ATAQUE DE RISO



Acho que minha boca está aberta até agora de espanto! Eu nunca imaginei. Quem diria que o Remo, monitor chefe, namorado da Agatha é um lobisomem. Não que isso faça dele uma pessoa menor. Muito pelo contrário. Eu fiquei impressionada com a maturidade com que ele fala desse detalhe. E eu reclamando por ter pés, cérebro, voz, traidores.


Eu fiquei com o coração pequenininho quando Agatha, muito nervosa, pegou seu livro sobre criaturas mágicas. Estávamos todos lá. Nos mesmos lugares de dois dias atrás. Eu ao lado do Potter. Ela abriu o livro e o jogou no chão para que todos o pudessem ver ao mesmo tempo. Caiu com um baque amortecido.


"Isso faz sentido para vocês como faz para mim?". Ela perguntou com um pesar.


As reações foram diversas. Remo fechou os olhos imediatamente como quem recebe uma notícia muito ruim. Tiago, Sirius e até Pedro enrijeceram seus rostos. Eu me virei para ver melhor o que aquela página dizia. Lobisomens? Eu sinceramente não estava entendendo o objetivo de Agatha.


"Se fizer.". Tiago começou. "O que você vai fazer?". Agatha ponderou por um momento, e depois de um tempo disse calma. "Nada. Porque não há nada que eu possa fazer.". As expressões dos três marotos suavizaram um pouco, porém Remo definitivamente fez jus ao seu apelido.


"Remo?". Agatha praticamente implorava por alguma reação. Remo suspirou.


"O que você quer que eu diga Agahta? Não há muito mais o que explicar.".


"Eu não quero que você me explique nada, porque...".


"Olha Agatha.". Remo não a olhava, nem para qualquer um daquele grupo. Mirou o chão muito concentrado. "Eu sinto muito se aos três anos fui mordido por um lobisomem, se tive que passar a minha vida inteira me desculpando com as pessoas por ser o que sou, por quase não ter a oportunidade de estudar na minha vida, por..."


"Não! Não!". Agatha o interrompeu. Esfregava as mãos muito nervosamente. "Eu sei que você não tem culpa Remo. Eu não estou dizendo isso. Só queria." Ela vacilou. "Só queria ouvir da sua boca.".


"Vai fazer diferença? Você já sabe agora. Remo não precisa implorar pela sua companhia.". Black entrou na discussão.


"Mas, eu não quero isso.". Agatha passou a mão eu seu cabelo, e levantou-se da poltrona. Andava de um lado a outro, murmurando palavras inaudíveis a si mesma. Depois de um tempo, ajoelhou-se em frente ao Remo, e o olhou nos olhos. "Você não tem culpa e eu sei disso. Também não vou te evitar, porque eu...eu...amo você. Mas eu quero ouvir da sua boca Remo. Por favor...". Remo sorriu compreensivo, ficou algum tempo em silêncio, apenas olhando Agatha apaixonadamente.


"Eu sou um lobisomem Agatha Cliverland. E eu não quero que você se sinta mal por isso.". Agatha sorriu, e desageitadamente o abraçou. "Você é o lobisomem mais manso que eu já conheci. O único, mas mesmo assim...".


Eu confesso que levei um tempo para processar a informação. Agora muitas coisas faziam sentido. As viagens do Remo. O porque dele estar sempre por uma semana com um aspecto doentio. Devia ser lua cheia quando chegamos a Hogwarts, ele parecia realmente mal. E subitamente eu entendi. Aluado, não podiam ter inventado apelido melhor. Mas então, porque Pontas, Almofadinhas e Rabicho?


Eu mal sabia o que falar. Tiago me olhou cuidadoso, e sussurrou no meu ouvido: "O que tem com você?".


"Eu não sabia.". Eu respondi baixinho.


"Agatha não tinha contado?". Ele perguntou um pouco surpreso.


"Não.". Eu respondi ainda fora da realidade.


"Sabe, é bem divertido ter um amigo lobisomem.". Ele respondeu, e eu pude notar o tom maroto de sua voz.


"Porque eu sinto como se nós não soubéssemos de tudo ainda?". Eu perguntei tentando usar o mesmo tom. Eu estava mesmo tendo uma conversa normal e divertida com Tiago Potter? Seja lá o que fosse eu estava me sentido bem. Ele respondeu fazendo uma cara de quem considera a questão de suprema relevância.


"Talvez...". Ele respondeu. "Só talvez, você ainda não saibam de tudo.". Eu cruzei os meus braços e o encarei.


"Eu quero saber.". Ele riu. Eu não me importo quando Agatha ri da minha cara, porque eu sei que se ela não tiver essa reação ela está doente, mas Tiago? Eu não estou acostumada a ver Tiago rindo da minha cara. E se isso já não fosse ruim o bastante, eu sorri daquele jeito. Eu não consigo entender porque fico tão alterada com isso.


"Lily, você é engraçada. Involuntariamente, é claro.". Ele não sabe como eu me senti melhor em ser chamada de palhaça. Eu tinha nariz vermelho, e a cara cheia de pó de arroz? Bem, foi assim que eu me senti quando mais uma vez Tiago desatou a dar risada. Eu já mencionei que a risada do Potter é um tanto quanto chamativa demais? Pois bem, dois segundos depois todos os outros marotos e Agatha nos encaravam.


"O que foi?". Sirius perguntou.


Tiago estava incapacitado para responder, e eu cada vez menos entendia o motivo daquele ataque.


"Eu não sei.".


"Como não sabe?". Agatha perguntou.


"Vamos Lily, nós queremos rir também.". Sirius novamente.


Porque eles não acreditavam em mim? Eu olhei para Tiago revoltada, como se um olhar pudesse, ao menos, o congelar (Ele pararia de rir, não?).


"Eu juro que não sei.". Eu respondi tão sincera, que não esperava mais uma rodada de risos histéricos. "Tiago, quer parar?". Mas ele ria mais e mais. "Eu desisto.". Eu recostei derrotada na poltrona.


Sirius me olhava com cara de 'é sua culpa por eu não estar rindo com o Tiago.', Agatha estava mais interessada em Remo (o inverso também é verdadeiro), Pedro parecia estar com Sirius nessa, eu estava mal humorada por Tiago ter me chamado de palhaça, e ao mesmo tempo queria rir. Quer dizer, ou eu me traia mais uma vez, rindo, ou eu guardava a vontade. Depois do que para mim pareceu uma eternidade, Tiago conseguiu se controlar, e eu consegui para de me perguntar se devia ou não me trair. Sirius foi o primeiro a falar.


"O que aconteceu Tiago. A Lily não conseguiu nos dizer.". Ele olhou para mim chateado.


"Eu não tenho culpa se o seu amigo tem ataques de risos inexplicáveis.".


"Para falar a verdade.". Agatha entrou na discussão. "Ataques de risos normalmente não são explicáveis.".


"Tiago?". Eu perguntei. Queria saber o motivo daquela cena toda.


"Lily.". Ele começou daquela forma toda encantada. "Você é maravilhosa!".


Alguém por favor me explica alguma coisa! Ele ri da minha cara, me chama de palhaça, e me diz que eu sou maravilhosa. Depois eles dizem que nós é que somos complicadas. Quer dizer, se eu um dia entender o que se passa naquela cabeça doentia do Tiago, eu deveria ganhar um Nobel por prestar um serviço extremamente importante à humanidade. Imaginem quantas cenas assim seriam evitadas? O mundo conseguiria, afinal, entrar em harmonia. Eu tenho as minhas dúvidas se terremotos não aconteceram no Japão fruto das incontroláveis risadas do Tiago.


"O que?". Eu perguntei completamente atrapalhada.


"Se era por isso que você estava rindo, eu tenho que concordar com a Lily que não tem graça nenhuma Pontas.". Sirius se pronunciou.


Eu quase tive um troço. Era um insulto atrás do outro. Eu fui chamada de palhaça, e depois de maravilhosa, e quando eu começo a me ajustar com o elogio, Sirius o destrói, voltando a me chamar de palhaça! Que crueldade! Tiago, no entanto, riu mais ainda.


"Quer para com isso?". Eu estava realmente perdendo o controle da situação. Pensando bem, quando eu tive o controle?


"Lily". Tiago conseguiu pronunciar uma palavra entre uma gargalhada e outra. "Eu não consigo.".


Inútil! Como seu eu não tivesse percebido a incapacidade dele de para de rir da desgraça alheia. Sinceramente, aquela situação já estava ficando bizarra.


"Se você não parar eu vou te petrificar novamente.". Eu fiquei em pé e apontei minha varinha para ele.


Dessa vez eu ouvi muitas pessoas falando ao mesmo tempo. Sirius e Agahta perguntaram, "Novamente?", Remo, muito sensatamente me advertiu, "Não é uma boa idéia.". Porém a pior reação foi a de Tiago. "Não seria uma má idéia.".


"Como?". Eu havia acabado de perder a minha última alternativa.


"Se a sua reação for a mesma, eu não tenho nada a reclamar.".


Ele estava se referindo a minha preocupação de monitora chefe por ter enfeitiçado um aluno ao invés de ter optado por uma forma mais pacifica para resolver o problema? Eu não tenho culpa se, sem ter percebido, eu me aproximei mais dele do que deveria.


"Tiago Potter!".


Eu pude identificar um sorriso no rosto do Remo, que prontamente desapareceu quando eu o olhei.


"O que aconteceu, afinal?", Agatha perguntou. Ela saíra quase correndo da última sala, e me dissera que tinha que resolver um problema. O problema do Remo.


"É!". Sirius também parecia revoltado por não estar informado dos últimos acontecimentos. Ninguém mandou ele ir falar com a Belle.


"Lily petrificou Tiago depois da última aula.". Remo começou a explicar.


"Porque ele estava causando tumultuo no corredor.".


"Tumultuo?". Tiago parecia revoltado. "O seboso cruzou o meu caminho.".


"Agora está explicado o porque das suas inúmeras detenções. Você azara pessoas que cruzam o seu caminho. Eu não posso imaginar jeito mais simpático de cumprimentar alguém.".


"Não.". Tiago não parecia abalado com que eu falei. "Eu nunca azararia você Lily.".


Eu devia ter imaginado que nada de útil poderia ter vindo do Potter. Ele sinceramente tinha que parar com essa obsessão, porque eu tenho que admitir que já estava me sentido afetada por tudo isso.


"Você não tem jeito.". Eu disse e me sentei, novamente derrotada, no sofá ao lado dele.


Ele respirou longa e profundamente (Ele devia estar mesmo sem ar depois daquele ataque.), passou as mãos pelo seu cabelo (Eu não tinha ânimo nem para revirar os olhos.), e respondeu sorrindo (Como ele consegue sorrir tanto? Os músculos faciais dele deviam entrar em greve por maiores salários!): "Eu sei, Lily.". Eu não conseguia ficar mais brava. Eu ri, e ignorei. Sinceramente, eu começo a perceber que é realmente muito difícil ficar brava com o Tiago. Dois segundos depois você se vê invadido por um sorriso.


"Eu estou ouvindo mesmo isso? Lílian Evans rindo, e não gritando comigo?".


"Não estrague tudo, Potter.". Eu respondi mais sorria insuportavelmente.


Só tenho uma coisa a dizer: cérebro, voz, músculos traidores!!! 

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