A última angústia
Já se passava da meia noite, quando mais uma vez um jovem de cabelos negros, magro, de olhar desamparado; e um leve semblante de uma pessoa doente há meses, estava parado a janela de seu quarto, na rua dos Alfeneiros nº 4. Harry ficara nessa posição desde o dia em que voltara de Hogwarts, lugar que ele tanto amava, porém não sabia ao certo, se um dia voltaria. Desde seu regresso, a um tempestuoso ano na escola de bruxaria, Harry se pegava nesses momentos de total transe, em decorrência aos últimos acontecimentos, que de alguma maneira ainda não o tinham despertado para realidade, na verdade, ele não conseguia pensar muito na realidade, pois sempre que a realizara, não encontrava respostas para suas dúvidas.
Dumbledore tinha morrido, sua caçada as horcruxes deveria permanecer, quisesse ele ou não, e no fim ele sabia que teria que matar Voldemort, para que pudesse viver, ou ao contrário (e sempre que pensava nisso, o terror lhe causava arrepios), Voldemort o mataria, pois nenhum poderia sobreviver enquanto o outro estivesse vivo, essa parte da lembrança da profecia que ouvira na sala do diretor ainda o deixava desesperado. Nem mesmo a arrogância dos tios e chatiações de seu primo Duda lhe causavam mais efeitos, na verdade Harry se tornara um ser sem sentimentos, nem de raiva, nem de amor, nem de pena, nem de medo, ele se tornara uma sombra...Estava confuso e não sabia o que pensar, no que querer, nem no que imaginar, tudo estava lhe parecendo bastante frio, e monótono. Certo dia recebera de sua ex-namorada Gina uma carta, que mais parecia de uma desconhecida, por questão das corujas estarem sendo interceptadas, dizia o seguinte:
Caro
Sei que não é de seu interesse receber minhas cartas, razão pela qual desaprovo, pois acho que o senhor teria muito apoio meu naquilo que deseja seguir, de qualquer maneira, gostaria de lhe informar que estou bem, apesar dos longos dias de monotonia e céus cinzentos que permanece a me rodear desde o dia de sua partida, que me era de tão bom agrado, espero que um dia você mude sua idéia idiota, e que pense novamente em minha proposta. De qualquer maneira estou preocupada com sua posição atual, e gostaria de receber noticias de como se encontra.
Abraços de uma pessoa que sente muito a sua falta.
Artemis
Harry que ao mesmo tempo em que se sentia feliz ao ler e reler a carta (que ele tinha certeza que já fizera umas cem vezes), não gostava de pensar em Gina, pois sempre lhe era atingido por uma forte vontade de lagar tudo e correr para os braços da garota que mais lhe fazia feliz e que mais lhe causava saudades, mas tinha que agüentar, pois ele sabia que não poderia colocar a vida de Gina em risco, seria terrível, se ela sofresse algum dano por seus “probleminhas” com as trevas. Pensara em responder a carta, mas por mais que isso lhe doesse, decidiu-se por não fazer, talvez Gina achasse que ele mudara de idéia se recebesse uma resposta dele, e eles ainda tinham muito que conversar, porém “pessoalmente” seria a idéia que ele tinha de uma conversa decente.
Ao passar a mão pela a nuca, Harry percebeu que estava com uma forte dor de torcicolo, devido às longas horas em que dormiu de mau jeito no parapeito de sua janela. Foi então guiado pelo seu desânimo, para jogar-se de roupa e tudo na cama, e ficou ali por horas e horas admirando uma pequena aranha que trabalhava duro, e ia formando sua teia em um buraquinho junto à lâmpada, até que então, adormeceu em meio a tantos pensamentos vazios que enchia sua cabeça. Logo na manhã seguinte, o garoto foi acordado por vários pios e guinchos alegres de sua coruja Edwiges, que o admirava com grande agitação, como se perguntasse, “o que ele fazia dormindo ainda”, mediante a hora que era. Harry foi até a janela, onde Edwiges ainda agitada lhe lançava um olhar de severidade.
- Bom dia pra você também!...Aos bocejos resmungosos, ele tirou da coruja uma carta que ele reconheceu a letra na mesma hora, (por ser uma letra desalinhada e grande) era de Rony. Ao erguer a carta para a luz de sua janela, Harry disparou a ler por meio da curiosidade fugaz, que era uma característica do bruxo.
Caro Apolo
Estou lhe enviando notícias, e as exijo igualmente, eu Hera e a pequena Artemis estamos bem, e preocupados pelo seu silêncio, espero que não se deixe enlouquecer devido aos fatos. E fique em frente à lareira á meia noite e meia.
Ass: Hélios
Sem entender direito, mas já se preparando para decifrar as pistas, Harry releu novamente a carta. Bom, era a letra de Rony, tinha certeza, mas e esses nomes? Percebeu logo, que era os apelidos que os amigos haviam adotado, inclusive para ele também. Hélios no caso seria Rony, pois ele que escrevera a carta, Hera só podia ser Hermione, pois a pequena Artemis ele já sabia, era Gina.
- Apolo? Isso por acaso é nome de deuses – perguntou para si mesmo.
- Haarrrrryyyyy – Tia Petúnia gritava do final da escada á plenos pulmões.
Harry guardou a carta na gaveta da escrivaninha, e foi saber qual o motivo da tamanha gritaria embravecida da tia. E sem pensar em ser educado, foi logo cuspindo fogo pela boca.
- Eu gostaria de saber porque gritar desse jeito, se sabe muito bem que eu não sou surdo?
- Ora seu moleque insolente, como ousa falar dessa maneira comigo? Deixa-me contar ao Valter toda a sua arrogância, e logo você vai se arrepender de ter me respondido assim.
- Não contaria vitória tão cedo se eu fosse a senhora!
- Ahh é, me dê um motivo realmente interessante então?
- Tia a senhora esqueceu... Bom na verdade tenho certeza que sim, afinal nunca se preocuparam em lembrar – Com um tom bem mais irônico, Harry deixou a amargura das últimas semanas aflorar todas as magoas que tinha com relação aos tios. – Amanhã é meu aniversário, e se a senhora não se lembra, amanhã completo 17 anos, sendo assim, estou livre para utilizar magia quando bem querer, e claro, não vou perder uma ocasião como essa de me defender das injustiças de vocês.
Sem saber o que responder diante da surpresa da informação dada aos berros pelo sobrinho, tia Petúnia falou num tom muito mais brando, chegava ser cordial:
- Bom sendo assim, peço a você que se comporte e não terá necessidade de utilizar nada que você aprendeu naquela escola nefasta, vá tomar logo seu café, eu preciso que você me ajude a limpar a cozinha. – sem querer continuar com o embate, Harry deu-se por vitorioso, e rumou para a cozinha.
Já era perto das 9 horas da noite, quando harry estava sentado no sofá oposto onde se encontrava seu tio Valter, Duda e tia Petúnia, assistindo ao programa de auditório de grande audiência no horário nobre. De repente, quando seu tio notara sua presença, e tinha lançado seus olhinhos miúdos para a revista mini “As aventuras de Martin Miggs, o trouxa pirado” que o sobrinho lia, sem prestar atenção em mais nada, um fervor de fúria subiu na garganta do bufonideo tio Valter:
- O QUE ACHA QUE VOCÊ ESTA FAZENDO MOLEQUE?
Harry se assustara com a repentina turbulência, e baixou a revista dos olhos e encarou o tio com imensa calma.
- Estou lendo – respondeu sinceramente.
- Lendo? Como ousa lê na minha casa, na nossa presença, essa revista imunda, daquela sua escola imunda?
- Bom se vocês não tem o hábito de ler, sinto muito pela falta de interesse cultural, não há nada que eu possa fazer.
Realmente agora Harry não mediu as palavras. Com isso, as veias latejantes de seu tio, - que ele tanto conhecia – ia para seu estupor de ira. Harry já prevendo as mãos de presunto de seu tio em seu pescoço, em uma intenção de esganá-lo, puxou sua varinha, e apontou diretamente para o rosto de Valter, Petúnia levara a mão á boca, e Duda agarrou o pescoço da mãe.
- Olha aqui seu moleque asqueroso, eu não vou mais permitir isso na minha casa, não mesmo, e não me venha com essa sua ameaça idiota, que eu não caio mais nessa, NÂO CAIO...
- Ahh, mas seu eu fosse o senhor não ficaria tão feliz, abe titio amanhã seu sobrinho que você tanto odeia completa 17 anos, o que quer dizer, que no “mundo mágico” – e fez questão de dar ênfase as duas palavras, o que fez seu tio urrar feito um urso polar – vou me tornar de maior e sou livre para utilizar minha varinha quando bem quiser.
- Valter, se acalme, vamos querido, não dê atenção a ele, ignore.
- IGNORAR? – Harry berrava tanto quanto seu tio – SE O SENHOR FOR ME IGNORAR MAIS DO QUE ME IGNORA, TENHO QUE ME TRANSFORMAR EM UM PLANTA.
- ENTÃO ESCUTE BEM, SAIA DA MINHA CASA AGORA, PEGUE SEUS TRAPOS E SUA MALDITA AVE E SUMA, E NÃO OUSE MAIS PISAR OS PÉS AQUI.
- ÓTIMO! NÃO PRECISA ME CONVIDAR PELA SEGUNDA VEZ PARA SE RETIRAR DA SUA MALDITA CASA, EU FAÇO ISSO COM MUITO PRAZER VÁLTER.
- CALADO HARRY, CHEGA, JÁ CHEGA – Agora quem berrava era tia Petúnia assustando não só á Harry, mas a Duda, que girava a cabeça de um lado para o outro, tentando capturar as informações que passavam rápido demais para absorção do seu cérebro – Valter, por favor, vá dormir um pouco, amanhã você terá um longo dia, e não merece passar por todo esse nervoso, deixe que eu cuido do Harry.
Por um momento, Harry achou que seu tio não ousaria levantar uma palha até massacrá-lo por inteiro, no entanto, Valter cedeu o pedido da mulher e subiu com Duda, resmungando ofensas para o sobrinho.
- Venha até aqui menino, vamos conversar – Harry não entendera muito bem o que a tia queria dizer em “vamos conversar”, afinal quando foi que tia Petúnia conversara com ele?
- O que a senhora quer conversar comigo? A senhora ouviu muito bem o tio Valter, eu vou arrumar minhas coisas e ir embora.
- Harry você não vai a lugar algum, não esqueça do que prometi ao Dumbledore - Agora Harry realmente estava interessado no assunto da tia.
- É, eu sei o que a senhora prometeu, mas não precisa mais se angustiar por isso, já vou completar 17 anos e o feitiço que me protege irá cessar, a senhora está livre para se livrar de mim.
-Ahh...E você acha que eu o aturei por 16 anos, que o alimentei, que lhe dei abrigo, para chegar a isso, e lhe entregar á Voldemort assim...- Fazendo um gesto brusco com a mão, tia Petúnia insinuou como se jogasse um embrulho no chão –de mão beijada, não...você vai ficar aqui até voltar para aquele escola, ou seja lá, caso você resolva ir passar o final das férias na casa do seus amigos “que seja um lugar seguro” ai você pode ir, mas enquanto isso, se comporte e fique onde está – com essas últimas palavras, Petúnia saiu de fininho para sala, e Harry saiu em seu encalço, lhe questionando o tio.
- Mas e o tio Valter, ele não irá aceitar.
- Eu irei conversar com ele, agora vá para o seu quarto Harry, e sem mais questionamento esta noite.
Harry foi para o seu quarto, meio tonto com tudo que acontecerá á poucos minutos. Sua tia resolvera ir a favor dele pela primeira vez, e por preocupações, realmente isso era inédito, e não podia de se sentir (por mais que não quisesse), grato com o fato.
Ficou esperando a hora passar pela janela de seu quarto, o sono já sobressaindo devido o calor que fazia em seu quarto, e sem que ele permitisse, suas pálpebras o domaram para o sono.
Harry acordara de um pulo, quando ouviu o grunhido meloso de sua coruja, se dando conta que não devia ter dormido, correu para a porta de seu quarto e desceu desabalado pelas escadas (porém, sem emitir nenhum barulho) e se jogou de joelho em frente à lareira de seus tios.
Não havia sinal algum de Rony, o garoto levou os olhos para o relógio mais próximo e constatou que ainda era meia noite quinze, aliviado com a descoberta, sentou-se no sofá com a cabeça apoiada no encosto; lembrando-se que ultimamente não estava mais conseguindo controlar a sonolência provocada pela monotonia que o cercava, Harry resolveu ir a cozinha pegar alguma fruta para comer enquanto esperava por seu amigo.
Sentado no sofá, saboreando os últimos pedaços do que fora uma tangerina, se assustou de repente ao ver as baforadas de cinzas que emergiam da lareira.
- Rony... É você? - perguntou aos sussurros.
- Claro que sou eu, a propósito Harry, feliz aniversario.
- Obrigado - disse sorrindo - Então o que de importante o fez querer falar comigo pessoalmente.
- Ora, você!
- Eu? - perguntou surpreso.
- Harry, desde sua partida você anda muito calado, em suas cartas não menciona o desagrado de estar em companhia de seus tios, e nem ansiedade em voltar para o nosso mundo...Sei lá - Rony hesitou por um momento - estive conversando com Hermione, e pensamos na hipótese de você está dominada pela maldição imperius.
- Ahh, obrigado pela confiança - resmungou Harry, um pouco espantado.
- Não é desconfiança, e sim preocupação cara, ta todo mundo muito preocupado com os últimos acontecimentos, a morte de Dumbledore, a fuga de Snape, e a ordem ainda nem foi reestruturada.
- Como assim a ordem não foi reestruturada - perguntou Harry, com uma leve preocupação.
- Bom, não temos quem dite as regras agora, nem se quer encontramos um novo lugar para as reuniões.
- E a Profª McGonagall? Onde ela esta?
- Bem, ela esta enfrentando todos os afazeres de Hogwarts, afinal se tornou diretora, e ainda não sabe informar se a escola irá reabrir novamente.
- Bom, se ela se decidir por isso, ela vai esta fazendo exatamente o que Voldemort quer, - (Rony fizera uma careta, que mesmo com o rosto envolto pelas chamas, era perceptível) - e Dumbledore jamais gostaria que a escola fechasse.
- É o que todos nós concordamos, porém não é muito favorável o número de estudantes e pais que pensam assim.
- Da minha parte a diretora pode ficar tranqüila, pois estarei lá no dia um de setembro, pelo menos até decidir por onde começar minha caçada pelas Horcruxes.
- “Da nossa caçada pelas Horcruxes" - lembrou Rony, e Harry ficara feliz por saber que podia contar com os amigos - A propósito Harry, você tem pensado? Decidiu-se com relação ao assunto?
- Hã, na verdade...- Harry despertara pela pergunta do amigo, e se preocupando com a falta de atenção que dera ao assunto, decidiu se dedicar mais com relação as Horcruxes, afinal sua vida dependia disso - na verdade Rony, eu não pensei muito nisso, é que estou pensando em fazer uma busca na biblioteca, não vejo em qual outro lugar eu poderia buscar informações!
- E quando você pensa em sair da casa dos seus tios, todo mundo lá em casa já esta perguntando de você, principalmente a Gina?
Observando a cara que Harry fizera ao mencionar o nome da irmã, Rony se preocupou pelo silencio momentâneo do amigo, e disparou muito alto, sem perceber.
- O que aconteceu? Vocês brigaram.
- Não... Se ao menos fosse isso - disse um Harry muito infeliz - sinceramente você não esperava que eu fosse continuar pensando em namorar a Gina, com tudo isso acontecendo, eu estaria colocando a vida dela em risco, e isso seria a última coisa que eu gostaria que Voldemort usasse contra mim.
- Eu sei cara, mas sinceramente... Você não espera que minha irmã, com o gênio que ela herdou da mamãe vá aceitar isso fácil desse jeito.
- Ela terá que aceitar, nem que pra isso eu tenha que me afastar dela, coisa que eu não quero ter que fazer.
Um assovio alto perpassou aos ouvidos de Harry, acompanhado de passos no andar de cima; precipitando-se para Rony, Harry informou apreensivo.
- Rony, você tem que ir, alguém está descendo.
- Tudo bem, mande uma carta, quando resolver que dia você vai para toca, Ok?
- OK, tchau.
Os passos pesados, já estavam na metade da escada, quando Harry seguiu para a cozinha.
- O que você esta fazendo ai moleque? - Disse tio Valter meio tonto, mas com o tom desagradável de sempre.
- Vim buscar um copo d'agua só isso.
- Então suba já, não quero imaginar que você tocou na nossa despensa, pra roubar o que comer seu moleque...
- Boa noite. - E deu as costas ao tio, deixando-o terminar a frase para ele próprio.
Já deitado em sua cama, Harry estava em mais um de seus devaneios ao imenso mundo do nada. Foi então que começou a se lembrar, que era seu aniversário, e uma fisgada de tristeza, o fez lembrar de Gina, - como queria está com Gina naquele momento, passar seu aniversario com ela e seus amigos, a ruivinha que depois de sua mãe era a pessoa que ele mais sentia falta. Todas as suas brincadeiras, seu senso de humor, e seu forte senso a braveza, algo que era uma imitação idêntica ao da Senhora Weasley. Deixando-se guiar pelas lembranças alegres que tivera com Gina, Rony e Hermione no último semestre em Hogwarts, Harry adormeceu para vivenciar o mundo dos sonhos.
>Oi gente, estou muito feliz de está publicando minha primeira fic, espero que gostem, se quiserem deixar comentários, eu agradeço!!!Beijos...
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