Agora, o que o teria possuído para dizer isto? Droga, ele pensou ferozmente, droga, droga, droga. Os olhos dela de repente se arregalaram e se iluminaram e sua boca se curvou em um sorriso e ela abriu sua boca para falar – e parou. De repente, a cor inundou o seu rosto, como se ela tivesse entrado em água fervente. Com pressa, ela deu um passo para trás, se afastando dele.
“Está tarde,” ela disse rapidamente. Ela estendeu sua mão para o balde na escrivaninha com uma mão tremendo, o agarrou e quase se lançou em direção a porta. “É melhor nós irmos – Charlie deve estar se perguntando onde nós estamos,” ela disse sem ar e se apressou entrando no corredor.
Draco ficou parado e olhou para ela, perplexo, até alguma coisa chamar sua atenção. Enfiada na moldura do espelho, perto da porta, estava uma foto de Ginny, com um vestido de verão branco, seu cabelo amarrado para trás, sorrindo e soprando beijos. Ele olhou para a foto e então apressadamente foi embora, passando pela entrada que Hermione tinha acabado de desaparecer.
Como a vida conseguia ficar tão complicada em tão pouco tempo? Ele se perguntou. E qualquer coisa que estivesse acontecendo, ele não podia dar conta mas sentia que tudo dava mostras de que não estava dando certo para ele.
***
“Hey, Ron. Você parece bem. Harry, você gosta de um fim de semana chuvoso. Qual o problema? Preocupado com o jogo de ontem? Falando nisto...” Fred abaixou o tom da sua voz. “Como está Ginny?”.
“Ela está bem. De pé e dando suas voltas e petulante e atrevida,” disse Ron, se afundando em uma das enormes cadeiras estofadas de verde limão na forma de sorvete e doces, que decoravam a fachada do escritório de George e Fred. “Mostrando nenhum respeito pelo irmão mais velho dela, como sempre”.
Através das grandes janelas de vidro enfiadas na parede, eles podiam ver lá embaixo o chão da fábrica Wheezes. Com grandes caldeirões de ferro do tamanho industrial borbulhando e soltando fumaças com exóticas misturas, alambiques tão altos quanto um bruxo adulto podia beber e ingredientes de poções enfileirados e uma piscina furada no chão que armazenava um redemoinho de chocolate derretido – como cobertura para o pingüim de hortelã, Harry supôs. O teto, como o teto do Grande Salão, era encantado para parecer o céu, mas diferente do teto do Grande Salão, este refletia o céu diferentemente do clima que estava fazendo lá fora. Neste momento, podia se ver um céu limpo, vasto e azul, coalhado de nuvens dourado escuras. Harry suspeito que era provavelmente o céu do Egito, onde Bill estava. (Certamente não era o céu sobre Newcastle (cidade inglesa), onde Percy estava).
“Novo carregamento vindo de Slug e Jiggers,” George anunciou alegremente, entrando no escritório balançando sob o peso de uma grande caixa. Ele a soltou no pé de Fred e esfregou o seu rosto suado com a sua camiseta. “Hey, crianças,” ele disse, indicando com a cabeça em direção a Ron e Harry, que olharam com raiva para ele ao serem chamados de crianças. Os gêmeos tinham, apesar de tudo, apenas dezenove anos. “O que os traz aqui?”.
“Papelada,” disse Ron, atirando o seu rolo de pergaminho em direção a George, que o pegou e o colocou na beirada da mesa para ler os contratos.
“Parece bom,” ele disse. “Eu posso assinar isto...por que você simplesmente não assinou você mesmo?”.
“Eu queria ver o espaço da fábrica,” disse Ron, dando um passo e indo ficar do lado de Harry perto da janela. “Nós achamos que podíamos fazer o Crawl aqui e eu simplesmente queria ter certeza de que o lugar era grande o suficiente...e suficientemente resistente”.
Fred e George, tendo passado pela sua própria experiência de Pub Crawl, deram uma risada. “Olhe tudo em volta se você quiser,” disse Fred, “de fato, eu estava agora mesmo descarregando a encomenda que fizemos do Benson e de Cigarros Explosivos Enfeitiçados – vocês dois querem vier?”.
Ron concordou, mas Harry, se sentindo casado, balançou sua cabeça negativamente. “Eu ficarei aqui”.
Fred olhou para ele. Seus olhos azuis estavam amáveis. “Você está se sentindo bem, Harry?”.
Foi Ron quem respondeu para Harry. “Ele está simplesmente preocupado por causa de nossa lição de casa de História da Magia. Cada um de nós tem que entrevistar uma pessoa que esteve envolvida na queda de Voldemort e Harry sorteou o Snape”.
Harry olhou para Ron, surpreso; a despeito disto ser verdadeiro, Ron sabia muito bem que isto não era o que o estava preocupando. Ou, talvez ele não soubesse. Harry supunha que Ron estava simplesmente tentando salvá-lo de uma sessão de questionamento; era difícil dizer já que Ron não estava olhando para ele.
Fred bufou. “Sinto muito por isto, Harry,” ele disse. “Bem, deixe-me ver, talvez você descubra se recusar dele em lavar o cabelo tem alguma coisa a ver com a luta contra o mal ou é simplesmente preguiça”.
Fred e Ron saíram, carregando a caixa com eles. Isto deixou Harry sozinho com George, que estava sentando na mesa, balançando as suas pernas vestidas em calças azul jade. “Eu achei que você não se importasse mais tanto com Snape,” disse George curioso. “Ainda mias porque ele esteve na sua festa de aniversário. E sua execução de As Ruínas de Edmund Fitzgerald foi magistral”.
Harry deu de ombros: “Eu não me importo mais tanto com ele”.
“Então, o que está incomodando você?”.
“Nada,” disse Harry e olhou para o seu pé.
“Se a mamãe visse você assim, ela ficaria hesitante,” disse George. “Eu estou a meio passo de contar para ela, também”.
“Eu tenho parentes agora,” disse Harry, ácido. “Eu tenho Sirius”.
“Sirius passou doze anos em Azkaban, ele talvez não seja rápido o bastante para ver o quão magro você está ou cansado assim como qualquer outra pessoa talvez visse –“.
“Sirius cuida muito bem de mim,” Harry falou entre os dentes, deliberadamente não lembrando do fato de que na noite anterior, ele acusou Sirius de estar sendo negligente e um idiota egoísta.
“Tudo bem, tudo bem,” disse George, surpreso. “Não importa. Você parece fabuloso. Florescente. Eu vejo que os círculos sob os seus olhos parecem primaveris”.
“Obrigado”. Harry estava de novo tendo problemas em prestar a atenção em George. Ele tinha ponderado o dia todo como chegaria ao túmulo dos seus pais, se Sirius não o quisesse levar lá. Em certa medida, mantinha as coisas que não eram importantes no fundo de sua mente.
“Oh, vamos, Harry, o que é? Problemas com a namorada?” George esbravejou exasperado, tendo conseguido permanecer em silêncio por menos de um minuto. “Hermione? Ela caiu de amores por outra pessoa? Você caiu de amares por outra pessoa e você não está certo de como terminar com ela? Você está apaixonado pela irmã dela?”.
“Hermione é filha única,” disse Harry de forma entediada.
“Bem, isto é bom, estas situações são sempre estranhas. Oh – olâ, Jana”. George saltou da mesa nervosamente quando sua pequena e morena namorada colocou sua cabeça redonda na porta, com uma prancheta na sua mão.
“Que sorte eu tenho de ter apenas irmãos,” Jana disse secamente. “Grandes e fortes irmãos. George, querido – chegou uma coruja para você e ela não irá embora a menos que eu a pague. Você tem aí algum Sickle?”.
George acenou com a cabeça para Harry. “Volto já,” ele disse, correndo pegando a prancheta na mão de Jana e saindo para o corredor, Jana atrás dele.
Harry olhou para eles, então se encostou contra a parede, feliz por ter sido deixado sozinho de novo. Ele não queria ser questionado sobre Hermione ou sobre “problemas com a namorada”. Ele sabia que não tinha sido muito agradável com Fred ou George, ou tampouco com Ron, por falar nisto – não ultimamente. E em algum lugar no fundo de sua mente, ele sabia que o modo como estava se comportando com Hermione era, se não desprezível, certamente não era digno de admiração. Ele queria ser capaz de consertar isto, mas de alguma forma ele não podia. Mais e mais, ele se encontrava focado exatamente em uma coisa e, mais e mais, os enfeites e distrações da vida comum estavam se desfazendo, como camadas da pele sendo retiradas.
Se ele estava para fazer o que precisa fazer, ele não podia ser distraído ou desviar sua atenção com preocupações egoístas. Ele não podia se preocupar com outras pessoas, ele não podia temer as reações delas para com o que ele queria, para com o que ele tinha se tornado. Podia ser apenas ódio ou a necessidade de vingança, apenas necessidade nua e crua e ódio e dor e desespero e todas as outras terríveis emoções que existem neste ínterim, entre a escuridão e escuridão.
Ele se virou para olhar pela janela da fábrica e ficou parado ali, em silêncio, seu olhar detido no falso céu azul copiado de outro país. Na sua cabeça, estavam falando palavras de meses atrás, nas profundezas da fria masmorra de pedras, quando ele beijou Hermione pela primeira vez.
Você o ama? Ele perguntou a ela. Queria dizer Draco, é claro.
Eu poderia amá-lo, ela respondeu.
Ele não quis ficar com ciúmes. Não era da sua natureza ficar com ciúmes. Mas, lentamente, do fundo de sua mente, a memória se ergueu e mexeu com ele – não que ela tivesse dito que poderia amar Draco especificamente, mas que ela podia amar qualquer um. Ele estava absolutamente certo que não podia. Para ele, não podia e não haveria nenhuma outra. Esta era a razão do porque ele não querer amá-la. Ele era muito perigoso, seu amor muito violento – tal amor, uma vez dado, não podia ser quebrado ou refeito.
Ele escutava a voz de Hermione na sua cabeça, uma vez mais. Por seis anos, eu me perguntei se você era a pessoa certa para mim, ela disse. E agora eu sei que você não é.
Ela não quis dizer isto, ele estava dizendo para si mesmo. Ela estava com raiva e não quis dizer isto. Mas, o que acontece se qualquer dias destes, ela colocar a cabeça no lugar e o que ela disse realmente for o que ela quer dizer. Se ela soubesse o que ele realmente era, o que estava emanando de dentro dele agora, então ela diria com certeza que ele não era a pessoa certa para ela. E o que aconteceria então? Quando ele era uma criança, tudo o que ele mais amava ou tinha morrido ou o tinha deixado. Se ele fosse abandonado de novo, ele estava com medo de que isto talvez o matasse.
A menos que ele a deixasse primeiro.
***
Seamus Finnegan estava sentando em uma das longas mesas de carvalho na parte de trás da biblioteca, lendo uma cópia de Quadribol Ilustrado e pensando que no geral tudo estava indo bem no mundo. Ginny tinha concordado em sair com ele e o jogo de ontem tinha sido declarado empatado e fora remarcado, o que significava que os Gryffindors não estavam atrás na corrida pela Taça das Casas. Em geral, a vida estava indo bem. Ela estava exatamente no meio de uma virada de página quando uma sombra cruzou a mesa e ele olhou para cima e viu Draco Malfoy parado de pé perto dele.
Ele engoliu uma exclamação de surpresa e encarou o outro garoto cuidadosamente. Da última vez que ele vira Malfoy tinha sido no jogo de Quadribol e Draco, pálido e furioso, olhara para ele com cara de poucos amigos; agora, ele estava controlado e até mesmo sorria, seus braços cruzados sobre seu (de aparência cara) suéter de casimira com gola em ‘v’. “Finnegan,” ele disse. “Eu quero ter uma palavra com você”.
Seamus inclinou sua cadeira para trás, tentando fazer um ar de casual desinteresse. Não era fácil. Havia alguma coisa de assustador na fria compostura do Malfoy e na linha de sua boca. Não que ele pudesse fazer alguma coisa ali, mas o que Seamus faria se Malfoy o desafiasse para um duelo mais tarde? Ele não poderia bater nele, nem com mágica, ainda que suspeitasse que se acontecesse uma briga de murros, ele pudesse com total sucesso avariar as perfeitas feições do outro garoto, mesmo que temporariamente. “Sim?” ele disse. “O que é?”.
“Eu ouvi dizer que você convidou Ginny Weasley para o Baile de Inverno,” disse Malfoy calmamente.
Seamus ficou, momentaneamente, sem fala. “E daí se eu convidei?” ele disse finalmente. “O que isto tem a ver com você?”.
“Por que,” disse Malfoy e se inclinou para frente até que seu rosto estivesse algumas polegadas do de Seamus. “Se você a magoar, eu irei bater em você até a morte com uma pá. Entendeu?”.
Seamus simplesmente ficou encarando.
“E se você contar a alguém o que eu acabei de dizer, eu ainda irei bater em você até a morte com uma pá. Eu espero ter sido bem claro quanto a isto, Finnegan. Você me entende?”.
Seamus encontrou sua voz, ainda que estivesse mais fraca do que o habitual. “Uma pá?”.
“Exatamente. Uma vaga recusa não é amiga de ninguém. Concentre-se nisto,” disse Malfoy em poucas palavras, se inclinou para trás e se afastou de Seamus sem olhara para trás.
***
Hermione decidiu pular a janta em favor de estudar de noite e se escondeu em um canto da sala comunal, cercada por almofadas e livros. Harry lhe deixou sozinha quando desceu para o Grande Salão, o que causava nela a fantasia de jogar a sua cópia de Sonhos: Fantasia ou Memória? Um guia de Onieromancer para ele. Foi Ron que parou e veio se juntar a ela para ver o que ela estava fazendo. Estudando? Agora? Você não está com fome?”.
Ela balançou sua cabeça negativamente. “Não. Passe para mim este livro verde, sim?”.
Ron lhe entregou a cópia dela de Um Alfabeto Rúnico que ela tinha especialmente encomendado da Floreios e Borrões. “Você não acha que já está na hora de conversar com Harry?”.
“Eu converso com Harry o tempo todo”.
“Você sabe o que eu quero dizer. Sobre – vocês dois”.
Hermione suspirou. “Eu sei. Eu prometi que vou – me desculpe, tudo isto deve ser chato para você. Como foi o passeio de você até Hogsmeade?”.
“Harry não lhe contou?”.
Hermione deixou uma nota de amargura se arrastar pela sua voz. “Nós não conversamos hoje. Eu acho que ele acha que eu estou com raiva dele por ter perdido a aula de Trato de Criaturas Mágicas”.
Ron parecia ligeiramente surpreso. “Você está?”.
“Não!” Hermione jogou suas mãos para cima e o livro Um Alfabeto Rúnico deslizou fechando. “Eu quero dizer, eu senti saudade dele, eu senti saudade dos dois, Charlie tinha um bebê dragão e eu fiquei lembrando do Norbert e desejando que vocês estivessem lá. Mas isto não quer dizer que eu esteja com raiva”.
Ron balançou sua cabeça negativamente. “Vocês têm que resolver tudo isto. Eu não consigo mais agüentar a cara de Garoto Miserável dele. Melhor vocês simplesmente –“.
“Eu não acho que ele esteja sendo miserável comigo,” Hermione disse suavemente. “É outra coisa. É com isto que eu estou preocupada. É por isto que eu não disse nada”.
“Bem, o que é então?” Ron se inclinou e pegou o livro de estudos de rúnica e o devolveu para ela, mas antes de espreitar o pergaminho que ela tinha dobrado entre as páginas. Estava coberto com símbolos estranhos e esquisitos. “Aqui, o que você está tramando?” ele riu.
“Apenas tentando traduzir algumas runas,” disse Hermione, se sentindo desesperada. “Eu não consigo decifrar estas, de qualquer forma. Elas não estão em etrusco, elas não estão em egípcio –“.
“Eu acho que elas estão em norueguês,” disse Ron.
Hermione se sentou imediatamente. “É mesmo?”.
“Sim,” disse Ron tristemente. “Na realidade, eu estou bem certo de que isto se traduz como “Você está feliz em me ver ou tem alguma coisa no seu bolso?”.
Hermione esmurrou o braço dele, o fazendo uivar. “Eu odeio você – me devolve o meu dever de casa-“.
“Esqueça isto –“ Ron segurou o pergaminho sobre sua cabeça e a desordem talvez tivesse continuado se Ginny não tivesse aparecido na sala comunal, olhado para eles e começado a rir.
“A monitora e o monitor poderiam de parar de brigar um com o outro o tempo suficiente para jantar?” ela disse finalmente, quando ela conseguiu parar de rir.
Hermione pegou o seu pergaminho de volta e apontou sua língua para Ron. “Vá,” ela disse e ele ficou de pé, saltando, de maneira obediente e foi se juntar a sua irmã. Ela os observou um pouco saudosa enquanto eles se dirigiam para descer as escadas, juntos, mas a lembrança de uma outra longa refeição na qual Harry passaria não falando nada com ela era muito mais do que ela podia suportar. Ela de afundou de novo tristemente entre as almofadas e pegou seus livros. Ela tinha acabado de abrir rapidamente o seu Alfabeto Rúnico quando um som a fez parar. Um barulho abafado – o som de alguém chorando?
Ela se colocou de pé, puxando o coberto de lã em torno de si e foi investigar. O som vinha do dormitório dos garotos, para a sua surpresa e ela parou antes de entrar – mas ela era, antes de tudo, Monitora, e o bem-estar dos estudantes era da sua conta. Ela não estava sendo simplesmente intrometida – bem, tudo bem, ela estava sendo um pouco intrometida, mas ninguém precisa saber disto.
A porta girou totalmente e ela entrou. Ela pestanejou um momento sob a luz fosca antes que seus olhos se ajustasse e viu Neville, sentado no chão perto de sua cama, uma caixa de Sapos de Chocolate aberta. “Neville?” ela disse, sua voz preocupada. “Está tudo bem com você?”.
Neville tirou suas mãos de seu rosto e olhou para cima, para ela. “Oh, Hermione”. Sua voz estava calma. “Por que você não está no jantar?”.
“Eu estava estudando. Neville, o que há de errado?”.
Ele não disse nada. Ela cruzou o cômodo e se sentou junto dele. Ele estava olhando para baixo, para a caixa aberta de novo e quando ela seguiu seu olhar, seu coração se revolveu. “Oh...Neville”.
Trevor, o sapo, estava colocado enroscado entre a serragem espalhada no fundo da caixa. Ele não estava tentando escapar. Ele nem ao mesmo se movia. Seus olhos estavam abertos. Hermione soube imediatamente que ele estava morto.
“Oh, Neville, eu estou tão sentida. Quando foi que ele morreu? Onde você irá enterrá-lo?”.
“Enterrá-lo?” Neville sorriu imediatamente. “Esta caixa estava exatamente aos pés da minha cama quando eu voltei da aula de Trato de Criaturas Mágicas. Eu não sei o que aconteceu com ele” Ele olhou para cima, para Hermione. “Você acha que alguém pode ter matá-lo?”.
“Oh, mas por que alguém iria querer fazer isto? Isto seria muito mau. Talvez alguém o encontrou e ficou muito tímido em dizer alguma coisa a você. Há quanto tempo ele estava perdido?”.
“Quase duas semanas,” disse Neville. Sua voz estava calma. “Trevor foi do meu pai quando ele estava na escola. Meu avó o capturou enquanto ele ainda era um girino. Era para ele supostamente viver uns cem anos”.
Hermione levantou sua mão e deu um tapinha na mão de Neville. Era mais magra do que ela se lembrava, mas, por outro lado, Neville não tinha mais o rosto redondo de quando ele tinha onze anos. Ele cresceu em altura e se tornou um garoto magro. Mas a tristeza em seus olhos a lembrava da criança que outrora ele fora. “Venha, Neville,” ela disse. “Vamos enterrá-lo na neve do lado de fora da cabana de Harry. E se Charlie voltar, talvez ele deixe você tomar alguns Whiskey de Fogo – eu acho que você está precisando disto”.
“Você deve me achar estúpido, chorando sobre o corpo de um sapo morto,” disse Neville em voz baixa. “Você não vai contar a ninguém, não é?”.
“Não,” ela disse. “Eu não te acho estúpido. E eu não contarei a ninguém”.
***
Levou um bom tempo para Draco cair no sono esta noite. Sua breve conversa com Hermione ficou girando e girando em sua cabeça como uma notícia narrada na Rádio Bruxa e então de novo, ele viu a expressão magoada de Blaise durante a aula de Charlie e Ginny sentada com Seamus no Grande Salão. Ele teria gostado de ter conversado com Harry, mas Harry parecia distraído e não havia nenhum outro que ele realmente tivesse algum interessa para conversar. A vida estava terrível. Até mesmo a lembrança do olhar de fugaz terror que cruzou o rosto de Finnegan na biblioteca não o estava interessando tanto.
Ele tinha se arrastado mais cedo para um repouso agitado até que a porta do seu banheiro, fazendo um som abafado e insistente, o acordara de novo. Ele fez um grande esforço para se sentar, passando a mão pelos cabelos, afastando-os de seus olhos; estendendo sua mão, ele pegou a vela na mesinha de cabeceira para iluminar o ambiente. Ele balançou suas pernas, as movendo para o lado da cama e recuou ao tocar a frieza do chão de pedra.
O barulho insistente veio outra vez, mais alto do que antes. “Tudo bem, tudo bem, continue com isto, maldição!” ele murmurou para si e foi abrir a porta.
Não havia ninguém lá. Draco pestanejou olhando para o vazio por um momento, assustado, antes que ele começasse a entender. “Harry?”.
Houve um leve murmuro e a cabeça de Harry apareceu, coroada com o seu tão habitual cabelo desarrumado, parecendo flutuar entre o teto e o chão. Draco se lembrou da primeira vez que ele tinha visto Harry fazer esta proeza com sua Capa de Invisibilidade, outrora, na Casa dos Gritos; tinha quase assustado os vivos em plena luz do dia. Agora, ele tirava isto de letra. “Desculpe,” disse Harry com pesar. “Eu não queria que ninguém me visse aqui”.
“Sim, nem mesmo eu, aparentemente,” disse Draco, encostando-se contra o batente da porta. “Como você passou pela porta da sala comunal? Como você sabe a senha?”.
“É ‘orgulho Slytherin’, não é?” disse Harry. “Exatamente o tipo de senha que você inventaria”.
“Sim, muito esperto”.
“Olhe, você vai me deixar entrar ou você simplesmente vai se vangloriar de seu pijama de seda como um grande, gordo e pretensioso idiota? Porque, neste caso, eu estou de saída”.
Draco parecia ofendido. “Você acha que eu sou gordo?”.
“Deixe-me entrar, Malfoy”.
Draco descruzou os seus braços e Harry andou arrogantemente passando por ele, atirando sua Capa de Invisibilidade sobre a arca aos pés da cama de Draco. Debaixo dela, ele estava vestindo um pijama de algodão azul com um buraco na manga direita, salpicado de amarelo ao redor do colarinho e punho. O tipo de pijama que Draco talvez usasse quando tinha sete anos. Harry olhou ao redor pelo cômodo curiosamente. “Não é tão pequeno,” ele disse. “Teto estranho, de qualquer forma”.
Draco olhou também. O teto do seu quarto era estranhamente angular, inclinava-se tão severamente para baixo, em direção ao lado mais distante que ele tinha que se encurvar para subir no parapeito da janela. Pequenas janelas estavam enfiadas na parede sobre sua cama, mas elas tinham sido revestidas com tijolos e dava ao ambiente um ar claustrofóbico. Ele, entretanto, tinha uma lareira que funcionava, o que o deixava bem satisfeito.
Draco fechou a porta atrás dele e a traçou para evitar intrusos. “Sim,” ele disse. “Eu chamo de estilo arquitetônico ‘maníaco em breve’. Fora uma masmorra em funcionamento outrora, você sabe”. Draco gesticulou em direção a lareira e um pequeno fogo brilhou vivo entre as brasas. “De qualquer forma, Potter – o que você está fazendo aqui? Alguma coisa está errada?”.
“Eu precisava conversar com você sobre nosso dever de casa,” Harry disse.
Draco o encarou. “Você o que?”.
“O dever de casa para a DaDt,” Harry aprimorou. “O projeto de fim de ano”.
“Isto não poderia ter esperado até amanhã?”.
Harry pareceu embaraçado por um momento, então envergonhado. “Eu acho que é melhor agora do que mais tarde,” ele disse, olhando para baixo, para os seus pés descalços, que estavam cobertos com a poeira do corredor. “Eu conversei com Sirius a noite passada e eu tive uma idéia...”.
Draco começou a perceber que havia mais aqui do que podia se perceber com os olhos. Ele puxou uma cadeira para perto da cama, a virou para trás e se sentou descansando os seus braços sobre o encosto. “Você conversou com Sirius? Você perguntou sobre os seus pais?”.
Harry concordou com um aceno. “Sim. Ele me contou que eles estão enterrados em um lugar chamado Doon’s Hill. Soa familiar?”.
Draco balançou sua cabeça negativamente. “Não, realmente não”.
Harry levou sua mão até o bolso na sua blusa do pijama e tirou de lá um pergaminho dobrado. Draco o reconheceu como a tarefa, o dever de casa deles. Abrindo-o com uma sacudida, Harry o leu em voz alta, “Escolha um específico lugar desta lista: A Floresta Proibida, Ravyn Cael, Travessa do Tranco, Doon’s Hill, Chipping Sodbury, Shepton Mallet’. Você percebe?”.
Draco olhou para baio e então de volta para cima. Harry estava olhando para ele com expectativa, seus olhos verdes estava penetrantes e atentos, seu lábio inferior estava entre os dentes. Draco sentiu um fraco mal-presságio de agitar dentro dele. Seja o que for que isto significasse para Harry, não era apenas alguma coisa significante, mas alguma coisa significante que ele esperava que Draco o apoiasse imediatamente. Draco estava muito tentado em dizer alguma coisa depreciativa, nociva, mas o pensamento de que isto era o mais animado, interessado e vivo que ele tinha visto Harry parecer em mais de um mês, fez com que ele pensasse duas vezes no que ia dizer. “Tudo bem,” ele disse cuidadosamente. “Então este é o nosso dever de casa...”.
“Eu quero ir,” disse Harry. “Nós podemos obter permissão para ter uma Chave de Portal para Doon’s Hill se nós escolhermos esse projeto para a aula e quando nós estivermos lá, nós podemos ir ao cemitério”.
“Um,” disse Draco. “Sirius não levaria você?”.
“Eu não quero ir lá com Sirius, eu quero ir lá com você”.
Draco sentiu suas sobrancelhas se erguerem. “Por quê?”.
“Porque...” Harry arremessou suas mãos no ar. “Uma das coisas é que Sirius tem o casamento e então a lua de mel. Então, se ele me levar, não vai poder ser em meses. Ele disse que me levaria depois que eu me formasse e eu quero ir ao mais breve possível. De qualquer forma, ele tem passado todo este tempo me observando para ver se eu estou começando a endoidar e eu não preciso que...por que você está olhando para mim assim?”.
“Por que eu estou tendo a sensação de que existe alguma coisa que você não está me contando?”.
Harry suspirou. “Provavelmente porque existe alguma coisa que eu não estou te contando”.
“O que?”.
“Eu não posso te contar,” Harry disse firmemente. “Você terá que confiar em mim”.
Houve um curto silêncio. Harry continuava sentando onde ele estava, olhando para baixo, para as suas mãos. Seus cabelos negros escorriam para baixo, escondendo suas feições. Seus ombros estavam imóveis, rígidos debaixo da fina camisa do seu pijama de algodão. Quando ele levantou seu rosto, seus olhos estavam escuros, em um tom de verde ilegível. Draco se lembrava do garoto que passara a mão pelas barras de ferro da prisão que o mantinha preso e misturou o sangue deles, transformando ambos irrevogavelmente neste processo. Ele nunca conhecera outra pessoa como Harry; ele nunca conheceria.
“Tudo bem”. Draco deu de ombros. “Eu confio em você”.
Harry expirou o ar que ele tinha prendido. “Ok, então”. Ele se colocou de pé, colocando o pergaminho de volta no seu bolso. “Desculpe-me por ter acordado você”.
“Tudo bem. Dormir é só um detalhe”. Draco colocou-se de pé e ficou sem jeito por um segundo. Ele se perguntou se era assim que Harry e Ron ficavam quando os dois estavam sozinhos. Ele duvidou disto. Ele teve uma vaga imagem mental deles sentando, discutindo Quadribol e garotas e um batendo nas costas dos outros da maneira como os amigos faziam. Ele e Harry nunca discutiam sobre Quadribol e garotas, a menos que eles tivessem bebido abusivamente. A maior parte de suas conversas girava em torno de esgrima e sobre o que estava para acontecer, sobre o perigo que lhes ameaçava a vida. Draco hesitou por um momento, se perguntando se ele deveria perguntar a Harry alguma coisa mais casual, amigável, sobre o que ele planejava fazer depois dos N.E.W.T.’s ou sobre o que ele iria dar a Sirius e Narcissa como presente de casamento, ou....
“Está tudo bem com você, Malfoy? Seus olhos estão quase fechando”. Harry estava na porta agora, sua cabeça inclinada de lado enquanto ele olhava para trás, para Draco parado no canto. “Está dormindo em pé?”.
“Alguma coisa parecida com isto”. Draco se inclinou, pegou a capa de Harry e entregou para ele, um emaranhado meio que dobrado prateado. “Não se esqueça da sua capa,” ele disse. “Se as pessoas virem você escapando do meu quarto às duas da manhã, talvez elas façam uma idéia errada”.
“Obrigado,” disse Harry e pegou a capa.
“Por outro lado, poderia apenas elevar a minha reputação como o maior garanhão,” acrescentou Draco animadamente.
Harry levantou uma sobrancelha.
“Este era o meu tom sarcástico,” disse Draco.
“Soou mais como a sua voz normal,” disse Harry secamente.
“Sim. Eu percebi isto”.
“Vejo você na aula amanhã,” disse Harry, se virando para ir. Ele parou então, e se inclinou para pegar alguma coisa no chão. Quando ele se endireitou, Draco viu que ele tinha um pergaminho enrolado em sua mão, selado com um familiar selo prateado. “Parece que alguém empurrou um bilhete por baixo da sua porta, Malfoy”.
“Certo. Obrigado”. Draco pegou o bilhete. “Adeus, agora,” ela acrescentou firmemente e abriu a porta para Harry, que continuava parado, olhando para ele com curiosidade.
Ele olhou para baixo, para o bilhete na sua mão, mal enrolado e viu que era o que ele esperava que fosse, um mapa. Nas fluentes e familiares letras de Rhysenn, as palavras me encontre aqui apareceram no topo, depois de uma série de complicadas ilustrações mostrando caminhos e trilhas que ele acredita levar para fora do castelo.
Ele deixou seus ombros afundarem, em uma rara sensação de total exaustão e depressão que estava lhe sobrepujando. Isto simplesmente nunca teria fim -- nunca, nunca teria fim. Quantos segredos uma pessoa podia esconder e não ficar completamente maluco? E agora que ele tinha mais um para esconder: o segredo de Harry sobre seus pais. Por outro lado, isto queria dizer que Harry confiava nele, confiava nele da maneira como ele não confiava em nenhum outro. Ele se lembrou dos demônios lhe contanto que todo ganho tinha igualmente um pagamento. Talvez, isto então resultava que todo pagamento deveria ter uma compensação. Se existira alguma coisa nestes últimos oitos meses que trouxera para ele outra coisa que não fosse dor e confusão, eram seus amigos. Ele nunca tinha tido amigos antes, não amigos como Harry e Hermione, Ginny e Sirius. Isto era o que valia a pena – era a coisa que mais valia a pena.
Ajeitando seus ombros, ele foi vestir suas roupas.
***
Ela estava deitada do lado dele em meio a uma piscina de vermelhas e douradas almofadas no chão perto de altas janelas de vidros coloridos. Eles estava deitados face a face, um do lado do outro, a mão direita dele descia vagarosamente pela bochecha dela em direção a blusa do seu pijama, deixando um rasto, seguindo a linha de botões de pérola, antes de começar a desabotoá-los um a um.
“Ron,” ela disse suavemente.
Ele levantou seus olhos para os dela; até mesmo no escuro, eles eram muito azuis. “Sim?”.
“Você pensa em mim quando nós não estávamos....aqui?”.
Ele estava no meio do caminho para a carreira dos botões. “Eu penso em você todo o tempo”.
Ela suspirou. “Você mente muito bem”.
Ele estava ocupado com os botões; suas mãos deslizavam sobre a pele nua dela, gentil e cuidadosamente – ela se lembrou quão desajeitado ele fora, na primeira vez, mas era tudo diferente agora. “Então, você também,” ele disse e se inclinou para beijá-la. Os lábios dele roçaram os dela, gentilmente, e então deslizaram para o canto de sua boca, sua garganta, sua bochecha. Ela deixou sua cabeça pender para trás e então a porta do quarto se abriu e ela escutou alguém arfar ruidosamente de surpresa.
Ela se libertou de Ron, suas mãos voaram para ela se cobrir. Malcolm Baddock, o Artilheiro da Slytherin, parado de pé na porta de entrada, uma mão na maçaneta, a outra dependurada do lado dele, olhando para eles com um absoluto e total ar de surpresa assombrada.
Estendendo a sua mão para puxar e assim fechar a parte de cima de seu pijama que estava aberta, ela tentou se esconder atrás de Ron, que pelo menos estava vestido com suas cuecas, mas isto não serviu de nada – Malcolm os tinha visto claramente. Ele parou, de pé, congelado na porta de entrada, os encarando em choque, com a boca aberta, com os olhos escuros quase impossivelmente arregalados. Houve um longo silêncio e então ele disse, com surpresa, mas também profunda admiração: “Maldição, Weasley. Quando você decide fazer alguma coisa, você realmente decide fazer alguma coisa”.
Isto foi o fim da picada. Ron arrastou-se para as suas roupas e Malcolm, como se de repente sentisse a seriedade da situação, começou a se afastar em direção à porta.
“Malcolm – “ disse Ron, com severidade.
“Eu não contarei para ninguém,” Malcolm interrompeu rapidamente, seus olhos na varinha próxima da mão de Ron. “Realmente, eu guardarei isto para mim-“.
Ele se virou e escapuliu então, e Ron, saltando para se colocar de pé e tateando o zíper de seu jeans, xingou em voz alta. “Espere aqui,” ele disse para ela,e correu para a porta, abotoando a sua camisa enquanto corria, sem colocar seus sapatos ou sem parar para pegar sua varinha.
Ela hesitou por um instante, congelada, antes que o estado de choque que ela estava a permitisse colocar-se de pé. Ela parou para pegar a varinha de Ron e seus sapatos antes de começar a correr atrás dele, deixando a porta aberta atrás dela. Ela se lançou em direção ao corredor – viu uma luz trêmula se movimentar, vinda da esquerda dela e foi atrás dela – virou correndo uma esquina e então outra esquina, seguindo os seus instintos – degraus se erguiam na frente dela; ela os subiu correndo enquanto eles levavam para esquerda e quase bateu de encontro com Ron, que estava parado, completamente imóvel no meio do corredor, com suas mãos uma de cada lado.
“Ron,” ela arfou, quase chorando, “Onde ele está – onde está Malcolm –“.
“Exatamente ali,” disse Ron, com um tom de voz extraordinariamente tenso, e apontou.
Ela olhou para onde ele indicou e então, a varinha e os sapatos deslizaram de sua mão e atingiram o chão. “O que – o que aconteceu? O que aconteceu com ele?”.
“Eu não sei,” disse Ron no mesmo tom de voz tenso, olhando para baixo, para onde Malcolm estava deitado, esparramado no chão do corredor, seus braços esticados rigidamente. Ele estava de costas, seus olhos estavam sem expressão, seu corpo rígido. “Eu simplesmente virei a esquina – e ele estava aqui, assim”.
“Você – você fez alguma coisa com ele?”.
“Não!” disse Ron com severidade, se virando para encará-la. “Eu nem ao menos estava com a minha varinha – o que eu poderia ter feito?”.
“Eu sei...me desculpe. O que nós devemos fazer? Nós devemos chamar um professor?”.
“E nos pegarem juntos?” ele perguntou e então parou. “Mas nós não podemos simplesmente deixá-lo...você vai. Continue andando, rápido. Tome cuidado para que ninguém veja você”.
“O que você dirá quando eles chegarem?”.
“Eu direi que eu o encontrei quando estava...eu não sei...eu direi alguma coisa, ok? Eu direi que estava indo verificar o banheiro dos monitores e o encontrei assim. Isto não importa. Eu pensarei em alguma coisa”. Ela olhou para ele em meio a um pânico confuso, incapaz de se mover e ele tocou o seu rosto gentilmente, com tanto amor preocupado que a quase a fez começar a chorar de novo.
“Vá,” ele disse de novo e ela foi.
***
O mapa conduzira Draco para um balcão do lado de fora, que levava para um lance de escadas e adiante um caminho de grandes pedras que ele nunca tinha notado antes, que corria ao logo da margem do castelo, acima dos terrenos. Enquanto ele caminhava junto às muralhas, o claro ar da noite caia sobre ele, expondo sua pele aos respingos da água fria. Tudo ao redor o deprimia, o mundo gelado se esticava em direção a Floresta, um mar contínuo e sem movimento de vidro leitoso. A frágil lua de inverno mostrava seu contorno de encontro ao céu negro aveludado, iluminando as pedras hexagonais da calçada debaixo dos seus pés. Alegrado pela noite e pela frieza do ar, Draco começou a se esquecer que não tinha querido sair esta noite.
A longa caminhada junto a muralha terminara em cima de uma torre circular, ornada com um colarinho de pedras fortificadas. Rhysenn estava lá, como ele esperava que ela estivesse, o seu cabelo todo negro e seus olhos negros e a capa negra balançando contra o vento, de encontro ao céu enluarado.
“Você está atrasado,” ela disse enquanto ele se aproximava. Sob a capa, ela estava usando outro vestido de veludo; este era dourado e índigo e vermelho. Combinava com as pedras preciosas que cintilavam nos seus dedos: champanhe e tinta e sangue. “Eu quase não esperei por você”.
“Não nem ao menos se preocupou em congelar até a morte?” ele perguntou, esperando obter uma resposta. “Por que você não pode simplesmente me encontrar lá dentro?”.
Rhysenn apenas deu um falso sorriso. “O ar fresco é bom para você”.
“Olhe --".
Ela agitou a mão enquadrada com jóias. “Eu não sou bem vinda dentro destas paredes”.
“Por que não?”.
“É uma longa história. E parte disto está relacionado com coisas que eu, particularmente, gostaria de deixar de lado”. Seus olhos se fecharam; ele sabia que não conseguiria arrancar dela mais nenhuma informação. E isto já o estava incomodando. Tudo nela o incomodava. O que ela estava ganhando em ser usada como emissária pessoal de seu pai, se isto era o que ela realmente estava fazendo? Ela fazia isto por dinheiro? Por diversão? Ela não parecia ter mais de vinte anos, mas se comportava como se fosse muito mais velha. “Eu tenho uma carta para você, Draco”.
“Sim, isto é algo chocante. E eu achando que você tinha me convidado para vir até aqui fora para me dar meu presente de Natal”.
“Ainda faltam doze dias para o Natal,” disse Rhysenn severamente. Ela não entendia nada que não fosse dito de maneira literal. Então, para a surpresa dele, ela enviou a mão em uma dobra de sua capa e puxou de lá um pedaço de pergaminho branco enrolado e o entregou para ele. Ele o pegou com surpresa. Nunca antes Rhysenn o entregara uma mensagem sem insistir que ele “procurasse” por ela primeiro. “Leia isto esta noite”.
“Diga por favor”.
“Você sabe,” ela disse, “você provavelmente teria uma personalidade muito mais agradável se tivesse nascido feio”.
“Mas, quão infeliz a vida seria para todos em torno de mim”. Draco esticou sua mão e pegou o pergaminho das mãos dela, que o soltou com uma certa relutância. “Sem ter nada mais agradável para olhar durante aquelas longas e tediantes aulas de História da Magia”.
Rhysenn deu um falso sorriso de novo. “Faria bem você focar sua atenção durante as aulas de história, Draco”.
“Obrigado, Mamãe”. O pergaminho estava frio de encontro a mão nua de Draco. Ele queria desenrolá-lo e lê-lo, mas não na frente de Rhysenn. Sua curiosidade fria o enervava.
“Aqueles que não fazem por onde entender a história,” ela disse, se virando de forma que olhasse para cima, por sobre os terrenos congelados, “são condenados a repetí-la”.
Draco respirou fundo. O ar frio queimou os seus pulmões. “O que você sabe, Rhysenn?”.
Ela não se virou para ele. “Eu não sei o que você quer dizer”.
“Você sabe de alguma coisa que não está me dizendo”.
Agora ela se virou e ela correu parecendo um gato com um cacho do seu cabelo se desprendendo. “Eu sei de muitas coisas”.
“Eu estou certo de que você sabe. No entanto, apenas algumas entre elas são relevantes para mim.
Quem manda você vir até mim? Meu pai, ou ele? Eles ordenam o que você tem que dizer e o que fazer? Todo este flerte e esta cara amarrada, tudo isto é apenas para me pegar desprevenido – eu não sou estúpido, eu conheço este tipo de coisa. Mas por quê?”.
“Quem é você,” ela disse e o tom de sua voz mudou, “para achar que eu deveria te responder?”.
“Quem responderia então?” ele perguntou, mas ela se virou para se afastar com um gesto desprezível, e então para a própria surpresa dele, ele se percebeu esticando uma mão para frente e a pegando pela cintura e a fazendo girar em direção a ele, de maneira irritada. “Você é a melhor que eles têm?” ele resmungou. “Parece para mim que as forças das trevas não estão nem ao menos tentando”.
“Deixe-me ir,” ela disse friamente.
“Responda-me primeiro,” ele replicou.
“Deixe-me ir ou eu farei você se arrepender,” ela disse em um tom muito agudo de voz e seus olhos estavam negros e faiscantes de encontro ao seu rosto sempre branco, virando para ele. Os finos pelos ao algo da parte de trás do pescoço dele se ouriçaram, como se alguém tivesse caminhado sobre o túmulo dele. “Ou então a vontade do meu Mestre, que governa o mundo”.
Ele a deixou ir. Ela se moveu, se afastando ele, sua capa negra caiu, se abrindo; ela era forrada com um tecido todo colorido que chegava a dar um certo tipo de vertigem. “Meu pai –“ ele começou.
“Seu pai,” ela começou, sua voz falhando com uma náusea cristalina. “Ele é cão de companhia do Voldemort. Este lugar de servidão não é onde deveria estar um Malfoy, mas sim, no lugar de governar--".
“Eu não percebi que você estava do nosso lado,” disse Draco, de modo malicioso.
“Do seu lado?” Sua voz estava congelante. “Você não pode nem ao menos começar a compreender o que eu sou ou a quem eu sirvo. Você não pode me ajudar, não mais do que uma formiga ou uma lesma poderia ajudar. E você nada mais é para mim do que isto. Você, com suas pequenas mágicas e sua vida tão curta quanto um batimento cardíaco”.
“E o seu não é...oh,” disse Draco, se sentindo levemente imbecil. “Você não é..o que você é? Uma vampira?”.
“Nada tão tosco,” disse Rhysenn, parecendo superior. “Então, você pode tirar a mão de seu pescoço. Eu não estou interessada em morder você. Bem...eu não estou interessada em morder você de qualquer forma”.
Draco deixou sua mão cair, com alguma relutância. “Então, você é imortal ou apenas tem uma vida muito longa?”.
“Viver para sempre é a melhor vingança,” disse Rhysenn, examinando suas longas unhas vermelhas.
“Eu já fui ofertado com a vida eterna antes,” Draco disse sem rodeios. “Mas eu recusei”.
“Então, você é um tolo,” ela disse. “Assim como teimoso – e arrogante –“.
“Alguma coisa mais?”. Draco perguntou curioso. “Eu também tenho um gosto ruim para roupas e um estúpido cabelo?”.
Ela olhou para longe, seu cabelo negro soprado, cruzando o seu rosto. Ele se perguntou de novo quantos anos ela tinha. “Eu poderia mostrar a você...” ela começou devagar e deu um passo para trás e enquanto ela se afastava, sua capa voava para o lado e ele viu os entalhes gravados na ameia atrás dela. Eles eram um padrão de símbolos que se repetiam. Um espelho, uma taça, uma adaga, uma espada. Eles eram familiares, como se ele os tivesse visto antes. E então, ele percebeu que já tinha visto. A visão que tivera no dia anterior, durante o encontro dos monitores. Ele tinha se visto, de pé perto de uma ameia e atrás dele uma parede de pedra gravada com entalhes que brilhavam prateado à luz da lua....
Ele girou em torno de si, a sensação de que estava sendo observado neste momento, em vários momentos, de repente o assolou. Ele lançou seu olhar sobre as ameias nas quais eles estavam e então para cima e mais longe e viu alguma coisa escura e arqueada, aconchegada de encontro o lado da torre que se erguia sobre eles. O terror que ele sentiu por esta visão o assolou de novo, ainda mais forte, e então alguma coisa brilhou e relampejou prateado de encontro a escuridão da figura aconchegada, e Draco se virou e empurrou Rhysenn, duramente, para o lado, a tirando do caminho.
Ela gritou ruidosamente e de maneira apavorante, e então ele escutou um barulho, um tipode assobio agudo, chegar aos seus ouvidos e soube o que era, um som familiar para ele, típico da caça, ainda que ele não pudesse imaginar o que isto estava fazendo ali, em Hogwarts. Já era muito tarde para ele se afastar; alguma coisa golpeou o seu ombro uma vez, duramente, e então de novo. Uma dor lacerante como fogo branco o engolfou; ele viu a lua se inclinar, o mundo cair se abrindo como uma flor desabrochando. Em algum lugar muito longínquo, ele podia ainda escutar Rhysenn gritando. E então, a escuridão se aproximou e não havia, de maneira nenhuma, mais dor.
***
Não tendo dormido bem, Ginny estava atrasada para o café da manhã. Como resultado disto, ela encontrou todos já em debates tempestuosos sobre o fato de que na noite passada, o aluno do quinto ano, Malcolm Baddock fora encontrado congelado em um tipo de imobilismo mágico por ninguém menos do que Ron, que estava indo para o banheiro dos monitores. Os rumores eram de que se tratava de um logro ou um duelo que tinha dado errado; os Slytherins pareciam sérios e irritados, todos, exceto Draco, que ainda não tinha descido para o café da manhã. Alguns do primeiro ano pareciam nervosos, e até mesmo alguns poucos estudantes que se lembravam dos ataques do basilisco, alguns anos atrás, pareciam desconfortáveis. “Eu fiquei em um tipo de imobilidade mágica,” Colin Creevey estava anunciando alegremente para qualquer um que quisesse escutar. “Não foi tão ruim!”.
Neville parecia apreensivo. “Você acha que foi outro basilisco?” ele perguntou.
“Não,” disse Ron, que estava parecendo exaurido e irritado. Tinham sombras sob os seus olhos e o bem humorado ar que o estava rondando ultimamente foi embora. “Não tinha água em torno dele ou qualquer coisa para refletir. Se tivesse sido um basilisco, ele estaria morto. Como a Murta que Geme”.
“Eu estou muito certo de que a Murta me espiona no banheiro,” disse John Walton, um monitor do sexto ano.
“Besteira,” disse Ron sem rodeios. “É claro que ela não espia”.
Ginny estava contente pela mudança de assunto sobre basiliscos e imobilidade mágica. Seu primeiro ano em Hogwarts não fora exatamente algo que ela gostasse de enfatizar. Ela tentou focar sua atenção, ao invés disto, no que Harry e Hermione, sentados na frente dela, estavam conversando, mas isto se mostrou não ser, tampouco, uma boa idéia.
“Harry,” Hermione estava dizendo, sua voz baixa, mas decidida, “eu tenho que conversar com você”.
“Não neste momento,” disse Harry, esticando sua mão para a jarra com suco de abóbora e derramando algum no seu copo. “Nós podemos conversar mais tarde?”.
Hermione ruborizou. “Quando, então?” ela disse. “É importante. Tem uma coisa que eu preciso conversar com você – que eu preciso contar para você”.
“Amanhã,” disse Harry, enchendo seu copo. Ele colocou a jarra sobre a mesa com uma pancada exasperada. “Quando eu não tiver um encontro com o Snape”.
“Você sempre tem alguma coisa –“ Hermione começou.
“Não agora,” disse Harry, terminando a conversa de modo ríspido. Ele continuava não olhando para ela.
Por um momento, Hermione parecia muito tranqüila. Ginny se perguntou se talvez ela fosse começar a chorar – na memória dela, Harry nunca tinha falado assim com Hermione. Tampouco, ele nunca tinha olhado para ela assim antes.Quando eles eram amigos, ele olhava para ela com um fundo de exasperação; quando ela se tornou sua namorada, ele olhara para ela como se ela fosse um pequeno mas inacreditável milagre. Agora, ele não olhava para ela de forma nenhuma.
Hermione levantou sua cabeça lentamente. Ainda mais devagar, ela se colocou de pé, seu copo de suco de abóbora na sua mão. E então, sem o menor aviso, ela atirou o copo duramente contra a mesa. Ele se quebrou com um som parecido com o da bomba de excremento, voando suco de abóbora e vidro partido em todas direções. Harry deu um solavanco para trás, abalado, enquanto toda a mesa ficava em silêncio e observava.
“Harry James Potter!” Hermione gritou a plenos pulmões. “Você irá conversar comigo AGORA MESMO!”.
No meio do seu torpor chocado, Harry continuava olhando com assombro. Perto dele, Ron estava abalado, todo respingado de suco de abóbora e sabidamente, permaneceu em silêncio. Hermione ficou onde estava, suas mãos sobre o seu quadril, suas bochechas ruborizadas, bem escarlates e seus olhos brilhavam de modo suspeitoso.
“Hermione –“ Harry se virou no seu assento, a mão dele segurando a dela, sua expressão de supressa e fascinação, mas sem nenhuma frieza fechada que todos eles tinham visto crescer entre eles. “Hermione, nós podemos apenas –“.
As portas do Grande Salão bateram se abrindo.
Todos se viraram para olhar enquanto uma estudante se precipitava entrando no Salão correndo – uma garota, ela não parecia ter mais do que quatorze anos e estava vestida com um cachecol dourado e preto da Hufflepuff – ou era vermelho da Gryffindor? Suas vestes estavam ensopadas de umidade agora, como também estavam os seus cabelos e ela estava em prantos. Um baixo sussurro de curiosidade e surpresa correu o salão; Ginny olhou rapidamente em volta, uma sensação aguda de mal pressagio subindo pelo seu estomago, enquanto a garota corria de forma distraída passando pelos estudantes, em direção a Grande Mesa. Charlie já estava de pé, descendo do palanque correndo e quando ele se aproximou da garota e a pegou, segurando-a, a mantendo em pé, Ginny viu que o vermelho que ela tinha notado no cachecol da garota era sangue.
Os outros professores já estavam de pé agora e Charlie tinha segurado a garota pelos ombros. Ela estava falando através das lágrimas, gesticulando desordenadamente com suas mãos e apontando. Enquanto todo a escola ficava em silencio e se inclinava para frente, tentando ouví-la, a voz da garota se tornou mais aguda e clara, modificada pela histeria. “...na neve,” ela estava arfando, tropeçando nas palavras e ficando sem ar. “Perto da torre norte – existe sangue por toda parte. Eu acho -- talvez ele esteja morto. Você tem que vir – Madame Pomfrey também --".
Mesmo na distância, Ginny podia ver o olhar de choque no rosto de Charlie. Quando ele falou, sua voz estava tensa.
“Você está totalmente certa de que é Draco Malfoy?”.
A garota concordou, sua expressão totalmente apavorada. “Sim,” ela disse. “Existia muito sangue, mas – era ele”. Ela caiu em um novo dilúvio de lágrimas. “Eu nunca tinha visto ninguém morto antes,” ela chorou, mas Ginny já tinha parado de escutá-la. O mundo tinha se tornando um tipo de cor cinza nauseante e ela agarrou com força a mesa para se manter de pé. Ela escutou um ruído irromper sonoro do seu lado esquerdo e olhou para cima; era Harry, que tinha empurrado sua cadeira para trás com tal força que ela se inclinou e atingiu o chão forrado com ladrilhos.
Hermione olhou para ele com horror. Ele estava muito branco, sua mão no Encantamento Epicyclical em torno do seu pescoço. “Ele não está morto,” Harry disse. “Ele não está – eu saberia”.
“Harry,” Hermione murmurou, mas Harry se virou, foi em direção as portas do Grande Salão, ainda totalmente abertas e as atravessou correndo. Hermione, tendo se tornado um cinza vela, olhou desordenadamente em volta, para os alunos silenciosos e abalados da Slytherin, hesitou – e correu atrás de Harry.
Um zunido de surpresa e choque correu através da mesa. Por instinto, Ginny se virou em direção ao seu irmão; Ron já estava ali, tendo dado a volta na mesa e se ajoelhou próximo dela. Ele pegou sua mão e a segurou fortemente e ela olhou para baixo, para ele. Ela estava consciente de tudo ao redor dela, de todo movimento – Charlie correndo em direção as portas, seguido por Madame Pomfrey, uma mágica maca já do seu lado. Os Diretores das Casas estavam se movendo rapidamente em direção as suas respectivas mesas com os estudantes. Em algum lugar, uma garota tinha se irrompido em lágrimas histéricas: Blaise Zabini, provavelmente. Ginny estava sentada onde ela estivera, a mão de Ron apertando em volta dos seus pulsos. “Você não pode,” ele disse, tão baixinho que ninguém mais poderia ouvir. “Você não pode,” e ela acenou com a cabeça, e soube que isto era verdade, até mesmo ao que se referia às lágrimas que ela estava lutando para manter longe de seu rosto.
***
Referências:
“O que?” disse Lavender inexpressivamente. Então, a compreensão amanheceu em seu rosto. “Oh, certo. Você tem que escolher…a coisa de Harry. Desculpe”. – Friends.
“...uma tartaruga carregando uma carga pesada...” – Blackadder.
“...o destino é o que você chama quando não sabe o nome da pessoa com quem fez sexo”. – Malcolm in the Middle.
“Eu acho que isto apenas vem mostrar o tipo de vida que nós levamos e que nós podemos até mesmo considerar usando ‘apocalipse’ no plural”. – Buffy.
“Bater em você até a morte com uma pá... Uma vaga recusa não é amiga de ninguém”. – Buffy.
“Você está feliz em me ver ou tem alguma coisa no seu bolso?”. – Blackadder.
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