Conhecendo Godric’s Hollow



O jantar não foi muito alegre, embora Fred e Jorge tenham aparecido para se despedir do grupo e deixaram o clima um pouco mais leve com o seu bom humor inabalável.
A senhora Weasley mal tocou na comida, tão empenhada estava em fazer advertências a Lupin e Tonks para cuidarem das crianças, e as crianças para obedecerem aos adultos, nada de anormal vindo da senhora Weasley.
Fleur e Gui haviam decidido que só se casariam quando todos voltassem sãos e salvos, inclusive Gina. Apesar da tristeza da família, o fato de que Harry e os outros sabiam o que fazer e dariam o melhor de si pra que tudo acabasse bem, deu a todos um raio de esperança.
Ficou decidido entre o grupo que eles iriam voando. Hermione, claro, foi a única que reclamou, já que, todos sabiam, voar não era o forte da garota. Mesmo assim, ela acabou concordando, pois concordava que aquele seria o meio mais rápido e seguro de fazer a viagem.
Enquanto estavam voando rumo a Godric’s Hollow, Harry se sentiu um pouco mais aliviado, e porque não dizer mais livre do que se sentia desde a morte de Dumbledore. O vento batendo no rosto encheu de vida o coração do garoto. Ele estava feliz por Ter a possibilidade de enfim, ir ao encontro de seu destino, que era destruir Voldemort.
E ele destruiria, com a ajuda de todos aqueles que morreram e que estavam arriscando a vida por ele, Harry sabia que conseguiria.

Godric’s Hollow era um vilarejo rodeado por montanhas e com uma igreja no meio de uma praça, bem no centro, onde as crianças pareciam Ter escolhido o lugar ideal para brincar, já que o local estava repleto delas. Harry não pôde deixar de se perguntar se ele teria brincado naquela praça como aquelas crianças, tudo poderia Ter sido diferente para ele...
- Harry, Hermione está exausta – a voz de Rony logo atrás indicou que ele não estava num estado muito diferente de Hermione - você sabe que ela não tem o hábito de voar como a gente, ela está com dor nas costas, e eu preciso dormir cara!
Harry reparou que os dois amigos estavam descabelados e Hermione fazia caretas de dor a cada passo que dava, Lupin e Tonks caminhavam de mãos dadas e pareciam um pouco cansados também, afinal eles tinham viajado praticamente toda a noite, fazendo curtos paradas para descanso que eram requisitadas principalmente por Hermione. Eles precisavam dormir um pouco, Harry sabia disso, mas, sentia uma vontade imensa de visitar logo o túmulo dos seus pais, por isso convenceu Tonks a ir se cadastrar na única pensão que havia no vilarejo e levar Rony e hermione junto com ela, enquanto Lupin acompanharia Harry até o cemitério local.
Ainda era cedo, o sol estava começando a esquentar, mas, as pessoas já pareciam bem acordadas, varrendo a frente de suas casas ou regando seus jardins. Logo que Harry chegou no cemitério, achou que seus pais não poderiam Ter sido enterrados em um lugar mais bonito. De fato, as lápides eram muito bem cuidadas e o lugar transmitia mais do que silêncio, transmitia paz. Lupin, que caminhava na frente, parou de súbito e Harry pôde ver que ele olhava fixo para uma lápide à frente em que estava escrito “Thiago James Potter e Lílian Evans Potter, duas pessoas que se amaram intensamente até o fim” . Quem será que tinha escrito aquela frase na lápide? Harry percebeu que havia flores frescas junto a lápide e sentiu uma pontada de curiosidade.
O sol já estava em todo o seu vigor quando Lupin chamou Harry para irem embora. Desde quando chegara no cemitério a única coisa que o garoto fizera foi ficar olhando para a lápide, olhando até seus olhos arderem por causa do sol quente, ou talvez por causa de algumas lágrimas que teimavam em sair. Mais dentro dele, Harry se via envolto em lembranças, desejos direcionados aos pais e até mesmo pedidos de desculpas, afinal os dois morreram para salvar a vida do filho. Por fim, com um suspiro, o garoto fez uma espécie de oração aos pais, pedindo ardentemente para que, onde quer que eles estivessem, que ajudassem o filho a seguir o longo e assustador caminho que Harry tinha pela frente.

Devia Ter passado das 16 horas quando Hermione abriu os olhos e sentiu que a dor nas suas costas já havia diminuído consideravelmente. Após se espreguiçar e chegar a conclusão de que estava com fome, ela olhou pela janela e não pôde reprimir um sorriso quando viu Rony sentado lá na frente, num dos bancos do jardim da pensão. O garoto parecia distraído e Hermione nem pensou e já foi até ele.
Rony sorriu e deu espaço para a amiga se sentar.
- Você está se sentindo melhor Mione?
- Eu tô bem Rony, obrigada. E o Harry?Você falou com ele?
- Não vi quando ele chegou não, mais queria muito saber como foi no cemitério, você acha que deveríamos Ter ido com ele?
- Não Rony, foi melhor que ele estivesse sozinho...
Mas Rony já não escutava mais nada do que a amiga estava falando. Ele arriscava um olhar de esguelha a Hermione de vez em quando e não conseguia deixar de pensar que a garota estava extremamente bonita com o sol batendo no rosto, o cabelo amarrado às pressas, deixando alguns fios caindo em cachinhos nos olhos dela. O que estava acontecendo com Hermione? Ela nunca esteve tão irresistível. Ou talvez ele é quem nunca notara que sua amiga era bonita, bem, ele tinha demorado pra notar sequer que ela era uma garota não é mesmo?
- Ronald Weasley, você está prestando atenção no que eu estou dizendo? – a cara de exasperação de Hermione fez com que Rony a achasse mais atraente ainda.
- É claro que eu estava ouvindo Mione – mais Rony parou ao ver a expressão de riso na cara dela – tá, eu não estava ouvindo nada tá bom?
E, num acesso súbito de coragem, Rony acrescentou:
- É que eu estava pensando se deveria contar uma coisa a você Hermione.
A garota tinha um ar de desconfiança quando disse:
- o que foi agora Rony? Mais problemas?
E Rony sabia que deveria dizer a amiga o que estava sentindo naquele momento, deveria contar que ultimamente não fazia nada na vida além de pensar em Hermione, que ele ansiava em ficar o maior tempo possível perto da menina para sentir seu perfume, que sentia saudades até das implicações da amiga para que ele estudasse mais e dormisse menos, e não falasse de boca cheia ou se preocupasse menos com quadribol...
- Rony, o que você ia me dizer?
Rony abriu a boca para falar mais antes que dissesse qualquer coisa, ouviu gritos vindo de dentro da pensão.

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