Agorα é pαssαdo



O relógio marcava 23:00 e Harry permanecia trancafiado em seu quarto naquela mesma rua de sempre. Desde seu nascimento, estava habituado a jogar parte de suas férias no lixo, considerando o desprezo e o nojo que seus tios possuiam do sobrenome que o moreno, ali deitado, não pedira pra ter. O cotidiano não mudara muito, a não ser os personagens que dele faziam, a cada ano que passava, uma coisa insustentável. Numa noite estrelada, o rapaz imaginava como seria sua vida daquele dia em diante... Se seria maravilhoso morar na Toca, se Hogwarts reabriria ou não, quem seria o novo diretor(a)... Lembrava de Dumbledore e da discussão por que passaram no escritório do mesmo, recordava Sirius, seus pais. Alcançava mentalmente todos que morreram por ele e que foram responsáveis por Harry estar, naquele exato momento, vivo... são e salvo. Lembrava o quanto doía rever a cena do tecido que Alvo estava envolto no dia de seu enterro, de seu padrinho morto a entrar naquele véu no Departamento de Mistérios, e no dia que Rabicho matou Cedrico no cemitério antes de Voldmort renascer... Quanto tempo se passara e parece que foi ontem que tudo acontecia, que foi ontem que estava sendo selecionado para Grifinória, que deu seu primeiro vôo na vassoura, que conheceu Rony e Mione... Os dias eram os mais monótonos e Potter já não aguentava mais ver as mesmas flores, os mesmos vizinhos, as mesmas agressões. E, numa madrugada qualquer, cansou também de analisar o mesmo teto de seu cômodo pra que, finalmente, fechasse os olhos e caísse no sono.
O garoto estava sentado nos jardins de Hogwarts. Granger chegara dando-lhe um apertado abraço e recostando sua cabeça no peito do menino. Estava preocupado, olhando pra um ponto fixo:
-Tudo irá ficar bem Harry, não se preocupe com horcruxes, profecias, muito menos com o feitiço lançado por Dumbledore no dia em que chegou na casa de seus tios. Tudo bem, ele vai se acabar, mas uma hora iria ter fim mesmo. A Ordem está ao seu lado Harry, vai encontrar amigos aqui e não se esqueça que poderá contar comigo... sempre estarei com você... sempre , ok!? – quando acabara de falar, olhou de esguelha pro amigo e percebera a gota caindo de seus olhos. Ela o secara e aproximou-se um pouco mais... digamos, um pouco mais do que uma linha da amizade preza fazendo com que o moreno percebesse o quão grande era o sentimento de alegria que ela o proporcionava, e claro, o tamanho de sua beleza. Suas respirações eram como se fossem, agora, somente uma, e suas faces pediam enlouquecidamente para que avançassem e se permitissem do privilégio de amar...

- HARRYYYYYYYYYYYYYYYYYY, JÁ NÃO DURMIU MUITO, NÉ MOLEQUE ??? LEVANTE-SE AGORAAAAA E VAI PREPARAR O CAFÉ! VAI JAAAAAAA!

“Aiiiiii 10:47... eu me atrasei de novo... se for assim eles me deixarão sem jantar por mais um dia! =( “
“Ahhhhh mas diz ai... se fosse para ter sonhos como esse você ficaria sem comer a vida inteira... “
“Ela é minha amiga, ok!? E o Rony gosta dela. “
“Ate onde eu saiba, ela é solteira, nunca foi afim do Rony e eram evidentes as indiretas que ela te mandava. Lógico que é de você quem ela gosta!!!”
“Ahhh é... então me diz por que ela não me apóia num momento como esse hein? Logo agora que a minha vida está prestes a mudar, porque nem se quer responde minhas cartas???”
“Deve estar ocupada nos livros ué!? Viajando com os pais ou ate mesmo com a coruja machucada...”
“Para de inventar desculpas e paixões que não existem! Ela só é minha amiga e, me desculpe, mas essa não é a melhor hora pra eu começar uma discussão com minha consciência...“


Harry vestiu-se rapidamente e descera as escadas em direção a cozinha. Chegando no recinto, encontrara um Tio Valter com a veia raivosa saltando do pescoço e uma Petúnia fazendo carinho no Dudinha da mamãe.

- Bom dia Tio Valter...
- Que Bom dia menino? Anda logo com esse café, pois se demorar mais um segundo pode apostar que de bom o seu dia não terá NADAAA ...
O garoto decidiu não gerar uma discussão e calara-se diante do constrangimento... Não iniciaria uma confusão exatamente a 3 dias de se livrar dos tios de uma vez por todas...
Com os ovos e bacons já fritos e seu tio mais calmo, Harry achou por bem tentar tocar no assunto de sua mudança:
- Tio, os pais do Rony terão de vir aqui transportar meus pertences, já que ainda não estou 100% em aparatação... – Harry não gostou da cara do homem quando ele mencionou o Sr. e a Sra. Weasley, até que na mente do menino surgira uma idéia – isso lógico, se o senhor não quiser PAGAR a mudança...
- Errrrrr... ok ok... avise aos seus amigos estranhos que permitirei a entrada deles nesta casa por, no máximo, 20 minutos. Será um sacrifício muito válido para você sair de vez das nossas vidas... - piscou para a esposa.
O rapaz saiu da cozinha não muito assustado, pois já convivia com esse desprezo desde que lembra-se por gente. Subiu até o quarto para fazer sua mala, pois já não encontrava mais nada interessante que pudesse apreciar na residência que foi sua durante 16 anos. Depois de tudo pronto, o moreno avistara um pedaço de pergaminho e começou escreve ao amigo:

Rony,
Meu tio deixou que seus pais viessem levar meu quarto para sua casa. E as novidades? Tem noticias da Mione? Espero que o tempo passe rápido =)
Grande Abraço,
Harry.

E num outro pergaminho, montava o bilhete que enviaria à...

Mione,
Estou sentindo sua falta, menina?! Me esqueceu é?! Irei para a Toca no sábado.
Desejo que nos encontremos por lá...
Saudades... =(
Harry.

O menino passou o dia inteiro deitado no jardim dos Dursley pensando em sua amiga que lhe fazia muita falta numa hora dessas... do tom mandão que ela pronunciava seu nome quando gerava algo de errado, dos sermões que a mesma fazia Harry passar quando algo não ia certo. Estava complicado passar os dias sem sua presença. Ele devaneava...

“Depois diz que não está caidinho pela sua somente amiga ... “
“Não estou não ta... ou pelo menos não posso estar! Seria um belo traíra se fizesse isso com Rony. O moleque ta dando a casa dele para que eu tenha um teto e eu agradeço ficando com a Mi... justamente com a Mi??? Desculpe mas se o sentimento entre nós for maior que amizade terei de... de... de controlar meus impulsos... “
“ Tudo bem vai... eu concordo, mas pelo menos assuma que é verdade... que, se pudesse, teria algo mais com a garota... “
“ Ahhhhh Harry James Potter a que ponto essa historia chegou!? Até onde fui deixar essa amizade crescer dentro de mim... ok ok... eu GOSTO dela, satisfeito!? O controle se perde quando estou ao seu lado, e admito que se tudo que ela me diz em sonhos saísse realmente de sua boca eu estaria muito mais calmo agora... que se HEY HEY HEY... para ta... já admiti o que queria e essa conversa está indo longe demaaaaaais...”


Assim, os dias nasciam e morriam até que finalmente chegou O DIA de uma nova vida... Rony já tinha respondido sua carta e dito ao amigo que seus pais chegariam após o almoço. Harry estava com o malão posto na sala já pela manha. Hermione nada dissera sobre sua correspondência, mas aquele não era o momento em pensar nela, e sim ficar vigiando a rua para ver algum sinal sobre os Weasley. Por volta de 13:30 se enxergava uma Molly atordoada com tantas residências iguais uma ao lado das outras e um Arthur fazendo frenéticos sinais de silêncio para que sua mulher se calasse e ele pudesse lembrar de onde era a casa, ou melhor, a ex-casa de um novo integrante da Toca. Felizmente, Sr.Weasley não precisou oportunar mais nenhum vizinho, já que o moreno fora correndo na direção do casal que ficou alegre em ver o menino com um grande sorriso, bem alto – pois crescera durante as férias – e lógico, com desanimador comentário da Sra. Weasley de que o mesmo estava um tanto magro de mais para o seu gosto... quase raquítico, na verdade...
Quando virara a face, Harry surpreendera-se com o que lhe ocorria. Não... não podia ser...
- HARRYYYYYYY ... Não deixaria de dar um abraço nesse menino tão amado logo no início de sua nova vida né!? hehehehe
- Ahhhhh Mione , você não sabe o quanto é importante sua presença hoje! – e a princesinha cedera um abraço digno de causar inveja a qualquer casal que visse. O momento era eufórico e seus rosto foram se aproximando, aproximando, até que...
- Deixe-me só leva-los ao meu quarto para que possam aparatar o graaaaaaaaande numero de móveis que tenho e volto pra conversarmos, Mi. – ele virara seu rosto, pois a última imagem que lhe veio à cabeça foi de um Rony furioso com a cena romântica que a dupla protagonizava em plena rua...
A morena, sem graça e com a cara vermelha, dissera algo com rapidez, fazendo assim, com que clima chato existente entre os dois sumisse velozmente – Ahhhhhhhhh ok... vai logo hein... Tenho algo importante para lhe dizer e acho que vai gostar...
- Ahhhhhh nããããão... pode falando agora! Você sabe bem que odeio quando faz isso...
- Não não Sr. Potter, quando VOLTAR eu conto e não adianta insistir, ok!? Ohhh, ta perdendo tempo bobinho...
- Affff... ok, você venceu. Volto já!
Deixando claras as regras que seu tio impusera para os visitantes, o moreno tornou a caminhar pro jardim, ansioso por ouvir o que Hermione tinha a lhe dizer. Qual desculpa ela iria dar pelo sumiço e que novidade era essa que estava tão ansiosa pra lhe contar, ou melhor, que ele estava tão ansioso para saber???
- Pois bem Srta. Granger... podemos conversar agora?
- Claro Srt. Potter... hehehehe - tirara sua franja dos olhos e fitara penetrantemente os olhos verdes do amigo - suponho que queira fazer certas perguntas pra mim...
- Supõe??? Você some desde o dia que voltamos de Hogwarts, não responde nenhuma de minhas cartas e acaba de dizer que tem algo a me contar... Você realmente acha que não tenho perguntas a fazer??? Pois bem, a primeira é: Por que me ignorou durante todo esse tempo??
- Bem... Estive ocupada em fazer uma coisa com meus pais. Sinto-me cansada, meu corpo todo dói. Mas enfim, desculpe-me Harry eu queria ter contado, mas preferi ficar quieta e te falar pessoalmente a novidade.
- Só um momento! Então essa novidade tem haver com a coisa que ficou fazendo o verão inteiro???
- Exatamente...
- Portanto acho LEGAL que seja algo muito bom, Mione, algo que realmente possa ter valido a pena ficar um verão inteiro sem falar com o Harryzinho aqui...
- Relaxa Sr. modéstia, agora teremos muuuuuuito tempo a conversar.
- Ahhhh... vai para a Toca conosco né!?
- Bem, em termos...
- Em termos? - contraíra as sobrancelhas - Hummmmf! Fale de uma vez, o que está havendo?
- Errrr... a novidade, Harry, é que o novo integrante da Toca, além de morar com os Weasley............ SERÁ VIZINHO DOS GRANGEEEER!!!
Um sorriso abrira com imensidão na face do garoto:
- Nããããããão, está brincando Mioneeeeee... isso será PERFEITO!!! Poderemos ficar conversando até altas horas. Por Merlin, será maravilhoso!
A menina ficara feliz pela reação do amigo...
- É... meus pais acharam por bem manter-me em proteção e agora que, após a morte de Dumbledore, a guerra está declarada, morar do lado da Ordem não será nada mal... Afinal de contas, sua mansão esta em reforma né!? A Casa dos Black, para voltar a ser cede, precisa de séééérias obras que iniciaram semana passada! Você sabia não!?
- Ahhhhhh claro... estou sabendo de TUDO!? Afinal, você entende a graaaande importância que me dão para que eu tenha idéia dos novos fatos! Divulgam um boletim DIÁRIO pra minha pessoa...
- Hauahuauahauhuahu... ahhhh Harry não seja assim... agora ficará a par de tudo que acontece no mundo bruxo. Eu lhe contarei todas as novidades e será, definitivamente, o bruxinho mais informado do nosso grupo... hehehehe
- hahahaha... com certeza...
- hehehehe... É isso ai...
- É mesmo...
Era incrível como o assunto simplesmente acabara e agora as palavras eram TÃO vagas. Ele, durante um bom tempo, ficou observando Mione apoiada no canteiro de flores. Chegava ser notável a direção de seus olhos:
- Posso saber o que houve, menino ?
O moreno, que posicionava as mãos na cintura da amiga, respondeu-a:
- Você é de mais sabia!? – passava os dedos no cabelo cacheado da moça e ofereceu-a uma rosa, completando a frase – e linda também... encantadora...
Seuuu traííííííííííííííííraa... até parece o Potter de poucos dias atrás...
- Não fala assim Harry... Eu fico sem graça! Olha que um dia desses acabo acreditando hein!?
- Pode apostar, já era pra ter acreditado! Não minto pra ninguém, muito menos pra você...
Depois do garoto ter se xingado por todos os nomes que ele conhecia, surge um Sr. e uma Sra. Weasley no hall da casa sendo quase chotados para fora, já que Arthur queria tocar num sabonete aromatizado da coleção de Tia Petúnia.
- Vamos aparatar Sr. Weasley ? – perguntou o moreno quando o mais velho aproximou-se. - Aparatação coletiva, ao menos, sei.
- Não não, acho melhor não... vamos voando! – afirmou ele olhando feio para a Dursley que via, agora, a cena da janela.

Somente com a vassoura em mãos, Harry olhou pela última vez a casa que foi deixado à beira porta, a casa onde cresceu, engatinhou, falou suas primeiras palavras e onde, também, presenciara injustiças, maus tratos e brigas. Um passado que, naquele segundo, no qual o impulso de seus pés fora contra a Rua dos Alfeneiros tornou-se preto e branco. Um passado que agora só seria revivido por lembranças e que, finalmente, Harry podia dizer: AGORA É PASSADO!

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