At my most Beautiful



N/A: Oh Boy! N/A no início? O que ela quer agora? Seguinte gente, muitos cobraram que eu tivesse mostrado um pouquinho mais de Rony e Mione. Infelizmente, nesta fic, ficarei devendo em razão do que me pediu o ritmo da escrita (não estou falando difícil, é isso mesmo). Contudo, fui beeeeem além com Harry e Gina, também porque o ritmo da fic pedia isso. Então, atendendo ao fato de que a fic é classificada como livre, renovo os alertas sobre insinuações adultas e a temperatura alta do caldeirão. Espero que ninguém ache despropositado o que escrevi. Boa leitura, falo mais no fim.




Capítulo 16




At my most beautiful




– Senta Rony.

Ele parou de andar pela cozinha e ergueu a cabeça como se, apenas naquele momento, tivesse se dado conta de que não estava sentado.

– Você não acha que eles estão demorando?

Hermione colocou um cacho fofo atrás da orelha, mantendo a atenção no livro aberto sobre a mesa, a qual estava sentada.

– Não realmente.

Os olhos de Rony correram para o relógio de pulso.

– O que acha que eles estão fazendo?

A garota finalmente o olhou. Talvez a Hermione de dois dias atrás tivesse revirado os olhos e dito que não era da conta dele. Mas a Hermione sentada a sua frente podia imaginar uma porção de coisas que casais fazem sozinhos, isso a fez olhá-lo com um ar jocoso de riso e Rony preferiu interrompê-la antes que ela começasse a provocação.

– Eu estou falando sério, Mione! Por favor!

– Eu também estou falando sério... Ok, ok – ela ergueu a mão em sinal de rendição quando ele fez uma careta. – Mas não seria ótimo se eles se acertassem? Pensei que fosse o que você queria.

– Claro que eu queria... quero. Claro que eu quero – corrigiu. – Só acho que estão demorando. – Ele olhou para o teto como se tentasse ver através dele. – Talvez estejam brigando de novo.

Desta vez, Hermione rolou os olhos em seu melhor estilo de impaciência e folheou o livro colocando sua atenção novamente nele, antes de responder.

– Não estão brigando.

– Como pode saber? – resmungou Rony. – Nem ouviríamos se estivessem brigando.

– Se os observasse perceberia que têm um padrão. Eles discutem enquanto acham que podem mudar o que o outro pensa, caso contrário se afastam...

– Sei... antes que acabem se agarrando e esquecendo porque discutiram.

– Algo assim – concordou ela com um risinho e curvando o corpo um pouco mais para fazer uma anotação no pergaminho ao seu lado.

Rony puxou uma cadeira do outro lado da mesa e sentou bem em frente à namorada.

– Em que fase você acha que eles estão?

– Ora Rony, francamente!

– É uma pergunta válida, Mione – se defendeu o garoto. – Quando saí de lá a Gina estava bem chateada com ele (com razão, aliás). Além disso, achei que o Harry viria correndo para saber o que você encontrou. Então, sei lá... acho que estão demorando muito.

Ela deu um longo suspiro.

– Podem ter se acertado.

– Será? – havia esperança e uma pontada de receio na voz dele.

– E se for?

– Ah, eu vou achar ótimo – Rony voltou à defensiva.

– Só que...?

– “Só que”, o quê?

– Ora Rony, qual é? Foi você quem começou tudo isso. Agora, de repente, fica todo evasivo. – Hermione fechou o livro batendo-o com mais força que o necessário e Rony retrocedeu um pouco o corpo. – Me diga: qual é o problema agora?

Rony ficou longos instantes olhando os próprios dedos e apertando as mãos para ver o sangue sumir e voltar, antes de dizer em voz alta.

– O Harry.

– Como assim o Harry? O que tem ele? Você sempre disse que se pudesse escolher um cunhado seria ele. Que ele era como um irmão para você. Por que agora ele é um problema?

A voz dela ia esganiçando na mesma medida em que traduzia indignação. Apesar de uma pontada de ciúmes, Rony sabia que tinha ofendido um zelo fraternal.

– Mione... você sabe o quanto eu gosto do Harry – tentou colocar todo o tato que tinha na fala. Não adiantou. Ou pior, surtiu o efeito contrário. Hermione cruzou os braços e o encarou com uma firmeza desafiante. – Mas... eu acho que ele está certo.

– Certo? Quanto ao quê?

– Quanto ao que nos contou naquele dia, no meu quarto, no dia em que ele e Gina terminaram... de novo.

– Sobre Voldemort voltar? – Hermione, dessa vez, não tinha alcançado.

– Sobre ele ser um cara perigoso – afirmou sem gaguejar.

– Ah – por um instante, Hermione piscou lentamente. Então, os braços afrouxaram e ela os soltou em frente ao corpo. – Rony...

– Você sabe que é verdade. Acha que mesmo que Voldemort não retorne nunca, o Harry vai ter uma vida tranqüila? Ele tem razão quando diz que cada bruxo das trevas que aparecer vai achar que matá-lo será o primeiro feito a ser... – ele não conseguiu remendar a frase – feito!

– Vocês serão Aurores, Rony – argumentou ela. – Lutar contra gente assim vai ser o trabalho de vocês. Dumbledore também venceu um perigoso bruxo das trevas e viveu muito bem até os cento e cinqüenta anos.

– Oh, claro. E nós sabemos a quantidade de relacionamentos estáveis que ele teve.

– Rony, não é assim!

– E como é, Mione? – Ele voltou a apertar os dedos das mãos e Hermione deve ter compreendido sua tristeza em dizer aquelas coisas, pois colocou a mão dela sobre as dele. – Quero muito que o Harry seja feliz, que tenha paz. Nós dois, mais do que ninguém, sabemos que ele merece. – Hermione assentiu enternecida. – Mas eu não quero assistir ele arrasar a Gina mais uma vez. À primeira sombra de perigo, ele vai largá-la. Quantas vezes você acha que ela vai suportar isso? Tem idéia do quanto é horrível vê-la sofrendo por ele?

– Eu tenho, Rony – ela respondeu num sussurro carinhoso. – Gina é minha melhor amiga, mas eu garanto que o Harry não quer fazê-la sofrer.

– Harry prefere Gina com o coração partido do que morta, ainda mais por causa dele.

– Ele a ama.

– É o suficiente? Ela vai estar segura?

– E quem está, Rony? Vocês dois são bem parecidos, sabia? Têm essa insuportável mania de tentar controlar o incontrolável. Gina não vai estar menos segura que eu, você ou o próprio Harry ou nossas famílias. Estamos no mesmo barco. E você sabe que ele faria qualquer coisa por ela.

– É – admitiu Rony, um pouco a contragosto.

– Sabe... – disse Hermione num tom reflexivo ao mesmo tempo em que soltava as mãos do namorado. – Acho que o problema não é esse. Tudo bem o Harry ficar com a Gina se ele puder garantir para ela um “felizes para sempre”, não é? Por que vocês não compram logo uma redoma e a colocam dentro? Talvez, sei lá... com um sono encantado de cem anos.

– Do que você está falando?

– De você! De você e dos seus irmãos sempre tratando a Gina como se ela fosse um bebê desprotegido. Sabe por que ela tinha raiva da Fleur? Porque a Fleur falava com ela como se ela tivesse cinco anos. Ora, e qual foi a surpresa quando descobrimos que era o Gui que falava da Gina como se ela TIVESSE cinco anos. Pois está na hora de vocês encararem os fatos. Gina é uma mulher, uma bruxa habilidosa e competente.

– Você não entende...

– Eu acho que tenho inteligência o suficiente para entender um bocado de coisas, Rony. Eu fico feliz que a Gina seja madura o suficiente para não embarcar nessa super-proteção ridícula que vocês, incluindo a sua mãe, têm com ela. Seria péssimo se ela fizesse isso. Acho que o único que a respeita é o Sr. Weasley.

– Mione...

– E tem mais! Acho que o problema não tem nada a ver com essa sua frase idiota de “o Harry é um cara perigoso”. O que incomoda você é exatamente a mesma coisa que o incomodou quando você os pegou se beijando, no quarto dela, no aniversário de dezessete anos do Harry. Você não gosta das idas e voltas deles. Acha que o Harry está usando a Gina, não é? Que ela fica à disposição dele. É isso o que a sua cabecinha torta fica pensando.

Rony ergueu o dedo para ela. Certo, ela tinha chegado ao ponto.

– Eu não acho que esteja errado, ok? E a minha cabeça não é torta. Qualquer um pensaria isso se visse...

– Visse o quê? Que os dois se gostam tanto que não conseguem ficar longe? Cresce, Rony! O Harry jamais pensou assim a respeito da Gina.

– Se você está dizendo... – falou a contragosto e mordido com o excesso de defesa dela.

– Estou dizendo sim. Além disso, você não tem nada a ver com o que quer que esteja acontecendo lá em cima. É a vida deles.

– Você é bem cheia de certezas para uma filha única, não é?

Hermione estreitou os olhos. Agora ele tinha passado dos limites.

– Escuta aqui, Rony! Gina é adulta, maior de idade e se formou com louvor em Hogwarts, com N.I.E.M.s suficientes para ser aceita numa profissão que só admite a elite em termos de formação mágica. Me diga, o que você acha que ela é incapaz de fazer? Aceite que a sua “irmãzinha” pode tomar decisões sobre a própria vida e arcar com as conseqüências disso. Se ela se magoar, foi por escolha própria. E você e os seus irmãos vão ter de aprender a respeitar isso.

Ela parou ofegante, mas muito senhora de cada palavra que tinha dito e bem furiosa com ele. Não havia argumentos para contrapor o que ela tinha dito, Rony sabia. Aliás, Hermione raramente errava quando interpretava os sentimentos dos outros, conseguia fazer isso melhor do que qualquer pessoa que Rony conhecesse. Afinal, ela conhecera os sentimentos dele por ela muito antes dele próprio. Contudo, as entranhas de Rony ainda remoíam com a imagem de sua irmã sentada a uma janela esperando uma felicidade que talvez nunca atravessasse a porta.

– Achei que você não brigaria mais comigo... – ele resmungou, mais porque não tinha como discutir com ela.

– Eu também – a voz de Hermione saiu bem mais baixa e calma. – Entende o que eu disse sobre não ser da sua conta o que acontece com eles. Tenho te dito isso há meses.

– É... se eu não interferisse, talvez eles não tivessem ficado juntos e não estariam sofrendo de novo.

Hermione bufou e revirou os olhos dramaticamente.

– Você não ouviu nada do que eu disse, não é? Eles acabariam ficando juntos de qualquer forma... nunca deixaram de se gostar. Ia acontecer, mais cedo ou mais tarde, como aconteceu com a gente.

A pausa fez Rony olhar dentro dos olhos da namorada. Hermione não se esquivou, pelo contrário, segurou seu olhar antes de perguntar.

– Você ia gostar que eles interferissem com a gente?

O relógio que ficava no hall de entrada bateu as horas e quando acabou, Rony sabia que tinha perdido. Ele deu um sorriso e tomou as mãos de Hermione nas suas, curvando a cabeça para beijá-las, primeiro unidas, depois abertas, nas palmas. O beijo seguiu para os pulsos e ia subindo pelo braço, talvez fosse mais longe se não houvesse uma mesa entre os dois. Ainda assim, Rony puxou Hermione até poder alcançar seus lábios e beijá-los longamente. Os dois totalmente debruçados sobre a mesa, o livro de Hermione incomodamente esquecido sob eles.

– Admita... – ele sussurrou tão perto dela que o som mal saiu.

– O quê?

– Que você gostaria que minha única preocupação fosse você – falou no mesmo tom e curvando corpo todo sobre a mesa para beijar-lhe o pescoço.

– Rony! – Ela lhe deu um empurrãozinho no ombro. – Eu não sou assim.

O rapaz arqueou a sobrancelha e nos olhos dele passavam, como num filme, imagens bem vivas de horas recentes, passadas no quarto dele, em que toda a sua preocupação era ela. Hermione ficou com as bochechas rubras e fechou os olhos, levemente envergonhada.

– Ok... sou assim... um pouquinho... – admitiu mostrando o tal “pouquinho” com os dedos e Rony gaiatamente os aumentou para parecer um poucão. Ele riu da expressão dela antes de perder as mãos no cabelo cacheado e beijá-la novamente, com mais ardor.

Estava quase puxando Hermione para cima da mesa – o que certamente não acabaria bem ou, por outro lado, talvez acabasse bem demais – quando algo brilhante e prateado saltou pela porta fechada aterrissando graciosamente no centro da cozinha.

– Arre!

Hermione soltou um gritinho agudo e Rony saltou para o chão, derrubando a cadeira e empunhando a varinha, pronto para tudo. O veado-patrono não se impressionou, apenas pateou o chão e ergueu a cabeça galhada cheia de altivez, antes de anunciar com a voz de Harry.

Não nos esperem. Conversaremos depois.

Com um movimento suave em círculo, o patrono sumiu. Rony soltou uma imprecação, guardou a varinha e ergueu a cadeira derrubada antes de falar para uma Hermione que, passado o susto, parecia agradavelmente surpreendida.

– Certo. Que seja. Não vou interferir. Se ele a largar de novo, a escolha foi dela. – Hermione arqueou a sobrancelha com um quê de incredulidade. – Mas que, nesse caso, eu vou quebrar a cara dele, ah eu vou sim!




– – XXX – – –





As luzes noturnas entravam embaçadas pelas janelas que a rua dos trouxas, logo abaixo, havia sujado de fuligem. Ainda assim, Harry assistiu encantado, e, ele sabia mesmo sem se ver, com um sorriso bobamente apaixonado, Gina retirar a capa de invisibilidade de sobre os ombros. Com desenvoltura, ela a enrolou no antebraço, sacou a varinha e apontou para as luminárias a óleo, acendendo-as e fazendo, inconsciente, a luz amarelada refulgir nos cabelos vermelhos. Depois, ela andou pelo mesmo quarto que Harry ocupara, na noite anterior, no Caldeirão Furado medindo-o com os olhos.

– Nossa! Acho que não venho aqui desde que voltamos do Egito. A Ana melhorou muito a decoração, mas... parece menor, você não acha?

Ela estava tentando puxar assunto para quebrar o gelo e Harry continuava preso à porta que acabara de fechar, mais embaraçado do que jamais estivera com Gina. Era engraçado ela lembrar a última vez em que ficara ali e ele estivera com ela. Na época, ele tinha treze anos e havia acabado de fugir da casa dos Dursley após transformar tia Guida num balão. Gina tinha doze e há poucos meses ele a tinha salvado de Tom Riddle e da morte certa. Ela ainda tremia perto dele. Talvez tanto quanto Harry naquele exato momento.

– A Ana me hospedou aqui ontem. Ela disse que era o melhor – falou se esforçando para não gaguejar ou a voz traidora tremer –, podemos ir a outro lugar, se quiser...

– Não seja bobo – disse Gina pendurando a capa num porta-chapéus ao lado da janela. O móvel imediatamente sumiu da vista deles, deixando em seu lugar apenas as cores do papel de paredes novo que, num tom rosa antigo e sóbrio, revestia o quarto. – Eu gosto daqui – completou com um sorriso enquanto sentava no banco formado pelo caixilho da janela baixa, cruzando as pernas levemente trêmulas, pelo que ele pode perceber.

– Ok.

Ele concordou se achando completamente ridículo naquela situação. Nunca tinha ficado nervoso com Gina. Bem, talvez uma vez. Quando ela o tinha chamado para o quarto dela, em seu aniversário de dezessete anos, mas tinha durado pouco. Agora, ele lembrava o quanto Gina, ainda menina, ficava embaraçada diante dele e sentia que a situação se invertera. Contudo, Harry achava importante frisar para si mesmo que não dava para comparar a antiga idolatria infantil de Gina com a situação atual. Dois adultos – ao menos no que diz respeito às leis bruxas – apaixonados e com uma cama de casal enorme olhando para eles. Isso sem falar no mudo consenso sobre o que aconteceria e que os tinha levado até ali.

Harry ainda não conseguira dar um passo sequer para dentro do aposento e, para cúmulo, Gina o olhava com expectativa.

– Nervosa?

– Não exatamente.

O rapaz mexeu a cabeça para cima e para baixo por alguns instantes, sem saber com o que ele concordava, já que não concordava de forma alguma com nada. Ao mesmo tempo, tomava a completa noção do quanto devia parecer patético pregado à porta, como se fosse fugir a qualquer segundo, e como seus braços deviam parecer compridos e desajeitados, completados por mãos que não sabiam o que fazer de si mesmas. Parou de concordar.

– Isso não ajudou muito, sabe?

Gina sorriu, sem desviar os olhos dele.

– Ajudaria eu dizer que estou? – Ela fez uma pausa como se aquietasse algo interno. – Quase morrendo?

– Ajudaria menos ainda.

Dessa vez, ela riu.

– Mas não estamos começando exatamente do zero, não é? Nem pulando etapas, pelo que posso lembrar. Ao menos, não depois de nossas “escapadas” na escola ou das últimas semanas, no telhado da Toca.

O corpo de Harry relaxou um pouco e ele sorriu antes de perguntar.

– E... você tem certeza? – Ele fez um gesto vago para o quarto, mas tomando o cuidado de não apontar diretamente para a cama. – Sobre isso?

– Por quê? Você não tem? – ela perguntou quase apreensiva.

– Você não perguntaria isso se soubesse o que passa pela minha cabeça desde que me apaixonei por você.

O sorriso de Gina surgiu radiante e se alargou quando ela levantou do banco e começou a caminhar para ele.

– Sério? A irmãzinha do seu melhor amigo? – caçoou.

– Rony teria me matado há muitos anos se fosse legillimente.

– Wow! Gostei. E eu tinha namorado naquela época.

– Dino deveria ser grato até hoje pelo cara legal que eu sou. Só pensei em transfiguração deformante uma dezena de vezes e nunca pratiquei... – fez uma cara pensativa – apesar das insistências da McGonagall sobre os deveres de casa.

Perto o bastante agora, Gina lançou os braços em torno do pescoço dele. Ela ria, mas Harry constatou com alivio que, por baixo da expressão decidida, o corpo dela tremia e o coração, junto ao dele, parecia sacudi-los por inteiro. Mas Gina manteve o tom de troça como quem tenta se manter firme no terreno que acha seguro e Harry gostava disso. Gostava do fato de que quando ela decidia, não importava o quão nervosa ou apavorada estivesse, ela ia em frente. Sem mudar o rumo.

– Que bom menino você é – zombou a garota.

– Mhum – por outro lado, a proximidade de Gina começou a afastar seus receios como uma mágica poderosa. Seu corpo, antes amortecido, foi ganhando vida, sabendo instintivamente o que fazer. Suas mãos circularam a cintura dela e colaram-na a ele. – Sempre fui uma vítima das más línguas.

– Uma judiação – suspirou Gina.

– Sempre achei... – concordou engolindo a última palavra com um beijo profundo e depois sôfrego e em seguida doce, para se tornar ávido na medida em que suas mãos percorriam as curvas conhecidas com ousadia crescente.

Gina tinha razão. Aquilo estava entre eles desde o começo, desde a primeira vez em que namoraram. Rony teria tido um enfarte se soubesse de que teor fora a conversa que tinham tido logo após aquele jogo de quadribol perfeito que o fizera beijar Gina pela primeira vez. Talvez fosse ainda pior se ele os tivesse surpreendido nas margens do lago, escondidos pelos arbustos, ou nas salas de aulas vazias para as quais Harry roubava cada minuto que podia ficar com Gina. Estava ali, sempre estivera, fazia parte do que sentiam um pelo outro. Apesar disso, ou talvez por isso, Harry não achava que estivessem sendo impulsivos ou que estivessem ali apenas porque era o próximo passo naquele relacionamento. Harry sabia que estava ali porque precisava de Gina, tanto que isso se traduzia quase numa dor física, e porque tinha certeza de que ela o amava com a mesma intensidade.

Os caminhos conhecidos foram se esgotando e logo as coisas começariam a sair do controle. Não que um deles fosse querer parar, mas em algum lugar, escondida e evidente, esta consciência existia.

Primeiro foi a blusa que Gina vestia e Harry parou alguns segundos, afastado, apenas para olhar para ela. Depois foi a camiseta dele que voou longe e disforme. Em geral, suas mãos ávidas subiam por sob as saias dela, mas não daquela vez. Sem pensar muito, seus polegares alargaram o cós de elástico e a fizeram descer: cintura, coxas, joelhos, as pernas torneadas e brancas. Dessa vez, Harry precisou de um momento a mais para admirar. Ao mesmo tempo, uma sensação avassaladora de posse o assaltou e tudo o que pode pensar, embasbacado, foi “é minha.” Seu sussurro, porém não conseguiu ir além de:

– Linda...

Gina pareceu um pouco encabulada pela expressão de adoração do rosto dele, mas sorriu e lhe estendeu a mão. Harry a aceitou puxando-a para si e engolfando seu corpo todo num beijo que brotou do som desritmado do seu peito, se alongou pelos braços que a envolveram e quando chegou à boca, ela já havia partido dos lábios e estava junto ao pescoço da moça. Sob os cabelos longos e cheirosos. Harry descobriu com deslumbramento o que já sabia há muitos anos: ele poderia morar embaixo dos cabelos de Gina Weasley.

Nesse torpor, nem perceberam quando as outras peças de roupas os deixaram ou onde os óculos de Harry foram parar. Contudo, a consciência da nudez da namorada parecia tomar de assalto a base da garganta dele a cada segundo com mais intensidade. Nem por essa via alternativa o ar lhe chegava agora.

Perfeita.

Dele.

A cama entrou naquele mundo mínimo e completo como um acessório necessário, mas sem toda a carga de exigência que Harry lhe emprestou quando entraram no quarto. Comportou-se muda e generosa, e ele nem pensou em sua existência ou tamanho ou em qualquer outra coisa. Foi a primeira vez, em toda a sua vida, que ele adorou não dormir por horas. Esse não-sono, povoado de beijos, risos, abraços, mais beijos de corpo inteiro, sorrisos... nada lhe pareceu ter sido melhor. Nada como aquele agora.

No início, houve pausas. Isso porque nem sempre sabiam o que fazer a seguir. Comparado àquela primeira vez, o primeiro vôo de vassoura pareceu a ambos, subitamente, menos complicado. Se bem que era muito mais prazeroso ajustar as imprecisões com beijos, sussurros, palavras que roçavam o lóbulo da orelha, arrepiando, completando, pedindo mais, até que estivessem tão exaustos que nada mais restava a fazer senão dormir nos braços um do outro.

Gina desgrudou dele durante a madrugada, assim, quando Harry abriu os olhos, à primeira luz da manhã seguinte, viu suas mãos dadas e o rosto adormecido dela a poucos centímetros do seu. Nem se mexeu para não acordá-la. Apenas ficou ali, decorando as sardas, a textura dos cílios sobre a pele e virtualmente obcecado pela forma desenhada dos lábios dela.

– Você está fazendo de novo – murmurou Gina.

– Como consegue me ver de olhos fechados?

Ela os abriu.

– Eu sinto... – ronronou. – Então, qual é o motivo dessa vez? – perguntou com uma doçura sonolenta.

Um sorriso resignado brilhou no rosto dele.

– Apenas aproveitando minhas últimas horas de condenado.

– Condenado?

– Caso não tenha notado, moça, já amanheceu. E eu imagino que há essa hora sua mãe já tenha percebido que você não dormiu em casa. – O rosto dela ruborizou um pouco e Harry sorriu, achando bonitinho. – Além disso, acredito que, nesse momento, o Rony esteja dando plantão no hall do Largo Grimmauld, armado com um imenso cutelo e pronto para me fazer em fatias.

Gina deu uma gargalhada.

– Sendo assim, seria melhor não sairmos daqui nunca mais.

– Isso é uma proposta?

Jogando o cabelo despenteado e embaraçado para o lado, Gina se ergueu nos cotovelos.

– Seria legal. Ficaríamos velhinhos aqui. Ninguém voltaria a ouvir falar da gente. E eles se perguntariam o que aconteceu com o grande herói Harry Potter, desaparecido na flor da idade. Que tipo de bruxo das trevas...

– Ou bruxa.

– Que seja. Teria feito um rapaz forte, com toda a vida pela frente sumir do mapa, sem deixar vestígios. Eles procurariam, mas nós teríamos feito feitiços que fariam esse quarto desaparecer para todos os outros. Ficariam apenas as histórias a seu respeito. Você se tornaria uma lenda. Será que ele existiu mesmo?

Rindo muito, Harry esticou a mão e puxou-a pela cintura até sentir o corpo quente dela junto ao seu mais uma vez.

– E não perguntariam de você?

– Oh sim. O Mistério de Gina Weasley seria o título do livro. Os cartazes anunciariam: Desaparecida aos dezoito anos, numa noite qualquer de setembro. Um caso sem solução. Acredita-se que o último a vê-la com vida tenha sido o igualmente desaparecido menino-que-sobreviveu.

Gina se escorou sobre o peito do namorado.

– Nunca mais sairíamos daqui, é? – ele perguntou.

– Bem. Uma vez.

– Quando?

– Daqui a muitos anos, já bem velhinhos. Nem nos reconheceriam, mesmo que você usasse os mesmos óculos e tivesse a cicatriz na testa. Sentaríamos em frente à sorveteria Fortescue e contaríamos aos passantes quem éramos.

– E eles acreditariam?

– Não. Com certeza não. Mas haveria a dúvida, sabe? E quando voltassem no dia seguinte, teríamos sumido novamente. Falariam do assunto por mais cem anos.

Harry ergueu a cabeça para cheirá-la na base do pescoço antes de perguntar.

– E o que ficaríamos fazendo, esse tempo todo, do nosso desaparecimento?

– Humm... Eu gostei das idéias que você teve durante essa noite, sabe.

A conversa de amantes poderia ter continuado por mais tempo, mas Harry já tinha excesso de vontade de beijá-la correndo em suas veias, então resolveu que aquela era a deixa que ele precisava. Não era que ele não estivesse preocupado com a reação dos Weasley, especialmente com Rony, apenas não conseguia fazer diferente. É disso que as pessoas falam, não é? Quando falam de paixão. Não que ele se sentisse descontrolado. De fato, podia muito bem levantar dali. Só, ele não queria. Preferia ficar... e ficar. Não pensar que tinha um mundo lá fora ou que havia outras pessoas nele. E embora, sua consciência dissesse que ele podia se arrepender, Harry, conscientemente, não lhe deu atenção.

A manhã ia alta quando finalmente resolveram que, talvez, quem sabe, poderiam tentar, com algum esforço, largarem um do outro. Gina expressou a fé de que Hermione poderia ser um álibi para ser apresentado a sua mãe. Harry concordou, mas sabia que o “álibi” não funcionaria com o Rony. Logo, a idéia do amigo perseguindo-o com um bastão de quadribol ou algo pérfuro-cortante, voltou a correr de um lado a outro na sua mente.

No fim de tudo, Harry achou que teria sido bem mais simples abdicar de toda aquela noite se ele soubesse quando poderia estar novamente somente com Gina. Não se importaria se todas as manhãs, pelo resto da sua vida, fossem exatamente como aquela.

Rony não estava no hall do Largo Grimmauld. E também não estava na cozinha. Harry já havia tomado café, mas para não magoar o Monstro e suas panquecas com calda de caramelo – e também por ainda estar com fome – ele sentou e comeu, conversando com o elfo que, apenas comentou de passagem o fato de ser a segunda noite que seu mestre passava fora de casa. Harry sorriu.

Quando Rony apareceu, ele já tinha terminado suas panquecas. O outro ficou parado a porta da cozinha, olhando-o com seriedade, sem dizer uma palavra.

– Bom dia para você também, Rony.

– É – grunhiu o amigo.

– Vai querer seu café agora, mestre Ronald?

Rony assentiu para Monstro ainda olhando Harry. Depois, caminhou até a mesa e sentou exatamente em frente a ele.

– Podemos conversar sobre isso – tentou Harry. Não tinha a menor intenção de deixar Rony fazer clima. Que ele brigasse, dissesse os absurdos normais de irmão ciumento, mas o jeito de prima-dona ofendida, Harry não iria aturar. Pelo menos... achava que não queria aturar. – Se você quiser, claro...

– Não – disse Rony, taxativo, se inclinando sobre o seu prato de panquecas.

– Certo.

Um silêncio incômodo ficou rondando os dois nos passos reverberantes de Monstro que circulava pela cozinha para servi-los. No que pareceu muito tempo depois, Harry comentou.

– Só temos treinamento à tarde?

– É.

– Legal.

Mais silêncio, enquanto Rony raspava o prato de panquecas e fazia um barulho irritante cada vez que tomava um gole de sua xícara de chá.

– Cadê a Mione?

– Foi em casa.

– “Foi em casa”, isso quer dizer que ela não foi para casa, em resumo, que ela dormiu aqui, de novo.

Rony tomou um longo gole de chá e quando colocou a xícara sobre a mesa o fez com o cuidado de quem está doido para batê-la com força.

– Eu não provocaria, se fosse você.

Os olhos de Harry encontraram os de Monstro que observava o diálogo quase assustado enquanto descascava batatas para o almoço. Sorriu de leve para tranqüilizá-lo. Monstro gostava de Rony, mas desde que sua fidelidade se colara ao seu novo senhor, Harry tinha certeza de qual partido ele tomaria. Por outro lado, não parecia ser tão fácil mudar um assunto que parecia estar sentado à mesa com os dois. Tão vivo que quase era possível ouvi-lo respirar. Mas era isso, ou o silêncio, que parecia pior. Harry ainda tentou mais uma vez.

– Afinal o que a Mione descobriu?

– Ah você lembrou? Achei que tinha perdido o interesse na sua “caçada”.

Não, não fora dessa vez e Harry começava a achar que não seria. Ele contou lentamente até dez, o que não era em absoluto da sua natureza, mas estava disposto a dar descontos para Rony, ao menos naquele dia.

– Não, eu não perdi o interesse. Apenas tinha coisas mais importantes para fazer.

Rony largou o garfo com um estrépito.

– Com a minha irmã?

– É. Com a sua... – Harry presenteou o amigo com o que sabia ser um sorriso quase suicida. – Com a minha namorada.

Os olhos de Rony estreitaram.

– Que lindo – disse com ironia. – Até quando?

– Eu não vou largá-la dessa vez, se é o que teme, Rony.

– É? Mesmo depois do que a Hermione tem para te contar?

Harry não queria, mas teve certeza que seus olhos vacilaram e Rony percebeu. Monstro olhava de uma para outro com a expressão desgostosa.

– É tão grave assim? – perguntou, tentando não parecer ansioso.

– Não sei. Ela não quis me contar sem vocês. Mas pode ser, não é? O que você vai fazer?

– O que combinamos fazer desde o início – afirmou Harry. – Vamos dar um jeito! Vamos acabar com a ameaça.

– E a Gina?

– Eu não vou me afastar dela, Rony.

Ele colocou toda a certeza que podia na frase. Mas não era tão forte assim da boca para dentro. Um recalcitrante demônio interno voava entre seus ouvidos sussurrando e mostrando imagens que povoavam seus pesadelos e ele odiava ver. Era engraçado, mas sempre que sua cabeça decidia torturá-lo, lhe mostrava Gina novamente caída no chão da Câmara Secreta, pálida e fria. O requinte de crueldade estava em mostrá-la não como a criança que ele tinha salvado, mas como a mulher que ele amava.

– Quero acreditar nisso, cara – Rony falou como se lesse seus pensamentos. Continuava muito sério. – Mas preferia que você tivesse deixado essa coisa toda acabar. Aí eu teria certeza.

Você pode correr, mas não pode se esconder, pensou Harry com ironia ao perceber Rony lendo-o tão claramente. Eram amigos a tempo demais para fingirem essas coisas. Quando Rony disse para Hermione que queria ficar com ela para sempre, foi real e sincero. Mais que isso. Foi sem nenhuma dúvida. Harry não tinha dúvidas do que sentia sobre Gina. Faria qualquer coisa por mais noites e manhãs como as que tivera há poucas horas. No entanto, não conseguia deixar de pensar: e se... Era como se ele estivesse no interior de uma imensa e insidiosa bolha de possibilidades terríveis e Harry não sabia como afastá-las, como fazer com que deixassem de ser tão reais e amedrontadoras. Sua única certeza em relação a tudo e aos inúmeros futuros que se desenhavam em sua mente – e em muitos deles não havia nenhuma sombra – era a de que ele queria Gina. Desesperadamente.

– Vou lhe dar uma prova disso – falou quase em pensar.

– Prova?

– É.

– Você não tem que me dar prova nenhuma – disse Rony quase alarmado.

– Eu sei. – Cale a boca, Harry. – Mas eu vou! – Você enlouqueceu? – Hoje! – Afirmou ainda observando uma parte dele berrar apavorada com o que estava se desenhando na sua mente.

– Hoje?

– É. Hoje à noite. Depois que a Mione nos contar o que encontrou.

– Tem certeza?

Não.

– Tenho. Absoluta.

Rony o avaliou, mas ao que parece não soube a que conclusão chegar. Concordou incerto.

– Hã... Ok, então.

Por um instante, Harry desejou ardentemente que Rony não fosse irmão de Gina. Que fosse, novamente, apenas o seu melhor amigo. Mas isso nada tinha a ver com os ciúmes do outro. Tinha a ver com ele querer contar o que estava pensando e alguém lhe dizer: legal, faça! Embora tivesse certeza de que seria mais provável ouvir um: Você está louco? Será que fora isso que Sirius tinha dito quando Tiago contou o que pretendia?

– E-eu vou... er... trocar de roupa. Para irmos ao Ministério – Monstro o olhou sentido – digo, depois do almoço. Eu... – indicou o andar superior e saiu dali rápido.

Assim que a porta da cozinha fechou, apagando a imagem curiosa e intrigada de Rony, Harry achou que voltaria a pensar com clareza. Raciocinar. Seus passos seguiram pelo corredor até o hall de entrada e, ao invés de o levarem para o seu quarto, Harry viu a si mesmo abrindo a porta e saindo da casa, caminhando em direção à pequena praça do Largo Grimmauld. Ele sentou num banco avariado que havia no jardim feio e mal cuidado que existia ali. Era um tipo diferente de solidão aquele. Harry queria alguém com quem dividir aquele impulso, alguém a quem ouvir e que o fizesse argumentar até ele se convencer, sem nenhuma dúvida, do quanto estava certo.

O último pensamento o atingiu com um tipo de compreensão que Harry só tinha quando mexia com magia ou quando lutava. Estava certo. E quanto mais ele pensava, mais certo tudo lhe parecia. Mais correto. Sua vontade foi de aparatar imediatamente na Toca. Porém, isso seria antes de ouvir o que Hermione tinha a dizer.

Harry deixou a cabeça cair no meio das mãos e ficou olhando o chão de pedrinhas miúdas aos seus pés. Mesmo para alguém acostumado a tomar decisões sérias, aquilo lhe parecia rápido e virtualmente assustador. Seria tolo em pensar que um dia as coisas não poderiam mudar. Será que mudariam tanto? Ele um dia deixaria de sentir como se sentia perto de Gina ou, talvez, ela percebesse que tudo o que tinham era ainda uma empolgação infantil. Seria realmente idiota não considerar aquilo tudo. O problema era que ele continuava a achar que estava certo. Que não queria esperar. Que já tinha esperado tempo demais para pertencer a alguém.

Pensou no que Rony e Hermione diriam. Provavelmente, o amigo não diria nada, pois ele tinha meio que sido o catalizador de algo que já rondava a cabeça de Harry. Mas podia ouvir Hermione dizendo: “não sei, Harry. É tão apressado. Vocês mal recomeçaram. Por que não curtem isso um pouco e...” Harry percebeu que não queria ouvir o que Hermione tinha a dizer. Ainda assim, precisava de uma opinião externa antes de falar com Gina. Não estava bem certo se gostaria de ouvir um não ou um vamos esperar. Talvez, uma mulher pudesse lhe dizer ele estava louco ou não. Uma amiga. As melhores amigas de Gina eram Hermione e Luna. Ele sabia o que Hermione diria, então só restava... Ele realmente devia ter perdido algum parafuso.

Ergueu-se do banco, olhou para os lados e caminhou até um canto escondido entre as sebes que margeavam as grades da praça e desaparatou.

Assim que saiu da escuridão que lhe comprimira desagradavelmente os pulmões, viu-se no alto de uma colina, de frente para uma estranha casa cilíndrica, com um portão e um jardim igualmente esquisitos. Ainda debatendo com a própria loucura, Harry colocou as mãos nos bolsos e começou a caminhar em direção à casa. Apesar de sua ligação com Luna, não sabia se o pai dela o receberia bem, apesar dele lhe ter vindo agradecer, logo após a guerra, o fato de ter salvado a filha dele. No entanto, Harry não precisou defrontar-se com Xenofílio Lovegood, pois nesse momento Luna apareceu vinda dos fundos da casa. Parecia ter estado mexendo no jardim, pois usava uma estranha combinação de roupas que, de toda forma, podiam servir adequadamente para jardinagem. Um avental escuro, como os usados por ferreiros, mas que parecia ter sido pintado, à mão, com flores para torná-lo mais alegre. Imensas luvas amarelas, sujas de terra. E um sombrero (mesmo) vermelho berrante com faixas azuis e amarelas na beirada e no alto da cabeça.

Ela o viu e veio correndo ao seu encontro com um sorriso e os velhos brincos em forma de rabanete sacudindo nas orelhas. Abriu o portãozinho desmazelado e continuou correndo até ele.

– Harry! Que surpresa boa!

– Oi Luna.

– Não aconteceu nada, não é?

– Não – negou rapidamente.

– Que bom. É que achei estranho você vir me visitar.

– Desculpe, eu...

– Tudo bem – afirmou ela sorridente. – Hoje você veio. Além do mais, passei todo o ano em Hogwarts, não é? E temos nos visto nas nossas investigações.

Havia orgulho nos jeito dela falar “nossas investigações” e isso fez Harry sorrir com sinceridade.

– É sim.

– Vamos continuar com elas, não vamos? – ela perguntou ansiosa.

– Claro.

– Que bom. Gosto de ficar perto de vocês.

A sinceridade de Luna sempre desconcertava Harry, mas ele resolveu retribuir no mesmo tom.

– Também gostamos de ficar perto de você, Luna. E do Neville, claro.

O sorriso dela se alargou.

– Você quer entrar? Posso fazer um chá de raiz-de-cuia para a gente.

– Não. Quero dizer, não se preocupe, eu não quero dar trabalho e acabei de tomar o desjejum em casa. Hã... eu acho que gostaria de andar. Esse lugar é bem... bonito, não?

– Oh sim – concordou ela, encantada. – Agora que o outono está começando ele vai ficar todo amarelado, mas eu o acho bonito em qualquer estação. Espere aí.

A jovem saiu correndo em direção a casa e depois de sumir num galpãozinho de jardim, voltou apenas com o sombrero, um pouco empurrado para trás.

– Vamos – convidou.

Os dois andaram contornando o terreno da casa e começaram a descer em direção ao riozinho que corria lá embaixo, na descida da colina.

– E então? – perguntou Luna.

– “Então” o quê?

– Bem, você veio conversar, não foi? Ou só queria andar mesmo?

Ele chutou uma pedrinha e sorriu sem encará-la.

– É... eu queria conversar sim.

– Que máximo! – exultou ela.

– Máximo?

– É... bem, você não foi conversar com a Hermione e nem com o Rony... É sobre a Gina, não é?

Luna era rápida. E direta. Harry achou que preferia assim.

– Você e ela ficaram bem amigas, não é?

– Sim. A Gina sempre foi ótima comigo.

– Eu sei. – Harry parou e Luna também vagueando os olhos grandes até encará-lo. – Você acha que conhece ela bem?

– A Gina?

– É.

Luna deu um grande sorriso.

– Ela gosta muito de você. Vocês deviam voltar.

– Nos é... voltamos.

– Mesmo? Isso é ótimo! – Algo no rosto de Harry a fez franzir o cenho. – Ou não é?

– É. É sim. É que... – ele tomou fôlego resolveu despejar tudo de uma vez. – O que acha se eu pedisse a Gina em casamento?

Luna arregalou os olhos deixando-os maiores que nunca.

– Você quer a minha opinião? – conseguiu perguntar, genuinamente embasbacada.

– É. Sabe... vocês são amigas e... Eu queria que alguém pudesse me dizer se... Você não acha que estou indo rápido demais, acha?

A garota ainda parecia muito impressionada em ser considerada para aquela consulta. E levou vários segundos piscando e olhando para Harry com grande interesse, a tal ponto de ele se sentir incomodado.

– Depende em relação ao que você está se referindo. Meu pai me disse que em algumas culturas não se permite um casamento antes de oito anos de namoro firme. Nesse caso, seria bem rápido. – Foi a vez de Harry arregalar os olhos. – Em outras os noivos coabitam por três anos e depois se casam. Humm... mas eu não sei se os pais e, especialmente, os irmãos da Gina vão gostar muito do lance de coabitar. – Ela riu. – Palavra engraçada, não acha?

Harry até ia comentar, mas Luna continuou antes.

– Mas eu acho isso muito melhor que aquelas culturas em que existem casamentos coletivos, sabe? Mas as que permitem vários maridos são interessantes...

– Luna! Estamos saindo do foco.

– Ah, é mesmo, desculpe, Harry. Bem, acho que para a nossa cultura é um pouco rápido para um pedido, mas isso vai depender de para quando será o casamento.

– Logo – disse Harry. – Eu devo estar maluco Luna, mas quero para o mais rápido que for possível e Gina aceitar.

Luna lhe presenteou com um sorriso, daqueles que meio aéreos e ao mesmo tempo cheios de compreensão. Bem ao seu estilo.

– Acho que em se tratando de você, Harry. Não é rápido não. Eu diria que é... no tempo.

– Será que a Gina vai concordar com isso?

– Devia perguntar a ela?

– Eu vou! – indignou-se Harry. – Eu apenas...

– Queria uma opinião de uma amiga – ela de novo pareceu radiante. – Não acho que Gina queira correr o risco de ver você escapar de novo. Também não acho que ela vai querer casar apenas por isso... Afinal, é...

– O quê?

– Você sabe. Final feliz.

Foi impossível não rir. Harry soltou uma gargalhada e só parou quando Luna pareceu levemente ofendida com ele.

– Você tem razão. É final feliz. Mas, eu não acho que acabou...

– Está falando de Voldemort? Você se preocupa demais, Harry. Devia rir. Fica muito melhor rindo. Bonito mesmo. Embora não tanto quanto o Rony.

Harry riu de novo.

– Hermione que não te ouça.

– Ela sabe – falou despreocupada, aquilo não parecia ser grande coisa para ela. – Pode marcar o casamento para sábado. – O rapaz engasgou com a saliva. – Eu não tenho nenhum compromisso para o sábado.




XXX – – – XXX

N/B: Eu também não tenho compromisso para sábado! Eu topo! E esse enlace NÃO É NADA APRESSADO!! Está no tempo exato, como declarou sabiamente nossa querida Luna! ;D – Amada Anam, que capítulo! A noite de Harry e Gina foi tão envolvente e incandescente, tão doce e sensual e, enfim, tão amorosa, que me deixou com vontade de sair da frente do pc e ir beijar o cara metade! - A amizade entre Harry e Rony, mesmo quando estão discordando, está ali, em cada palavra (ou ameaça ;D) trocada... Forte, intacta, enraizada amizade. – E fechando com chave incrustada de pedras preciosas, a sabedoria avoada de Luna. Essa garota arrasa! Do jeitinho dela, mostra equilíbrio e bom senso, ainda que entre uma frase desconcertante e outra... – Enfim, irmã, perfeito! – Entretanto, você conseguiu plantar uma sementinha de vento escuro no meu céu ensolarado =X! O que é que a Hermione descobriu? Eles ainda terão batalhas até Sábado, ou serão só os preparativos para o casamento? Ai, ai, ai, doce aflição da espera! =D – Beijo enorme no seu coração, Anam! APLAUSOS ENSURDECEDORES!!! – Até o próximo!!!!!!!!!


N/A: Antes de tudo, quero agradecer todos os desejos de feliz Ano Novo e votos de inspiração. Comecei o ano a mil e deve ser por conta disso, hehe.
Mas se estou falando de Ano Novo, significa que demorei muito a atualizar. Verdade. Sinto muitíssimo. Mas eu tinha uma meta: finalizar Harry Potter e o Retorno das Trevas (minha fic grande, como chamo). E consegui. Os que acompanham puderam ler um imenso capítulo final, dividido em duas partes, mais o epílogo. Finalizar um trabalho de dois anos foi muito prazeroso, mas também deu muito mais trabalho do que pensei quando imaginei o fim (dois anos atrás). Ainda pretendo postar um longo agradecimento a todos que, com tanto carinho, comentaram o final e convido quem ainda não leu a dar uma espiada na fic prontinha.

Espero que os leitores apenas da Just entendam, com isso, o porquê da minha demora.

Não sei se tenho muito a comentar sobre este capítulo. Apenas a música: At my most baeutiful, do REM. A letra, que encaixa com perfeição neste capítulo =D, está na comu do orkut e a música no meu Multiply.

Gostei muito dos comentários de vocês sobre o capítulo anterior. Sempre achei a figura ruiva e bochechuda da Ana Abbot muito simpática e adorei escrever sobre alguém com uma paixão platônica por um Neville todo cool como o do livro 7 (sem deixar de ser o Neville, claro).
Quanto ao Harry, eu sei que ele fez um bocado de gente se exasperar com ele nessa fic, adorei que o movimento “Eu quero um Rony para mim” tenha virado “Eu quero um Rony ou um Harry para mim”; bem, acho que até poderia ser (pensando no que a Morgana escreveu): “Eu quero um Rony ou um Harry ou um Neville para mim”, não é? Rsrs

Espero que tenham curtido o capítulo (ainda estou um pouco receosa com a minha ousadia aqui, mas...) e acredito que o próximo vai demorar menos que este.

Meu agradecimento cheio de mimos para os que deram seu tempinho para comentar:

Mimi Potter, Bernardo Cardoso, Luisa Lima (saudades também, querida!), Lola Potter, Kelly, Tonks Butterfly, Priscila Louredo, Sônia Sag (Valeu meninas!!!), Charlotte Ravenclaw (Tb te amo!), Mirella Silveira, Paty Black (brigadão, meninas!), Guta Weasley Potter (Obrigada pelo viciante, Guta =D), Danielle Pereira, Gianna, Alessandra Amorim (e janeiro passou e a gente não conseguiu =( ), Carol Lee, Rafaela Iukelzon, Daina Braga Pereira, Mari Granger, Maionese, Ana Eulina Carvalho, Isabella Marx (fiquei super feliz em ler o seu comentário. Obrigada!), Lica Martins (Amo vcs!), Ana Carol, Aninha Granger Weasley, Drika Granger (Valeu!!), Clara, Tammie, Morgana Black (saudades!), Gina W. Potter, Luciana Martins (já iniciei o processo Luciana, mas vou manter vocês informados com certeza. Bjs), Belle Sarmanho (Linda, valeu mesmo. Quanto à sua música, eu tenho uma surpresinha para vc. Fique ligada, devo anunciar/ postar na próxima semana, mas não é na Just. Bjão), Liz Negrão, Hellzita, Naty L. Potter, Lili Coutinho, Flavinha (Obrigada por decicir ler esta =D), Alvo Bryan, Virna Manu (Uauuu, eu fiquei bem impressionada com o vc escreveu. Agradeço de coração), MarciaM (Marcinha, amore, vc não imagina como esse seu comentário pesou em algumas decisões. Muito obrigada, de verdade!), Amanda, Sara Pedrosa, Tatiane Evans, Débora, Lele, Aluada, Renata Grazielle Souza Santos, Pandora Potter (Atualizada, meninas!).

Aos outros o meu carinho pela leitura.
Beijos e até o próximo.
Sally

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