O salão.
Cp04
O salão.
Hermione o achou alguns minutos depois e foi o suficiente para ele se sentir melhor... ela o consolou, mesmo consolando da coisa errada... ela achou que era saudade de Sirius... ele sentia saudade sim de Sirius... mas sentia um remorso muito grande de ter deixado Voldmort fugir com o véu... o remorso e a culpa eram maiores que a saudade... mas ele não tinha decidido esquecer os maus pensamentos? Sorriu pra ela, porque ela estava sorrindo pra ele, ali era feliz... pelo menos um pouco feliz... estavam ali, curtindo o fato de estarem juntos, ambos jogados no sofá, abraçados... tão bom...
-Como você acha que estão Carlinhos e Hagrid?- ela perguntou brincando com as mãos dele.
-Não sei... acho que bem, porque como dizem... más notícias chegam rápido...
-Tem razão...- ela suspirou.
-E seus pais Mione?
-Tem duas convenções esse ano, e então eles vão fazer parte de uma equipe humanitária que atende em países pobres... acho que vão para a África e Ásia... vão viajar o ano todo...estão seguros...
-Eles viajam bastante...
-Gostam de viajar...
-Você sente saudades?
-Sinto sim...
-Muita?
-Muita sim...
Ele a abraçou mais forte ainda... escutou um barulho na porta.
-Eu não os vi... e aqui?- Thonks abriu a porta, sorriu.- Ops... ACHEI!
-Algum problema?- ele perguntou.
-Na verdade não...- ela riu.- É que a Molly estava procurando vocês dois...
A senhora Weasley meteu a cara na porta, parecia um cão de segurança.
-Eu bem que achei que vocês estavam muito quietinhos... desçam... é hora do almoço.- falou em tom autoritário.
"Será que eu devia lembrá-la que é a minha casa, e eu sou adulto?"
Hermione estava vermelha, desceu rapidinho sob o olhar de Molly, "Eu não tirei nenhum pedaço dela... na verdade conhecendo a Mione, é mais capaz dela tirar pedaço de mim..." pensou ao ver a cara da Sra Weasley.
-Esses meninos...- ela falou para Thonks, mas Harry ouviu.
Os Dursleys partiram a tarde, e por pior que tenha sido, Harry não conseguiu falar nada, mesmo tendo a impressão de que não os veria mais... pediu pra não ser informado do destino deles, não foi vê-los ir embora, ninguém insistiu.
O pior foi a sensação de vazio que isso provocou... mesmo se convencendo de que não tinha culpa de nada, que não tinha obrigação nenhuma, ficou a sensação estranha de ter falhado em alguma coisa.
-Não fica assim.- sorriu Hermione abrindo a porta da sala.
-Assim como?
-Chateado... você fez a coisa certa...
-Fez sim...- disse Lupin da porta.- Fez mais que sua obrigação...
Sorriu, então viu a expressão dos dois e se levantou.
-Tem razão... o que vamos fazer hoje?
-Quanto a vocês dois não sei.- disse Lupin sorrindo.- Mas tem compras a serem feitas...
-Deixa eu adivinhar.- disse Harry maliosamente.- Você e Thonks vão dar um passeio pelo Beco?
Lupin se fez de desentendido, Hermione riu.
-Bem que fazem vocês dois...
-Não sei do que está falando...- ele disse andando.
-Disso!- Hermione abraçou o Harry e deu um beijo na bochecha dele.- Vocês dois ficam lindos juntos!
Lupin sorriu e continuou descendo a escada.
-Não sei que horas vamos voltar...- disse ele lá de baixo.
-Podem demorar bastante!- disse Harry rindo.
Mais tarde estavam reunidos na cozinha, Rony ensinando a fina arte do xadrez de bruxo para Marco, "cuidado com sua rainha Marco..." Gina e Hermione tentando ajudar "vai precisar de mais sal? não? mas eu já coloquei!!!", Luna e Neville conversando sobre plantas exóticas... "na Mongólia, árvores que falam... é sim... e andam também...muito antigas..." Harry e Molly cozinhando... ele fora intimado a fazer o café..."Neville tem que experimentar... não vai fazer essa desfeita."
Isso era uma sensação de família, de partilhar bons momentos... "alguém viu o Monstro?", "Harry! deixa o elfo em paz!", "Tá bem Mione... tá bem...".Ele estava feliz... sorrindo, conversando.
-Gina não põe mais orégano aí!-disse a Sra Weasley atarefada com batatas e louça na pia.
-Mas...-ela disse e estendeu a colher com o molho para Harry provar...
Harry provou, estava quente...
-Não Gina, não põe mais não.- disse e enfiou um copo de água na boca..."quente!!!".
-Tá.- a menina guardou o pote de tempero.
-Você obedece ele mais que sua mãe?!- disse a Sra Weasley olhando-os.
-É que ele cozinha melhor...- Gina disse provocativa, Harry corou.
-Cozinheira...- riu Rony.
-Eu vou deixar escorregar pimenta na sua porção, Rony!- disse sério.
Na hora do jantar chegaram o Sr Weasley com Lupin e Thonks, os dois ficaram muito vermelhos com a cara que Hermione fez para eles... fazendo Harry ficar mais vermelho ainda quando ela o abraçou na frente de todo mundo.
Foi um jantar animado, mais ainda quando os Gêmeos apareceram, Mione ficou felicíssima em rever Bichento... que tinha ficado na loja... “Você podia largar esse gato um pouco Mione...” “Ciúmes do gato Harry?!” “Rony... tem uma aranha na sua blusa!” “tira! Tira!...Harry seu f****d*P***!” “Olha a boca Ronald!!!” “Bonito gato Mione...” “Obrigada Luna.”
A noite prosseguiu calma, Arthur até riu da situação atual, o pai de Rony estava com uma aparência muito cansada...Parecia tudo em ordem... pelo menos ali, por enquanto, lá fora era outra história... A Sra Weasley parecia muito relutante e os deixar a sós... Lupin teve que prometer várias vezes que ia ficar de olho nas coisas, antes dela e os Gêmeos acompanharem o Sr Weasley até o Beco onde estavam hospedados, a Toca era muito longe e desprotegida.
-Se comportem meninos.- Ela estava olhando diretamente para Neville que ficou roxo de vergonha...
Ficaram ainda muito tempo na cozinha, Rony e Harry jogando xadrez sob o olhar fascinado de Marco, Thonks e Lupin conversavam baixo, as meninas e Neville estavam observando uma série de vasinhos que ele descobrira na despensa e que pretendiam usar para plantar ervas... Luna os olhava encantada.
-Xeque.
-Mas...
-Xeque-Mate!- Rony fez um V com os dedos.- Sua vez Marco!
Harry se deixou ficar jogado na cadeira, era a quinta partida... que mico! Rony ria convencidamente, Harry mostrou-lhe a língua sem cerimônia.
-Mal perdedor.- riu Rony.
Viu Luna se erguer e olhar na sua direção, Hermione e Gina acompanharam o olhar, Mione se levantou assustada.
Harry ia se virar para ver o que estavam olhando quando sentiu, envolveu seu pulso muito rapidamente com um estalo, ao seu lado estava Monstro, Harry olhou o elfo e olhou o pulso, nele estava uma pulseira muito grande, parecia uma argola de cobre, sentiu algo ruim.
-Monstro... o que você fez...- balbuciou.
O que sentiu o fez gritar de dor e segurar a pulseira tentando arrancá-la, O elfo deu uns passos para trás mas o olhava avidamente.
-Tira isso de mim!!!
Ainda viu Lupin correr em sua direção, dentro dele ele sentiu um frio intenso se espalhar...
-SAI!!!TIRA!!!-tentou puxar a pulseira.
Tinha que resistir... era como se estivesse caindo,sentiu um vazio, uma leve despreocupação... como se estivesse sob a maldição Imperius...
"Mate-os..."
Ele tentava arrancar a pulseira, que parecia estar ficando mais apertada.
"Mate-os"
-Harry fale com a gente! Continue com a gente!-Falou Lupin tenso.
"Levante e mate-os!"
-Seu elfo desgraçado!-berrou Rony.
Harry mal sentiu quando levantou, tinha que resistir, pegou a varinha.
-Harry! Solte a varinha!- gritou Lupin- Tire todo mundo daqui Thonks!
"Mate-os!!!"
Harry jogou a varinha longe, a pulseira pareceu queimar, berrou novamente.
-Tire isso!!!-Viu Lupin puxar a pulseira com força mas sem resultado.
-Harry!!!- berrou Hermione segurada por Luna e Neville.
-Fique calmo Harry! Thonks tire-os daqui!- repetiu Lupin.
"Mate-o!"
-NÃO!!!
Lupin nem sentiu quando foi empurrado, Harry pensou em se desculpar, mas se viu cambalear até a varinha, fechou os punhos antes de chegar até ela.
"Pegue-a e mate-os!"
Voltou a puxar a pulseira com mais força, seu pulso começou a sangrar.
-Accio varinha!- disse Hermione.
-SAIA!!!SAIA!!!
"levante-se!!!"
-Não!
Então só havia os olhares assustados dos seus amigos, Harry se virou muito devagar para Hermione, estendeu a mão na direção dela:
-Accio!
A varinha voltou a sua mão, viu o espanto na cara deles antes de Lupin gritar:
-Estupore ele! Thonks!- gritou Lupin.
"Mate-os!!!"
Mas Harry estava tremendo da cabeça aos pés tentando resistir, Thonks pareceu indecisa em estuporá-lo.
-Petrifficus...
-Estupefaça!-bradou.
Lupin conseguiu se desviar, ele fez o feitiço sem mira...
"MATE-OS!!!"
Harry não queria... tremia convulsivamente, tentando em vão apontar para tudo menos para eles...
“MATE-OS”
-Ric...-tremeu. “me parem por favor!!!”
-Estupefaça!-atacou Thonks.
-Protego!
“Mate todos eles”
-Harry!!! Pare!!!- gritou Hermione.
-ME ACERTA!- berrou ao apontar a varinha para os amigos assustados.
Rony bem que tentou, mas de modo violento foi estuporado por Harry, que ainda desviou dos feitiços de Lupin e Thonks, ambos muito preocupados.
-HARRY SE CONCENTRE!- gritou Lupin...
Como se não estivesse fazendo isso... tentava em vão ficar quieto, mas era como se seu corpo tivesse vontade própria...
“AGORA MATE-OS!!!”
-AVADA...NÃO!!!- voltou a jogar a varinha.
-Accio- convocou Thonks.
Harry agarrou o próprio pulso com raiva, caiu de joelhos apertando-o com força, cada parte dele tentando resistir aquela angústia horrível... se sentiu aquecer novamente...resistir ao controle... se agarrou num fio de esperança e sentiu que voltava...
-SAIA!!!- berrou alto com fúria.
A pulseira avermelhou e incendiou, ele ouviu os gritos, apesar da dor escruciante daquilo pegando fogo em seu pulso , ele sentiu a pressão sobre sua cabeça parar... afastou o pulso do corpo vendo a pulseira pegar fogo, sentiu alguém segurar o seu braço e amparar sua queda, caiu rilhando os dentes de dor, viu o resto da pulseira cair de seu pulso ferido e queimado e se consumir até virar cinzas...
-Harry...- disse Lupin que o segurava contra o peito, e segurava seu braço.
Mas ele apenas olhava o braço ferido e ofegava, exausto, sentiu Mione chegar do seu lado e lhe segurar o rosto.
-Harry fala com a gente...
-Estou bem...- respondeu baixo.- Estou bem...
Ela o abraçou, ele fechou os olhos e a abraçou com o braço bom.
-Já passou... estou bem...
-Pensei que isso era impossível.- disse Thonks.
-O que era impossível?- perguntou Gina.
-Uma vítima de Jinki destruir a Jinki...
Harry ofegou "meu pulso... preciso de atendimento... meu pulso!!!".
Viu pelo canto do olho o elfo saindo, empurrou Hermione sem cerimônia.
-SEU CRETINO!!! ELFO DOS INFERNOS!!!
-Harry não!!!
Mas ele se levantou e correu atrás do elfo.
-O senhor não deve sobreviver...- disse o elfo.
Harry só percebeu quando se chocou com uma estante... sim,já tinha visto Dobby fazer algo parecido, elfos tinham magia própria... Mas o que Harry não percebeu é que aquela onda de ódio tinha se infiltrado tão fundo, aquele elfo maldito!
-TRAIDOR! MONSTRO! VOLTE AQUI!
-Monstro não serve você... – então o elfo caiu...
Harry olhou para Hermione, ela tinha estuporado o elfo, olhava para ele, para o elfo e para a própria varinha.
-Mione?
-Acho... que acertei ele...
-Consegue levantar?- perguntou Lupin.
-O que vamos fazer com ele Remo?- perguntou Thonks erguendo o elfo.
-Vamos mandar uma coruja para Dumbledore... isso passou dos limites...
-Cara, isso foi muito perigoso...- disse Neville olhando o estrago.
Luna e Gina apareceram carregando Rony.
-Ah... olha o que eu fiz...- disse vendo o amigo desacordado...
-É um milagre que você só tenha o estuporado... creio que a ordem era para nos matar...
-E... era.- disse olhando Lupin, então algo o fez lembrar.- Marco...
Hermione olhou para a cozinha, entrou.
-Não pense nisso agora... vamos ver esse pulso, está sangrando bastante... como você consegue fazer isso?
-Fazer o quê?- se levantou, tremeu, estava muito cansado.
-Queimar as coisas assim...- disse Lupin.- Estranho...
-Como assim estranho?- perguntou Thonks.
-Não é a primeira vez que você toca fogo em algo...
-Verdade.- disse num fiapo de voz.
-Remo.- disse Thonks apontando o rosto de Harry.
-Droga...isso é mau sinal.
Harry não precisou perguntar o que era, sentiu escorrer acima de seu olho e pingar de seu queixo... a cicatriz tinha reaberto, se sentiu muito fraco... desmaiou.
E não havia mais nada nele além de um estranho vazio, um enorme buraco negro, escuro e gelado, ele agarrou os próprios braços com frio, mas era tão irreal, como se ele fosse um fantasma, estava sozinho, havia somente o escuro como a noite mais negra, não havia nada a sua volta, ele estava imerso em escuridão, estava em um lugar estranho, uma luz fantasmagórica, meio esverdeada iluminava aquele espaço negro, mármore negro, do chão ao teto, lembrava um túmulo, ele não sabia porque estava ali, só sentia uma imensa tristeza,o pior era sentir que já havia visto isso, sentido isso... vivido isso antes... mas tinha mais certeza ainda de que era um lugar real... foi até o fim do corredor seguindo a luz, passou por uma superfície prateada, e viu seu reflexo, era estranho já tinha visto isso, era e não era ele, ele nunca estivera assim... estava com uma veste negra surrada amarrada na cintura, pálido como a morte, mas seus cabelos estavam monstruosamente longos, caíam revoltos até abaixo da cintura, podia ver os próprios olhos verdes por baixo de mechas de cabelos negros que caíam em seu rosto, mas não importava, tinha algo a fazer ali, entrou no que pareceu ser um salão, teve um lampejo de memória... naquele salão, em sonho tinha visto Voldmort ser-lhe oferecido como... vítima... sim... em sonho, a um ano atrás... ele se vira como carrasco de Voldmort... mas o salão estava vazio... não havia mais ninguém ali, nenhuma multidão, nem reis,nem júri, nem a arma que haviam lhe dado... era um imenso salão vazio...
-O que está havendo aqui?- falou olhando em volta, empurrando o cabelo de seu rosto.
Escutou sua voz se propagar, um eco fantasmagórico...
-OLÁ!!!
Ecos... foi andando... devagar, até chegar ao meio do salão.
-Você não está trilhando esse caminho por redenção...
Se virou assustado.
-Quem está aí?- procurou em vão sua varinha, nada.
-Você não precisa desses instrumentos...
-QUEM ESTÁ Aí!!!
-Eu... estou aqui... esperando.
Ele se virou, havia um vulto do outro lado, escuro, usando uma capa.
-Quem é você...Não é...
-Eu não sou ele...
-O que quer de mim?
-Agora? Nada... o que você quer de mim?
-Nada... quem é você?
-Sou o destino, o inevitável...
-Não me venha com essas histórias!!!- disse irritado.
-VOCÊ!!! Você vai ser o que ele não é!
Harry deu as costas, não precisava de sonhos insanos para se torturar, pensou com todas as forças em acordar, em sair dali.
-Eu não vou deixar você partir!!!
Se virou com raiva, mal percebeu que ao esticar a mão havia atacado.
-Viu...- o vulto falou ao seu lado.- Você não precisa de instrumentos...
-Me deixa em paz!- disse dando dois passos para o lado.
-Eperei muito por você... cheguei a achar que ele era o escolhido...
-Do que você está falando?
O vulto era de uma mulher... só os olhos estavam visíveis, verdes iguais aos seus... se não fosse o tom ferino da voz e a inconfundível irrealidade do lugar pensaria que era sua mãe...
-Você tem o poder que ele não tem... aqui.- apontou com força em seu peito.- no dedo um estranho anel que cobria a ponta do dedo e lhe dava um aspecto de garra.
-Você está falando da profecia...
-Mas de qual delas...- riu o vulto.- Qual delas?
-Você não é real...- disse se virando.
-Sou.- disse o vulto a sua frente.
-Pare de me confundir!!!
-Estou esperando por você... você está começando a me desejar... venha... faça o caminho.
Ele deu dois passos para trás, aquela coisa a sua frente não inspirava confiança.
-Você é perfeito! Você pode me possuir! Eu lhe darei o que desejar!
Riu:
-Eu já ouvi isso antes! Da pessoa que eu mais gostava... mandada pela pessoa que eu mais odeio!- falou cinicamente.
-Mas isso é sua maior tentação... não é? Seguir o caminho dele! Eu posso fazer isso...
-Eu não sou igual a ele!!!-isso disse com toda a sinceridade e fúria que tinha.
-Não...- ela se aproximou.- Você pode ser o que ele não é... isso fica bem em você...- estendeu as mãos com aqueles anéis estranhos para ele.
Harry não entendeu a última frase... até uma parede de líquido prateado se elevar a seu lado... ele olhou de relance, não queria desviar o olhar do vulto, mas voltou a olhar espantado, olhou seus braços, seu peito.
-O que é isso!!! O que você fez comigo?!- disse olhando as marcas em seu corpo, de um verde-escuro como tatuagens.
-Fica bem em você... na verdade,- disse maliciosamente.- Você ficou lindo...
Haviam símbolos estranhos, luas estrelas, até em suas mãos...
-Se afaste de mim...- disse andando para trás...- O que você está fazendo?
O vulto esticou o braço bem a sua frente, dele saiu algo, como uma jóia... balançava como um pêndulo... Harry sentiu seu corpo responder ao balanço do pêndulo, como se ele sincronizasse com as batidas de seu coração...
-Pare com isso...- ele falou se concentrando “eu vou sair daqui... eu vou acordar!... eu não quero ver isso!!!”
Repetiu de olhos fechados, punhos fechados... “eu posso sair... sei fazer isso!”
-Eu sou paciente! Milênios fazem milagres com meu humor... principalmente tendo você tão perto... faltando tão pouco tempo agora...
Harry sentiu mãos frias e pontas metálicas pressionarem suas costas,como se quisesse rasgar a carne na altura dos ombros... o arrepio fez com que se sentasse desperto, coração aos pulos.
-Harry!-gritou Hermione assustada.- O que foi!!! Era ele?!
Harry ainda olhava os próprios braços para verificar se não estava marcado, passou a mão pelos cabelos, longos, mas nem tanto... sentiu a garota abraça-lo.
-Harry... fala alguma coisa... seu coração está disparado... LUPIN!!!
-Eu... eu... estou bem... foi só um pesadelo...
-Você está frio...- ela esfregou as mãos dele.- Está pálido...
-Acho que é normal Mione.- disse Lupin da porta.- Foi um esforço em tanto, resistir a uma Jinki...
-É mas... eu...- o que dizer? Bem, ele tinha certeza de que não queria manter mais nenhum segredo, não ia reviver o ano passado. - Já falaram com Dumbledore?
-Ele disse que vai vir aqui, essa noite.- disse Thonks entrando.- Vamos dar uma outra olhada nessa mão... certo?- ela sorriu.
Ele nem tinha reparado que o pulso estava enfaixado... Lupin o olhava gravemente da porta, ele era esperto tinha percebido sua confusão...
-E o Marco?
-Ele está bem, ficou meio chocado, mas está bem... jogando xadrez com Rony.- disse Thonks.
-Rony está bem?Mesmo?
-Acordou com uma leve dor de cabeça, mas disse que você já o estuporou tantas vezes que está se acostumando...- riu Lupin.
-E o Monstro?
Mione deu um soluço estrangulado, Harry a olhou ela estava com um olhar estranho, Harry olhou para Lupin, ele balançou a cabeça:
-Era um elfo, muito velho... Mione... você não tem culpa.
-Eu não queria matar ele! Só parar ele!- ela começou a chorar.
Harry a abraçou.
-Mione... você libertou ele... ele não era feliz... agora ele pode descançar...
Ela começou a soluçar, ele a abraçou mais forte, escutou Thonks e Lupin fecharem a porta devagar...
-Ele não tinha culpa...
-Não tinha não... ele era o que fizeram...
-Ele tinha te machucado... eu só queria que vocês parassem...
-Eu sei... mas foi melhor assim...
-ELE morreu!!! Isso não pode ser o melhor!!!
-Tem razão... mas acha justo que ele continuasse sofrendo... eu sei que eu não tenho o direito de falar dele Mione, mas ele estava sofrendo... se consumindo aos poucos...
Ela o olhou, ele sorriu.
-Você o libertou, ele morreu cumprindo as ordens que queria cumprir... deve ter morrido satisfeito...
-Isso é horrível... tudo isso é horrível...
-É horrível sim...
E ficou abraçado deixando-a desabafar, se recriminando por não estar pensando nela, e sim na criatura estranha que o atormentara... malditos pesadelos... nunca acabam? Sentia um arrepio frio ao relembrar daquelas garras de metal... como se ainda pudesse senti-las nas suas costas... quem é você sua vadia... eu já tenho pessoas demais me caçando... então lembrou que Dumbledore apareceria... talvez lhe desse respostas... isso o acalmou.
Quando abriu os olhos percebeu que adormecera abraçado na garota, juntos, dormindo abraçados, ele sentiu uma paz tão grande que só aninhou seu rosto mais perto do contorno do pescoço dela, sentindo o perfume do cabelo, tentando adormecer novamente, mas ouve batitidinhas na porta que se abriu devagar, só então percebeu que o quarto estava escuro, pois uma réstia de luz iluminou seu rosto, ele se ergueu devagar, Hermione apenas se encolheu:
-Harry...- disse Thonks da porta.
-Espere...já estou indo.-falou baixo.
Depositou um beijo bem leve na testa de Hermione e puxou o cobertor para cima dela, sorriu feliz quando ela adormecida balbuciou seu nome.
Saiu leve como um gato e encostou a porta, Thonks lhe sorriu mas fez sinal para não fazer barulho, ele compreendeu era tarde da noite, desceu a escada e na sala da frente, conversando com Lupin estava Dumbledore.
-Então GrublyPlank vai voltar a lecionar... ela tem muita boa vontade.- disse Lupin.
-Nada de notícias deles então?-perguntou baixo da escada.
-Infelizmente nada de notícias.- disse Dumbledore amargamente.
Dumbledore parecia ainda mais velho que quando o deixara no ano passado, ele lhe sorriu, mas não era o mesmo sorriso de quando se conheceram... Harry sentiu o farfalhar de asas e o peso morno de Fawkes em seu ombro.
-´Lo Fawkes...- disse acarinhando a cabeça majestosa da ave.
-Acho que estou perdendo minha Fênix para você...
-Não... não mesmo, não é Fawkes?
A ave soltou uma nota e voltou ao colo de Dumbledore.
-Soube do que houve Harry... começamos cedo esse ano...
-Infelizmente...-sentou-se na poltrona próxima.
-Lupin me contou do infeliz incidente envolvendo Monstro...
-Espero que a Hermione se recupere... ela gostava daquele elfo...
-A senhorita Granger irá se conformar.- sorriu Dumbledore.
-É espero que sim...
Harry tinha que falar do sonho, mas não queria falar em frente a Lupin, ele já sabia da profecia... iria ficar ainda mais preocupado, se fosse besteira...
-Creio no entanto que não é isso que o está preocupando realmente...
Danem-se as reservas Harry, as vezes que você guardou seus sonhos apenas resultaram em tragédia... fale!
-Não... quando desmaiei tive um sonho...
-Com Voldmort?- perguntou Lupin aflito.
-Não... eu estaria mais calmo se fosse com ele.
Lupin e Thonks fizeram cara de espanto.
-Bem... então até eu me surpreendo, essa sua afirmação me deixa intrigado Harry.- disse Dumbledore.
-Imagino que existam coisas piores que Voldmort a solta... se é que é possível...
Dumbledore balançou a cabeça, murmurou:
-Nenhum terror se compara a Voldmort... pelo menos não agora... nada mais maligno rasteja entre nós Harry, houve muitos bruxos terríveis na história... cada um com sua sina de ódio e destruição...
-E o que eles tinham em comum?
-Do que você está falando Harry?- perguntou Thonks.
-Você não está com medo... com no ano passado...- pensou Lupin alto.
-Não... não sou eu...- disso sua experiência com Projeções era suficientemente grande para afirmar.- Foi uma interferência externa... e não era Voldmort.
-Você tem certeza?
-Eu reconheceria se fosse ele... eu sei quando é ele.
-Mas a sua cicatriz... sangrou.
-Por causa da Jinki... e foi isso que me deixou indefeso para essa outra “coisa”, ou seja lá quem for... ou o que for...
-Gostaria de lhe informar que eu estou confuso Harry.- disse Dumbledore.- Você diz que alguém além de Voldmort acessou sua mente... a distância...
-Infelizmente, sim.
Dumbledore cruzou os dedos da mão como se fosse rezar, mas apoiou o queixo neles, o olhou profundamente.
-Harry nem eu entendi... você não deixou entrar... mas isso é confuso... nem Voldmort entra assim fácil, não?
-Essa é a questão Remo.- disse Sério.- Nem Voldmort pode entrar agora se eu não quiser. Ele precisou de uma Jinki para tentar me controlar, ele precisa estar presente... como no ano passado para entrar em minha mente... uma coisa eu sei, ele não ia entrar tão fácil... e se entrasse eu ia saber.
-Então seja lá o que for... é mais poderoso que Voldmort?- perguntou Thonks.
-Não necessariamente.- disse Dumbledore.
Olharam para ele, então Harry falou tenso.
-Pode não ser, mas queria muito dar a entender que era.
-Hum... interessante, poderia nos contar esse sonho?
Harry não se enrolou muito para descrever o que lembrava, sua timidez a muito fora removida, não que estivesse a vontade, comentou também que já havia sonhado com o lugar em outra ocasião... a um ano... mas difícil mesmo foi repetir o que ela lhe dissera... e o que ela fizera, antes dele conseguir escapar... Dumbledore no entanto parecia dar sinais de entendimento o que o fez ficar menos tenso, acenava positivamente com a cabeça, como se ouvisse algo que conhecesse ou compreendesse.
-Harry, posso pedir que você repita a descrição do lugar... novamente?
Harry falou do corredor... do salão...
-Você não viu o lugar por fora, nem sinal de uma localização?
-Não... não que me lembre... parecia iluminado por magia... não vi portas ou janelas...
-Porque Dumbledore?- perguntou Lupin.- Você acha que esse lugar existe?
-Pelo menos em lendas existe.- disse ele que fez um sinal a Fawkes que levantou vôo e irrompeu em chamas no meio da sala, sumindo deixando apenas uma pena para trás...
-Como assim?- perguntou Thonks.
-O que Avalon, Atlântida e Shangri-lah tem em comum Lupin?- perguntou Dumbledore.
-São cidades fantásticas descritas em lendas...
-Não...- disse Dumbledore.
-Foram reais... destruídas por seus habitantes?- falou Harry.
-Você conhece alguma dessas lendas?- ele perguntou surpreso.
-A Atlântida é bem conhecida pelos trouxas, pelo menos a história... a lenda...
-Sim, a maioria de nós acredita de que teriam sido mesmo reais.
-E o que isso tem com o sonho de Harry?- perguntou Thonks.- Ele estava em uma delas?
-Receio que não, não nessas... mas existem outros lugares mágicos descritos em lendas semelhantes por todo o mundo...
-E...- disse Harry curioso.
-Antes disso, até Fawkes voltar, quero que me descreva a jóia que lhe foi mostrada.
-Jóia?
-Sim... a que lhe afetou.
-O pêndulo... eu...- colocou a mão na cabeça e tentou lembrar dele.- estranho...
-O que é estranho?- perguntou Lupin.
-Posso vê-lo... posso sentir... eu não consigo descrevê-lo...- disse por fim encarando Dumbledore.
-Imaginei isso.- disse Dumbledore.- E as marcas...
-Pareciam símbolos... tatuagens... só reconheci umas estrelas e luas, mas tinha mais... muito mais...
-Porque esse súbito interesse em Harry? Seja quem for...- perguntou Lupin.
"É, porque eu?"
-Isso é fácl de deduzir Remo, Harry tem estado em evidência... há uma campanha para matá-lo muito forte, ele é um bruxo conhecido, agora mais de meio mundo fala o nome dele... principalmente com essa onda de Voldmort fora do país... a história se espalhou fora do Continente.
"Tudo que eu preciso... fama."
Fawkes voltou em uma chama e pousou com um pergaminho no colo de Dumbledore.
-Essa é uma lista de locais onde Voldmort parece estar buscando coisas... na maioria são locais históricos, onde há lendas de artefatos misteriosos...- ele abriu um curioso mapa-mundi onde brilhavam pontinhos claros.
-Buscando artefatos? - inquiriu Lupin se aproximando da mapa.
-Como o véu?- Thonks leu os pensamentos de Harry.
Dumbledore confirmou com a cabeça para os dois.
-Citei as lendas que ele procurou primeiro, Avalon na nossa região...-apontou um ponto no mapa.- Shangri-lah, na China e na Índia, Atlântida no Oceano entre África e Ámerica, mas há outros lugares, como a terra das nuvens, na América central... mas no seu caso Harry sua descrição bate com dois prováveis lugares, Elísio, na Grécia e Atsilah, Pleno Oriente Médio... segundo as lendas...
-Desculpe... mas não assimilei.
-Em ambos os casos, você descreve o templo dedicado a uma deusa... ou deus... e em todos os casos, como você mesmo disse, esses lugares caíram fruto do poder excessivo de seus habitantes... lugares onde bruxos poderosos no passado foram venerados como deuses... eles teriam deixado nesses lugares artefatos poderosos...
-Isso eu entendi... o que não entendo é porque eu estou sonhando com isso...
-Sim... o mais estranho é você ser incapaz de descrever a jóia...
"Pare com essa fixação na jóia... aquela mulher me deu arrepios..."
-O que tem a jóia?- perguntou Thonks.
-Parece que ela é o artefato em questão, e se foi capaz de afetar Harry por sonho...- disse Lupin.
-Imagine o que Voldmort poderia fazer se tivesse essa jóia...-disse Thonks pensativa.
"Tá, você tem razão... a jóia é mais importante..."
-Mas quem é essa mulher? Se é que era uma mulher... e porque ir atrás de Harry assim?
-Isso não podemos saber a menos que a encontremos... mas e se for algum guardião... alguém disposto a ceder tal artefato... talvez tenha escolhido Harry para guardá-lo.
"Foi um jeito nada simpático de fazer o convite..." sentiu um arrepio ao lembrar das garras...” bocejou, “poxa, estou cansado...”
-Vamos colocar pessoas para investigar isso, quero que você não se preocupe com isso Harry, mas nos mantenha informado se tiver outros sonhos desse tipo.
-Claro...
-Quanto a Jinki...
Harry olhou o pulso enfaixado.
-Sem problemas...
Dumbledore franziu a testa.
-Harry, é a segunda vez que você incendeia algo em uma crise de fúria... uma vez eu lhe disse que esses poderes estavam descontrolados...
Harry corou...”eu já não me esforço bastante?”
-Isso foi mencionado por nossa visitante, poderia demonstrar o que fez na cozinha?
-Como?- ele perguntou espantado, “Dumbledore não queria que ele saísse tacando fogo nas coisas... até porque ele não sabia como fazer...”
-Lupin disse que você convocou sua varinha com as mãos limpas...
Isso era outra história... isso Harry sabia como fazer... olhou o peso de papel em cima da mesa, estendeu a mão para ele.
-Accio.
Thonks e Lupin soltaram breves exclamações,ele disse olhando o peso:
-Morgan disse que isso se chama Akasha...
-Significa que você não é dependente total de uma varinha...
-Para coisas simples... e não é fácil assim...- repetiu se sentindo um alien.
-Isso explica algumas coisas...- disse Dumbledore.- Todos os que tem dons...”incomus” tem esse nível da magia.- Dumbledore sorriu para Thonks.
-Mas eu nunca fiz nada assim...- disse ela espantada.
-Porque sua vida nunca dependeu disso querida Thonks.- Dumbledore sorriu.- O caso de Harry é diferente... ele precisou desenvolver isso.
“Tá eu sou uma aberração mesmo...” pensou em meio a um bocejo.
-Preciso ir... gostaria de falar a sós com Lupin...
Harry entendeu a deixa, “falem o que quiserem, de mim ou não... eu quero é dormir...” saiu devagar arrastando os pés até o quarto onde Hermione ainda dormia, “aproveita o sono... você nem imagina o que eu vou te contar amanhã...” Deitou ao lado dela, não pode deixar de sentir uma estranha felicidade em ficar ao lado dela... engraçado...pensou ao passar o braço na cintura dela... assim eu não tenho medo de sonhar de novo... enfiou o rosto nos cabelos espessos de Hermione... assim eu consigo dormir.
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