Noite das Bruxas - parte 1: Ti

Noite das Bruxas - parte 1: Ti



Capítulo 6
Noite das Bruxas – parte 1: Titânia, a bruxa


“Beijar o nácar, que te acende os lábios,
seria para mim prazer divino;
mas eu desprezo os risos da fortuna,
que podem profanar o meu destino. “

Lord Byron


A Casa Morgan era o seu santuário, cômodos repletos da sua história. E mesmo que alguns compartimentos ainda se mantivessem como que trancados, Ginny, devagar, ia se esgueirando como um explorador arqueológico, destrancando segredos antigos e se apoderando de tudo o que dissesse respeito ao nome Morgan e à sina que o acompanhava.

As fotografias, por exemplo. Em daguerreótipos, sépia, preto e branco ou coloridas. A família era de fato a salada genética sobre a qual tia Candie a prevenira. Pálidas jovens loiras com sombrinhas rendadas, robustos homens morenos, trajando ternos brancos de verão. Uma infinidade de tipos físicos. E crianças. Uma imensidade sem fim de fotos infantis, da morena Candice, com seus longos cabelos negros trançados, à fotos de risonhas crianças ruivas e sardentas, incluindo seu pai. Ela tinha rido deliciada, ao menos desta sina estava relativamente livre, já que possuía poucas e claras sardas. Mas o que se daria quanto ao restante da genética? A mesma genética que lhe conferia cabelos vermelhos e as características de uma... Quantas daquelas pessoas foram ou eram bruxas?

Ginny suspirou, imaginando se alguma daquelas figuras já tinha adivinhado pensamentos, batido portas ou feito um copo se quebrar com a simples força de sua raiva. Melhor não pensar nisto, muito menos quando estava debruçada sobre papéis amarelados, fotos antigas e anotações dispersas, num tipo de diário falhado que continha mais poemas e pensamentos do que coerência. Em sua busca, ela descobrira aquele tesouro, seu pai.

Era uma tarde ensolarada no Sul. Daquele tipo em que as pessoas ainda podiam usar camisas finas de algodão, dirigir velhos Cadillacs conversíveis e tomar banhos de piscina ou chá gelado, sem susto. Um veranico ameno na Louisiana. Mas ela pouco estava se importando com o clima glorioso. Tinha coisas mais urgentes em que pensar. No antigo quarto de Arthur, conservado como se ele fosse voltar a qualquer momento, Ginny se espalhava sobre a bela cama de latão, como eram feitas a maioria das camas na casa. Ela se mantinha ilhada num mar de almofadas e toneladas de papéis, desvendando Arthur Morgan, ansiosamente. Analisando que até mesmo sua caligrafia derramada era semelhante à do pai. E fora entre aqueles pertences que ela encontrara “O pequeno Manual dos Feiticeiros”, um livrete de couro velho, escrito pelo próprio punho de Arthur.

“Tintos por sangue
Trancas nas portas
Penas de aves vivas
E cobras mortas”

“Só entra quem tiver a chave.”

Um modo muito perturbador de se iniciar um diário.

Em letras semi infantis e ainda assim rebuscadas, se destacavam as palavras: O CLÃ, em tinta vermelho sangue, no alto da página. Pelas anotações a seguir, ela supunha que seria um grupo auto intitulado, um clube talvez. O que quer que fosse aquilo, dava a sensação de pessoas se reunindo para praticar coisas secretas e sombrias. Coisas displicentes, mas ruins. Seriam todos Morgan?

Dissecou as palavras do estranho poema (não sabia se poderia aceitar plenamente se fosse um feitiço). E ainda que trêmula, continuou a ler. Numa das partes, um alerta aparecia em inúmeras variações: Cuidado com a Velha. Não olhe para ela. Não fale com a Velha debaixo de nosso teto. Evite a escuridão e a fraqueza, é onde gosta de estar. Corra para o carvalho. No carvalho ela morrerá.

Um arrepio de genuíno temor a percorreu. Velha? Não poderia ser Eugênia. Nem remotamente. Então, quem? Não descobriu a quem estavam se referindo, mas bastou tocar o papel, ler as frases. Havia algo maligno ali, misturado a muito receio. A julgar pelo que já tinha lido, coisas muito... escuras andaram sendo feitas. Gostaria muito que o pai não estivesse envolvido em nada ruim, mas não é o que estava parecendo.

E ela lia e relia, sua obsessiva curiosidade crescendo, seu pensamento insistindo em descobrir quem seria esta mulher. Velha. A Velha. Seria uma bruxa? Era sempre neste ponto que ela fechava o diário, como se, de forma instintiva, soubesse que não era bom pensar sobre este assunto debaixo daquele teto. O “nosso teto” que seu pai escrevera. Só podia ser ali. Outra razão para esgotar seus próprios recursos antes de perguntar à bisa. Não queria nada afetando sua saúde, que ainda inspirava cuidados.

A Velha. Ginny se arrepiou mais uma vez antes de saltar da cama, abanando a cabeça como se afastasse uma nuvem sombria. Melhor procurar pelo dia ensolarado no jardim. Estava quase que sentindo frio.


XXXXXXX


Virgínia estava se enfiando naquela roupa, imaginando como é que as pessoas a convenciam tão fácil sobre o que fazer. Certo, estava um pouquinho empolgada. Olhando rapidamente para seu reflexo no espelho, olhos brilhantes e faces coradas de expectativa, ela retificou o pensamento: estava tremendo de empolgação, mas também de ansiedade.

E tudo começara com Lizzie, pra variar. No seu quarto, numa noite parada, há duas semanas.

XXX

- Você não está achando que vai ficar em casa num evento como este, está? – a prima tinha começado a campanha: vamos levar “a garota” pra balada.

- Ah, não sei não. E se eu não gostar ou não souber o que fazer ou... se todo mundo me ignorar e ninguém dançar comigo?

O mês de outubro já estava caminhando para o fim quando Liz apareceu com a novidade, ao menos para Ginny, sobre o baile anual do Dia das Bruxas, realizado pelo corpo estudantil do colégio e esperado com ansiedade por todos os sortudos do primeiro ano em diante.

- Qual é, Ginny, até parece. Daqui a pouco vai me dizer que nunca foi numa festa das bruxas. – e ao ver a expressão da prima, Lizzie deixou o queixo cair. – Você... nunca...

- Bom, rígidas escolas católicas não costumam comemorar uma festa pagã como o Halloween, muito menos colocar alunas e alunos num mesmo salão de baile com todos metidos em fantasias de diabos e bruxas. – ela inclinou a cabeça numa pose levemente sarcástica. – Percebe meu ponto de vista?

- Hum. – Liz não conseguia pensar em nada mais triste do que aquela perspectiva, e também em nada mais estapafúrdio. - Nada de dar idéias pecaminosas a vocês, né? Quer dizer, se colocassem garotas e rapazes deste jeito, era possível que o segundo dilúvio começasse.

- Isso mesmo. – Ginny assentiu com um sorriso maroto.- São sempre os quietinhos que aprontam mais.

- Você é que acha. Mas... é melhor ainda! – o entusiasmo de Lizzie parecia inesgotável. – Sua primeira festa de Halloween e bem aqui, na cidade do vodu. Ainda mais você sendo uma...

- Não se atreva a dizer isto!

- ... uma Morgan. – ela retificou. - Céus, nem espera a gente terminar. Você é muito desconfiada, garota.

Mas Ginny já considerava outro ângulo:

- Outra coisa, neste tipo de evento... as garotas devem ser convidadas por alguém?

- Possivelmente.

- É, como eu suspeitei. Você imagina se minha mãe fica sabendo que eu estou saindo com um rapaz?

- O que tem demais? E o mais importante: como diabos ela ia ficar sabendo estando do outro lado do oceano?

- Você não conhece Molly Prewett. É bem capaz de ter alguém vigiando todos os meus passos por ela.

- Certo, vamos dizer que é possível. Mas qual seria o problema? É só um baile de colégio...

A ruiva suspirou.

- Eu não sei. E se ela não gostar ou ficar preocupada? Ainda estou na corda bamba, Lizzie, o que quer dizer que não posso dar nenhum motivo pra preocupação ou suposições. E não faça essa cara espantada.

- Ok, tem razão, as mães são meio neuróticas mesmo. – “a sua então...”, completou em pensamento.

Tirando os olhos da prima, Lizzie logo pôs os miolos para funcionar.

- E se fossemos juntas?

- Não te acho tão atraente.

- Ha ha. E se nos juntássemos numa turma? Nada de casais, só amigos fantasiados? Aí não ia ter problema nenhum.

Ginny permaneceu pensativa, até um sorrisinho discreto se formar.

- É, acho que assim podia ser. Mas não queria atrapalhar ninguém.

- Ah, pára com isso. Você só está me salvando de ir com algum garoto insuportavelmente chato. Ou pior, um nerd tipo o Longbottom.

- Pois eu o escolheria numa boa como par.

- Longbottom? Você iria ao baile com Neville Longbottom? – Liz desdenhou com uma caretinha incrédula.

- Claro que sim. Por quê?

Ginny pareceu tão desafiante, numa pergunta tão cheia de subentendidos, que fez a prima ficar sem graça.

- Não... é que você podia ir com qualquer um...

- Por isso mesmo, eu não ia querer a companhia de qualquer um. Ia preferir alguém legal.

- Hum, - Liz enrubesceu - agora eu estou me sentindo muito mal. Você devia ir fantasiada de fada madrinha, ou anjo bom da consciência. Deus sabe como você faz a gente pensar nas coisas, garota.

Ginny escondeu uma risadinha rápida, se permitindo uma primeira idéia sobre a festa.

- Mas... e a quanto às fantasias? – falou mais animada.

- Ahhh... vai de bruxinha... – Liz implorou.

- Isso está fora de cogitação. – Ginny retrucou azedamente.

- Anda... ia ficar tão bonitinha...- e não resistindo - Se bem que não ia ser fantasia.

E a conversa terminara ali, com Lizzie levando uma chuva de travesseiros na cabeça.

XXX

Ginny riu para o espelho, fechando o zíper da fantasia com alguma dificuldade. Por mais que Elizabeth tivesse insistido, ela batera o pé, se recusando terminantemente a se fantasiar de bruxa, ser das trevas ou qualquer outra criatura sombria e perigosa. Inconscientemente era tudo o que queria evitar, este lado desconhecido que temia fazer parte do que era.

Analisando sua imagem mais uma vez, ela refletiu que podia não ser muito original, mas até que estava bem. Uma ninfa, a fada das florestas úmidas de Nova Orleans. Bem distante das bruxarias e sortilégios.

A montagem da fantasia fora uma diversão à parte, algo que não esqueceria jamais. Revirando velhos baús com tia Candie, no sótão entulhado. Hermione e Lizzie soltando deslumbrados “OHs” a cada descoberta. Todas se divertindo como crianças que encontram uma arca de tesouros ou, neste caso, a caverna de ali Babá. No final das contas, meio vestidas com roupas e adereços antigos, elas entraram no clima festivo da data, descendo a escadaria da mansão uma ruidosa bagunça. Algo sem precedentes na vida da ruiva. Até Hermione se esquecera de sua postura usualmente digna, e tia Candie parecera a mais jovem de todas, correndo adiante das outras e vindo, por fim, a trombar de frente contra um espantado Sirius Black. Um encantado Sirius Black.

Candice tinha atendido ao desejo das garotas, soltando seu belíssimo cabelo negro que agora caía em cachos pesados e sedosos. Com uma tiara oxidada (que em dias melhores tinha assistido a inúmeros eventos elegantes) e um vestido de esvoaçante seda azul, Candie parecia a personificação da alegria e da beleza, uma adolescente travessa com as bochechas coradas e risada fácil.

Os dois se encararam mudos e o semblante do homem parecera tão fascinado, tão indiscutivelmente enamorado, que bisa Eugênia fizera um gesto quase imperceptível, saindo alegremente com a bengala girando no ar. As garotas entenderam o recado e trocaram idênticos sorrisinhos traquinas, passando por Sirius com risadas agudas e suspirosos “Olá, senhor Black”. E também foram muito hábeis em fingir não notar o olhar alarmado de Candice, que percebera estar ficando sozinha com o homem, abandonada pelas pequenas diabinhas e sua bruxa-mor.

Com um sorriso radiante, Ginny pensou que o padrinho de Harry andava freqüentando assiduamente a casa Morgan, e nem sempre em horários em que o afilhado estaria por lá. Como naquele momento, por exemplo.

Irremediavelmente sozinhos, os olhos de Sirius e Candice procuraram, respectivamente, devorar e se desviar.

- Você está... muito bem. – ele controlou bem as palavras, sabendo o quanto seria inapropriado dizer que estava deslumbrante, estonteante, a encarnação viva de seus sonhos.

- E você... está aqui. – Candie procurou não se fixar no rosto dele, principalmente nos olhos.

- É.

- Hum.

- Vim ver o Harry.

- Ele não está. Foi jogar basquete com os meninos.

- Ah, é mesmo. Eu sempre me esqueço dos horários dele.

“Sempre se esquece?”, Candie franziu a testa, levantando os olhos incrédulos para ele. Grande erro. Presa pelo brilho azul, ela se espantou de continuar raciocinando. Foi assim que percebeu que não tinham se afastado depois do esbarrão.

- Bom - ela se separou rapidamente, – eu aviso ao Harry que você veio. Mas não se preocupe, ele tem se comportado muito bem.

- Acho difícil acreditar.

- Mas está. É um bom garoto, só tem andado confuso.

Sirius permanecia meio abobalhado, sem conseguir se expressar com a clareza habitual. De repente tinha voltado no tempo, parecendo muito estranho que Candice estivesse junto a ele, no mesmo cômodo, ambos sozinhos, e que ainda não estivessem se agarrando. Coisa muito comum naquela época distante, inclusive naquela sala, diga-se de passagem. Memórias incríveis no antigo sofá de brocado.

- Você está linda. – saiu antes da censura.

- O quê? Estou vestindo roupas puídas, Sirius. – ela torceu as mãos, tentando disfarçar o forte rubor que coloriu seu rosto, coisa que ele com certeza percebeu. - Mendiga era um termo melhor.

- Engraçado, não é bem assim que eu vejo.

- Ãh, quer deixar algum recado para o Harry? Acontece que eu tenho mesmo que tirar essas roupas - o olhar dele deu um sugestivo passeio por seu corpo. - Digo... tenho que subir, me trocar.

- Bem, Candie, diga a ele que eu vou voltar. Com certeza.

Mas as palavras não pareciam ter sido endereçadas a Harry. De jeito nenhum.

Quando ele se foi, ela mal se enxergou caminhando até a biblioteca, onde adivinhava estarem as traidorazinhas. E lá estavam, como suspeitava. Quatro mulheres confabulando em voz baixa.

- Ah! – Ginny disse, excessivamente vivaz. – Mas o senhor Black já foi?

- Sim. – Candice estava muito séria, tirando a tiara e alisando o cabelo com força para trás, tentando sem muito sucesso, recolocá-lo em seu costumeiro coque elegante. – Queria saber notícias do Harry e as recebeu. Não tinha mais nenhum motivo para ficar.

E olhando para as garotas ansiosas e para a própria Eugênia, falsamente entretida com um livro, ela bufou exasperada.

- Bom, é oficial: genes Morgan seriam espetaculares no circo.

- Por que diz isso, tia? – Lizzie parecia inconsolável ao ver os gloriosos cabelos negros voltarem a ser esticados, e mais ainda pela partida do glorioso Sirius Black. “Ah se pudesse ter espiado só um pouquinho por trás da porta...”

- Por que seríamos bons no circo? – Candie repetiu. - Ora, acabei de me fazer de palhaça. Só por isso. – e como se pensasse apenas consigo mesma, soltou baixinho – E ainda por cima na frente de quem...

Da sua cadeira estofada, Eugênia recurvou os cantos da boca.

- Eu vi isso, vovó.

- O que disse, querida? – com o semblante aéreo de quem estivera muito longe dali, a mulher colocou uns olhos nublados sobre a neta.

- Ah, não adianta. – Candie bateu as mãos, impaciente, sobre o vestido azul. - Estão todas mancomunadas, não é? Devia se envergonhar, vovó. Corrompendo crianças...

E com passos rápidos, ela se distanciou, saindo da biblioteca sem olhar para trás.

O silêncio durou menos que um segundo.

- Ela ficou uma fera. – Lizzie segurou uma risada e entreolhou as outras duas garotas, vendo que estavam como ela, meio divertidas e meio apreensivas, mas logo notou que Eugênia não as acompanhava em seus semi pesares. - Do que está rindo bisa?

- Disso mesmo. Candice nunca fica irritada. Bem, ao menos sabemos que algo a perturbou, não é?

E as quatro terminaram por rir baixinho, de fato mancomunadas.


XXXXXXX


Uma fada da floresta, enfeitada por seu vestido luminoso, parou emocionada antes de adentrar o salão. Apesar do corpete justo, o vestido parecia flutuar, criando a ilusão de movimento. Uma saia de leves tiras assimétricas, rodadas e esvoaçantes, dançava harmonicamente ao seu redor, e as minúsculas asas transparentes completavam a miragem, fazendo crer que em breve ela voaria. Os cabelos brilhantes e soltos estavam enfeitados por uma coroa de flores secas (arte de tia Candie), mas para os estudantes, que também chegavam àquela hora e lhe lançavam olhares duas, três vezes consecutivas, o artifício das flores parecia desnecessário. Ela atraía os olhos e parecia refulgir sem nenhum tipo de subterfúgio. Uma sílfide, fugindo travessamente de bosques encantados para iluminar a noite e fazer acreditar em elementais e poesia.

Ela conteve a respiração quando entrou. Era aquilo que queriam dizer quando falavam que uma festa “bombava”? Uaaau... ainda bem que aprendera a manter a boca fechada. O salão estava totalmente transformado, parecendo ter saído dos sonhos. Ou pesadelos.

A partir da entrada toda forrada por tecidos negros, espessas teias de aranha e os próprios aracnídeos, pendiam do teto, ameaçando grudar nojentamente nos mais incautos. Abóboras gigantescas sorriam debochadas, com suas caretonhas iluminadas por mil velinhas votivas. A fumaça do gelo seco se infiltrava pelos pés, pelos barrados das toalhas de mesa vermelho grená, cobertas por velas de cores fortes. Gatos pretos, sapos, bruxinhas e vassouras, balançavam suavemente dos móbiles, pendurados no teto. Luzes que imitavam as estrelas, e o globo de espelhos parecendo uma lua cheia brilhante. E caldeirões. De todos os tamanhos e formatos, os maiores despendendo a mesma fumaça espessa que fazia crer que sortilégios malignos estavam sendo cozidos lentamente. Uma profusão de enfeites que criava mini-ambientes dentro do próprio espaço do salão, dando um quê de privacidade onde, na verdade, se acotovelavam centenas de jovens monstrinhos.

Só a música não era sombria. Uma arrebatadora mistura dançante, barulhenta, agressiva, mas muito contagiante.

“Uaaau...”

- Eu falei que a gente ia chegar tarde... – Hermione, uma deusa grega de ombros desnudos, ajeitava a alça única de suas vestes e lamentava, pela enésima vez, o atraso de vinte minutos.

- Deixa disso, Mione. - Chapeuzinho Vermelho retrucou, impaciente. – Chegamos na melhor hora, quando todos podem ver nossa entrada triunfal.

- Hum-hum... – A deusa Hermione pigarreou em discordância. – Entrada triunfal, Lizzie? Falou cedo demais.

Bem atrás delas, quatro robustos rapazes do time de basquete do último ano, afastaram as pessoas. Usando roupas egípcias com os tórax descobertos, eles carregavam, para espanto dos espantos, uma assombrosa Cleópatra, gloriosa em seu trono dourado. Cho Chang, mais bela do que nunca, sorria presunçosamente de seu trono, como se dissesse: “Aqui estou, meros mortais...”

- Aquela bis... – começou Lizzie-Chapeuzinho Vermelho, sendo imediatamente interrompida pela mão de Hermione, tampando a palavra nada gentil que ia saindo de sua boca.

- Não ligue pra ela. Cho só quer aparecer.

- E pelo visto conseguiu. – a luminosa fada dos bosques sorriu embasbacada, sem se importar minimamente com a vaidade da oriental.

- Você está achando engraçado? – Lizzie olhou estupefata para Ginny. Será que a ruiva não sabia de quem a chinesa queria chamar a atenção?

- Não... só um pouco... impressionante. – a ruiva se desligou da entrada apoteótica da outra, voltando a correr os olhos fascinados pelo ambiente. Custava a crer que fosse o mesmo lugar onde se davam as aulas de Educação Física.

Fitava, encantada, as coloridas fantasias dos colegas, que não se conformaram em se vestir apenas de criaturas das trevas, como ela pensara, mas que se misturavam em roupas engenhosas e até mesmo engraçadas. Logo à frente um lençol lhe fez um tchauzinho atrapalhado, e ela pôde divisar os movimentos do fantasma Neville, por debaixo do tecido branco, com furos redondos no lugar dos olhos. É... clássico, mas nem um pouco original.

- Achava que vinham todos com roupas de feiticeiros e lobisomens. – ela cutucou a ainda emburrada Elizabeth.

- Ai, que falta de imaginação, garota. Pois se a diversão é a diversidade... Assumir um papel parecido com você ou um desejo secreto. - e apontou para Cho, com desdém – Vê só? Se eu soubesse, vinha de cobra.

Ginny começou a rir, principalmente pelo tom desapontado de Lizzie.

- Ai, Lizzie... – Hermione girou os olhos, entre divertidos e resignados, para o teto, desistindo dos “panos quentes”.

- Mas é verdade, Mione. Olhe pra ela, tão perfeitamente fantasiada, tão realista... é a rainha do Egito encarnada, e todo mundo sabe o que aconteceu com a Cleópatra, né? – e sacudindo o dedo, fez o som do chocalho de uma cascavel - Ela não ia reclamar se eu a ajudasse com um bom toque de história verídica.

- Mas você ainda tem uma chance, Lizzie. – Ginny bateu amigavelmente no ombro de Chapeuzinho. - Ela ainda pode morder a própria língua.

- Ohoo... Isso ia ser interessante. Li que tem venenos que demoram segundos pra fazer efeito, enquanto a vítima se estrebucha no chão. – e com um sorriso de orelha a orelha, arrematou. – Só com esta imagem você acabou de valer a minha noite, Ginny Morgan.

Elas deram boas voltas pelo lugar e acabaram se afastando um pouco, mas a ruiva não ligava, estava aturdida demais com a explosão de vitalidade ao seu redor. Para outra pessoa podia parecer banal, mas aquela era sua primeira festa escolar, quase que exclusivamente com gente de sua idade.

Tinha vindo ao baile com Hermione, Lizzie, Blaise e Keisha, se espremendo no carro apertado do rapaz. A carona fora mesmo providencial, já que não tinha a menor intenção de ir com Harry, o que Lizzie originalmente havia proposto. Desde o “acontecido” depois da aula de Biologia, ela arrumara pretextos para não ir mais com o primo para a escola, chegando a dar na cara, para quem quisesse ver, que preferia ir montada num camelo. Mas, felizmente, o rapaz ficara em casa, tendo dito à Hermione que não estava animado para festas.

Agora era apenas se deslumbrar e aproveitar. Nada numa noite como aquela poderia dar errado. Mesmo sendo ainda tão cedo.

Foi neste momento que, do outro lado do salão, um belo rapaz a avistou, se precipitando por entre a multidão para chegar ao seu destino.

- Titânia. – Cedric Diggory sorriu abertamente, mostrando seus dentes faiscantes.

- Ah, oi Cedric. – ela se atrapalhou um pouco, não o tendo visto mais que duas vezes desde que voltara a Nova Orleans. – Que fantasia legal!

Ele girou diante dela, num atrapalhado passo de sapateado. Anos vinte. Ele era um perfeito rapaz dos anos vinte, com colete, suspensórios e cabelo bem fixado com gel molhado.

- Deixa eu adivinhar... – a ruiva o analisou - Você é um dançarino de sapateado.

- Não. – ele riu com gosto. – Deus nos livre dessa tragédia. Estou de músico, embora tenha deixado meu trompete verdadeiro em casa, por via das dúvidas. – balançou o instrumento de plástico metalizado, preso no cinto, pelas costas. - E aí, gostou?

- Incrível, mas você toca de verdade?

- Ah, você não sabia? – ele se animou imediatamente. – Vou tocar pra você qualquer dia desses.

- Vou cobrar. – e se lembrando de algo que ele dissera, continuou. - Hei, do que me chamou quando veio até mim?

- Titânia, a rainha das fadas. A do “Sonho de uma Noite de Verão”, do Shakespeare.

A garota riu, deliciada. Era tão legal conversar com ele... Sempre sabia tanto sobre... tudo.

- Ah, eu sei quem é Titânia, mas estou mais pra fadinha-operária do que rainha.

- Nunca. Nem que você tentasse muito. – disse com os olhos brilhantes de admiração.

E mais uma vez ela corou, como acontecia sempre que ele lhe dizia coisas como aquela. O que já era habitual, mesmo com os dois se vendo tão pouco.

- E a faculdade? – ela falou, tentando mudar de assunto. – Está gostando?

Cedric percebeu a manobra, mas a aceitou. Ela era a garota mais tímida que já tinha cortejado. Até aquela palavra, cortejado, mais antiga que andar para frente, parecia apropriada para ela. Uma garota que parecia saída de outro século, ou de sonhos de uma noite de verão. Alguém tão parecida com ele mesmo.

- A faculdade está ótima, mas apertada. Não me sobra muito tempo, sabe. – de certo modo, tentou se explicar. – Por mim, eu teria muito mais tempo pra te v... pra estar com os amigos, já sabe.

Ela assentiu, ajeitando as faixas da saia, acanhadamente. Era sempre daquele modo, mesmo se dando tão bem, bastava ele insinuar qualquer coisa para ela se fechar em copas. “Ah, que burra.”, se dizia, mas ainda não tinha conseguido agir de outra forma.

- Oi gente. Cedric. – Keisha surgira do meio da fumaça, estonteante em seu vestido branco, longo e colado.

- Keisha. – o rapaz devolveu o aceno de cabeça. – Hey, mas é Billie Holiday! Uau, essa fantasia ficou demais!

A moça abriu os olhos um pouco mais, encantada que alguém por ali percebesse que não, ela não estava fantasiada de artista de cinema, mas sim da deusa do jazz, que encantara multidões com sua voz sensual, sofrida e rouca, nos idos da década de 30 e começo de 40. Tendo a natural vocação para cantar, coisa que lhe era negada pelo pai, Keisha tinha Billie como deusa-mor de seus desejos, e constantemente se via repetindo o repertório da musa, usando uma incrível voz caramelada que poucos sabiam que possuía. E estando encarnada como Billie, Keisha estava usando gardênias brancas, presas de lado sobre os cabelos negros.

- Ah, bem... suponho que ficou legal.

- Conhece Billie Holiday, Ginny? – Cedric se voltou novamente para a fada, todo cheio de atenções, sem notar que o radiante sorriso de “Billie” ia desbotando.

Dizendo um adeus apressado, a musa do jazz abandonou a conversa e se afastou melancolicamente, sendo rapidamente engolida pela multidão. Naquela noite, se ela pudesse, tinha certeza de que teria mais que inspiração para cantar uma das tristes canções de Holiday.

XXX

Do seu ponto de observação privilegiado, numa mesa mais sossegada, Hermione foi a primeira a avistar Harry. Se surpreendendo um pouco pela vinda do mesmo e pelo traje do rapaz. Uma roupa toda preta e nada mais.

- Harry... acho bom ter vindo, mas não podia ter posto algo mais apropriado? Que coisa sem graça...

Dando uma olhada ao redor, ele se aboletou ao lado dela, displicentemente.

- Já me bastam as máscaras do cotidiano, cara amiga.

- Profundo, mas ainda assim, sem graça. – ela o observou criticamente por sobre a borda do obrigatório copo de ponche batizado.

- E essa festa? Do jeito de sempre?

- Ai como você é chato... Até eu me animei, Harry.

Ele riu de lado:

- Até que enfim deu o braço a torcer, Mione? – e ao ver a expressão interrogativa dela, tornou – Séria e rabugenta.

- Seu chato. – ela fechou a cara, mas era apenas uma velha brincadeira entre eles, e daí a pouco, quando Harry a abraçou e disse que estava linda, e que “certos legumes” deviam mesmo ser cegos, ela sorriu descansada.

- E, por falar nisso, cadê o legume? – ela indagou, ainda olhando ceticamente para as roupas do amigo.

- Ia te perguntar a mesma coisa. Da turma, você foi a primeira que eu...

- Já sei! – Mione sobressaltou o rapaz, mesmo com a música a todo volume. – Você é Lord Byron! O poeta gótico do romantismo.

- Eu sou um poeta? – ele arqueou as sobrancelhas, falando pausadamente. – Um poeta gótico, romântico e morto? Eu?

- E manco. – ela explicou. – Era sombrio, lindo e manco.

Ele piscou duas vezes, processando a informação.

- Ótimo, posso beber o quanto quiser e dizer que estou cambaleando por pura questão de comprometimento histórico.

- Ninguém ia poder dizer que você não se entregou ao personagem. – ela colocou o copo sobre a mesa, procurando uma certa fantasia espalhafatosa, por ali. – Já viu a Cléo?

- Arrã. Ela não fez questão de ser discreta.

- Digamos que um canhão de luz na sua cara seria mais discreto do que sua ex.

Ele girou os olhos:

- Ex, é? Pois que seja. Ela me pareceu muito feliz, engolindo um dos seus escravos.

- Engolindo? – Mione pareceu bem interessada. – Qual deles?

- Ah, isso já é um pouco difícil de saber. Todos são altos como escadas de incêndio.

Ela mordeu o lábio de leve.

- O que foi? – Harry inquiriu, percebendo haver algo ali.

- Você não ligou? Quer dizer, nem um pouquinho? Não ficou nem com um ciuminho de nada?

- É claro que fiquei. – ele teve o cuidado de fazer uma cara muito séria. – Você não sabe o quanto eu estava sonhando com este baile, em me vestir de escravo, bem besuntado de óleo, e carregar a Cho sobre aquela cadeira de meia tonelada. – então ele quase não agüentou segurar o sorriso. – Por fora eu pareço bem, mas por dentro estou sangrando.

Mione riu aliviada, dando tapas amistosos no amigo e notando o quanto ele parecia confortável em falar sobre a garota. É, não tinha nenhuma dor de cotovelo ali. E isso, na opinião de Hermione, era uma grande notícia. Nunca soube realmente o que Cho significara para Harry, mas tinha a certeza de que ambos não tinham o necessário para serem felizes juntos.

Continuaram a trocar farpinhas amigáveis por mais um tempo, mas a amiga ainda percebia que havia algo de estranho com Harry. Bom, mais estranho do que o normal. E mesmo conversando com outras pessoas que passavam por ali, ela não tirou a atenção de cima dele. Foi quando estava devorando um sanduíche, com um curioso formato de crânio, que notou a transformação. De alheio, Harry passara a atento e cuidadoso. Uma mistura interessante e inédita, no entender da garota.

“O que diabos ele esta fixando assim?” Bastou um pouquinho de paciência para seguir os olhos de Harry diretamente para certa fada rubra.

Ahhh... ela não estava vendo aquilo...

- O que foi isso? – perguntou cuidadosamente, dando corda antes de puxar.

- Isso o quê?

- Esses olhares.

Harry se voltou para a amiga, que tinha uma expressão encantada.

- Não tenho a menor idéia do que está falando.

- Você estava olhando para a Ginny, sua detestada prima Ginny, seu alvo de sarcasmo e desdém, a garota ruiva conversando com Cedric Diggory. – um sorrisinho divertido foi se desenhando no rosto de Hermione. – E, se não me engano, ela estava tentando... não olhar pra você.

Harry parou com seu copo a meio caminho da boca, agora fitando Mione atentamente.

- Ela estava? – ele perguntou inquieto, sem se conter.

- Ah, não sei... – ela foi deliberadamente malvada - com essa luz maluca, eu bem posso ter me enganado.

Mas Ginny realmente tinha relanceado os olhos algumas vezes. Só que o melhor de tudo não fora isto, mas sim o tom ansioso que Harry acabara de usar. Foi isto o que fez o sorriso de Mione se rasgar de um lado a outro.

- Ora, ora, ora... Posso jurar que nunca vi este olhar no seu rosto, Harry. O que foi? Tem alguma coisa atiçando o seu interesse? – e devagar ela abriu bem a boca, numa paródia de choque – Oh, meu Deus, tem alguma coisa te tornando humano?

- Engraçadinha. – ele fechou o semblante e recolheu novamente suas emoções, fechando à chave sua concha.

- Então, o que está acontecendo entre vocês?

- Vou fingir que não ouvi esta pergunta.

- Tudo bem. – ela esperou exatos três segundos. – Então, o que está acontecendo entre vocês?

- Quais as chances de você me deixar em paz?

- Poucas.

Percebendo que não ia se livrar, Harry resolveu ser rápido e impessoal.

- Eu costumo olhar pra garotas bonitas. – ele deu de ombros. – Já devia saber disso.

- Oh, isso quer dizer que você acha Ginny bonita? – perguntou fechando o cerco.

Harry arqueou uma sobrancelha, malvadamente. Mas ao contrário de se retrair, Mione continuou derramando seu bom humor:

- Imagino que isto seja um sim. Um belo sim. - ela deu uma alegre dentada em seu sanduíche, mastigando com um sorriso tão satisfeito que fez Harry ter muita dificuldade em não bufar, exasperado.

Hermione nunca tinha visto nada remotamente parecido com aquilo. Quando Harry admirava ou flertava com alguma garota, bonita ou não, não usava aquela expressão cautelosa, olhares esquivos, como se estivesse se escondendo, e muito menos tinha aquele brilho confuso de anseio e desamparo. Ela mastigou o sanduíche com mais vigor, animada. Estava disposta a mudar suas convicções, talvez Harry e Ginny pudessem mesmo se acertar. Mas se a ruiva fosse metade arisca do que era Harry, então Mione tinha que esquecer suas prevenções e ter uma conversinha com Lizzie. Urgentemente.

- Oi gente. Finalmente... – um Ron meio pálido, vestido de Gladiador romano, desabou na cadeira ao lado de Mione. – O que ‘tá pegando?

Mal piscando para os cortes falsos e o sangue de fantasia, ela respondeu:

- Harry gosta de observar garotas bonitas. – era muito divertido provocar Harry sem que ele pudesse dizer nada.

- Quê? – Ron olhou rapidamente de um para o outro, fazendo o elmo balançar precariamente sobre sua cabeça.

- Pergunte a ele. – Hermione não diminuiu um milímetro do sorriso. – Você gosta de observar garotas bonitas, não gosta, Harry?

- Ron, quer escutar um conselho de amigo? – Harry se levantou muito tranqüilo, muito poeta sombrio, mas com uma veia pulsando delatoramente na têmpora. – Não me faça perguntas e não fique muito perto da Hermione. Ela está muito estranha.

Quando ele se foi, Ronald continuou fitando a amiga de um jeito curioso. Ela não voltou ao assunto, mas parecia bem satisfeita com alguma coisa. Será que era efeito do ponche?

- Ron? – ela falou olhando na direção da garota ruiva.

- Diga.

- Sabe como dois porcos espinhos se beijam?

Ele apertou os olhos de leve, recuperando um pouco da cor nas bochechas.

- A pergunta não seria: como dois porcos espinhos fazem amor?

Mione rolou os olhos, o ignorando.

- Então. Responda. – ela insistiu.

- Com muito cuidado. É a resposta adequada para qualquer uma das possibilidades.

- Exatamente. – ela sorriu muito bem humorada. – Com muito cuidado.

- Harry tem razão, você está estranha.

Mas ela apenas riu, terminando seu sanduíche com uma dentada colossal.

- Agora me diga, - olhou para ele de relance - porque chegou aqui tão esbaforido?

- Você notou?

Ela arqueou uma sobrancelha, sem se dignar a comentar que notava tudo o que vinha dele. Inclusive o saiote romano, curto e assim... generoso.

- Ah... – ele gaguejou, parecendo novamente alarmado com algo. - Alguém... porque... Porque ninguém me avisou que iam infestar a entrada do salão com aquilo??

- A palavra não é infestar, mas sim enfeitar. – então ela soube. - E são aranhas de mentira, Ronald.

- Não sei não. - ele arrancou o elmo, olhando desconfiado em direção a entrada do salão. – Me pareceram bem realistas e eu é que não fiquei por perto pra descobrir.

Ela tentou não prestar excessiva atenção ao modo como os fartos cabelos ruivos se soltavam, fazendo suas mãos estremecerem de vontade de tocar as mechas sedosas, ajeitá-las atrás das orelhas dele, ou até mesmo... as desmanchar ainda mais com seus dedos ansiosos. Hermione piscou, afastando aquela visão tentadora da mente.

- Mas... como foi que você entrou?

- Hum - ele titubeou, - debaixo da capa do Malfoy.

- Capa? – ela mordeu os lábios tentando evitar um princípio de riso.

- Ele... – Ron se amaldiçoou por nunca conseguir mentir à ela. – Ele veio de vampiro.

Hermione explodiu na risada imediatamente, imaginando a cena em detalhes: o bravo gladiador, com sua espada brilhante atada à cintura, e corajosamente coberto pelo sangue dos seus inimigos, se enfiando, em pânico, por detrás da capa de um vampiro. E tudo por causa de uma aranha de pelúcia.

- Não ria, você não sabe como é isso...

- E... como... não. – ela perdia o fôlego – Você pretende... passar pela saída, na hora de ir embora? Vai grudar no Malfoy de novo? Porque eu preciso ver isso.

O ruivo ignorou a crise de risos que ameaçava sufocá-la.

- Bom, a gente sempre pode pular a janela.

- Isso... se o senhor Filch não ver. – ela segurou o estômago, tentando se controlar.

- Então, tudo bem, neste caso eu posso me enfiar debaixo de outra coisa. – e olhando significativamente para a longa toga da garota, ele a mediu de cima a baixo. – Quantos metros de tecido têm aí?

- Nem pense nisso, Weasley. Nem pense.

Foi a vez dele dar gostosas risadas. Mas ela não estava nem um pouco brava e, mesmo depois das risadas, um sorrisinho persistiu por muito tempo pelos cantos da sua boca.

XXX

Já tinha dançado com uma simpática múmia, embora as faixas de gaze tivessem se embaralhado precariamente nos seus pés, e também tinha pisado no pé de uma rainha egípcia, sem querer, é claro. Agora, Chapeuzinho Vermelho só precisava encontrar o Lobo Mau.

Em sua empolgação pela festa, coisa que era de sua natureza – festa e Lizzie eram palavras afins – ela não tinha deixado de procurar certa juba platinada pelo lugar. Uma atração sem sentido, sabia disso, apenas alguma coisa a ver com o reflexo da luz sobre superfícies sedosas e claras. “Ai, Lizzie, encontre logo algum lobo, antes que faça besteira.”. Mas no fundo, ela sabia bem qual lobo gostaria de encontrar.

Não foi por acaso que o choque foi tão violento.

Quando os cabelos loiros finalmente se fizeram visíveis, ela deu um sorrisinho de escárnio. Príncipe das trevas. Não tinha nada melhor pra ele usar, não? Que tal um gângster? O pai dele ia aprovar.

Já se preparava para abordá-lo com estas considerações, quando o rapaz girou em sua direção e ela notou que havia alguém ao lado dele. Alguém de mãos dadas.

Sob o borrão de luzes e cor que ela divisava, como se estivesse meio fora do corpo, Lizzie percebeu a delgada bailarina, de vestes tão suaves, quanto as dele eram escuras. Uma linda bailarina loira. O coração de Elizabeth deu uma pontada dolorosa, como ela jamais sentira na vida, como se estivesse sendo fisicamente agredida. Estava ali, parada sob a luz espocante, de frente para a graciosa Gabrielle Delacour e encarando os olhos prateados e frios de Draco Malfoy.

Ela quis fugir. Como quis. Mas estava congelada no lugar, se vendo, pela primeira vez na vida, sem respostas na ponta da língua, sem palavras afiadas. Sozinha e numa posição absurdamente frágil e dolorosa.

- Oi, Lizzie. – ele falou sem muita emoção, apenas pronunciando o nome dela de um modo como nunca ouvira.

Draco podia se mostrar sarcástico, brincalhão, abusado ou nervoso, mas jamais a tratara com tamanha distância.

“Acorda, Lizzie! Reage!”. Ela forçou um olharzinho de descaso para o casal, mas saiu muito fraquinho, sem o tempero que Lizzie punha em tudo.

- Nova vítima, Drácula? Eu só me pergunto quem é que bebe o sangue de quem. - e foi só o que suas forças puderam, antes que enxergasse o sorriso desdenhoso de Gabrielle e se mandasse dali.

Dentro do banheiro feminino, sentada sobre o sanitário fechado, Lizzie hiperventilava, achando que se o seu coração diminuísse mais um pouco, iria implodir.

Draco e Gabrielle, Draco e Gabrielle, os nomes martelavam em sua cabeça. Ambos muito belos, muito loiros, de mãos dadas. Draco e Gabrielle, beijos, mãos dadas. Mãos dadas, como namorados. Dois elfos de um conto de fadas às avessas.

Chapeuzinho vermelho tinha encontrado o Lobo Mau, afinal. O lobo do ciúme, da indiferença, que a estava devorando viva, pedacinho por pedacinho.


XXX


Se tinha uma coisa que Harry reconhecia de bom em si mesmo, era sua coragem nas ações que a vida exigia. Quando resolvia alguma coisa, se lançava a ela, decidido. E mesmo que algumas vezes este temperamento tivesse lhe causado problemas, geralmente quando agia apenas por impulso, também era assim que conseguia o que desejava. A coragem era sempre compensadora.

Então o que estava fazendo, cruzando aquele salão de um lado para o outro, como um poeta idiota, vestido de negro, sem a audácia para fazer o que queria? O que devia, na verdade.

Depois do “incidente” não voltara a conversar com ela, não voltara a estar perto dela. Estivera fazendo um cuidadoso balanço de sua vida, descobrindo que havia muitas coisas as quais não queria ou conseguiria consertar sozinho, e outras... que poderia mudar. E uma vez decididas suas prioridades, ele decidiu alterar o que era possível. Imediatamente.

E no momento, a sua prioridade era Ginny.

Se ao menos aquele paspalho desse algum espaço... Harry fuzilou as costas do rapaz, tendo o impulso de tirar as mãos dele de cima da ruiva e fazê-lo engolir o seu trompete, bem devagar. O que Cedric estava fazendo no baile? Aquela nem era mais sua escola. Ele devia estar azarando alguma caloura da faculdade e não...

A suspeita, quase certeza, do real motivo do outro estar ali, o irritou sobremaneira. Mais do que era sensato entender.

- Ah, dane-se! – Harry finalmente seguiu seus impulsos, ao menos o mais civilizado deles, indo em direção ao casal.

A música estava mais tranqüila que as demais, e pelo ombro de Cedric, Ginny observava os casais que, tal como os dois, se juntavam colados à pista de dança. Era impressão ou as pessoas estavam se portando de um jeito gozado? Por exemplo, já era a segunda olhada curiosa que recebia do sultão árabe Zabini, sendo que os olhares dos outros colegas eram bem parecidos. A ruiva notara o quanto Cedric estava sendo atencioso, deixando de lado todos os amigos e possíveis paqueras para passar a festa inteira ao lado dela. Com ela. Então a ficha caiu. Cedric e ela, grudados o tempo todo, estavam passando a completa impressão de estarem se tornando um casal, ou algo que o valha. E ela não entendeu como isto, ao invés de lhe fazer bem, a estava deixando apavorada. Ele não estava pretendendo começar um romance. Estava?

A luz diminuíra, se limitando ao globo que salpicava a tudo e a todos de pontos de luz. Uma imitação de céu. E a música se tornara ainda mais lenta, o que evitava que eles se embaraçassem muito, com seus passos trocados. O rapaz deslizava a mão devagar por suas costas, num carinho tranqüilizante. E mesmo assim, ou por isso mesmo, ela sentia-se completamente amedrontada.

- Rainha das fadas? – ele sussurrou quase em seu ouvido.

- Hum... – ela sentiu a garganta seca.

- Ah, não sei se é a hora certa, mas... – ele parecia um pouco hesitante. - Ginny...

Ele afastou o rosto um pouco, podendo fitá-la nos olhos. E quando a garota soube o que estava por vir, fez uma muda oração às fadas.

- Com licença, Cedric? Será que posso dançar esta música com a minha prima?

Os dois se voltaram surpresos, fitando o rosto tranqüilo de Harry P. Morgan.

“Ah, meu Deus...” ela nunca imaginara que a resposta a suas preces viesse daquela forma.

Antes que pudesse esboçar a mínima reação ou até negar o pedido do primo, Cedric já se afastara com um sorriso educado, mas um tanto desconfiado, dizendo que a veria mais tarde.

Quando sentiu o corpo rodeado pelos braços de Harry, Ginny se enrijeceu como uma pedra, e automaticamente olhou para os lados, buscando uma rota de fuga.

Como se adivinhasse os seus pensamentos, o rapaz a prendeu um pouco mais, procurando por seus olhos.

- Não faça isso. Me deixe apenas te dizer uma coisa... – e logo afrouxou de novo o abraço, fazendo com que ela percebesse que não era prisioneira e que poderia sair quando bem entendesse.

Foi uma boa decisão, porque ela se descobriu menos alarmada e, por isso mesmo, com a guarda um pouco mais baixa. Bem... talvez não tão baixa.

- Eu não tenho idéia do que você ainda pode ter pra me dizer. – falou ao primo com o timbre carregado de farpas, estando ainda magoada com a sessão de beijos recentemente trocada e o resultado deprimente da mesma. - Só sei que não tenho a menor vontade de escutar.

- É só um momento. - Harry parecia ter toda a paciência do mundo, falando numa voz suave, que demonstrava não se incomodar com o quanto ela pudesse ser ríspida. – Só um momento e depois você está livre pra voltar para o Cedric, se quiser. Por favor, Ginny.

“Por favor?”, ela se surpreendeu. Tinha escutado “por favor” da boca dele?

E tomando seu silêncio como permissão, Harry respirou fundo para a, até então, missão mais difícil de sua vida: se desculpar.

- Não tem desculpas para o jeito que eu venho agindo com você. Eu sei disso. Principalmente naquele dia depois da aula.

Vendo que ela tirava os olhos, estremecendo, Harry parou um pouco, tentando encontrar as palavras corretas, que eram muito mais difíceis de serem articuladas por ela estar tão próxima, balançando suavemente em seus braços.

- Eu não tinha o direito de ter feito o que fiz e você teve razão em algumas coisas que me disse.

Ela o encarou imediatamente.

- Muitas coisas. – ele consertou, honestamente. – Tinha razão em muitas coisas, Ginny. Eu não queria ter feito... – e ele se calou de novo, confuso.

O que não queria ter feito? Beijá-la? Dizer isso seria uma mentira grande e gorda. Harry soltou um resmungo baixo diante do olhar atônito da garota.

- Não queria ter passado dos limites e feito você se sentir tão mal. Não queria ter feito você se arrepender do que aconteceu. Não queria que... Eu só queria que soubessse... Eu não sou tão insensível quanto pensa. – e neste momento foi ele quem quase tirou os olhos, embaraçado - Sinto muito, Ginny. Mesmo. Você não tem a obrigação de me perdoar, mas eu precisava te dizer. Naquele dia, debaixo do carvalho... talvez não tenha sido especial apenas para um de nós.

E sem que ela pudesse dizer qualquer palavra, ele deslizou os braços para longe de seu corpo, o movimento fazendo-a se arrepiar como se mil gotinhas de gelo escorressem por sua pele.

Antes de dar as costas, Harry ainda se arriscou, com um sorriso arteiro:

- Fada foi uma fantasia interessante, mas prefiro você sem o disfarce.

- O que quer dizer? – sua pergunta foi feita num sopro, como se arfasse.

- Somos bruxos, Ginny. Você e eu. – e com uma piscadela, ele se retirou.

Ginny permaneceu parada, presa à surpresa de tudo o que ouviu e presa ainda mais ao que não foi dito. O modo como Harry a olhou. O modo como a sentiu.

Ela estava numa encrenca, não estava?

Foi Chapeuzinho Vermelho quem a encontrou, pouco tempo depois. Uma Lizzie pálida, frenética, de mãos geladas.

- Venha depressa, garota. – por trás dela, Ron e Mione tinham os mesmos semblantes assustados. – Eu estava no banheiro quando o celular tocou...

- A bisa. – Ginny disse sem titubear. - Aconteceu algo com a bisa.

E momentos depois, personagens históricos, de contos de fadas, deuses e heróis da antiguidade, se precipitaram numa nuvem de pressa e temor. Todos esquecidos de seus problemas, todos atemorizados, correndo velozes pela noite das bruxas. Todos em busca de Eugênia Morgan.


XXXXXXXXXX


N/A: Não vou começar falando sobre o baile, embora eu o tenha amado, aproveitado e sofrido tanto quanto os meus garotos. Mas vou começar comentando sobre uma leitora, uma que me deixou em estado de graça com sua delicadeza: Diana Lara, muito obrigada pela homenagem, querida, e saiba que eu sei SIM de sua presença, e tenho a plena consciência do quanto leitores como vc são essenciais (acho que estou falando em nome de todos nós, que escrevemos e que precisamos tanto do suporte de vcs). Beijo imenso, querida.

Neste e talvez nos próximos capítulos, vou me valer da ajuda da minha querida Sil, que inventou o apelido perfeito para o Draco, e tão gentilmente me emprestou. SIL, valeu pelo empréstimooooo!!! “Drácula” é sensacional. Que sorte imensa que somos amigas e pude ter pedir este descarado favor. XD À propósito, está se lembrando do “meu cachorro”? Abusada... Rsrsrsrsrsrsrs

Sobre o poeta que Harry encarnou sem querer: Lord Byron foi mesmo um importante poeta do séc. XIX . Nobre inglês, era muito belo, de temperamento difícil (com muitos escândalos em sua vida pessoal) e realmente... manco. E o Harry desta fic também tem suas deficiências, não no físico, mas na alma. A estrofe do início vem do poema de Lord Byron, “À M.S.G.”, que, neste caso, poderia ser interpretada da seguinte forma: “À Morgan.Suave.Ginny”. Ah, eu não ia deixar escapar uma coisas destas. Rsrsrsrsrs. O poema completo está no meu Multiply. (Fotos de Billie Holiday e Byron também!)


Agradecimentos especiais:

Miaka: O Harry esteve passando por momentos difíceis quase que a vida toda, e quando percebeu que tinha algo muito errado (a Gi o ajudou a notar), ele se descontrolou, até o momento em que enxergou o nó em que estava metido. E pelo visto, ele quer tentar mudar. Vamos desejar sorte, mesmo sabendo que não será fácil. XD Beijos, querida.

Livinha: Irmãzinha, espero que tenha gostado do baile. Ufa! Fazer festa é fogo, só os convidados é que se divertem. ^^ Obrigada por dividir comigo a ansiedade e a empolgação dessa festa. Foi muito bom te ter no processo de decoração. Rsrsrsrsrsrsrs E agora, entendeu pq nem tudo serão flores para Lizzie? Acho que vai ter gente querendo “estacar” o Conde Drácula depois desta. Bejim, mana.

Lis.Strange: Ih, querida, eu te entendo perfeitamente. Quando um cap demorado é postado, fico feliz, mas morrendo de pena de ler. Mas viu como este não demorou? Estou até boba, sem acreditar até agora. Rsrsrsrs Melhor assim. E não me mate pela Lizzie, foi tudo culpa do Draco. Mas não mata ele também não... Mata a Gabrielle! Morte à bailarina ordinária! XD Mas também tivemos boas coisas, né? Um beijo e inté.

Michelle Granger: Como eu ri dos saltos ornamentais... * imaginando Michelle Daiane dos Santos. Ahuahuahuahuahua! Espero que tenha gostado da festinha, mesmo com um final tão sombrio. Beijo enorme e, claro, te amo. ;-*

Sophia.DiLua: E é uma delícia ler coments como o seu. Beijo, querida. Espero que tenha gostado deste também. :-)

Macah Potter: É, Molly deixou a ruivinha ir morar com a família, mas como podemos imaginar, não a deixou sem vigilância. Molly ‘tá de olho! Mas o Harry também. XD Bjossssssssss

Sally Owens: Quando vou responder às reviews é quase tradição, sempre começo ou termino com a sua. É que é muito difícil dar um retorno à altura, demonstrar o quanto o que diz é importante pra mim. Fiquei tão contente quando falou sobre os papéis que a gente resolve desempenhar na vida... E não porque esta fosse minha intenção, mas porque tinha me escapado. Seus comentários, sem dúvida nenhuma, estão me ajudando a escrever. Adoro poder viajar de lá pra cá, entre as minhas e as suas estórias. Um beijo todo especial e muita luz pra vc também, irmãzinha.

Sil 17: Querida, novamente, muito obrigada pelo empréstimo do apelido. Prometo que a Lizzie vai usá-lo muito bem. XD. Quanto às emoções, reconheço que é o terreno onde me sinto mais à vontade. Coisa em que também te acho mestre, amiga. Agora resta ver os caminhos que o Harry vai escolher, tentando crescer. Como na vida, não será muito fácil. E quanto aos frutos do meu trabalho... que responsabilidade. Saiba que estarei dando duro pra não desapontá-la. Beijos enormes.

Hannah Burnett: Verdade que eu te faço rir? \o/ Eu me acho que nem aquela frase de um dos gêmeos, sobre o Percy: “Não saberia reconhecer uma piada nem que ela dançasse pelada na frente dele (no meu caso, escrever uma piada. hihi). E a inspiração do primeiro beijo do Harry eu tirei de um depoimento de um garoto, nem sei onde. Foi verídico! O menino foi atacado mesmo! E gostou. Ahuahuahuhauahua! E que coisa linda: o coração gelado como o do Peter Pan. Vamos ver querida, vamos ver. Beijos

Lilly: Fique à vontade com o Geo, querida. E a Gi é como eu imagino que seria uma garota inexperiente, mas com muito amor próprio e assertividade. Ela se respeita. E este é um exemplo pra gente seguir por toda vida. Garotos vem, garotos vão (e vice-versa), mas nós ficamos. E vou encaixar mais dos outros casais com o decorrer da fic, não se preocupe (nada de só água com açúcar). Beijo enorme.

Ana Karynne: Obrigada pelo carinho pela fic, querida. E a Gi se respeita muito mesmo, é uma das coisas que mais gosto nela. Espero que tenha se saído bem nas provas e já esteja de férias. Bjos.

MárciaM: Poderosa, nesse sapinho eu também pulava de cabeça. Hihihi (*Geo imaginando o Harry da mente dela, bem diferente do Dan Radcliffe, diga-se de passagem. Seca a baba. XD). A reação da Ginny foi explosiva justamente por ter sonhado tanto. Típico dos muito jovens ou apaixonados. Mas a reação foi o modo de mostrar que a ruiva tem os seus limites e é melhor não ultrapassá-los. Beijo enorme, querida.

Paula Nscimento: Paulinha, agora que está lendo o livro acho que também vai se apaixonar por Nova Orleans. Essa paixão é quase um vírus, não some. Hihi. O que mais me encantou não foi o espírito, mas a estória familiar. E que vou tentar passar é justamente isso, as vidas destas pessoas de mesmo sangue, e tudo com uma pitada de bruxaria, pq ninguém é de ferro. XD Obrigada por tudo. Bjussssssssss

Amanda Regina Magatti: Menina, essa aula de Biologia rendeu! Rsrsrsrsrsrs E eu mesma fiquei me perguntando o tanto que continuaria bom se o Harry não fosse tão afoito. Hum... nada mal. E não sei não, mas acho que tem muitas fichas caindo por este capítulo. Beijão.

Isa Kolyniak: Puxa, querida... seu coment é o sonho de qualquer escritor. Saber que as sensações te acompanharam deixou meu dia mais colorido também. XD Tenha a CERTEZA de que são vocês, os leitores, quem passam toda essa energia boa, que faz a gente morrer de escrever, varar madrugadas (é, isso aconteceu mesmo neste cap. Hehe) e ir dormir dolorida mas feliz. Um beijo estalado e grato.

Anderson Potter: Querido, não se preocupe por não ter lido os livros, a fic não vai precisar deles para ser entendida. São universos semelhantes mas estórias distintas. E valeu pelo carinho. Bjo.

Gina W. Potter: Sim, impostores sentimentais são mais comuns do que se pode imaginar. O importante é identificar e tentar mudar enquanto é tempo. ^^ Obrigada pelo apoio, querida, é muito importante saber que tenho vocês. E vamos seguindo e esperando que nossas crianças se acertem. Beijos enormes.

Gê Black: Ai, vocês estão me deixando mal acostumada... ^^ E se eu conseguisse acompanhar minhas idéias a fic já estaria prontinha. Mas como não tem jeito, vou aplacando a fome de leitura de vcs da forma que eu posso, às vezes rápido, às vezes lerdo. ;-) É muito gostoso saber o quanto está curtindo a fic. E me chame de Geo, sem problema, tá? Beijo, beijo e beijo.

Mayana Sodré: E eu juro que fiquei ao menos o mesmo tempo tentando encontrar um meio de te agradecer. Fico radiante, querida. Mesmo. E o teatro já está baixando suas cortinas, percebeu? Obrigada e muitos beijos pra vc.

Dani Will: Aqui está! Pra vc ler e, se Mérlim quiser, continuar querendo mais. :-*

Milinha Potter: Sabe, querida, pensei muito sobre o que disse, receando que a fic possa estar muito complicada. Eu sei que a maioria dos leitores de fics é muito jovem, alguns até crianças, mas cheguei à conclusão de que, infelizmente, não conseguiria mudar meu modo de escrever, seria me trair como criadora, sabe? Mas vc pode contar comigo para esclarecer qualquer coisa que precisar. E não se subestime, às vezes sou eu quem me envolvo demais e complico um pouco as coisas mesmo. Obrigada por, mesmo assim, estar me acompanhando e curtindo. Beijão.

Roberta Villar: E a cura continua vindo. XD Feliz que tenha gostado. Um beijo, querida.

Pandora Potter: \o/ Leitora nova! Obrigada pelo carinho, viu? Fico contente que gostou da lavada que a Gi deu no Harry. Vc está certa, ele tem que aprender a tratar uma garota. Vamos ver como ele se sai. Bjuxxxxxxxxx

Sônia Sag: Ahuahauhauahua! Sai das tachinhas, amiga! Sem penitências, pq a santa aqui é de barro. Agora, imaginar o Harry se lambuzando... é miga, até eu achei interessante. ^^ Adorei que tenha gostado do lance dos X-Men, cultura pop, achei que era a provocação perfeita para uma amante de livros. Rsrsrsrsrs E veja, só, até que as “tachinhas” ajudaram. Fiquei com tanta pena que postei rapidinho. XD Beijo imenso, querida.

Paty Black: Mariaaaaaaa... Eu adoro os seus comentários. Rsrsrsrsrs Os Morgan são o “Ó”! Ahuahuahua! E a Gi é a princesa, ou fada, ou bruxa, nem sei mais. Hihihi. E meu Harry é safado, é? Hum... acho que tem razão, ainda mais que quando está com ela, o coitadinho perde o controle e aí já viu. Loucura, loucura, loucura. XD E me aguarde, mana, os amassos estão apenas começando. Beijooooooooooooooo na bundaaaaaaaaa

Pamela Black: Ai, Pam. Puxa... Vou te dizer, tive que reler seu coment umas vinte vezes. E cada vez era melhor que a outra. Que carinho no ego, querida! Por mim, vc pode escrever na página toda. Amo reviews gigantes. XD Agora, AI QUE BOM! Vc entendeu o quanto o Harry é carente e o quanto o fato dele ser inseguro o faz meter os pés pelas mãos. *Geo feliz, feliz. Agora vamos torcer pra Gi dar o colo que ele pede e também os tapas que ele precisa. Beijos mil.


Obs: Não tenham medo de comentários, pessoal. Eles incentivam e norteiam.
Portanto... dedinhos à obra.

Beijo grande da amiga,
Geo.

SOBRE HP 7: VAMOS NOS UNIR NUMA CORRENTE: TORCENDO POR UM FINAL FELIZ!

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