Derrubando Barreiras

Mesmo sem querer e até sem perceber, Severo e Lily já não conseguiam ser como antes. Eram apenas breves sorrisos quando os olhares se cruzavam. Mas já era alguma coisa.

Pouco mais de um mês após o ataque de Potter e Black a Snape, Lily estava em uma aula de aritmancia quando a professora pediu que os alunos formassem duplas para um trabalho.

Alice fez par com o namorado Frank. Em geral Lily fazia dupla com Remo. Snape sabia disto, porém o monitor Grifinório não estava na aula naquele momento. Sem saber de onde havia tirado coragem o Sonserino aproximou-se da garota.

-- Lily – falou baixo – você, hum..... gostaria de .... – ele olhava para as suas mãos, sabia que se olhasse para os olhos dela não conseguiria mais falar.

-- Ser sua dupla? – ela completou rápido, um pouco ofegante. Quase não acreditava que ele estava falando com ela na frente de todos. Mas não quis correr o risco dele desistir. Tudo que ela queria era poder fazer aquele trabalho com ele. Talvez fosse a chance que precisavam.

-- Se você não quiser – ele falou também rápido, talvez ela não quisesse ser vista com ele. Talvez ele tivesse entendido tudo errado, ou quem sabe seria tarde demais....

-- Não! – Lily o olhou rapidamente, suas bochechas muito quentes – quer dizer, sim! – respirou fundo para se acalmar e lhe deu mais um daqueles sorrisos que Severo amava desde que tinha onze anos – Claro que quero ser sua dupla, Severo.

O rapaz soltou o ar que não havia percebido que estava prendendo e lhe sorriu de volta. Novamente os olhos negros brilhavam, por segundos se esqueceram de onde estavam, ele veio com a mão lentamente para acariciar o rosto dela. Mais uma vez foram interrompidos, desta vez pela professora de aritmancia que pedia para todos ocuparem seus lugares e iniciava a aula.

Severo retornou rapidamente para seu lugar. Apesar de certa confusão na sala, alguns colegas notaram o clima entre a monitora Grifinória e o Sonserino.

As fofocas em Hogwarts corriam com a velocidade da luz. Ao final daquele dia quando Lily entrou na sala comunal, notou que James e Remo discutiam e isto não era normal. Raras vezes viu uma discussão entre os marotos. Não teve tempo para pensar sobre o assunto. Assim que a viu, Potter veio em sua direção. Remo ainda tentou impedir.

-- Volte aqui, Pontas! – como não conseguiu foi atrás dele. James estava cego de ciúmes, se fosse necessário iria estuporá-lo.

-- Lily! – Falou alto. Tinha um olhar de incredulidade misturado ao de irritação.

A garota revirou os olhos. “Será que ele nunca conseguiria chamá-la de Evans? Que criatura irritante!”

-- O que aquele.... aquele ranhoso – disse tal palavra com o máximo de desprezo que era capaz – queria com você?

A irritação de Lily era crescente e embotava um pouco seu raciocínio. Demorou quase um minuto para entender a quem ele se referia. E quando compreendeu teve que se controlar. Sua vontade era de gritar com ele e de azará-lo, mas ela era uma monitora e não podia agir assim.

Controlou-se e o olhou friamente.

-- Não sei a quem se refere, Sr. Potter – falou um tanto sarcástica. Ele iria retrucar, mas ela aumentou o tom de voz e continuou falando – E o senhor não tem o direito de falar comigo nesse tom e muito menos de me exigir explicações.

Normalmente isso seria suficiente, mas hoje James estava louco de ciúmes. Ele já havia percebido os olhares de Snape para Lily, e isso o estava irritando. Hoje, porém o que lhe chegou aos ouvidos estava muito além de seus piores pesadelos. Ele procurou Remo, que era o único maroto que freqüentava as aulas de aritmancia. O amigo até tentou minimizar o que havia acontecido, mas terminou confessando que quando chegou a sala viu Lily e Severo próximos e sorrindo bobamente um para o outro.

Lily já se virava para subir para seu dormitório quando ouviu James.

-- Se aquele ranhoso se atrever a se aproximar de você eu o mato! – Dizia entredentes, controlava o ímpeto de sair atrás de Snape naquele minuto.

Ela virou-se rapidamente o fitando nos olhos.

-- Se você fizer qualquer coisa a Severo, eu .... – mas ninguém nunca soube o que a monitora faria. A referência dela ao nome de Snape desarmou completamente Aluado e Pontas.

-- Como foi que você chamou aquele.... aquele.... – Sírius havia acabado de passar pelo buraco do retrato seguido por Rabicho. Ele olhava para James, Remo e Lily como se visse um dragão de três cabeças dançando balé.

A moça ficou da cor de seus cabelos, mas manteve o olhar fixo em Potter.

-- Eu não devo satisfações a nenhum de vocês – James tentou interrompê-la, mas ela elevou a voz e continuou – Mas, Severo – frisou o nome do Sonserino – será minha dupla no trabalho de aritmancia e – manteve o olhar duro a Potter que parecia querer interrompê-la novamente – é meu amigo.

Virou-se e subiu para o seu dormitório sem olhar para trás. Sentia o rosto pegar fogo, mas achava que havia se saído bem. Havia deixado bem claro para o arrogante do Potter qual era o lugar dele e que este era bem longe dela.
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N.A. - To quase com pena do Pontas. Quase!!!

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