Uma surpresa desagradável
A mulher à frente de Harry, olhou bem no fundo dos olhos do filho, que eram os seus olhos, e disse, com calma:
- Cada um de nós tem um destino a cumprir neste mundo meu bem, eu e seu pai cumprimos a missão da qual fomos incumbidos. Agora é sua vez de seguir seu caminho, sem medo. E ninguém tem o direito de te impedir de partir, pois esse caminho é só seu, e de mais ninguém. Você só precisa acreditar em si mesmo, e na força que o trouxe até aqui Harry. A força do amor e a certeza um destino.
Capítulo 1
Gina se lembrava vagamente de estar sendo carregada através um estreito e escuro corredor, até que foi jogada em cima de uma cama velha, carcomida pelos cupins. Agora que já estava completamente acordada pôde observar melhor o quarto em que se encontrava. As paredes estavam imundas e cheias de teias de aranha que eram agitadas de forma fantasmagórica por uma brisa que vinha de uma janela no alto, que estava quase toda coberta com tábuas, o que deixava o quarto ainda mais sombrio do que poderia ser. A mobília do aposento se limitava à antiga cama em que a garota fora depositada e uma cômoda empoeirada com duas gavetas, em cima da qual havia uma jarra com água e um copo. Gina reparou que não havia nem sinal de sua varinha...
Então a garota começou a se lembrar do que havia acontecido. Ela estava saindo do barracão de vassouras, no quintal da Toca, aonde fora pegar uma vassoura para voar e passar o tempo, quando sentiu alguma coisa bater em suas costas e tudo ficou escuro, depois, conseguiu abrir os olhos por um momento e viu o corredor em que estava sendo levada. Não se lembrava de mais nada. Com certeza havia sido atingida por algum feitiço nas costas e em seguida carregada para aquele quarto horrível. Gina se levantou e andou até a porta, que estava, obviamente, trancada.
De repente um terrível desespero se apoderou da garota, uma sensação de sufocamento, ela odiava estar engaiolada, e o pior, começou a se perguntar o que de fato tinha ocorrido em sua casa. Se os comensais haviam invadido a Toca, com certeza não encontraram muita resistência, pois, Gina se lembrava que no momento em que foi atacada, só havia ela, Rony e a senhora Weasley em casa. Todos os outros estavam trabalhando! O que será que aconteceu com sua mãe e seu irmão? Ela precisava saber, não suportaria ficar presa naquele lugar, e ainda sem saber o que tinha sido feito de sua família. Então se aproximou novamente da porta, e, tentando forçar a maçaneta com raiva, começou a gritar, cada vez mais alto:
- TEM ALGUÉM AÍ?
- OLÁ!!!!!!! QUEM SÃO VCS?SOCORRO!
- ALGUÉM ME AJUDE!
Após se cansar de gritar ela encostou os ouvidos junto à porta na esperança de ouvir passos em sua direção, mais, para o seu desespero, não ouviu nada.
Trancada naquele quarto, Gina nunca poderia saber que, longe dali, outras pessoas se agitavam nervosas, por causa do seu desaparecimento. Não demorou muito para Molly Weasley perceber que havia acontecido alguma coisa com sua filha caçula, afinal, além da intuição natural que as mulheres têm, ela tinha um instinto materno profundamente aguçado e sentia quando suas crias estavam correndo perigo. Ao perceber que a casa estava silenciosa demais a senhora ruiva subiu até o quarto dos filhos mais novos e se surpreendeu ao ver que Rony estava sentado ao pé de sua cama, os olhos vidrados em algum ponto da parede, a expressão de quem estava distante, sonhando acordado, enquanto lá fora fazia um estonteante dia de verão. A senhora Weasley já havia reparado que Rony andava se comportando muito estranhamente desde que voltara de Hogwarts, há duas semanas. Sim, ele estava anormalmente quieto e sonhador e quase não saía do quarto, nem apetite tinha mais, e isso decididamente era preocupante no caso de Rony. A mãe já havia pedido ao senhor Weasley que conversasse com o filho, mais o marido andava trabalhando tanto ultimamente, com toda essa guerra acontecendo lá fora!
Mais antes que a senhora Weasley resolvesse Ter uma conversa séria com o filho, ela percebeu, por pura intuição, que algo estava errado, e sabia que Gina estava envolvida nisso.
- Rony querido – a voz dela fez o garoto se sobressaltar- você não viu sua irmã por aí?
- acho que ela tá lá no pomar mãe, voando, ou alguma assim...
Molly Weasley percebeu que o filho já estava voltando para seu estado anterior de devaneios então se virou e foi procurar por Gina, com um desagradável aperto no coração.
É claro que não a encontrou no pomar, nem no jardim, ou no barracão de vassouras, porém quando foi a este último, a senhora Weasley pôde perceber que de fato, seu coração não se enganara. A porta do barracão estava semi-aberta e, havia uma vassoura bem próxima da porta, jogada no chão, e ao lado da vassoura, uma carta, endereçada a Harry Potter.
O perfume floral de Gina ainda estava presente no local.
Harry passara estas duas primeiras semanas de férias da mesma maneira que passara todas as outras. Trancado em seu quarto, sem dirigir a palavra aos seus tio, tendo apenas Edwiges como companhia. A diferença é que este ano ele estava ainda mais deprimido do que o anterior, o que achou que seria impossível, pois no ano anterior ele tinha acabado de perder seu padrinho, e no retrasado ele tinha visto lord voldemort retornar e matar Cedricco na sua frente. Dessa vez, ele sofria com a perda de Dumbledore, morto há apenas algumas semanas; isso sem contar a angústia que apertava seu peito e que tinha a ver com a busca pelas Horkruxes. Realmente sua vida não andava nada alegre nos últimos tempos.
Mais o pior mesmo era a saudade que Harry sentia de Gina, por mais que quisesse, o garoto não conseguia tirar a irmã de Rony da sua cabeça. Ele sonhava com ela quase todas as noites e durante os dias mal conseguia se concentrar em sua missão de decifrar a mensagem que encontrara junto com o falso medalhão que aparentava ser uma Horkruxe. Harry sabia que tinha que descobrir quem era o tal R. A. B, sentia que ele era uma peça importante do quebra cabeça. Mais como se concentrar nisso com a imagem de Gina, com seus longos cabelos vermelhos a lhe perseguir?
Harry estava lendo o bilhete de R. A. B pela vigésima vez quando sua tia Petúnia entrou no quarto, sem bater, com uma desagradável expressão no rosto, de quem havia chupado limão.
- Aquele homem de cabelos vermelhos está lá embaixo Potter, e é bom que vc o despache daqui antes que seu tio chegue ou vc vai embora desta casa mais cedo do que esperava...
Harry achou que sua tia não estava passando muito bem pq o único homem de cabelos vermelhos que o garoto conhecia era o senhor Weasley e ele nunca apareceria assim na rua dos alfeneiros, sem avisar, ainda mais em horário de trabalho. Porém, quando desceu para a exageradamente limpa sala de estar dos Dursleys, viu que sua tia não havia se enganado.
Artur Weasley estava lá, com os olhos vermelhos de quem estivera chorando muito, o rosto com uma assustadora expressão de desespero. Na mesma hora Harry se sentiu apreensivo, que teria acontecido desta vez?
- O-olá senhor Weasley...eu hum...não esperava o senhor...
- O homem à frente de Harry se limitou a estender a ele uma carta em que havia o nome do garoto escrito.
Harry a abriu, com o coração aos saltos.
Potter, eu já sei o que vc e seu querido Dumbledore andaram fazendo nos últimos dias. Sei que vc pegou o meu medalhão moleque, aquele que pertenceu à minha família!
Pois muito bem, se o garoto Potter quer brincar eu vou brincar também...
A sua namoradinha está em minhas mãos agora e se vc quiser vê-la novamente Potter, é bom que me devolva este medalhão!
Creio que dessa vez Dumbledore não vai poder enviar espadas ou Fênix para ajudá-lo caro Harry...
Vc tem duas semanas, entrarei em contato novamente.
Harry precisou ler a carta mais duas vezes para conseguir acreditar no que estava escrito nela. Não havia assinatura, mas, nem precisava, já que Harry sabia exatamente quem era o remetente.
Lord Voldemort.
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