Reviver
Ele pouco a pouco foi recuperando seus sentidos e recobrando a conciencia, não sabia onde estava, aos poucos foi olhando em volta, enquanto recupera um pouco da força. Picou uma vez, e não viu nada, piscou novamente, e um lugar escuro começava a entrar em foco novamente.
O lugar estava vazio, ate o silencio era palpável, ele percebeu estar proximo de um grande arco com uma cortina negra, não sabia porque, mas seu instinto lhe dizia para não tocar naquela cortina negra, reparou que o Arco estava circundado por algo que se assemelhava a uma grande arquibancada, era uma sala redonda, que crescia em proporções a medida que se afastava do Arco. Ele quis gritar, mas sabia que seria inútil, ninguém lhe ouviria, queria correr e achar uma saída, mas sua vista ainda não havia se acostumado muito com o escuro da sala, por isso achou que era insensato tentar encontra uma saída naquelas condições.
Por isso, ele fez a única coisa que era possível em sua lastimável condição, ele pensou. Começou a forçar a memória para saber como havia parado ali, não se lembrava muito bem, tinha lembranças espaçadas e soltas, lembranças de sua infância, adolescência, do tempo que estuda, lembranças que ele havia esquecido, lembranças que ele queria esquecer; e as vezes no meio dessas lembranças revividas ele ouvia uma voz acusando-o, o inocentando ou simplesmente uma voz que o mandava para a lembrança seguinte. Ele não sabia se aquilo tudo era um sonho ou real, também se recordava claramente de ter permanecido no escuro total, flutuando por muito tempo, enquanto ele escutava um voz, mas então a voz parava e as lembranças recomeçavam.
Ele forçou um pouco mais a memória e se recordou de estar preocupado com alguém, alguém muito importante para ele, ele estava lutando para ajudar esse alguém, lutando com alguém que realmente odiava, mas então se distraio e foi parar dentro do Arco, onde as lembranças começaram. Mas quem era aquela pessoa importante para ele ? Quem era a pessoa que ele odiava ? E porque se distraio ?
Começou a forçar mais a memória, e um rosto apareceu, era o rosto de um garoto com seus 15 ou 16 anos, tinha olhos verdes por traz das lentes redondas dos óculos, e cabelos muito negros e desgrenhados, e no meio da testa, meio escondida pelos cabelos, uma cicatriz em forma de um raio; ele forçou mais um pouco a memória, e imagens passaram em sua cabeça, o dia do nascimento do garoto, ele batizando o garoto, um homem parecido com aquele garoto mas com olhos avelãs e sem a cicatriz e uma mulher ruiva com os mesmos olhos verdes estavam ao seu lado, enquanto ele brincava de jogar o garoto para o alto e pega-lo novamente o garoto ria com a brincadeira, o homem ria junto e a mulher parecia preocupada.
A cena muda novamente, o garotinho agora parece ter quase 1 ano, ele esta sentado em uma vassoura junto com o pai, seu amigo, os dois fazem manobram arriscadas no ar, seu amigo o chama para “brincar” junto com o afilhado, ele monta uma vassoura e decola, pega o afilhado no ar, e junto com seu amigo fazem manobras bem arriscadas segurando o garotinho no colo, enquanto se divertiam no ar, a cada manobra o garoto dada gostosas risadas, principalmente quando o pai fingia cair da vassoura mas se recuperava no ultimo instante, ate que a ruiva chegou, ela estava visivelmente transtornada com aquilo, gritava ralhando com os dois, achava-os irresponsáveis, e eles tentavam acalma-la dizendo que so estavam se divertindo, enquanto o pequenino ria dos dois adultos levando uma bronca.
A cena mudou, ele estava em um quarto escuro e maltrapilho, o garoto devia ter 13 anos, ele estava a frente de um ruivo jogado na cama e uma garota com cabelos castanhos e fofos, ao seu lado estava um homem com um ar cansado, o garoto gritava para ele o acusando de algo, mas ele sabia que era inocente, o homem ao seu lado tentava ajudar, ele não queria conversar agora ele queria o rato que estava com o garoto ruivo, mas o homem ao seu lado dizia que não, que seu afilhado tinha direito de saber, foi então que ele resolveu contar.
Suas lembranças mudaram novamente, ele estava feliz com seu afilhado, eles estavam conversando, mas o lugar onde estavam era odioso, ele não gostava daquele lugar, mas so em estar com seu afilhado se sentia melhor. Harry, Harry Potter, era esse o nome se seu afilhado, ele agora estava se lembrando. Belatriz era o nome de sua odiada prima, que trabalhava pra o Valdemort, agora já não tinha mais lapsos de memória, tudo havia voltado ao normal em sua cabeça.
Ele olhou em volta mais uma vez, estava no departamento de mistérios no ministério da magia em Londres, agora se lembrava de como havia ido parar ali e todo o resto, já podia ate ver as 12 entradas que haviam na sala, quase tudo estava normal, aparentemente ele saíra do arco do mesmo modo que entrara, e depois de ter passado os primeiros instantes a sua “volta ao mundo” as dores pelo corpo começaram a se fazer presente, e com elas vieram as costumeiras perguntas, quanto tempo vai demorar ate me acharem ? Durante quanto tempo estive “preso” naquele arco ? Como estão Harry e os outros ? O que acontecera comigo quando me acharem ? Será que já me inocentaram ? Ou será que irei voltar para Azkabam ?
Fazia algumas horas que ele estava ali jogado no chão frio de pedra, sem forças para se levantar, as dores no cor so aumentado, e agora a fome e a sede também o abatiam, não havia outra solução a não ser esperar; o silencio mortal, o escuro, a imensidão da sala, o arco, a fraquíssima iluminação bruxuleante, tudo naquele lugar conferia a ele uma sensação horrível, so o silencio era capaz de o deixar louco, começaria a falar sozinho se tivesse forças para falar, poucos vezes conseguia emitir um gemido de dor, o que lhe dava o conforto de saber que ainda suas cordas vocais poderiam voltar a funcionar.
O silencio cada vez mais palpável a sua volta o estava atormentando, nem mesmo Azkabam havia feito aquilo com ele, e alem do silencio que o estava enlouquecendo havia o fato de a fome aumentar a cada instante, a sede secava sua boca, sua garganta arranhava a cada tentativa de emitir algum ruído, ele queria fazer algo para que alguém pudesse encontra-lo, mas o que ? Sua varinha provavelmente estava perdida em lugar dentro do arco, ou fora do alcance de sua vista, não poderia fazer nada, apenas esperar. Os minutos pareciam horas naquele lugar, e ele teve certeza que se não o encontrassem em pouco tempo, quando o encontrassem seria tarde demais, e ele já estaria morto.O tempo foi vencendo sua decisão de se manter acordado e lúcido, o tempo, a fome, a sede, as dores, o cansaço pouco a pouco o estava abatendo, e ele sem forças adormeceu.
O destino é cruel, se ele tivesse permanecido acordado mais algum tempo, seria ouvido o sussurro desesperado de uma voz conhecida e antiga. Um voz que rapidamente foi abafada por soluços e lagrimas, de felicidade e preocupação. Ela Victtoria finalmente poderia dormir em paz, seu amor estava vivo, ele não havia morrido, ele havia retornado do Arco da morte, então afinal aquele Arco não era de morte, mas os estudos por hora teriam que esperar, ela tinha algo mais importe a fazer, tinha que cuidar do homem da sua vida, desaparecido por tantos anos, e agora era ela quem o havia encontrado, o destino as vezes nos pega peças boas.
Quando ela chegou proximo ao corpo do homem que estava jogado no chão de pedra, viu seus olhos fechados, o corpo esparramado, por um segundo seu coração parou, não seria possível, ele ficou todo aquele tempo preso, passou por coisas horríveis, permaneceu mais de um ano dentro do Arco e agora estava morto ? Seria injustiça de mais na vida de um pobre homem... Mas antes que pudesse concluir seus pensamentos de como a vida era injusta, ela percebeu o movimento no peito do homem, que subia e descia tão vagarosamente que no primeiro instante ela julgou não existir. Mas afinal ele não estava morto, apenas dormia
Ela sacou sua varinha, e apontou para o peito do homem, ele levitou calmamente do chão, e com outro movimento de sua mão, a varinha tocou no peito do homem e a partir daquele ponto, o corpo dele começou a ter a textura exata do chão logo abaixo dele, outro passe e o corpo simplesmente havia “desaparecido”, não era possível velo ou toca-lo, mas ele estava ali, ao lado dela. Ela saiu andando e entrou em uma das portas que havia ao redor da sala do Arco, a nova sala parecia um hospital, com camas brancas e prateleiras cheias de vidros com poções, mas não eram poções normais, nem mesmo as plantas que aparentemente estavam de enfeite ao fundo da sala eram normais, quando ela se aproximou da mesa onde elas ficavam para colocar o corpo do homem, que aos poucos voltava a ficar visível, algumas delas se afastaram temerosas outras rosnaram, muitos teriam se assustado com a reação das plantas, mas não ela.
Ela estava costumada a lidar com aquelas plantas, era seu trabalho naquele lugar, assim como as poções que estavam nas prateleiras, ela deixou o corpo do homem na cama, enquanto ia ate a prateleira e escolhia um dos fracos, pegou um com a coloração roxa e outro com uma coloração azulada, depois se dirigiu ate um armário que estava trancado, mas que com um toque da varinha se abriu, ela rapidamente tirou três pequenos frascos e foi ate uma bancada onde pegou uma agulha e três copos.
Segurou um dos três pequenos fracos nas mãos enquanto espetava a agulha no topo, começou a puxar, a cor do liquido que entrava na agulha não poderia ser mais vermelha, parecia estar viva, ela colocou a agulha de lado enquanto pegava o frasco roxo e depositava em um dos copos, depois pegou o frasco azulado e depositou nos dois copos restantes, segurou os outros dois pequenos frascos e colocou em pequena quantidade um em cada copo, a reação foi imediata, um dos copos adquiriu uma cor azul turquesa em quanto o outro ficava completamente rosa berrante.
Ela guardou os frascos em seus lugares, e olhou as poções que havia preparado, sabia que eram fortes, mas não havia jeito, ele estava debilitado demais para um tratamento normal, tomou sua decisão. Pegou a agulha e foi ate o homem, que agora se remexia confortavelmente na cama macia, segurou seu braço com firmeza, espetou a agulha e injetou o sangue nele. Voltou a bancada e pegou os copos, ao se aproximar da cama notou que seu rosto apesar de ainda estar doentio esta um pouco mais sereno do que na hora que o encontrara. Ela se sentou na beirada da cama junto a sua cabeça, enquanto com cuidado o puxava para si, colocou a cabeça dele confortavelmente junto a seu colo, tentando o segurar como um bebe grande demais para seu pequeno corpo, com a outra mão foi pegando as poções e uma a uma ela foi o dando e fazendo com que ele bebesse tudo, depois disso sabia que ele precisava descansar, por isso o colocou de volta na cama e se virou para sair da sala.
Quando estava quase fechando a porta viu que ele estava se mexendo na cama e abrindo os olhos, ela ficou paralisada, não sabia o que iria fazer depois de tantos anos, milhões de perguntas explodiam em sua cabeça. Será que ele ainda se lembraria dela ? O que ela iria falar ? Como ela poderia agir ? Será que ele havia pensado nela em todos esses anos ? Será que ela deveria contar para ele sobre.... ?
Ele abriu os olhos totalmente, e piscou algumas vezes para se acostumar a claridade do lugar, ele se mexeu devagar, se espreguiçou e depois se sentou na cama. Ele mirou seus olhos muito azuis nos mel dela, e a encarou, por quanto tempo eles ficaram assim ? Nem um deles é capaz de dizer, podem ter sido segundos, minutos, horas.... Este momento não teve tempo, foi algo atemporal, um desses momentos em que o tempo não existe, pois ele não é algo importante.
Muito tempo se passou, com eles se encarando, e lembrando do passado, do que viveram juntos, ambos tiveram certeza um nunca havia esquecido o outro durante todos aqueles anos, e eles também sabiam que o outro continuava a ama-lo, ate que ele interrompeu o contato visual e com um sussurro quase inaudível ele disse
- Victtoria....
N/A
me desculpem a demora...
mas tinha que estudar né ?!
o 8º capitulo já veem...
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