A rivalidade entre irmãos
Os dois estavam na sala discutindo como sempre. Sabrina achava que seu irmão tinha feito sua boneca sumir apenas com a força do pensamento. Já por sua vez, Tiago afirmava que ele precisava de uma varinha para isso. Os dois eram irmãos gêmeos não idênticos. Filhos de Harry Potter e Gina Weasley. Seus sobrenomes cobiçados por uma gama de fãs antigos, e novos, daquele que apenas era o pai deles, que quase esmagava eles de tanta proteção.
-Quando eu contar para o pai, ele vai fazer você devolver minha boneca de porcelana!
Dizendo isso Sabrina saiu da casa irritada, batendo os pés com força no chão e quase arrancando a porta da sala.
Tiago riu. Ele não estava com a boneca. Ele tinha certeza que ela guardara em algum lugar e agora não lembrava. Resolveu subir para o seu quarto e ficar jogando quadribol no seu vídeo game para bruxos. Ele estava há meses pedindo um vídeo game de trouxas para o pai, mas ele se recusava a dar.
Tiago. Seu nome era esse, por causa de seu avô que se chamava assim, era também o segundo nome de seu pai: Harry Tiago Potter. Ele odiava quando diziam que ele era a cara do pai dele quando criança, sem tirar, nem pôr. Seus olhos eram verdes claros, seu cabelo preto e sempre com a aparência de despenteado. Ele era magro, sua mãe vivia reclamando que ele quase não comia.
Entrou no quarto e se jogou na cama. O quarto era o sótão da casa, mas foi escolha dele, porque havia dois quartos disponíveis na casa, além do quarto da irmã e do quarto de seus pais. Lá tinha uma tv, um vídeo game bruxo (controlado por varinha artificial), uma cama, e um guarda roupa. Tinha a gaiola da Valkíria, sua coruja preta de estimação, e também uma prateleira cheia de livros sobre quadribol e feitiços. Ele não via a hora de começar as aulas. Tinha dez anos e estava para completar onze anos no dia 14 de agosto. Entraria no primeiro ano da famosa escola Hogwarts em dois meses. A ansiedade o consumia.
Agora ele curtia a paz de seu doce reinado no sótão... Até ouvir a voz de seu pai.
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Ele era um cara muito ocupado agora. Tinha uma importante função. Era o Auror chefe, o que mais precisava se dedicar na segurança da comunidade bruxa de Londres. Sua mulher, Gina havia abdicado da carreira de auror assim que soube que teria gêmeos. Ela tinha planejado continuar como auror após saber da gravidez, dois meses depois da tragédia que acontecera na festa de casamento deles. Mas a noticia de que eram dois e não apenas um fez ela mudar de idéia. Os filhos precisariam de atenção dobrada na opinião de sua mulher. Harry concordaria com qualquer decisão que ela tomasse. Ele mesmo era muito preocupado com os filhos. Estava sempre sondando a segurança deles. Não era pra menos depois da tragédia que abalara toda família Weasley.
As lembranças eram muito vagas, pois o choque tinha sido grande demais. Tanto Rony, seu melhor amigo, e tanto Hermione, precisaram não só do apoio da família, como passaram também por alguns médicos. Mione tomava antidepressivos por um bom tempo, até que seis meses depois da tragédia ela engravidou novamente. Aquilo foi à salvação dela, de Rony e do casamento dos dois que estava desgastado pelo fato de só pensarem no primeiro filho. O segundo filho deles se chamava Andril, e era a alegria dos Weasley. Muito parecido com o irmão, talvez um bebê mais sorridente. Foi cuidado por todos os lados, por todos da família, até Harry tinha uma preocupação grande com seu sobrinho. Apesar da super proteção sufocá-lo de vez em quando, era um alívio saber que ele crescera, e hoje tinha nove anos.
Harry lembrou que quando Gina teve os bebês, prematuros, com apenas sete meses de gestação, ele prometeu fazer o possível para cuidar da vida daquelas três crianças. As suas e a que Hermione esperava no ventre. E até agora cumprira. O casamento de Harry, que tinha acontecido perto do natal, fez com que os demais natais fossem um pouco dolorosos. Mas a alegria das três crianças era recompensador para ele e para seus melhores amigos, Rony e Mione. Gina engravidara no início de fevereiro, e o médico a avisara do possível parto prematuro por se tratar de gêmeos. Harry lembrou de seus filhos pequenininhos, do medo que ele sentiu de que eles não sobrevivessem. Mas eles ficaram dois meses na incubadora, e saíram do hospital fortes e saudáveis.
Hermione, por sua vez, engravidou em junho, um mês antes de Gina dar a luz. Andril nasceu saudável, Mione teve seus nove meses de gestação tranqüilos. O bebê nasceu em março, e foi desde então que todos preferiram não tocar mais no assunto Deivid, porque não queriam fazer comparações com Andril, que poderia crescer achando que não era amado pelo que era, e sim pela falta do irmão. A própria Hermione dissera isso. Todos concordaram.
Agora Harry cuidava de diversos casos, mas o caso de Gabrielle havia se tornado uma briga entre ele e o Ministério Bruxo. O Ministério queria abafar o caso, mas Harry queria levar adiante. Todos estavam com medo de que alguém como Voldemort pudesse reaparecer, então para não assustar a comunidade bruxa, o Ministério mandara suspender os recursos financeiros para a investigação de Gabrielle.
Com o Deivid tinha sido um pouco diferente. Como havia um homem morto no pátio da Toca, que não podia testemunhar, eles alegaram que a culpa da morte do bebê era desse cara. Mas o bebê tinha sumido. Harry não acreditou quando eles também fecharam o caso, como se não precisasse de corpo nenhum para provar que a criança estava morta. Harry na época não tinha toda autoridade de agora. E era por isso que ele decidira agir, fazia dois anos já. Ele estava correndo atrás de pista por pista. Como não tinha muito dinheiro, o tempo de trabalho gasto com isso era por sua conta própria. Ele que pagava pelos materias de pesquisa que usava na investigação. Não achara nada até agora. Mas era só uma questão de tempo.
Tiago desceu correndo as escadas do sótão até o segundo andar, e depois até o térreo da casa.
-Cadê a boneca de sua irmã Tiago? – perguntou Harry, seu pai.
-Pai? Eu já falei para ela que eu não peguei.
-Ele usou magia pai!
Se Sabrina pelo menos ficasse quieta.
-Quantas vezes eu falei para não usar magia sem eu estar junto?
-Sim pai. E por isso eu não usei magia. A boneca deve estar em algum lugar. Pede para ela procurar.
Sabrina o fitou com um olhar de morte.
-Seu irmão não está mentindo filha. Sua boneca deve estar caída em algum lugar. Procura. Pede para Gina te ajudar.
-Mas mamãe foi na Tia Mione.
-Hum... Bem. Eu te ajudo então.
Tiago ficou aliviado de o pai acreditar nele. As vezes ele era um pouco bravo, mas logo usava sua voz mansa para acalmar a todos. Tinha um certo mistério no olhar. A vida do pai de Tiago era muito mais interessante do que ele fazia parecer. Tiago lera em muitos jornais antigos e até mais novos, que seu pai salvara o mundo dos bruxos e até o mundo dos trouxas matando um cara que todos temiam. E ele tinha apenas 17 anos. Seu pai não era apenas seu herói. Era o herói de muita gente.
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