Cp19 A lua refletida



Cp19 A lua refletida

Havia rastros de festa por toda a sala comunal, ele entrou e fechou o buraco do retrato, se dirigiu diretamente para a janela que abriu, a coruja entrou, e então mal teve tempo de se aprumar, porque sentiu o peso de toda ela pendurado em seu pescoço, essa Hermione ele conhecia, e gostava, foi ela que o empurrou até o sofá, como ele pudera esquecer? Lá estava ela de novo grudada em seu pescoço, sua vampira particular... sentiu um puxão em sua trança, protestou.

-Calma Mione... isso dói sabia?

-Que bom saber disso.- ela respondeu marotamente.-O que aconteceu afinal?- disse ela desmanchando a trança bagunçada.

-Pomfrey me disse que é de família... minha mãe era assim.

-Estranho.- disse a garota olhando-o com o cabelo solto.- estranho, mas eu gostei.- ela sorriu.

-Você gostou é? tá bom...

Ela não o deixou terminar de falar, e quem queria falar numa hora dessas, tinham que repor horas perdidas com aquela briga estúpida, até que a garota que avançara um pouquinho exclamou:

-Harry o que é isso?!

Ela tinha metido o dedo com força na marca em seu peito.

-Hangorn... deixa ele aí, tá dormindo.- respondeu mecanicamente.

-Desde quando ele dorme... em você?- ela o olhou.

-Mione, falando assim fica esquisito.- riu.

Ela estava novamente com aquela expressão de desagrado.

-É por pouco tempo, até ele se recuperar... daí ele volta para o amuleto, certo? Não fique me olhando assim...

-Tem tanta coisa que a gente não falou não é?- ela o beijou.- Desde a primeira semana.

-Eu fui muito idiota em tentar passar por cima das coisas, esquecer.- disse a puxando pra mais perto até ela aninhar a cabeça em seu peito.-Eu não presto atenção... não percebi que você tinha coisas pra me falar... mas... você ás vezes não fala, se você não falar, minha vida, esse burro aqui não entende.

-Você não é burro Harry, eu devia ter dito que estava com, medo, preocupada... foi tudo tão rápido, atropelado, não tivemos tempo de falar né? Aquele sonho, a poção, aqueles diabretes e o sequestro do Neville, você... fazendo aquelas coisas...

-Eu exagerei, sei disso... agora sei.

-E você saiu sem se despedir de mim...

-Você tinha brigado comigo... lembra? Afinal, porque você ficou tão furiosa comigo aquele dia?

-Harry! Você faz uma proposta indecente daquela, daquele jeito... sei lá, ofendeu... eu já estava brava com você...

-Que proposta... Mione... no que você tava pensando...- foi ele que ficou vermelho quando entendeu o que ela tinha pensado.- Nossa... quer dizer... eu não estava falando nesse sentido... eu...

-Ah...- ela ficou vermelha também.- É que do jeito que você falou...

-Eu não estava... bem, eu sou ruim com as palavras também... desculpe.-disse completamente sem graça.

-Bom, daí você voltou e disse que tinha...

-Não repete isso, eu quero esquecer... podemos? Foi uma coisa tão idiota...

-Bom, mas pra mim... foi como se você tivesse me dito... que eu não, servia pra você... que eu...- ela ficou muito vermelha.- Não era boa o suficiente.

-Você é a melhor coisa do mundo pra mim... Mil Morgans, um milhão de veelas, todas as mulheres do mundo e todas as deusas do universo não valem um beijo seu!

-Verdade?- ela perguntou erguendo a cabeça.

-Verdade.- confirmou a olhando nos olhos.

Olhou-a quando pararam de se beijar, podia ficar ali só abraçado nela pra sempre, mas já era bem tarde, ou talvez, muito cedo, e ainda era sexta feira...

-Temos que ir... hoje é sexta, e deve ter elfos querendo limpar essa bagunça, senhorita.- disse se sentando.

-Tem, razão.- ela olhou em volta.- Foi uma festa em tanto.

Ela o olhou.

-Desculpe... por ter falado aquilo pra você... foi horrível.

-Valeu a pena.- sorriu.- Valeu ter perdido a festa, só pra fazer as pazes com você. Agora... vamos dormir um pouco... passei algumas noites em claro com a Gina organizando a festa.

Ela sorriu, lhe deu um beijo e subiu para o dormitório, ele se arrastou feliz até a cama e afundou num sono maravilhoso.

Alguém chutou a cama, uma, duas, três vezes...

Ele enfiou a cara amassada pra fora.

-Querem parar com isso!

-Aí maravilha!- respondeu Neville friamente.- Você está vivo.

-Poxa Harry!- disse Dino já vestido.- Todo mundo ficou preocupado, onde você se enfiou?

-Ah! Tá tudo bem galera!- riu Rony sentado na cama.

-Como assim?- perguntou Neville.

-Porque se o Harry não teve um encontro imediato com um vampiro ontem, ele com certeza fez as pazes com a Mione!- Riu o amigo apontando para seu pescoço.

Harry só colocou a mão, "eu tenho que conversar com ela sobre isso..." pensou quando sentiu a pele dolorida.

-Eita...- riu Simas.- Esse vai ser difícil esconder!

-Pra que esconder?- disse se levantando.

-Harry, você só pode ser masoquista... a garota grita com você... bate em você... xinga você... e você gosta?- disse Dino.- Vai gostar de sofrer assim no inferno.

Os outros caíram na risada, "Vão tirando com a minha cara... vão..." pensou trocando de roupa.

-Você esqueceu que ela também me morde.- disse apontando o pescoço e jogando a mochila no ombro.- Tão esperando o quê pra descer?

Desceram animadamente pelas escadas.

Ela já estava esperando sentada no sofá e reparando na cara das outras, elas fizeram caretas quando ele se aproximou sorrindo, nenhuma das outras sabia do retorno.

-Bom dia minha vida!- disse dando um beijo leve nela.

-Bom dia amor.- ela sorriu- Estava esperando você...

Saíram abraçados deixando a metade da sala comunal, com exceção dos rapazes veteranos, de queixo caído. Afinal fora na manhã anterior que ela o tinha mandado sumir...

Foram andando abraçados devagar pelos corredores, acompanhados pelos outros logo atrás.

-Porque você deixou o cabelo solto hoje?- ela o olhou.- solto fica estranho... eu posso cortar pra você.

-É melhor deixar solto.- disse baixo.

-Porquê?

-Por causa disso aqui.- tirou o cabelo do caminho e mostrou a marca.

Ela sorriu.

-Mas eu prefiro que apareça.- ela disse alegremente.

-Ah é?!- disse a olhando.-Pra quê?

-Pra deixar bem claro que você tem dona... E vamos cortar esse cabelo!- ela segurou os fios negros e puxou a varinha.

-Mione assim não!-disse se lembrando do desastre anterior.

Mas era tarde, alguns fios se espalharam pelo chão, Mione sorriu triunfalmente e fez os fios cortados desaparecerem com um rápido Evanesco.

Ele balançou a cabeça enquanto ela procurava um espelho na mochila, e Dino chegou por trás e sussurrou.

-É a gente esqueceu que ela manda em você também...

Dino não pode tomar café da manhã... foi levado por Simas e Neville diretamente para a enfermaria, com cachinhos nascendo no nariz.

-Você precisava azarar o Dino?- Hermione perguntou aborrecida.

-Você precisava ter feito isso.- apontou o cabelo agora mais espetado e bagunçado que nunca.- comigo?

-Você reclama de cada coisa.- ela disse o olhando.-Você tá melhor assim. Não tá Gina?

A garota os olhou e disse prontamente:

-Não me metam nisso, vocês fizeram as pazes e voltaram a brigar em tempo recorde, e eu não quero ir pra enfermaria também!

-Não estamos brigando.- disse Harry entendendo o recado e segurando Hermione pela cintura.- Não é minha vida?

A garota sorriu, mas foi entrar no salão e ela começou a corar ao se ver bombardeada por olhares de todo o salão quando entraram abraçados, “bem vinda ao meu mundo...” pensou aos se sentar calmamente na mesa, após educadamente afastar a cadeira para ela, o que a deixara ainda mais vermelha.

Aulas tediosas, muito tediosas, e por alguns segundos se perguntou porque estava tão disperso, era ano de NIEMS... mas estava tão disperso que se perguntassem não se lembraria de nada daquele mês de aula... apertou Hermione ao seu lado, tendo sérias dúvidas se ela o ajudaria nas matérias que negligenciara.

A aula de Maya foi um problema em especial, ela os colocou para descobrir falhas em diversas receitas de poções, onde deviam assinalar os ingredientes suspeitos e porque, foi capaz de identificar a maioria das combinações perigosas, mas sem que ele percebesse, devido á sua concentração ela se postou ao seu lado.

-Potter...- ela sibilou.- Você está lendo as questões ou marcando no chute?

Ele ergueu os olhos assustado, pois não a tinha percebido ao seu lado, mas logo respondeu, com mais rispidez do que pretendia.

-Obviamente estou lendo... professora.

-Então pode me dizer como o senhor não reparou que a poção destransformação está errada?

Ele releu a receita, cada ingrediente, cada linha do preparo, ainda deu um olhar esquivo para Hermione, mas Maya puxou seu pergaminho.

-Destransformadora.- falou alto para toda turma.- Ingredientes:- ele contraiu os dedos dos pés já que não podia fechar os punhos.- Saliva de barbare 5ml, pedra da lua moída 200gr, meia raiz de lóncurfo esmagada e peneirada, essência de Belladona 20ml, até aqui Potter, nada?

-Não que me conste... professora.- respondeu e escutou o suspiro de Hermione.

-Potter, você é uma desgraça.- ela atirou o pergaminho de volta sem cerimônia.- Alguém?

Meia turma parou quieta, Maya olhou para Hermione, que ergueu a mão pela primeira vez bem devagarzinho o olhando constrangida.

-Sim Granger?- Maya sorriu.

-Belladona, a medida é absurda.

-Claro, mas estou crente que Potter, na verdade pretendia matar quem ingerisse a poção, você terá uma brilhante carreira como criador de venenos Potter.- ela sibilou.

O lado Sonserino riu abertamente, Maya se virou.

-Cinco pontos para a Grifinória senhorita Granger...

Ele suspirou, releu o pergaminho, encontrou o que queria.

-Professora?- chamou.

Hermione o olhou com apreensão e Maya se virou o encarando.

-Sim? Alguma dúvida Potter?

-Na verdade sim.- disse calmamente.

A turma prendeu a respiração, Hermione o cotucou por baixo da mesa, Maya se aproximou.

-Me corrija se eu estiver errado, mas nesse caso em particular, as duzentas gramas de pedra da lua moída e os quinze ml de alimares, que juntos são um poderoso purificador e antídoto para Belladona, não iriam reduzir a intoxicação? Quer dizer... a Belladona iria então servir como um antiespasmódico? O que tornaria o processo de destransformação menos doloroso?

Hermione ergueu as sobrancelhas, pegou seu pergaminho, assim como meia turma. Maya estendeu a mão para o pergaminho dele.

-Potter, você gostaria de fazer e experimentar essa sua tese maluca? As chances dessa sua afirmação fantasiosa dar certo são mínimas, além do mais o efeito do antídoto seria cortado pela raiz de lóncurfo.- sorriu de volta triunfalmente, disse e bateu os dedos em cima do seu pergaminho.

-Mas a raiz foi esmagada e peneirada... a maior parte da fibra é perdida, é a fibra que corta a ação de certos antídotos.- respondeu.

Agora Hermione o olhava, levemente boquiaberta, a turma com admiração, e Maya com ganas de arrebentá-lo, ou pelo menos era o que passava pelos olhos.

-Parabéns Potter.- ela sorriu maldosamente.- Ganhou o direito de defender essa tese na próxima aula, faremos várias poções, você fará essa e irá testar em alguém... espero que tenhamos bons resultados.

Ela se virou e a turma voltou á lição. Mais tarde ao irem jantar Hermione ainda olhava a receita da poção.

-Não sei não Harry...- ela disse preocupada.- Isso está errado, essa quantidade de Belladona é fatal!

-Minha vida... quantas vezes eu vou ter que repetir?- disse começando a ficar irritado.

-É Mione.- interrompeu Rony.- Ele sabe o que tá dizendo!

-Harry, você nunca foi bom em poções, admita.- ela insistiu.

-Como assim?- perguntou surpreso.- Eu dei duro no ano passado! Eu não estava chutando quando falei aquilo!-disse a olhando.-Eu tenho certeza do que disse!Já vi poções com medidas maiores de Belladona!

-Como qual por exemplo?- ela cruzou os braços.- Belladona é extremamente tóxica e alucinógena...

-Na poção mata-cão por exemplo.- disse também cruzando os braços.-É, eu pesquisei.- disse quando ela se mostrou surpresa.- Sabia que essência de Belladona é ministrada pura em pessoas que foram mordidas recentemente? Como você esqueceu depois daquela pesquisa sobre lobisomens? Achei que você tinha pesquisado TUDO sobre eles!

Ela teve que dar o braço a torcer, quem parecia o sabetudo irritante era ele que não arredou pé de sua tese a ponto dela bufar e desistir, o que provocou um certo mal estar no jantar, que só foi minimizado por algumas brincadeiras, e dois beijinhos que a fizeram sorrir.

Mal percebeu a cena amorosamente familiar em que se encontrava, esticado no sofá apoiado em Hermione que redigia uma imensa carta, é claro que ele sabia para quem... e se a garota queria continuar falando com o búlgaro, ele não ia se intrometer, Rony estava com a cara enfiada em alguns esquemas de tranfiguração e Gina e Neville estavam obviamente se curtindo, Lilá e Simas conversavam baixo ao lado de uma Parvati muito entretida com esquemas zodiacais para prestar atenção, Marco estava fazendo lição juntamente com seus colegas e então percebeu que bichento estava espreitando algo sob um dos balcões, talvez uma aranha... e ele estava se sentindo tão leve... calmo... e foi afundando num adormecimento morno.

Sonho sem medo... sem sombras, um sonho bonito. Um sonho...

Havia um enorme campo dourado, provavelmente trigo, estava andando nele, vento no cabelo, na túnica que usava, feliz, apenas feliz em chegar a beira do rio e postar seus pés na água gélida e sentar-se ao sol.

-Isso é o paraíso...- falou ao vento.

-Pode ser... Potter.

Se virou num segundo para encarar a figura sombria que o encarava.

-Como? Como entrou aqui!- sibilou furioso.

-Ora, ora, Potter, você não pensou que eu não tentaria entrar em sua mente novamente, pensou?-Riu Voldmort.

-Não...- se pôs de pé.- Você não me daria esse gosto.

Os olhos vermelhos o encararam, então desviaram para a paisagem.

-Você tem uma queda para o romantismo Potter...

-Não que seja da minha conta... e sei que eu já perguntei isso antes...- disse cinicamente.- Mas você não tem nada melhor para fazer? Além de me encher as paciências?

Voldmort riu, aquela risada que Harry conhecia e odiava.

-Ora Potter, esse senso de humor...

-Digamos que meu senso de humor é... perigoso!- disse com fúria.

Imediatamente toda a sua vontade expulsou o outro com violência de sua mente, abriu os olhos ofegando, com a mão na cicatriz, ao longe um outro caia da poltrona quase inconsciente, ele sabia, sabia que podia, sabia que o atingira, sabia porque praticamente podia ver...

Duas mãos macias lhe fizeram carinho no rosto.

-Você está bem?- Hermione perguntou ansiosa.

-Ah... eu estou.- abriu um sorriso.- Estou muito bem...

-Mas você parecia tão tenso...-resmungou Rony por cima do livro.

-Não era... ele?- Mione perguntou séria.

-Ah, minha vida... era...- disse se sentando, mas a abraçando quando ela fez uma cara preocupada.- Mas ele não vai voltar, tão cedo... eu garanto.

Os dois o olharam sem entender, ele sorriu e puxou a mochila, tinha coisas para fazer e agora ficara muito bem humorado.

-Pra quê tanto livro?- perguntou Hermione pegando o primeiro.- Venenos enganadores...- ela lhe deu uma olhada de lado.- Isso é da seção reservada. Amor, você vai envenenar alguém?

-Com certeza.- respondeu cinicamente e rindo da cara dela.-Se eu não pesquisar direito, vou... é pra aula da Maya...

Ela sorriu, enquanto deixava o pergaminho em cima da mesinha e puxava outro livro, "essências inversas, venenos que se tornam antídotos"

-Você não tinha certeza que tava certo?- perguntou Rony.

-Vamos que por um motivo absurdo, dê errado... quero ter certeza que vou ter um antídoto, ou vamos que na hora eu erre... eu posso errar, Maya vai fazer todo o esforço nesse sentido.

-Vamos admitir, ela é pior que o Snape.- resmungou Rony.

-Tenho que admitir.- Mione suspirou.- Ela consegue ser intragável... mas você não ajuda amor.- ela o olhou.

Harry teria uma resposta cortante para aquela afirmação se não tivesse acabado de tirar um certo livro, que renovara, por não ter dado mais que uma olhadinha, Pince apenas tinha balançado a cabeça contrariada e murmurou um "vai começar de novo...", ele passou a mão de leve na lombada esmaecida.

-E esse? Venenos muy Potentes?- perguntou Rony rindo.

-Não...- respondeu sério.- Rony, lembra do primeiro ano, quando eu fui sozinho a seção reservada?

O ruivo deu uma olhada de soslaio em volta, outra significativa para a amiga e perguntou:

-Aham... e daí?

-Lembra do livro que gritou?- disse erguendo o livro.

-É esse?- disse o ruivo estendendo a mão.- Porquê pegou ele?- disse olhando o livro.

-Sei lá? o estranho...

O ruivo o interrompeu lendo o título.

-Po...tere... Domina...tore...- leu com dificuldade.

Harry ia falar quando o livro que Hermione segurava caía no chão e ela deu um gritinho:

-Potere Dominatore! Sério?! Me deixa ver!- ela praticamente arrancou o livro das mãos de Rony.-Ah...- ela exclamou desanimadamente.- É na lingua original...

-Mione, o que você sabe desse livro?- perguntou ansiosamente.

Ela lhe deu uma olhada, e virou os olhos para cima balançando a cabeça, tão autenticamente Hermione que ele teve um desejo imenso de agarrá-la e dar uns beijos que só controlou devida a imensa curiosidade que tinha.

-Como você pega um livro que não sabe sobre o que é, e em outra língua?-ela o censurou.

-Serve de desculpa se eu disser que minha mãe o pegou umas duzentas vezes?- disse com a cara mais inocente que tinha.

-Ela sabia Latim?- Mione perguntou espantada.

-Não.

-Doidos...- riu Hermione.- Sua família inteira era doida, Amor...

-E então? Porque esse livro é importante?- O ruivo perguntou curioso.

-É porque ele é tão importante?- perguntou ansiosamente.

-Ai!- ela resmungou.- Quando vocês vão ler Hogwarts: uma história?

-Nunca!- os dois falaram juntos.

-Lá cita que os fundadores de Hogwarts escreveram um tratado sobre magia, magia negra, criaturas e todas as coisas que são a base de nossa educação! Isso seria uma das mais antigas compilações de magia Arcana, se bem que esse pode ser falso...- ela olhou o livro pesado.

-Porque os fundadores iriam escrever em Latim?- perguntou Rony.- Não podiam escrever na nossa língua?

-Duvido que seja falso.- disse ao mesmo tempo que Rony.

Ela olhou os dois, balançou a cabeça e disse calmamente.

-Se fosse o verdadeiro amor, não iam deixar na biblioteca de qualquer jeito. E o Latim é uma língua de poder, de onde vem muitos encantamentos e fórmulas cabalísticas Rony! Veja por exemplo o Expecto Patronum... é Latim! Expecto é aspecto... forma e Patronum é de patrono, protetor... quer dizer a forma do protetor... simples...

Ela foi interrompida quando Harry não aguentou e se jogou em cima dela dando-lhe um beijo cinematográfico, fazendo os livros caírem no chão e meia sala comunal parar pra ver, apesar de ter poucas pessoas ali. Ela o olhou vermelha, quando ele se afastou um pouco.

-Diz que você sabe falar Latim...- ele disse baixinho.

-Não sabia que latim tinha esse efeito.. em você...- ela sorriu.

-É que eu não aguento mais olhar esse livro sem poder ler...- disse sem nenhuma vergonha.

-Você só me usa...- ela reclamou manhosamente.

-E você não gosta?- disse maliciosamente.

-Aham... hum... cof, cof. AHAM!!!- começou Rony.

-Olha sei que é tarde...- começou Gina animadamente.- Mas poxa, esse tipo de concorrência é desleal.- ela disse abraçada a Neville que ria abertamente.- E tem crianças na sala ainda.

Harry se sentou num pulo e olhou para o lado, vermelho.

-Não sei do que vocês estão falando...-"vou precisar de um banho frio..."

-Safado!- Hermione o acertou com o livro.

-Ai!- exclamou passando a mão onde ela acertou.- isso dói, minha vida...

-Vai doer em vários outros lugares, se você não voltar aqui e me dar outro beijo!

-Não.- disse sério.

Ela o acertou na cabeça de novo.

-Ei!-ele sorriu.

Ela o acertou nas costas.

-Minha vida...-ele começou a rir.

Ela o acertou no joelho.

-Viu? A culpa não é minha!- disse ele dando de ombros e a abraçando de novo.

-Agora sim, - disse Rony catando o livro.- A fama de masoquista do Harry tem fundamento, tá comprovado!

Rony teve que se escudar atrás da poltrona quando alguns livros começaram a voar e acertá-lo várias vezes na cabeça.

-Quero ver a cara da Pince quando ela vir o que vocês estão fazendo com esses livros.

Os dois pararam na hora e começaram a juntar os livros agora misturados com o material de Harry e Hermione, felizmente nenhuma tinta havia caído nos livros, porque no resto...

-Podemos voltar ao assunto do livro que gritava e que agora não podemos ler?- disse Rony voltando a sentar.- Se a Mione deixar o Harry se concentrar!

-Eu não fiz nada...- ela disse indignada.- Que namorado maluco eu fui arrumar!- ela riu.

-Poxa... obrigado... olha a namorada malvada que fui arrumar...- disse ainda esfregando a cabeça, afinal estava doendo de verdade.

-Eu sou malvada?- ela perguntou puxando a gravata do uniforme dele.- Eu sou?- ela sorriu maldosamente.

-É melhor dizer que não, Harry, ou você vai apanhar...- riu Rony.

-Cala boca Rony.- ele disse sério, agora um pouco constrangido com o jeito da garota.

-Ou o quê?-riu o ruivo.- Vai arriscar os livros é?

-Tem coisas maiores que os livros nessa sala.- sibilou.- A poltrona por exemplo...

Rony fez uma cara de "você não faria isso, faria?" Que fez todos gargalharem, voltaram a sentar normalmente e Harry continuou esfregando a cabeça, "ela bateu com força mesmo...", então Mione disse o olhando.

-Não sei...- ela disse parecendo um pouco desapontada.- Não sei ler Latin...

-Pensem nesse sentido... o livro não fugir.- disse Neville.

-Tem razão.- Harry ponderou.- Mas eu vou dar um jeito.

-Mas amor, pra ler tem que saber Latim, e não é uma língua fácil... demora anos para aprender.

-A menos que encontre um bom tradutor.- disse Rony.- Afinal, como sua mãe leu?

-Boa pergunta.- disse olhando o livro.- É o que eu queria saber...

e de repente se tomou de uma dor triste, de saudade, do pai ele podia perguntar, Remo ainda estava ali, e Snape não o deixaria esquecer, mas de sua mãe, Morgan seria uma boa alternativa, mas acreditava que talvez ela não tivesse boas respostas... suspirou e guardou o livro na mochila.

-Vou pensar nisso depois. Boa noite minha vida...

Saiu sem olhar para trás, mal trocou de roupa e se enfiou na cama, de certos sentimentos gostaria de ter o poder de fugir, já não tinha treze anos para ficar chorando por causa da mamãe... mas sentia um incômodo vazio se avolumando nele desde o ano anterior. Fechou os olhos e dormiu, um sono leve, uma nova noite de calor intenso.

Amanheceu no sábado com uma dor de cabeça dos infernos, abriu os olhos e desejou, literalmente, cair duro no sono de novo, mas não algum idiota estava fazendo a maior bagunça na sala comunal, os gritos e risos, se forçou a levantar e botar a cara pra fora.

-Bom dia!- gritou Gina.

-O que você tá fazendo aqui?!!!- disse pondo os óculos.

-Nossa, bom dia pra você também!- ela sorriu.

Mais risos e gritos.

-Que inferno tá acontecendo?

-Alguém muito inteligente detonou vários fogos Weasley por toda a escola...- repondeu Neville.- Versão de luxo.

Gina e Neville acompanhavam ao show da janela do quarto, Harry levantou pôs o roupão e chegou na janela ao lado.

-E os professores?

-Dumbledore disse no café da manhã que como é sábado não faz mal... e que ele adora fogos... e que queria muito ver porque não tivera a oportunidade no ano retrasado.

Harry sorriu, ver... só Dumbledore pra deixar aquela zona correr solta, mas era divertido, haviam dragões enormes no jardim, juntamente com muitos cavalos alados e fadas faiscantes, se fosse á noite seria um espetáculo pra não se esquecer, desanimadamente teve que ir ao banheiro trocar de roupa, pois os dois pombinhos lerdos não saíram do quarto, e quando desceu uma Hermione nervosa tentava em vão afastar dois dragões da sala comunal, os alunos do primeiro e segundo ano morrendo de rir, ele sentou na escada.

-Precisa de ajuda minha vida?-disse ainda sentindo a cabeça muito leve, vazia, doída.

Ela o olhou, estava diferente, descabelada... rindo, era óbvio que estava tentando se livrar dos dragões há tempos, um exercício mental, não podia deixar de admirar aquela disposição.

-Não!- ela riu.- Eu sei que vou achar um jeito, só não imagino o que Fred e Jorge andam pondo nesses fogos...

Sorriu de volta, desanimadamente, sem saber porque. Meia hora depois dois dragões eram sete, depois treze e quando viraram vinte e seis ela sentou do lado dele.

-Desisto... não há como parar esses fogos.

-Até que enfim!- suspirou abraçando-a.- Achei que ia ser trocado por esses dragões o sábado inteiro!

-Não... não ia não.- ela sorriu.

-Harry!!! Harry!!! Mione!!!- gritou Neville lá do dormitório.- Venham ver isso!!!

Os dois subiram e se colocaram na janela, lá fora um grupo de alunos olhava uma enorme serpente que deixava cair fagulhas prateadas e se espiralava mordendo a própria cauda virando uma roda deixando cair fagulhas douradas.

-Eles exageraram...- disse olhando a chuva de faíscas douradas caindo.

-Exageraram mesmo. Quem foi o imbecil que detonou isso de dia, de noite ia ser tão lindo!

-É ia ser lindo.- disse abraçando a garota, braço estranhamente duro, com se tivesse treinado quadribol a noite toda.

O sábado foi calmo e modorrento, era estranho ter aqueles dias vazios sem desgraças se abalando, mas fora divertido, Neville e Gina tentaram os convencer a jogar quadribol, mas ele ainda não queria arriscar que Rony o pressionasse, não queria pensar naquilo, não queria pensar, apenas afundado nos olhos de Hermione e na maldita dor que se instalava no fundo de sua cabeça e que ele valentemente tentava ignorar, não parecia ser nada demais, só uma indisposição irritante, talvez cansaço acumulado.

E foi quando saíram para o jardim sábado a noite, meia escola olhando para o céu, vendo fogos, menos que de manhã e mais fracos, mas mesmo assim lindos... foi uma noite linda, ele e Hermione sentados junto com muitos outros no gramado, a brisa de verão amainando se tornando fria quando se levantaram e saíram andar, os caminhos eram os mesmos do jardim entre as roseiras, andando abraçados passando pelos casais que estavam mais afastados.

-Você está quieto hoje...- ela falou.

Apenas sorriu, sem disposição para falar, mais a frente um casal em particular chamou a atenção deles, um certo garoto ruivo estava abraçando uma loira, que parecia estar alheia aos fogos a sua volta, na verdade estavam olhando a lua.

-A lua está cheia.- diz Luna sonhadoramente.

-Igual meu coração...- ele diz.

Os dois se beijam...

-Acho que devemos ir pra outro lugar.- sussurrou para Hermione.

-Tem razão.- ela sorriu.- Vem comigo.

Hermione o puxou pelo braço até os arredores do salgueiro, perto de onde a floresta se adensava.

-Aonde estamos indo?- perguntou a seguindo.

-Vou te mostrar um lugar...- ela sorriu.

-Como? Mione o que...

Bem ali, logo atrás da floresta de onde ainda se avistava o salgueiro lutador havia uma pequena fonte natural de águas limpas que brotava e caia numa bacia de pedra, escorria até outro degrau de pedra e desaparecia no meio da rocha engolida pelo chão úmido, era lindo, encantado, tudo brilhava com o luar que invadia a clareira e por alguns fogos que estouravam daquele lado.

-Lugar, lindo...- se virou para ela.- Igual a você.

E era verdade, dava pra acreditar em contos de fada vendo aquela princesa na sua frente banhada pela luz da lua... ela o puxou, até a beira da bacia de pedra.

-É uma formação natural... é água pura... é bonito olhar pra dentro...

Mas ele sabia que ali não era um mero lugar bonito... era um lugar mágico, de grande poder, algo nele o alertou.

-Amor... acho que não devíamos estar aqui.- disse a segurando.

-Bobagem, vem... é bonito ali perto, eu já vim com a Gina aqui antes.- ela disse o puxando.

Se aproximaram ela se debruçou na pedra, olhou a água.

-Dizem que antigamente as mulheres sacerdotizas viam coisas nesse tipo de bacia dágua... uma espécie de adivinhação ritual... é tão bom olhar aqui. Anda, vem Harry! É tão bom...

Era medo? Ele não sabia mas era de certa forma irracional, ele definitivamente não pretendia olhar para a água... algo o alertava de que não devia estar ali...

-Amor... acho que devemos voltar...

-Ah.- ela o puxou pelo braço.- Pensei que ia gostar de ficar aqui comigo.

Ela o olhou decepcionada, e ele relaxou, “que idiotice...” pensou sorrindo, ela tinha se dado o trabalho de puxa-lo pra li e ele ia estragar tudo, não se aproximou e a abraçou, olhou para a bacia de pedra, era água, tão limpa que parecia prateada.

-Bonito.- disse ainda olhando.

-Eu sabia que ia achar bonito.- ela disse em sua orelha.

Dava pra ver a lua, o reflexo, bonita, cheia, chegou a pensar com pena em Lupin segundos antes de sua visão escurecer.

-Harry!- Hermione gritou.

E não houve mais som, foi como se tudo tivesse parado, o mundo, o tempo... Ele só via uma escuridão completa, um vazio imenso opressor, como se a lua na superfície da água estivesse sendo devorada por escuridão como num eclipse, o detalhe é que essse eclipse estava acontecendo com sua mente também, sentia, todo o seu corpo sendo esvaziado, sua mente... seu coração.

Vazio...

Então como um flash viu um desenho, muito rápido, um círculo de luz esverdeada, parecia ter palavras, letras e símbolos nesse círculo, e ele se tornou maior até se tornar esmagador e mesmo assim tão forte que as palavras nele não podiam ser lidas... fez um esforço sobre humano para encarar a luz e ler algumas das palavras, que pareciam querer atravessa-lo, corta-lo reduzi-lo a nada...

-Sapientia...virtus...eum seculum...

A luz praticamente o devorava até um outro círculo irromper anulando a luz do primeiro, como se quisesse devorar, destruir ou isolar o outro, era um grande círculo prateado, mas menor que o outro, esse não tinha palavras, só estranhos desenhos e símbolos, mas ele lhe dava força, lhe dava proteção, de certa forma percebeu que era um círculo amigo.

-Saia daí!- alguém gritou.

Se virou para ver a imponente figura humana de Serin sob uma porta de luz.

-Ande venha,-o espírito disse com urgência.- Meu mestre não é forte o suficiente mago!

-Serin!-disse correndo para o espírito.

Atravessou a porta de luz...

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