E Ela o que sente?
Lily Evans passou como um vendaval subiu as escadas e entrou bufando em seu dormitório na Torre da Grifinória. Graças a Merlin suas colegas haviam ficado na beira do lago. Ela precisava ficar sozinha.
Algumas lágrimas rolaram por sua face, porém ela estava mais irritada com seus colegas Grifinórios do que magoada com o Sonserino. É claro que ele a desarmou quando a chamou de “sangue-ruim imunda”, ela não esperava aquilo quando saiu em sua defesa. Sabia que Snape era Sonserino, provavelmente sangue-puro, mas ele nunca havia sido grosseiro com ela até aquele dia.
Ela respirou fundo e sentou-se em sua cama. Nunca havia se esquecido de sua chegada a Hogwarts, ele havia sido simpático e agradável com ela, e em geral garotos de onze anos não eram propriamente educados com meninas da mesma idade. Logo depois que chegaram ao castelo ele perguntou sobre seus pais e então houve a mudança. Ela demorou algum tempo para entender o que havia acontecido e no início achou que tudo se devesse a velha e boba rivalidade entre Grifinórios e Sonserinos.
Então cerca de um ano e meio atrás surgiu a historia do noivado. Não era nada oficial, mas também não era segredo que Severo Snape e Andrômeda Black estavam comprometidos. No inicio ela tentou não pensar no assunto, quis acreditar que eram fofocas. Mas suas esperanças ruíram quando em uma festa o casal chegou junto.
-- Você é uma idiota, Lily Evans! – falou para si – Ele fugiu de você quando soube que era uma nascida trouxa! Está noivo de uma Sangue-puro! E mesmo assim você se apaixonou por ele! – Ela se jogou na cama e afundou-se nela – Burra! Burra! – socou o travesseiro enquanto mais lágrimas rolavam por sua face.
Ela precisava esquecê-lo, precisava retirá-lo de seu coração. Algumas vezes achou que ele a observava, mas assim que ela olhava, ele desviava os olhos rapidamente. Imaginou se ele seria tímido. Em momentos delirantes pensou se ele teria ficado noivo da Black por algum acordo de família; e se fosse isso e ele gostasse dela, será que teria coragem de ficar com ele como a outra?
Depois dos acontecimentos de hoje ela não deveria ter esperanças, mas também não conseguia sentir raiva de Snape. Sentia raiva do Potter, de Black, de Pettigrew e até de Lupin.
-- Droga! Porque aqueles dois tinham que azará-lo? E o Potter ainda tinha que ficar flertando comigo? Idiota! Arrogante!
Lily terminou adormecendo enquanto chorava.
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Os dias que separaram a fatídica tarde da viajem de volta a Londres foram de ansiedade. Severo pensou em milhões de maneiras de se desculpar com Lily, mas não conseguiu. Sempre que estava próximo a ela perdia a coragem.
Quando ambos já haviam perdido as esperanças de se falarem o destino os fez se encontrar. Deveria existir uma força que os empurrava um para o outro. Era a única explicação!
Severo estava sozinho em sua cabine, escondido atrás de um grande livro de capa negra.
Lily vinha só pelo corredor, havia pedido a Remo que fosse verificar uma confusão causada por um grupo de Corvinais do terceiro ano.
A monitora entrou na cabine já falando:
-- Boa Tarde! Lily Evans, monitora do quinto ano da Grifinória! – Ela sempre se identificava quando estava checando as cabines, dessa forma se sentia menos invasiva. Viu um rapaz sozinho e lendo, se preparou para sair.
Ao ouvir a voz dela, Severo fechou rapidamente o livro colocando-o parcialmente escondido ao seu lado. Sentou-se reto olhando-a. Seu coração batia tão alto e acelerado que ele tinha certeza de que ela podia ouvir.
-- Vejo que está tudo... – Lily parou no meio do que dizia, prendeu a respiração por um minuto. Desde aquela tarde que queria falar com ele, mas não sabia o que dizer. Ele a havia agredido, ela apenas retrucara, porém gostaria que ele soubesse que não havia ficado com raiva. Sem saber o que fazer, Lily soltou a respiração lentamente e se preparou para sair.
Severo nunca entendeu o que o fez agir. Num impulso ele levantou-se, segurou o braço dela e disse:
-- Lil.... Evans! – Ela se virou parcialmente e o encarou. Verdes e negros se fitaram por segundos. As respirações suspensas, os corações cavalgando – Me desculpe.... eu não sei por que disse aquilo! – Falou baixo. Tentava disfarçar, sem muito sucesso, o seu constrangimento.
Ela se virou ficando de frente para ele. O rapaz sem perceber soltou o braço dela, mas seus olhos continuavam presos.
-- Talvez, porque seja o que você, um sangue-puro, ache de mim – Apesar da frase ser dura não havia raiva em suas palavras. Elas eram carregadas de decepção. Os olhos de Lily marejaram e isto cortou o coração dele.
-- Não sou sangue-puro! – falou antes que pudesse se conter. Desviou os olhos dos dela, porém ainda pode ver o assombro que surgiu.
Amaldiçoou-se por ter exposto sua vida daquela forma. Retornou ao seu lugar, no outro lado da cabine, longe dela. Sabia que estava corado, não podia deixá-la perceber como ele ficava atordoado em sua presença.
-- Apenas me desculpe, Evans! – usou de todo o seu controle para falar com frieza. – Sei que você não é como eles e que estava apenas tentando ajudar. – Ele não sabia mais o que dizer. Já havia falado até demais.
“Controle-se Severo, você não pode deixá-la perceber. Por Merlin! O que essa garota faz comigo! Eu mal me reconheço quando estou perto dela.”
O tom de voz frio e o afastamento brusco dele quebraram o encanto da situação. Lily tentou se recompor e dizer normalmente:
-- Certo Snape! Está desculpado, o que passou, passou. – Lhe deu um de seus sorrisos e saiu dizendo – Preciso terminar minha ronda, Boas férias!
Saiu rapidamente daquela cabine, não terminou ronda alguma, ela precisava se acalmar. Voltou para a sua cabine que para seu alívio estava vazia. Sentou-se e respirou profundamente várias vezes. Seu coração galopava e ela sabia que devia estar muito corada.
“Controle-se” – pensava – “ele lhe pediu desculpas e só, não se esqueça ele é Sonserino e comprometido. Você não deve ver coisas onde não existem, Lily Evans” – recriminou-se - “Ele apenas reconheceu que errou. Como é diferente daquele prepotente do Potter.”
Severo ficou bobo com o sorriso que Lily lhe deu, e quando se recuperou ela já havia saído. Ele não podia, não devia, não! ele não queria.... mas seus pensamentos não o obedeceram e ele percebeu que ela parecia feliz por ele ter se desculpado.
“Severo, não seja idiota! Ela é Grifinória e você Sonserino....” não conseguiu continuar. Do que adiantaria? – apertou a ponte do nariz em um gesto muito característico – Ele já sabia que estava apaixonado por ela, mas...., mas ela....
“Ela o que?” – Ele não podia deixar seus pensamentos irem naquela direção. “Você não esta achando que uma garota como Lily Evans, bonita, inteligente, monitora vai querer algo com você? E ruim, heim!!”
Isso mesmo, ele não podia se iludir! Tinha que apagar Lily de sua memória e de seu coração. Alcançou o livro de magia negra que havia ficado esquecido no banco e enterrou-se nele.
Mas no fundo ele sabia que nunca esqueceria aqueles olhos cor de esmeraldas.
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