Lembranças
CAPÍTULO X. LEMBRANÇAS.
Quase todos os trouxas daquela rave já estavam mortos, e o Ministério sequer suspeitava do que acabara de acontecer.
No céu, a marca negra já brilhava, assinalando com ela o fim da carnificina e o inicio das comemorações.
Voldemort estava satisfeitíssimo: Tinha capturado três trouxas – duas mulheres e um homem – para servirem de atração principal na festa que seria dada em pouco tempo.
Uma comensal loira se pôs ao lado do Mestre e disse alto:
- Vamos todos para a minha casa! Como sempre, tem bebida à vontade!
As
festas comemorativas eram sempre dadas na mansão Malfoy. Exceto é lógico, quando Draco estava em casa. Na mansão tinha um grande salão de festas que ficava no subsolo. Ele era protegido por diversos feitiços, para que não pudesse ser encontrando muito facilmente.
Os comensais achavam essas festinhas muito divertidas. Elizabeth mesma já apreciou bastante de ir à elas. Agora, já não tinha certeza se gostaria do que estava para ver: se ainda fossem como antigamente, terá torturas, sangue, bebida e sexo; para todos os gostos.
- Claro Narcissa. Está tudo preparado?
- Como sempre, Milorde.
O homem sorriu malevolamente.
- Ótimo! Eu quero todos aparatando imediatamente no salão!
- Milorde, – Severo se aproximou de Voldemort. – eu acho melhor voltar a Hogwarts antes que o velho desconfie ainda mais de mim.
- É verdade, Severo. Volte. – Snape desaparatou. Elizabeth quase suspirou aliviada; seria mais fácil conter o impulso de correr para os seus braços se ele simplesmente não estivesse presente. – Milady, – Voldemort se voltou para Elizabeth – Você ainda sabe aonde a festa acontece?
- Ainda me recordo, Milorde.
XxXxXxX
A festa já começou barulhenta no salão escondido da mansão Malfoy. Inicialmente pelos gritos dos trouxas... Mas eles logo foram abafados pelo maldito barulho da música provinda do piano, que tocava exageradamente alta.
As garrafas de bebidas, Elizabeth percebeu, se preenchiam magicamente. Bebida eterna... para combinar com a loucura dos presentes, que também era eterna.
Em menos de duas horas o lugar deixou de ser considerado uma festa, para se tornar um inferno insuportável. Muitos comensais, principalmente os mais jovens, já estavam bêbados, caindo pelos cantos, vomitando. Os trouxas, coitados, estavam sendo violentamente estuprados, por dois, às vezes três comensais. Cada. Eles choravam e gritavam; pediam incansavelmente por misericórdia... Mal sabiam que, se tivessem misericórdia, seria no fim da festa, sendo finalmente mortos pelo tão querido Avada Kedavra...
Os outros comensais, aqueles que permaneciam “sóbrios”, nada faziam. Eram meros cúmplices. Os mais pervertidos, se escondiam no escuro dos corredores da mansão Malfoy para apenas olhar os crimes hediondos cometidos contra aqueles pobres trouxas... Mas participar? Nunca. As suas famílias eram muito tradicionais... Se alguém descobrisse, o que seria da reputação deles?
Mas isso não impedia o seu contentamento de olhar... Divertiam-se. Como crianças em parques de diversão... Riam histericamente, como se aquilo tudo fosse, aqueles estupros fossem engraçados... Um espetáculo grotesco. O circo dos horrores.
Loucos, loucos! Todos eles! Loucos! Ou será que ela era quem estava ficando louca? Afinal, se essa festa estivesse ocorrendo há alguns anos atrás, ela estaria se divertindo. Muito. Aliás, a esse momento, ela estaria com uma exageradamente grande taça de vinho tinto, rindo escandalosamente... Mas agora... A única coisa que ela conseguia sentir era asco... Queria chorar, gritar! Matar todos aqueles... doentes!
De repente o cheiro de sangue invadiu aquele lugar. Ela olhou de lado: Uma das trouxas estava sendo cortada... Cortes superficiais, para doer... E para matar lentamente... Na mentalidade dos comensais, uma morte rápida não causaria a menor diversão... Eles já estavam acostumados! As mortes festivas tinham que ser regadas a sangue.
Elizabeth se sentiu enjoada. Se não saísse dali imediatamente, perderia o controle e acabaria cometendo a besteira de tentar salvar a pobre trouxa. Foi até o Lorde das Trevas.
- Milorde, estou me sentindo um pouco cansada. Será que a minha presença é realmente necessária?
- Pode ir, Elizabeth. Mas me espere acordada. – Ele pousou uma das mãos nas nádegas de Elizabeth, num gesto nada gentil. Olhou para a trouxa sendo violentamente assassinada. – Festa excitante, essa, não?
Ela respirou fundo. Era melhor não responder, se ainda quisesse manter a sua integridade física. Limitou-se a acenar com a cabeça o que seria um “sim” e tentar esboçar um sorriso. Desaparatou.
Aparatou diretamente no quarto em que Voldemort dormia, na antiga casa dos Riddle. Ela sentiu um calafrio. Correu para o banheiro e vomitou. Depois, tomou um banho, enquanto chorava e esfregava violentamente a pele, tentando tirar aquele cheiro de sangue, que parecia estar impregnado nela. Tentou esquecer de tudo aquilo que acabara de presenciar. Não conseguiu. Colocou um roupão e se deitou na cama. Tentou se lembrar de como ela havia entrado naquela vida. As repostas vieram em seus inquietos sonhos, onde Elizabeth pôde reviver o seu passado.
XxXxXxX
HOGWARTS, 58 ANOS ATRÁS.
O salão principal estava abarrotado de estudantes. Era a cerimônia de seleção dos alunos novatos... e Elizabeth era uma deles. Poderia até estar feliz, mas o nervosismo não deixava.
Por que diabos o seu sobrenome tinha que ser com R? Tudo bem... Tinha demorado muito, mas já estavam na terceira pessoa cuja inicial do sobrenome era R. Um tal de Riddle acabara de ser selecionado – Sonserina. Agora, só podia... – “Riverside, Elizabeth” -...ser ela!
Cautelosamente, ela sentou-se no banquinho.
“Quem diria! Uma autêntica não-humana em Hogwarts! Faz bastante tempo que eu não vejo uma! Mas vamos ao que interessa: És muito determinada, Riverside, e não se importa de passar por cima de ninguém para conseguir o que quer. Acho que, mesmo não sendo humana, ficarás bem colocada na... SONSERINA”
Finalmente fora selecionada. A mesa da sonserina a aplaudia, não muito entusiasmada. Ela se sentou ao lado do garoto que tinha sido selecionado antes dela.
- Riddle, não?
- É. – Ele sorriu, embora esse sorriso não atingisse seus olhos. – Mas pode me chamar de Tom.
- Oi Tom! – Ela sorriu. – Me chame de Elizabeth!
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HOGWARTS, 54 ANOS ATRÁS.
- Lis! Lis!
Elizabeth olhou para trás. Tom estava correndo ofegante em sua direção. Não que não quisesse falar com ele, mas estava realmente sem tempo para o amigo... Agora tinha aula de poções e não poderia chegar atrasada mesmo. Tinha um trabalho para entregar.
- Você soube? Aquela menina chorona apareceu morta hoje!
- O QUE? Aquela chatinha, que vivia trancada no banheiro?
Tom parou para respirar.
- Essa! E foi lá que ela morreu! Parece que se não pegarem o culpado, a escola vai fechar! Você acha que eu devo entregar o Hagrid?
Elizabeth esqueceu completamente das poções, quando Tom falou aquilo. Puxou Riddle pelo braço e o arrastou para um corredor deserto.
- Tom, você é louco? – Ela apenas sussurrava. Tinha medo de ser ouvida. – O Rúbeo não tem nada haver com isso! Não é justo!
O menino deu de ombros.
- Sim, mas...
- Eu não estou dizendo para você se entregar! Nunca! Mas é obvio que a sua brincadeirinha já foi longe demais!
- E o que é que você quer que eu faça, Lis? A escola não pode fechar! Você sabe que eu não tenho dinheiro para ir à outra escola!
- Você pode dizer a Dumbledore que conversou com o culpado e que tudo vai acabar! Que a câmara secreta será fechada!
- Ah, Lis, isso seria a minha confissão de culpa! É isso que você quer? Que eu vá parar em Azkaban?
- Mas... – Elizabeth não conseguiu mais encontrar argumentos para convencer o amigo. E já estava muito atrasada. Respirou fundo. Desistiu. – Quer saber? Faça o que você quiser! Eu não me importo! Vá em frente! Acabe com a vida de um inocente! Só não venha procurar a minha aprovação para isso!
Ela se virou, enquanto tentava não ouvir Riddle dizer:
- Eu não preciso da sua aprovação para nada.
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HOGWARTS, 55 ANOS ATRÁS.
Elizabeth estava no dormitório, preparando-se para dormir, quando uma coruja apareceu na janela. A outra garota que estava no quarto, Adrienne Johnson, deixou-a entrar. A coruja foi até Elizabeth.
“Minha queridíssima amiga Lis; Como sei que você não recebeu nenhum convite para ir à Hogsmeade amanhã, e como sei que seria uma vergonha irremediável não ter par para o dia dos namorados, principalmente se tratando de uma garota tão simpática e exoticamente bela como você, decidi te chamar. O que você acha do meu ato de caridade?”
Ela riu. Pegou uma pena e um pedaço de pergaminho e começou a escrever uma resposta.
“Prezado amigo Tom; Estou sincera e profundamente comovida com o seu gesto caridoso para com a minha pessoa. É, definitivamente, uma grande prova de amizade. Porém, sinto-me obrigada a te informar que, somente hoje, recebi trinta e sete convites. Sangue veela, lembra?”
Minutos depois, a reposta.
“Adorada Lis; quero deixar registrado que apenas perdedores desesperados chamam uma garota para um encontro com apenas um dia de antecedência. Mas, como você sabe, eu sou um perdedor desesperado! Se você não for comigo, vou só! Já aceitou algum convite?”
“Amiguinho; que dizer que o jogo se inverteu, não? Agora EU é que vou fazer um gesto caridoso! Como prezo muito a sua amizade, aceito! P.S.: Quer dizer que isso é um encontro?”
A resposta demorou quase quinze minutos. A letra de Riddle estava tremida, no minúsculo pedaço de pergaminho.
“Isso depende de você.”
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HOGSMEADE, 50 ANOS ATRÁS.
- E eu vos declaro marido e mulher! Você pode beijar a noiva.
Elizabeth – agora Riddle – nunca tinha visto Tom tão bonito! Ele usava um elegantíssimo traje verde-musgo, tão escuro que contrastava com a sua pele branca...
Ela também estava deslumbrante, e não podia ter produção diferente no dia mais feliz da sua vida. Usava um belo longo branco, todo incrustado de diamantes – ainda bem que a sua rica família não tinha medo de gastar dinheiro com jóias, especialmente diamantes; ela era simplesmente obcecada por essa pedra. Eles estavam radiantes de tanta felicidade.
- Elizabeth, Tom! Tenho que falar com vocês!
Era Dippet. Tom nunca gostou dele, embora fizesse questão de mostrar o contrário à todos. O casal se aproximou.
- Quero dar os parabéns pelo maravilhoso matrimônio! Como presente de casamento, quero convidar você, Tom, para lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, a partir do próximo ano.
O semblante do garoto se tornou sério.
- O que aconteceu com professor Anderson?
- Se aposentará no fim do ano letivo. Bom, o que me diz?
- Eu...
- Ele adoraria trabalhar em Hogwarts, professor! Obrigada!
O rosto de Tom, agora, se tornou duro.
- Obrigado, professor, mas não é lecionar o que eu quero para a minha vida.
Puxou Elizabeth pelo braço, para longe dos convidados.
- Nunca, jamais, fale por mim!
Ela pensou em pestanejar, mas eles tinham acabado de casar. Não
discutiria com o marido.
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MANSÃO RIVERSIDE, 28 ANOS ATRÁS.
Já passavam das duas da manhã quando Tom finalmente chegou. Elizabeth estava muito preocupada. Correu para o marido, pra se certificar de que ele estava bem. E foi quando se aproximou que viu a sua preocupação se transformar em raiva:
Tom estava visivelmente bêbado e, o que é pior, rasgando o livro favorito de Elizabeth!
- Será que o senhor poderia me dizer ONDE DIABOS ESTAVA?
- BEBENDO! Aonde mais?
- QUER SOLTAR O MEU LIVRO?
Em resposta, ele atirou o livro na lareira. Elizabeth xingou o marido com todos os palavrões que ela conhecia. Ele correu até ela e tapou a sua boca com a mão. Eles se desequilibraram e caíram.
Ele, então, riu e entregou à esposa a edição de luxo daquele mesmo livro. A beijou. Estivera se fingindo de bêbado o tempo todo. Começaram a rir.
- Você não vai perguntar por que eu estou triste, Lis?
- Você não parece triste! O que aconteceu?
- Eu quis pedir o cargo que Dippet me ofereceu, e o velho que está no lugar nele não deixou...
Ela se sentou, saindo de baixo daquele homem.
- Com todos os rumores sobre você... Não podia ser diferente.
- Blah, blah, blah... Você é muito chata, Lis! Nenhum dos rumores foi comprovado! Não quer saber o que eu fiz?
- O que você fez?
- Azarei o cargo! – Ele deu uma forte risada. – Agora, todos os professores que pegarem esse cargo terão uma maré de azar! Nenhum vai querer durar muito tempo! Se insistir, morre!
Elizabeth franziu o cenho, preocupada.
- Tom, isso é... muito perigoso! Quero que você desfaça!
- E quem disse que você me dá ordens?
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MANSÃO RIVERSIDE, 29 ANOS ATRÁS.
Elizabeth estava lavando os pratos quando ouviu várias pessoas aparatarem na sua sala. Ela pegou a varinha e foi ver o que estava acontecendo: Umas quinze pessoas estavam formando uma fila que caminhava para o seu marido. Ele colocava a varinha no braço dessas pessoas, que gemiam. Logo depois, elas se curvavam e beijavam a barra das vestes do seu marido. Então, vestiam-se com máscaras e capas pretas.
- Elizabeth, querida, não se esconda! Venha até aqui.
Ela obedeceu. Ele a explicou tudo que estava acontecendo. Explicou a sua sede de sangue. Suas idéias terroristas. Por fim, disse.
- Você tem apenas duas escolhas: Transformar-se na Lady Voldemort, ou morrer! Eu odiaria ter que te matar, mas, se for necessário...
Ela nunca tinha matado antes... E nunca quis! Mas não morreria para salvar a vida dos outros!
No fim daquela noite, o inferno dela tinha começado... No fim daquela noite, ela já carregava a marca negra no braço... No fim daquela noite, ela cometeu o seu primeiro assassinato... E gostou.
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Reviews, por favor.
Bjus para a Karlinha Malfoy, que betou mais esse cap.
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