Mudança de planos



Quando acordou no dia seguinte, Harry percebeu que estava dentro de uma barraca. Do seu lado, uma garota de cabelos cheios dormia sentada, a mão segurava um pano que estava meio caído dentro de uma bacia com água. Parecia que Hermione tinha passado a noite inteira fazendo compressas na testa de Harry para que a febre do garoto baixasse.
Ele sentiu pena da amiga, ela estava com uma aparência péssima.
Harry, no entanto, se sentia ótimo, o corpo ainda estava um pouco dolorido, mas, sua mente estava muito clara e ele se sentia muito mais forte do que no dia anterior.
Com todo o cuidado do mundo para não acordar Hermione, o garoto saiu da barraca e por pouco não caiu em cima de Rony quando pôs os pés para fora. O ruivo estava deitado num colchonete quase na entrada da barraca, e estava com uma aparência tão cansada quanto a de Hermione. Harry se perguntava se os dois não haviam se revezado para ficar com ele durante a noite.
Mais distante deles havia uma outra barraca, de cor verde, e Harry supôs que fosse de Malfoy, e que ele deveria estar dormindo, afinal, o dia ainda nem havia amanhecido.
Harry percebeu um barulho de água corrente por perto e saiu à procura da fonte do barulho.
O garoto não precisou andar muito para encontrar um riacho cheio de pedras um pouco mais abaixo de onde ele se encontrava. Após molhar o rosto e beber um pouco de água, Harry se sentiu completamente revigorado.
Então, subitamente, ele se lembrou do sonho que tivera com a mãe. E tudo veio à tona, como se ele estivesse revivendo aquele momento. Harry acreditava nas palavras da mãe, ele sabia que tinha seguir em frente e agora se sentia mais preparado do que nunca. Sua mente estava muito lúcida e ele percebeu que todos aqueles sonhos e visões não eram coincidência. Aquele momento na noite anterior em que ele e Voldemort tinham dividido o mesmo corpo não tinha sido uma alucinação da febre, Harry sabia disso agora. Voldemort tinha cometido mais uma vez a imprudência de tentar invadir a mente de Harry, mas, dessa vez, o garoto não se deixou dominar, ele é quem tinha possuído o corpo de Voldemort e não o contrário. E graças a isso, Harry, sem querer, tinha absorvido algum poder ou força do lord das trevas, pois, ele nunca tinha se sentido tão poderoso quanto naquele momento.
E depois veio aquele sonho com a mãe lhe dizendo para não Ter medo, que aquela era sua missão.
De fato, Harry percebeu com tristeza, que se ele não conseguisse destruir lord Voldemort, ninguém mais conseguiria, havia até uma profecia confirmando isso.
Mais e quanto a Rony e Hermione? A imagem dos dois dormindo daquele jeito quando Harry acordou, do rosto de cera de Rony no dia anterior, da crise de choro que Hermione tivera quando chegaram naquele lugar, tudo isso mostrava a Harry que ele estava sacrificando as pessoas que mais amava no mundo. E sacrificando por uma coisa que cabia a ele realizar, e não a Rony ou Mione.
Um sentimento de tristeza se apossou de Harry naquele instante. Ele chegou a conclusão de que estava cometendo um terrível erro levando os amigos consigo naquela viagem.
Então tomou uma decisão firme. Voltou para a sua barraca, encontrando Rony dormindo na mesma posição e Hermione ainda mais inclinada para o lado, quase caindo no colchonete de Harry. Ele ficou alguns minutos vendo a amiga dormir, depois, pegou sua mochila que estava a um canto e conferiu se tudo estava lá, principalmente a capa da invisibilidade e a espada de Griffindor, que Harry havia conseguido levar depois de muito implorar para a professora Mc Gonagal, e com uma ajudinha também de Hermione, claro.
Mais uma vez Harry saiu da barraca sem fazer barulho e ao ouvir os roncos sonoros do ruivo que dormia à sua frente, o garoto pensou, por um segundo, em desistir do seu plano. Rony sempre estivera com ele desde que descobrira que era um bruxo, e na verdade, a vida de Harry só tinha começado de verdade no momento em que ele leu a carta de Hogwarts, então era como se Rony estivesse do lado do garoto durante toda a sua vida. Como Harry poderia deixá-lo agora?
Mais levar Rony consigo era condenar o ruivo, e isso não era a atitude de um melhor amigo era?
Harry fez um esforço enorme para dar as costas ao amigo e se dirigiu para a barraca verde.
Quando chegou lá, chamou pelo seu dono em voz baixa. Depois de chamar por Malfoy várias vezes, bater no pano da barraca uma dezena de vezes e quando Harry já estava se preparando para entrar naquele lugar à força, saiu de lá um loiro descabelado com cara de limão azedo.
- Eu posso saber o que você está fazendo na minha barraca a essa hora da manhã Potter? – os pulsos do rapaz estava crispados de fúria.
Harry ia abrir a boca para responder quando reparou que Draco estava com uma mancha roxa perto do olho esquerdo. Ao ver que Harry reparava em seu rosto, Malfoy falou, com raiva:
- Está vendo o que aquele seu amigo selvagem fez em mim? O poderoso Weasley? “ Oh, como ele é forte!”, você não imagina o medo que eu estou sentindo dele agora Potter...- Malfoy disse aquilo tudo com uma ironia explícita na voz.
Harry se lembrava vagamente de que Rony e Draco tinham discutido na noite anterior, mas, ele tinha logo desmaiado novamente e não tinha podido ver o soco que Rony deu no sonserino. Tentando ocultar um sorriso, Harry pensava que tinha sido uma pena perder esta cena.
Draco continuava soltando pragas contra Rony quando reparou que Harry estava com a mochila nas costas.
- Você já está pronto para seguir viagem Potter? E onde estão aqueles dois insuportáveis então?
- Malfoy, eu vim te procurar tão cedo porque tenho algo muito importante para conversar com você.
Draco olhava de forma desconfiada para Harry, mas, esperou em silêncio pela continuação.
E Harry, colocando toda a firmeza possível na voz, disse ao sonserino:
- Eu decidi continuar a viagem sozinho Malfoy.

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