Cp47 Uma passagem para a Índia

Cp47 Uma passagem para a Índia. (ou O ovo recebido de mãos alheias.)

-Harry!- Thonks gritou da porta.- Dumbledore quer falar com você!!

Lançou um olhar á casa... a janela da biblioteca estava fechada... com um longo suspiro entrou.

-Ah sim, SR e Sra Patil, Harry.

Conhecia a mãe das gêmeas da enfermaria, mas o pai delas, só via agora e era um homem alto, magro de pele escura e olhos que pareciam muito espertos, a Sra Patil lembrava muito as garotas, mas era baixinha, magrinha e parecia assustadiça.

Não sabia porque mas lhe lembrou a mãe do Crouch.

Ou isso era coisa do Dumbledore, se olharam, Dumbledore sorriu... Véio maluco!

Após cumprimenta-los sentou-se.

-Bom, o Sr Patil me disse que Voldmort conseguiu acesso por meio de portais para a Ilha de Páscoa, Antilhas, África... sem sucesso.

-Sim já sabíamos que ele esteve na África.- concordou.

-Agora, temos urgência em encontrar os artefatos antes de Voldmort... mas Harry você tinha um bom motivo para fazer um pedido.

E claro como água, Harry percebeu algo que Dumbledore só percebera ao receber suas memórias, porque agora ele concordava plenamente.

-Você precisa de uma chave de portal para a Índia estou certo?- perguntou o senhor Patil.

-Sim, mas precisamente na região de Madhva, cidade de Khajur...

-Hum... aquela região é muito vigiada por causa do Templo de Shiva.- disse a senhora Patil

-É exatamente lá que preciso ir.- disse a olhando.

-Impossível... os seguidores do Templo são muito rígidos quanto a visitas.

-Isso não importa... eu só preciso ir até lá.

-Na verdade.- disse o Sr Patil.- Podemos arranjar isso.

-A chave?

-Não, uma visita ao Templo, você deve ter percebido, nossa família vem da Índia... tenho parentes bruxos que servem no Templo, creio que posso ir e arranjar uma visita, para que exatamente precisa ir lá?

Trocou um olhar com Dumbledore que discretamente concordou.

-Existe lá um lugar chamado a sala das almas... é lá que tenho que ir.

A Sra Patil pareceu incomodada.

-Acho que posso arranjar, ou tentar pelo menos. Podemos ir quando quiser.

-Devemos ir amanhã cedo, quanto antes melhor.- disse Dumbledore.

-Certo amanhã de manhã providenciaremos uma chave de Portal para a Antiga Khajur.

-Maravilhoso, agradeço muito, Harry eu gostaria de falar mais com você.- disse Dumbledore.

Os dois bruxos deixaram a sala. Dumbledore o olhou.

-Eu vi, me lembrei de algumas de suas lembranças...

-Isso é meio confuso não? Nem sei mais o que é minha lembrança, de Voldmort ou sua...

Dumbledore sorriu.

-Creio que algumas pessoas devem ir com você.

-Rony, Luna... Draco.

-Hermione... Gina... Neville. Isso os afeta também...

-Professor, você tem a lembrança do que minha mãe falou?

-Em partes...

-O que significa... Eternum Danae?

-Um feitiço poderoso... na verdade uma maldição... mas isso não é importante Harry... ele lhe garante uma vida longa... gostaria que Morgan acompanhasse o grupo, Talvez Sirius.

-Não creio que deveríamos ser muitos... pode ser perigoso não?

-Sim, estamos ainda sob perigo de ter um espião dentro da Ordem...

-E sobre as armas... porquê da mudança de plano?

-Talvez porque essa seja a pista que Voldmort não tem...

Novamente parecia que Dumbledore sabia do que ia falar, mas dessa vez isso não o aborreceu... afinal era um fato da vida, Dumbledore saber mais do que dizia era como chuva de verão e neve no inverno... impossível de evitar... então para que se chatear?

Até isso o irritar... aí não haveria boa vontade que o impedisse de encher o bruxo...e sabia que Dumbledore por sua vez acataria isso como fato da vida... então para que se incomodar?

Haviam coisas mais incômodas... como a vontade de sair no tapa com Krum que não desgrudava de Hermione, juntamente com Maya... o que era? Um harém búlgaro? Só faltava as duas outras se juntarem a eles e com desgosto viu após o almoço, as gêmeas se juntarem a ele( e achava que as Hellsing fariam isso, mas as mais velhas estavam ocupadas com Carlinhos e Draco e a mais nova parecia entediada). Voltou a assentar-se no sofá diante da lareira... tinha um negócio por lareiras... se pegou pensando... eram boas, relaxantes, não ficavam de frente para quatro garotas e um búlgaro com taturanas no lugar da sobrancelha...

-Hum... oh deuses...- sussurrou Morgan em seu ouvido.- Você tá secando o Krum também? Não, porque tem um monte de garotas legais e interessantes... não precisa mudar de time...

-Vá se danar Morgan!- disse alto, se fingindo magoado.

O grupinho os olhou, e não se importou nem um pouco com a cara de desagrado de Hermione que disse algo e saiu da sala., seguida do búlgaro e seu harém particular...

-Ah... que bom, que há indignação em seu protesto... achei que íamos perder um homem por aqui.- ela falou um pouco alto olhando para Sirius.- São tão poucos nesse lugar...

-Não reclame Morgan.- Sirius disse sério ainda olhando um pergaminho.- Você disse para eu ficar longe... e eu estou obedecendo... isso é raro. Aproveite.- disse com um sorriso maroto.

Puxou a veste da ruiva que o olhou.

-Cuidado Morgan... olha essa falsa cara de santo... eu me cuidaria hein...

-Harry... resolve os seus problemas com as garotas...- rosnou Sirius.

Sorriso maldoso, puxou Morgan pra mais perto.

-Mas isso é fácil... essa aqui já me ama.

Sirius estreitou os olhos, e virou o rosto com um falso ar arrogante e fingido.

-Sério... que mal gosto... pode ficar...

-Ah, Black... posso?- disse Morgan sentando no colo de Harry.- Eu adoro esse garoto!

-Cuidado Almofadinhas... esses dois aí não são confiáveis... são pior que você e o Pontas na época de escola...

-Isso é impossível Aluado...

Sirius estreitou os olhos para Thonks que estava rindo.

-Harry... se continuar fazendo esses feitiços em mim vai se arrepender!! SEU PAI ERA O VEADO!! ELE É QUE TINHA CHIFRES!!

-Ah Siri... combina…- disse Morgan.- Cuidado... cão raivoso!

-Qualé Sirius! Você não faria nada com o seu afilhado não é?- disse sorrindo.

-Mas tem uma diferença muito grande quanto ao cara que me põe chifres literalmente!!

O gato saiu fugido de um cão definitivamente estranho com uma galhada na testa... Morgan, Remo e Thonks quase morreram de rir, melhor ainda quando a tropa Weasley entrou na casa e Harry foi capturado... sobrou arranhão, mordida e esquilos em fuga... o outro cão (Rony) acabou na briga por motivo ignorado, provavelmente por solidariedade ao cão com chifres... coisa canina.E no meio da bagunça Snape, Moody e Mundongo quase foram atropelados ao entrar na sala.

-Se acertar minha perna de novo Black vai ter coisas piores saindo de sua cabeça.- disse Moody.- O mesmo pra você Weasley...

-Ah... Seria bom se você estuporasse o Potter, Moody, talvez a algazarra parasse.- disse Snape sério.

-Eu precisava mesmo falar com vocês.- disse Mundongo baixo para os esquilos refugiados em seus ombros.

-Isso foi baixaria do Moody...- disse Sirius com tentáculos saindo da testa.- Dá logo um jeito nisso!-Fungou para Lupin.

-Eu devia deixar os dois assim.- Lupin sorriu olhando a testa de Rony de onde saiam alguns espinhos.

-Eu nem sei porquê entrei nessa... foi o Sirius que atropelou o Moody na saída!- reclamou o ruivo.

-Mas eles exageraram... apagaram o Harry direitinho...- disse Morgan com o gato arrepiado e desmaiado no colo.- isso não é saudável!

-Ele tá só apagado Morgan... como isso não é saudável?- disse Sirius dando um tapa no próprio tentáculo que se enroscava em sua garganta.

-Quem disse que eu estou falando dele?- Morgan segurou o gato pelas patas da frente.- Não é saudável para a gente que vai aturar o Harry de mau humor depois! Ei olha isso... gato dançante!-Disse ela fazendo ula-ula com o gato desmaiado.

Lupin se desconcentrou e em vez de remover os espinhos da cara de Rony fez crescer antenas de caracol no lugar...

-Ah... eu queria tirar uma foto disso!- disse Sirius.- Faz ele dançar o can-can...

-Sirius... eu tenho o mínimo de amor a vida...- riu Morgan.

-Isso é a maior infantilidade que vi na minha vida...- disse Hermione ao ver Morgan no banheiro tentando abaixar o cabelo BlackPower que ganhou assim que Harry descobriu que além de dançar o can-can, Morgan tinha feito ele de marionete até Rony ficar com olhos de mosca no quarto erro seguido de Lupin...

-Eu não sei se a infantilidade maior não é ficar fugindo de alguém por motivo ignorado.- disse Morgan.- Não sou do tipo que se intromete, mas sinceramente, não te dói a consciência?

-Devia doer na sua...

-Na minha Hermione? A briga por minha causa foi a um bom tempo... se me lembro, e só porque ele foi burro o bastante para dizer a verdade.- disse saindo do banheiro.- E sabe de uma coisa Mione? Poucos são homens pra fazer uma coisas assim... a maioria prefere mentir mesmo.

Hermione se virou e olhou-se no espelho, encontrou os duros olhos violeta da bruxa.

-Você é uma mulher inteligente Hermione Granger... agora seja uma mulher sincera consigo mesma.

-Nós vamos para ONDE?- perguntou Sirius.

-Índia... -confirmou.

-Por causa do livro.- disse Lupin.

-Exato, para seguir uma pista do livro.

-Ah... isso vai ser legal, país superpopuloso...

-Não é lá que eles comem os cães é?- perguntou Rony.

-Não, isso é a China.- disse Hermione.

-Graças a Deus.- disse Sirius.

-Na Índia a vaca é sagrada.- Hermione completou.

-Moo.- disse Morgan coçando o cabelo.

-E porquê diabos eu tenho que ir?- Draco perguntou.

-Carregue a Hellsing com você.- disse Rony.

-Cale a boca Weasley.- retrucou o loiro.

-Espere o pai simpático dela saber disso.- Thonks disse.

-Mas felizmente o Senhor Hellsing está muito ocupado acabando com vampiros desgarrados.- Lupin disse sério.

Todos o olharam.

-Quê foi?- Ele perguntou.

-Nada não... é que é tão difícil ver você falando algo assim de alguém...- disse Sirius

-Mas eu concordo ele pode ficar ocupado por muito tempo.- disse Draco.

-É porque o pai da namorada estando longe...- sorriu Morgan.

-Vão se catar...- disse Draco.

-Isso não devia ser uma reunião?- perguntou Hermione.

-Não.- Harry respondeu.- Era só um comunicado. Acho que estão todos dispensados se tem coisas mais importantes a fazer.

-Graças.- disse ela se levantando.

Malfoy também saiu fugido da sala, com Rony atrás tirando com a cara dele.

-Morgan... vacas tem chifres.- sorriu Sirius.

-Oh Deuses! Vira essa varinha pra lá minha cabeça ainda tá coçando da azaração do Harry!!

-Se quiser ajuda Sirius.- Harry disse ajudando Lupin a dobrar os mapas.

-ACHEI QUE ME AMAVA!!- Morgan gritou indignada.

-Gatos não são fiés como os cães... viu?- Sirius disse fazendo mira com a varinha.

-Oh... não... não duelem aqui! Morgan!! SIRIUS!!- Luin puxou Tonks pelo decote para trás da escrivaninha.

O clima voltara ao normal mais tarde quando na manhã do outro dia o grupo escolhido com mochilas nas costas se encontrou na sala com o Sr e Sra Patil (muito felizes e agradecidos com o fato das filhas não entrarem nessa...) Marco ainda fungava num canto com sua mochila depois de quase levar uma surra de Harry que não o deixaria ir...

-Não sei porquê inferno tenho que ir Potter!- Daco voltou a reclamar.

-Porquê você é meu tradutor oficial de Latim...- Harry respondeu num sorriso falso.

-Estamos prontos.- disse Rony abraçado a Luna.

-Nós também.- disse Gina ao lado de Neville.

Só faltava Thonks pedindo para ir também... mas aquilo não era festa de casais... era só ver o fato de Hermione se enfiando entre Sirius e Lupin... Sirius lhe deu um sorrisinho besta.

-Todos prontos!- sorriu Dumbledore.

-Sim senhor... chave de Portal para Khajur...- disse o Sr Patil mostrando a vassoura.

-Casa dos Patil...- disse Morgan conferindo um papel, perto da cidade... exatamente.

-Estamos prontos?-perguntou.

-Khajur!- disse a senhora Patil.

E Harry apenas sentiu um empurrão nas pernas antes de sentir o puxão típico das chaves de portal que tanto aprendera a odiar.

No segundo seguinte estavam no meio de uma sala, ou seria salão e o ar abafado parecia um baforejo de Dragão.

-Hum... esquecemos do detalhe que aqui é verão.- Comentou Hermione.

-Que maravilha... estou um quilo de casacos de lã na minha mochila de graça?- disse Draco.

-SEU MOLEQUE DESGRAÇADO!

Quando o olharam, apenas suspirou erguendo o fedelho pela orelha.

-MARCO SEU...- começaram.

-Moleque desgraçado... eu já sei!- disse o garoto de braços cruzados.- Harry... minha orelha!!

-Eu vou arranca-la e faze-lo comer!! – disse Harry o puxando para cima.

-Ai...

O som de uma tossida e todos fizeram silêncio.

-Olá.- disse Morgan.

-Olá... vocês são os que vieram da Inglaterra suponho... bem vindos...

-Você é?- perguntou Sirius com um largo sorriso.

-Midrva.- sorriu a moça, que parecia a versão estendida das gêmeas Patil.

-Sim, Midrva Patil...

-Morgan Gravehearth eu suponho... Meu irmão avisou que viriam, podem me acompanhar.

-Fala inglês fluentemente.- observou Hermione

-Sou inglesa...- respondeu ela.- Me mudei para cá com meu noivo.

-Ah...

-Preparamos quartos... ah, não me digam que vocês só trouxeram roupa de inverno...

-Infelizmente.

-Mas entrem... não se preocupem, estão em casa... bom em casa até irem para o barco.

-Barco?

-Sim... o templo de Shiva fica no meio do rio Godvha.

-Mas ele não fica no distrito de Khajur?- perguntou Hermione tirando um mapa.

-Ah, aquele é para os turistas... o verdadeiro templo fica no meio do rio...

Hermione suspirou e rasgou o mapa.

-Que perda de tempo...

A casa dos Patil era em tudo inglesa, mas a Inglaterra havia colonizado aquela parte da Índia com mais força segundo Hermione, por isso era tão comum famílias inteiras de bruxos falarem um inglês fluente.Não houve demora para se alojarem, esperariam para sair depois do almoço...

-Sabe qual o seu problema... a barriga.- disse Luna para Morgan.

-BARRIGA?! EU NÃO TENHO BARRIGA...

Os rapazes apenas reviraram os olhos, na sala ao lado, as garotas tentavam, um pouco em vão, se acostumar aos Sari (aquela roupa das mulheres indianas) para suportar o calor...

-Não isso!- riu Luna...- Está muito solto na barriga.

-Luna... um comentário desse na minha idade mata!

-Já que estamos perdendo tempo.- disse Neville.- Porque não damos uma volta pela cidade?

-Podemos não?- Marco se debruçou pelo janelão.

Abaixo havia uma típica rua de feira indiana, com turistas, que haviam aos montes na região, já haviam escutado françês e alemão na algazarra de anúncios de jóias e tecidos, bem como o cheiro estranho de comida.

-Não... mesmo que a gente fosse... você não vai!- disse sério.

-Vou te arranjar mais cabelos brancos e um xale... você anda parecendo minha vó... e ela era pior que a minha mãe...- disse Sirius, estendido no meio das almofadas da sala.

-Do jeito que a banda toca, ele some no meio da feira... ele é pior que vocês no tempo de escola.- disse apontando Sirius e Lupin.

-Não me meta em discussão de família Harry...- sorriu Lupin.

-Ah... Calem a boca...- Draco disse encostado na parede empurrando uma peça do jogo de xadrez que Rony trouxera.-Estou com dor de cabeça.

-É o boneco de neve aqui está derretendo...- riu Rony.

-Vai se catar Weasley... esse lugar é o inferno...

Não ia descordar de Draco, realmente estava morto de calor e a imagem do lago congelado de sua casa era tentadora... na verdade mesmo com as roupas transfiguradas em camisetões e calças leves o calor era absurdo.

-Sabe um passeio não vai mal.- disse Sirius.- Eu queria esticar as pernas.

-Se mandem...- disse se recostando mais, já que pelo menos tivera a sorte de ficar bem no meio da única corrente de ar... mesmo ela sendo morna.

Acabou adormecendo.

Só acordou quando uma sacola foi jogada em sua cabeça.

-Presente bela adormecida!!- Morgan disse sorrindo.

Abriu a sacola e olhou algumas coisas de dentro, antes que comentasse viu Draco correndo.

-Weasley tira essa doida de perto de mim!! Eu vou azarar essa maluca.

-Qualé Malfoy... fugindo... isso nem dói.- riu Rony.

-Pelo que é mais sagrado...- se levantou.- Qual o problema da doninha maluca?

-Compraram brincos... e bem... furaram as orelhas... e bem Luna disse que só faltava...

Harry tinha acabado de passar a mão na própria orelha, suspirou aliviado.

-Você acha que alguém tem coragem de tentar em você?

-Que bom...

-Concorda então?- veio a voz por trás dele.- Perfurate sinie.

Só sentiu a pele da orelha pender um pouco.

-Nada contra furar a orelha... sabe Luna... isso fecha. MAS ESSE BRINQUINHO DE VIADO NEM A PAU!

-Eu acho que ele acordou!- foi a voz de Sirius que veio do corredor.

-Vem Harry... Venha Luna.

-Só vou pegar o Draco.- Disse a garota.- Ele entrou no armário daquela sala.

-Coitado dele.- disse Harry tirando o imenso brinco.

-Tava legal Harry...

-Ah, claro...meia dúzia de pedras...isso é osso?- disse olhando o brinco.

-É.

-Eu não vou andar com partes de cadáveres pendurados na orelha!

-Exagerado.-sorriu Morgan.

Sentaram-se á mesa e o silêncio caiu estranho, um e outro comentário sobre a feira e sobre a cara retorcida de Draco ao tentar tirar seu brinco.

-Amarelão.- disse Neville.

-Fale isso para o Potter, Longbotton.

-O barco está pronto.- dizia Midrva para Lupin.- a viagem dura a tarde e a noite toda... vão chegar lá pela manhãzinha, meu marido Armand vai estar lá... levará vocês á parte bruxa da cidade, longe dos turistas.- ela comentou com um sorriso o acesso de Marco rindo dos brincos mais que estranhos que Luna exibia.

-Mas a feira foi útil para arranjarmos algumas roupas mais adequadas ao clima.- disse Sirius que adorara a mudança de visual das garotas.

-Sim, no entanto nenhum traje vai ajudá-los no templo, sinto dizer que a chance de vocês entrarem lá é mínima, mesmo com os pedidos de meu irmão.

-Mas teremos que arriscar.

-Entendo.

Ajeitaram mochilas novamente e foram até onde a cidade chegava ao rio, duas quadras longas e apinhadas de barraquinhas, iam a pé porque desaparatar ali era proibido por lei bruxa local, por causa da massa de turistas na região, Midrva os acompanhava de certo modo se divertindo com a dificuldade deles em desviar dos ambulantes ávidos por um dinheirinho.

O barco ali estava, grande... dois andares, o problema é que era malditamente apinhado e tinha todo o tipo de coisa nele, carga, animais.

-Pelo que é mais sagrado... vamos andar nisso?- perguntou Draco.

-Vamos sim, e só tem a classe econômica.- retorquiu Sirius.

-Há um navio em melhores condições, de turismo, mas ele só faz o trajeto de cinco em cinco dias e passou aqui anteontem...

-Que é isso.- disse segurando um Marco irritado pela mochila (ele já estava quase embarcando no meio de um bando de caras meio suspeitos).- Está ótimo!

-Aqui estão as passagens...- ela as estendeu.- Não as percam... e os dois quartos que consegui.

-Só dois?- Draco perguntou com uma cara infeliz.

-São difíceis de conseguir, eles vendem em média um por pessoa, independente do número de passagens vendidas.- disse a mulher.- É mais um barco de comércio, pouco se dorme... se cuidem.

-Obrigada Midrva.

-Disponham... faz tempo que não vejo pessoas de minha terra... mandem um abraço para minhas sobrinhas quando voltarem...

-Faremos isso.- disse Hermione.

-Os quartos são vizinhos por isso não teremos grandes problemas...-disse Sirius.-vamos nos acomodar e não ficar andando muito... não digo nada mas tem muita gente com cara de ter a mesma profissão do Fletcher por aqui.

-É... o tipo de gente que gosta de roubar estrangeiros...- completou Lupin.

-Certo, garotas o quarto é o quinze.- disse Morgan.

Embarcaram tragados pelo cheiro de animais e temperos.

Hermione jogou a mochila e olhou o quarto... viu as acomodações.

-Dois beliches.- disse Luna.

-Tem quarto portinhas no armário. EU FICO COM A DIREITA DE CIMA!!- Completou Gina.

-O banheiro é limpo. Pequeno, mas limpo.- disse Morgan verificando a luz.

-Vamos ficar aqui, ou sair um pouco?- perguntou sentando no beliche.

-Não dou cinco minutos para os rapazes aparecerem... coitados.- disse Luna.

-Porquê?

-Eles são oito...- completou Gina.

-Eu tô indo ver isso.- Morgan sorriu.- Vou tirar muito com a cara deles!!

-Morgan... você não teve infância.- Hermione disse séria.

-Hum... é não tive não... ande... parece que você teve menos ainda.

-Isso é brincadeira não é?-Draco disse.

-Aham... eu gostaria que fosse.- disse Lupin.

-Caraca... o banheiro parece um armário...- disse Neville.

-Eu vou ficar aqui em cima nesse beliche!- Marco jogou sua mochila pra cima... eca... isso tá tudo empoeirado!- disse jogando o cobertor velho.- Desculpa aí...

-Desce!- Draco exclamou tirando o cobertor da cabeça.- desce que eu vou te dar a surra que o Potter promete mas não te dá... seu fedelho!

-EI! Acabei de achar cem rúpias no armário!

-Isso não dá nem meio nuque Rony.- disse Sirius.

-Mas vou guardar... papai vai adorar a lembrança.

Saiu e fechou a porta, Morgan e Hermione estavam ali.

-Ah... acreditem em mim... esse quarto é a filial do inferno.

-Eles estão brigando pelos beliches?- perguntou Morgan.

-Draco e Marco estão.

-O banheiro de vocês funciona?- Hermione perguntou.

-O Neville está vendo isso.

-Ah, deixa eu tirar uma com a cara do Sirius...- Morgan abriu a porta e enfiou o rosto para dentro.

Estava rindo quando olhou Hermione.

-Quer dar uma olhada no barco?

-Achei que não era para ficarmos passeando...

-Imaginei que você não fosse desperdiçar a oportunidade para conhecer algo diferente.

-Não se isso implica em risco.

-Houve uma época em que o risco valia a pena.

-Não comece Harry.

-Eu só quis ser gentil. Com licença.

-Toda.

-MARCO!- gritou por trás da cabeça de Morgan.- Se quiser dar uma volta aproveite que estou descendo!

-Eu vou com vocês!- disse Neville.- Antes que Draco nos frite aqui!

Os três desceram escada a meio metro da entrada do quarto das garotas.

-Sabe... você desperdiça boas chances.- disse Morgan dando um tapinha no ombro de Hermione.

-Não me provoque Morgan.-disse indo ao quarto.

-O que houve com ela?- Sirius perguntou da porta.

-Lembra daquelas poções de amor que você usava?

-Eu nunca precisei de poções de amor...

-Aquelas que você chamava de poções reveladoras de instintos amorosos Almofadinhas...- disse Lupin.

Sirius enfiou a mão na cara de Lupin e o empurrou de volta para o quarto fechando a porta.

-Barulho estranho aqui não é?- Sirius sorriu.

-Sirius, estou falando sério...

-Você lembra dos efeitos colaterias delas... usamos em Lily e Tiago umas vinte vezes antes de se acertarem...

-Mas eles ficavam bem... tão bonitinhos juntos...- Morgan sorriu.

-Daí a Lily dava umas trocentas bofetadas no infeliz quando o efeito passava.- disse Sirius segurando o riso.

-É... e ninguém dizia pro burro porque ele tava apanhando.- disse Lupin na porta de novo.

-Mas a Hermione não seria tão violenta... seria?- disse Morgan.

-Ah... mas todo mundo lembra do tapão que o Harry levou dela no meio do salão...- disse Rony mais atrás de Lupin.

-Quando foi isso?- perguntou Sirius.

Morgan fez uma careta, Lupin deu de ombros e Rony sorriu amarelo, lá de dentro a voz arrastada e maldosa completou.

-Quando o Potter deu um belo par de chifres para ela... ele tava beijando quem mesmo? Ah... não foi você Morgan?- Draco disse sorridente aparecendo na porta.

-COMO É QUE É?- Sirius disse se virando para olhar o vazio a seu lado.

-Você tem razão Sirius, muito barulho aqui... vou dar um cochilo tchau!- ela já dizia da porta do quarto quinze.

-Isso tecnicamente não te põe chifres também?- ponderou Draco.

-O que quer dizer com isso?- Sirius perguntou.

-Nada... - disse Draco voltando a entrar.- Se ela não é nada tua, talvez os dois se acertassem... são tão amiguinhos...

-O Harry desceu não é? Acho que vou... sabe... esganar ele!- disse Sirius descendo.

-Draco Agustus Snape...- Lupin disse sério.- Temos que conversar sobre essa sua lingua bifurcada.

-Mas eu só estou falando a verdade!- disse ele.- O que há de errado com a verdade?

-Alguém se lembrou de comprar comida?-Luna perguntou estendida no seu beliche

-Ah estou tão cansada... que acho que vou dormir direto.- disse Gina rindo novamente.

-Pare de rir Gina!- disse Morgan.

-Ah Morgan... porquê esse mal humor?- perguntou Hermione.

-Ah... Mione, talvez eu devesse ir consolar o gato molhado que foi jogado pra fora do quarto dos rapazes... já que você não se mexe pra fazer isso...

-Eu não...- Hermione se virou no beliche.-Bem feito pra ele.

-Tadinho Mione.- disse Gina voltando a rir.- Ele quase se afogou... e deve ter se machucado.

-Coice de camelo...- Luna começou a se engasgar...

No lado de fora do quarto dezesseis havia um gato arrepiado, meio úmido e muito mau humorado estendido ao lado da porta... tinha tentado evitar a fúria assassina do padrinho, se escondendo no meio da carga como gato... cometeu o erro de passar atrás de um camelo... foi jogado para fora do barco... muitos acharam graça do bicho preto voando até e espatifar na água, quicando umas duas vezes... felizmente nadava melhor como gato... foi salvo por Lupin e Rony que baixaram uma rede para ele se agarrar.

O pior é que assim que confirmou a desgraça... Sirius o tinha jogado para fora do quarto. "Não é por nada não Harry... mas você tá fedendo gato molhado!" "Detesto gato molhado... faz mal para meu olfato! E esse quarto já parece um zoológico, se ajeita lá no meio dos camelos..."

"Tecnicamente ele estava MORTO quando aconteceu... porque ninguém confimava isso?"

"Ah... é divertido te ver sofrer?"

"Hangorn... você calou a boca o tempo todo... continue assim."

"Quer que eu conte minha versão? Eu fui testemunha..."

"Se você ainda precisa de mim, nem tente... ele me mata... tenho certeza... ele me esgana."

"Boa noite..."

"Boa pra você..."

"Com esse seu bom humor... me chame alto se precisar de mim... vou dormir lá dentro!"

"Traidor!" exclamou mentalmente vendo o vulto vermelho atravessar a parede."Não abuse do menino!"

Não conseguiria dormir... ainda vagou um pouco na frente da porta na leve esperança de que abrissem, mas não ia abrir... ah... iriam se arrepender se não o chamassem de volta!

Felizmente estava quente, acabou descendo e sentado numa das caixas de carga, observando mais a frente um grupo rústico jogando algo em cartas e gritando... mais ao longe dois homens fumavam estranhos cachimbos longos e finos, o mais incrível é que isso não lhe parecia estranho...nem aquele rio... aquele céu, nunca saíra de casa, a não ser daquela vez no natal do ano anterior... agora sentia novamente aquela vontade de ir, andar meio mundo... viajar.

-Magus vagus est...- podia ser isso... pensou se encostando na outra caixa olhando o céu, levantou de leve olhando a marca um pouco vermelha do coice que levara "tá doendo..."

Um estranho som lhe chamou a atenção... coisas caindo... olhando bem, um dos jogadores de cartas havia empurrado uma velha que parecia vender quinquilharias, e sabe, não gostava de ver dessas coisas... um Accio disfarçado evitou que alguns bengos esquisitos se perdessem caindo do barco e os juntando ajudou a velha a sentar-se, falando umas besteiras com uma cara sonsa, fazendo os homens das cartas, desistirem de xingá-los e voltarem ao jogo.

-O senhor é muito bondoso, jovem...

-Não parece boa idéia mexer com gente que joga e bebe.- disse sorrindo para a velha.- Se machucou?

-Ah, não... não rapaz... sou manca já a tempos... idade... obrigada... obrigada.- ela agradecia com aquela voz velha e rouca...

-Bom, acho que isso é tudo não?Tenha mais cuidado.

-Ah... eu terei... terei sim, lembranças?-ela perguntou.

-Não. Obrigado.- disse com gesto de mão.

-Mas algo em agradecimento...- ela lhe segurou a mão.- Você tem mãos gentis... e olhos muito bonitos... deixe me ver... ah, cuide disso.- ela colocou algo em sua mão com seus dedos longos de unhas amareladas e curvas e cheia de anéis exóticos.- Você vai precisar disso... amanhã.

E saiu mancando... Harry olhou em sua mão e havia um estranho ovo esverdeado um pouco maior e mais redodondo que um ovo de galinha... meio mole e frio, ou muito duvidava ou era um ovo de criatura mágica... colocou-o com cuidado no bolso envolto num lenço e resolveu ir atrás da mulher com certeza não ia viajar por aí com um ovo de algo que não conhecia... experiências com ovos não davam certo... lembrava muito bem do Norberto.

Mas ela sumira... andara pelo barco umas duas voltas, e resolveu subir quando os caras das cartas começaram a encará-lo... e nada da velha... pensando bem ela parecia conhecida, mesmo tendo toda certeza que nunca a tinha visto... sentou-se no chão em frente a porta do quarto e tirou o lenço do bolso, apesar de molengo, o ovo parecia resistente como se fosse feito de borracha... e o segurando na mão tinha a estranha impressão de ter algo vivo dentro... Não era de todo um sensação agradável. Ao mesmo tempo parecia tão... natural.

"O camelo me acertou com força... devo estar delirando..."

Balançou a cabeça e voltou a se levantar, metendo a bolinha no bolso, era mesmo maior que um ovo de galinha... "eu estou é quebrado e com sono!" abriu a porta do quarto na cara dura "os imbecis deviam ter trancado isso..."

"Espero que as garotas tenham trancado a porta..."

"Eu sou muito paronóico."

O gato preto enfiou-se embaixo de um dos beliches... onde haviam dois cães desmaiados em cima... um deles batendo o rabo e com a língua de fora... sonhando, nem viu que acima, uma doninha se enfiara embaixo do travesseiro porque havia uma curujinha que fazia "hu-hu" como se roncasse.

O outro beliche era ocupado por Marco e Lupin.

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