Uma surpresa para Harry
Harry, Rony e Hermione andaram a tarde inteira e passaram por lugares pedregosos, úmidos e cheios de inseto, além de que a vegetação era completamente hostil e selvagem. O rosto de Rony tinha um corte enorme, causado por um galho de árvore que atacou o ruivo. Hermione já tinha tentado fazer de tudo para o corte cicatrizar, mas, o ferimento continuava lá, aberto, e sangrando. A garota ainda estava brava com Harry, e quase não tinha falado com o amigo, se limitando a lhe lançar olhares atravessados.
Por várias vezes ela tropeçou, mas, orgulhosa, recusava a ajuda de Harry e até mesmo de Rony. Até que em determinado momento, Hermione caiu e não quis mais se levantar, com os cabelos grudados no rosto suado e os braços cobertos por picadas de insetos, a garota apenas queria ficar lá, estatelada no chão. Rony teve que levantá – la a força e ele e Harry tiveram que apoiar os braços da menina nos ombros, e assim andaram por quase uma hora.
Quando pararam para comer alguma coisa, Rony perguntou ao amigo:
- Você sabe para onde estamos indo não é Harry?
Harry estava distraído, assistindo a uma luta entre duas aranhas enormes, desapercebidas por Rony.
- eu só estou seguindo o caminho que a minha intuição está indicando Rony, e eu sinto que estamos muito perto, eu posso sentir a força da magia maligna de Voldem...
Hermione interrompeu a fala do garoto:
- Acontece que a sua intuição já esteve errada não é mesmo Harry? – ela estava sentada do lado de Rony, encostados numa árvore e se levantou abruptamente para mais uma discussão com o amigo, quando sentiu que as árvores rodavam em torno de si e dobrou os joelhos, ameaçando ir ao chão.
Rony foi rápido e segurou a namorada antes que ela caísse, Harry tambémn se levantou num salto e correu na direção da garota. O ruivo voltou a se encostar na árvore e deitou Hermione no seu colo.
Harry se aproximou, perturbado ao ver o sofrimento dos amigos.
- Mione, me desculpe, eu não queria que vocês estivessem passando por tudo isso.
- Não diga bobagens Harry, estamos aqui porque somos seus amigos e vamos com você até o final, isso está decidido desde o ano passado! – Rony não pôde evitar a impaciência na voz e Mione se aconchegou ainda mais no colo do namorado.
- Está tudo bem garotos, não vamos brigar agora... – a voz dela estava mais mansa do que esteve todo o dia. Ela pegou na mão de Harry, ajoelhado ao lado dos dois e lhe sorriu.
- Rony está certo seu cabeça - dura, nós vamos com você até o final, custe o que custar. E eu é que lhe devo desculpas Harry, eu peguei pesado na bronca com você não é mesmo? É que eu estou tão cansada Harry, tão preocupada com a gente.
Os três se sentiam exaustos, doloridos, mortos por dentro. Então ficaram sentados juntos, vendo os últimos raios de sol deixarem a tarde. E Harry sabia que aqueles instantes de silêncio eram os últimos que eles teriam.
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Há apenas alguns quilômetros do cenário em que a armadilha de Voldemort tinha sido montada, os bruxos da Ordem da Fênix levantaram acampamento, prontos para enfrentar o que quer que viesse.
Tonks e os outros feridos foram levados para o hospital improvisado por Molly na entrada da floresta, que estava sendo protegido por todo tipo de feitiços. Lá também havia alguns voluntários do Sto. Mungus que atenderam ao apelo do ministério e uns poucos aurores para proteger o lugar, além de vários outros bruxos e bruxas, que, com medo de enfrentar os comensais da morte decidiram ajudar no tratamento dos feridos. Moody e os homens da família Weasley estavam relativamente bem. Jorge tinha entrado em estado de choque, mas, se recusava terminantemente a sair do lado de Fred, que estava bem, apenas tinha ganhado umas contusões e vários cortes pelo corpo. Os dois tinham sido mandados para o hospital e Arthur não via melhor maneira dos filhos se recuperarem do que ao lado da mãe. Gui e Carlinhos tiveram ferimentos leves e partiram para o acampamento, assim como mais dois bruxos que ficaram presos na gaiola sinistra dos comensais. Dos outros cinco que sobreviveram a isto, três se feriram gravemente e os dois que saíram inteiros se recusaram a continuar na batalha e voltaram para casa. Segundo as contas de Alastor, que ainda estava fraco e teve que ficar de cama logo que chegaram no acampamento, eles tinham perdido dez companheiros naquele primeiro confronto com os comensais. No entanto, o auror sabia que muitas outras mortes aconteceriam, Voldemort já tinha mostrado toda sua crueldade com aquela armadilha montada para seus inimigos, e com certeza muito ainda estava por vir.
Naquele mesmo momento, os comensais já se reuniam e se dirigiam na direção dos bruxos da Ordem, para o que seria o último confronto entre o lado do bem e do mal.
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Harry acordou de madrugada, ensopado de suor, com o corpo todo torto na mesma árvore em que ele, Rony e Hermione tinham se encostado para comer e descansar. Os três haviam cochilado. O garoto olhou para o lado e viu que Rony estava esparramado na árvore, quase caindo no chão, mas, dormindo a sono alto. Já Hermione murmurava coisas desconexas e se mexia a todo momento, protegida pelos braços de Rony.
Harry não sabia o porquê, mas, ele tinha acordado abruptamente e sentia que deveria continuar seu caminho, que estava mais próximo da Horcrux do que nunca.
Ele se levantou, inquieto, de repente se lembrou de que um barulho o despertara, um canto na verdade. Uma melodia que parecia familiar a Harry, mas, ele não sabia onde a tinha ouvido antes. Então ele olhou ao redor, agora com a varinha acesa, e viu a origem do canto que o acordara. E naquele instante, Harry teve certeza de que não estaria sozinho no final.
Empoeilarada numa árvore próxima ao garoto, se encontrava Fawkes, a fênix do professor Dumbledore, majestosa com suas penas cor de fogo, e com aquela calma no olhar, capaz de traquilizar até mesmo o coração angustiado de Harry.
Harry estendeu seu braço e o pássaro voou em sua direção. Com o barulho causado Hermione se levantou rapidamente, assustada e tentando apontar a varinha para todos os lados ao mesmo tempo. Rony também se assustou com todo aquele movimento e se levantou logo após Hermione, mas, estava tão trôpego de sono que tropeçou numa raíz e foi ao chão.
- Rony! Você está bem querido? O que está havendo Harry? Quem está aí?
Hermione parou de falar quando viu a fênix saindo do braço de Harry e indo pousar num galho.
- Mais o que ela está fazendo aqui? Fawkes foi embora no ano passado, depois da morte de Dumbledore, é impossível que ela tenha nos encontrado aqui Harry. Só pode ser uma armadilha daquele maldito...
No entanto Harry sentia que aquela era a verdadeira Fawkes, e mais, o garoto acreditava que o próprio Dumbledore tinha mandado a ave para ajudá –lo, assim como fez quando Harry teve que enfrentar o basilisco em seu segundo ano. Ele disse isso a Hermione enquanto ajudava Rony a se levantar, ouvindo uma chuva de palavrões proferidos pelo amigo, mas, claro que a amiga não acreditou e retrucou:
- Harry, Dumbledore está morto, ele não poderia Ter enviado Fawkes para nos ajudar, isso é... completamente improvável, para não dizer insano, e totalmente fora de lógica, e também...RONY! Quer parar com essa boca suja, a árvore não tem culpa por você Ter caído tá?
- É mesmo? E eu tenho culpa por estar imundo e com essa droga de rosto cortado e dolorido e agora com os joelho ferrado? Deixa eu descontar na árvore Hermione!
Harry viu que o assunto Dumbledore tinha sido encerrado para ele, então virou as costas para mais uma das discussões entre seus dois amigos e se pôs a caminhar, com Fawkes voando atrás. Hermione estava certa, aquilo não tinha a menor lógica, mas, Harry acreditava de verdade que seu querido professor estava olhando por ele, e de algum lugar ele tinha mandado Fawkes ao auxílio do garoto, era uma maneira de dizer a Harry que ele não estava só, coisa que Dumbledore vivia dizendo enquanto estava vivo.
Harry sorria enquanto ouvia atrás de si voz impaciente de Hermione e a voz histérica de Rony.
Não era uma questão de lógica para ele, e sim, uma questão de fé.
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