Uma festa com final trágico
Todos bebiam muita cerveja amanteigada, e comiam muitos doces da Dedosdemel e outros tantos feitos pela Sra Weasley. Harry estava ocupado demais para perceber uma coisa...
Gabrielle estava ali. Ela sabia exatamente o que estava prestes acontecer. E não poderia fazer nada. Sua lamentação só não era maior, pois ela já não sentia muito mais do que sua própria dor durante todos aqueles longos anos. Sua irmã estava grávida, mas ainda não sabia. Harry teria um filho em um ano, mas também ainda não sabia. Ela deixou sair um sorriso enviesado pelos dois. Ela não sabia mais o que era sorrir. As poucas vezes que pudera sair do lugar onde ficara trancada todos aqueles anos, ela tentava pedir ajuda a Harry. E a beleza dele a deixava encantada, e ela conseguia sorrir. Mas agora tudo tinha mudado. O plano estava a um passo de dar certo. E ela tinha medo.
Harry bebia e conversava a vontade com Dino, Simas, Rony e Fred. Eles falavam da copa de quadribol que acabara de acontecer. Vítor Krum dera um adeus muito bem dado ao mundo das goles, pomos de ouro e balaços. Seu time venceu uma partida que durou três dias, só porque o pomo não aparecia em canto nenhum. Mas Krum o achou escondido perto de uma das arquibancadas, voando de um lado para o outro. Aquilo era muito estranho até no mundo dos bruxos. O comportamento do pomo não era normal.
-Eu acho que ele foi enfeitiçado – disse Simas.
Os outros riram.
-Não tem como ser enfeitiçado. A copa de quadribol têm rigorosos sistemas de segurança. Esqueceu? – perguntou Rony.
Fred concordou.
-È não tem como enfeitiçar. O pomo estava maluco e pronto.
-Vai ver ele já estava com saudades do Krum, e daí sumiu por causa dele – disse Dino.
Todos caíram na gargalhada.
-E você Harry? O que você acha? Você sempre foi um ótimo apanhador. Por quê não entrou em nenhum time? – perguntou Simas.
-Porque a vida de auror me toma muito tempo. Bem... E o que eu acho da história desse pomo? – Ele olhou para cada um dos presentes ali com ele. – Ele só não queria ser pego. Nenhum pomo de ouro quer ser pego. Certo?
Todos concordaram com Harry.
-Eu só queria entender porquê Krum largou o Quadribol? – perguntou ele.
-Não ficou sabendo Harry? – perguntou Rony.
-Do quê?
-Ele vai ter seu segundo filho. Depois de ter tido a pequena Isabell, ele vai ser pai do menino Charlie. Ele alegou que não tem tempo de passar com a família. Disse que quer ver o filho crescer, já que não fez isso com Isabell.
-Mas a Isabell não tem apenas seis meses?
-Ele disse que perdeu a primeira palavra dela, o primeiro sorriso, essas coisas. E vamos cair na real. Eu no lugar dele não trabalhava. O cara já ganhou fortunas de galeões de ouro. O que mais ele quer? Ele ta é certo. – terminou Rony com convicção.
A conversa continuou durante mais uma meia hora. O assunto: Quadribol, é claro. Harry resolveu pocurar Gina, precisavam escapar de todos os convidados. Quando a achou conversando com Hermione, Luna e Neville, a chamou discretamente.
-O que você quer seu bobo? – perguntou ela em tom de brincadeira após os dois terem se afastado da festa.
-Nós já cortamos o bolo, já fizemos o banquete, já tiramos fotos. E por falar nisso o Colin disse que você é a noiva mais linda que ele já fotografou. Bem... O que eu quero dizer... – Harry temeu que ela interpretasse mal, e decidiu não falar.
-Você quer sair da festa? – perguntou ela com um olhar divertido.
-Foi você que falou em sair – disse Harry satisfeito com a percepção dela.
-Vamos então...
-Que barulho foi esse?
Um enorme estouro havia acontecido. Um clarão. De repente Harry ouviu gritos agudos. E ele sabia de quem era. Correu em direção dos gritos, pegou sua varinha e a colocou em posição de ataque. Gina veio a seu alcance.
Gabrielle estava sentada ao lado de um corpo imóvel. Sua pele já não era branca como o leite, mas branca como um fantasma, seus cabelos loiros estavam desgrenhados. Ela chorava em silêncio.
-Calma Gabrielle. Tudo vai ficar bem... – dizia Harry apontando a varinha para um rosto desconhecido.
-Ele tentou matar o bebê.
-QUÊ? – berrou Rony, que em seguida já corria em direção ao quarto onde dormia o bebê. Harry viu que a luz estava acessa, e Hermione estava ali em baixo, em estado de choque.
-Me diz, com calma, onde você estava esse tempo todo?
-Eu preciso ir...
-NÃO! MINHA IRMÃ... – Fleur corria em direção ao, agora, só vulto de Fleur.
Harry bateu com a mão esquerda no chão com toda a força que podia. Como ele pode deixar, mais uma vez, Gabrielle fugir? Com a varinha na mão direita, ainda estendida para o corpo no chão, ele pode constatar que o cara estava morto. Gabrielle o teria matado? Como? Sem varinha?
-Calma Fleur! – pedia Gui para a sua esposa, que chorava e gritava pelo nome da irmã.
-Onde está Rony? – perguntou Harry para Gina.
Gina tremia da cabeça aos pés. Apontou para a janela do quarto onde o bebê estava. Harry sentiu vontade de morrer naquela hora. Não era verdade. Não podia ser. O bebê estava morto. Deivid tinha apenas oito meses de idade. Aquilo era uma crueldade. A luz do quarto fora apagada era um sinal de que algo não estava bem. Rony não descia. Será que tinha cometido uma loucura? Harry resolveu correr, e ver o que tinha acontecido dentro da Toca. Hermione, sua amiga continuava imóvel, em choque.
-Cuida da Hermione, Gina. Ela precisa de você.
Gina concordou com Harry e seguiu em direção a Hermione, a abraçando. Hermione não se movia, não chorava, apenas continuava com os olhos em direção a janela do quarto do bebê.
Harry estava indo em direção a porta da cozinha da toca, quando viu Rony.
Rony segurava um pano, parecia com o cobertor azul marinho de Deivid. Harry correu até ele. Rony caiu de joelhos no chão.
-O que houve cara? – perguntou Harry com a voz trêmula, notando mancha de sangue no cobertor. Estava na cara o que tinha acontecido. As entranhas de Harry se retorceram. Ele olhou para trás e viu que a Sra Weasley acudia Hermione, que acabara de desmaiar no colo de Gina, que chorava muito. Ela arrancou a grinalda da cabeça, e correu em direção do irmão e do, agora, marido.
-O que ele tem? A Hermione desmaiou. O que tá acontecendo? Cadê o Deivid? – foi quando ela viu a mancha no cobertor. Sua mão instintivamente foi à boca.
-Eu vou verificar lá em cima o que aconteceu. Fique aqui com seu irmão. Pegue sua varinha, e qualquer coisa... dê um grito, que eu desço correndo.
Gina fez sinal afirmativo com a cabeça. De fato Harry se casar com uma mulher muito corajosa.
O cara morto estava sendo cuidado por Lupin e Sirius. Arthur tentava consolar Molly, e trazer Hermione de volta a si.
Harry entrou na Toca, a casa estava vazia, ele subiu as escadas, com apenas a luz da lua crescente vindo da janela. O quarto, que antes era do Rony, agora tinha um berço para sempre que Deivid viesse, tivesse onde dormir. O quarto estava escuro. Rony teria apagado a luz? Mas por quê? Era só para mencionar o luto? O bebê estaria imóvel no berço?
Ele ligou a luz. O berço de madeira na cor marfim era o único móvel do quarto, além da cadeira de balanço na outra extremidade. As coisas de Rony haviam sido tiradas de lá há muito tempo. Harry tomou coragem e se dirigiu ao berço.
Deivid não estava lá.
FIM DO CAPITULO
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