Voltando à Rússia



CAPÍTULO VIII. VOLTANDO À RÚSSIA

NIZNI NOVGOROD – RÚSSIA

A mulher ainda chorava quando finalmente encontrou aquela pobre e suja pousada no meio daquela cidade que ela pensava conhecer tão bem.

Estava muito frio: O inverno russo tinha chegado com força total naquele ano; e ela usava apenas um casaco de lã.

Sentiu um alívio imenso ao entrar no lugar. O aquecimento artificial pareceu abraçar o seu corpo. Observou. O lugar era extremamente mal-cuidado. As instalações elétricas precisavam, com urgência, de uma revisão. No balcão, dois atendentes vestidos com grossas peles jogavam baralho e bebiam conhaque quando ela entrou.

O susto foi grande: Os dois, ao verem o estado da mulher, correram para ajudar. Os dedos das mãos e dos pés estavam roxos; as unhas, quase pretas; a pele do rosto estava ressecada por causa do frio. Ofereceram a ela conhaque. Ela tomou na garrafa, uns cinco grandes goles de uma só vez. A cor pareceu voltar ao rosto. Ela se animou um pouco. O mais alto tirou a pele que vestia e cobriu a mulher com elas.

- Você é louca? Tens sorte de não ter morrido de frio!

Fazia tanto tempo que ela não exercitava o seu russo, que a língua soou estranha. Tentou não falar com um sotaque muito carregado.

- Eu preciso de um quarto.

- Você é estrangeira? – Ela assentiu. O atendente se voltou para o outro. – Deve estar perdida.

- Eu não estou com dinheiro aqui. – Ela quis canalizar as atenções para ela. – Mas sou muito rica! Se me deixarem ficar aqui esta noite, eu pago o dobro.

O mais baixo sorriu.

- Nós temos coração, senhorita. Mesmo que fosse pobre, não a deixaríamos na rua para morrer! Venha... E fique com o casaco.

XxXxXxX

O quarto era horrível! Porém, na situação em que se encontrava, qualquer coisa seria uma bênção. Ela agradeceu aos homens.

Assim que eles saíram, ela foi ao banheiro. Olhou-se demoradamente no espelho. Estava num estado deplorável.

- Guinevere Chatèau-Briant, você está oficialmente morta a partir de agora!

Ela pegou a varinha e tocou em seu cabelo. Imediatamente, ele começou a crescer lentamente. Porém, já não tinham a mesma cor: o ruivo foi dando lugar a uma coloração acinzentada, com vários fios prateados. Ela deixou esse novo cabelo crescer até que o cinza chegasse ao início das suas pernas. Suspirou. Mas uma agitada na varinha. Os cabelos passaram a exibir um belíssimo corte. O antigo ruivo e parte do cinza estavam no chão. Ela apanhou e colocou-os no lixo.

- Exatamente como costumava ser!

Agora ela tocou a varinha na pele. Olhando-se no espelho, ela se viu ficar cada vez mais pálida, até que a pele ficou também num tom acinzentado, bem mais claro que o tom dos cabelos. Olhou para as unhas. Pretas. Olhou para os lábios. Um vermelho intenso contrastava com a cor da pele.

Respirou fundo.

Aproximou a varinha dos olhos, que, imediatamente, passaram a exibir uma cor alaranjada muito fraca. Uma lágrima caiu.

- Bem-vinda de volta, Elizabeth Riddle!

Depois de se olhar muito no espelho, tentando descobrir qualquer detalhe que ainda estivesse diferente do que fora há quinze anos, ela foi se deitar. Fechou os olhos e procurou se lembrar de tudo que ocorrera dois dias antes.

XxXxXxX

Ela estava na ilha de Hierro. Severo dormia profundamente ao seu lado, ainda cansado por tudo que tinham feito na noite anterior. Ela também estava cansada, mas não conseguia dormir. Sempre que fechava os olhos, via Bellatrix. Lembrava-se das conversas, das risadas, das confidencias... Bella era, provavelmente, quem mais a conhecia no mundo! Bastaria olhar atentamente para o seu rosto, que ela a reconheceria... E, se isso acontecesse, Severo, Michael e as crianças estariam mortos.

Foi então que ela teve uma idéia. Levantou-se e pegou um frasco que estava na sua gaveta. Se fosse rápida, conseguiria. Voltou para a cama e finalmente conseguiu dormir.

No bar: Ela sabia que não conseguiria ficar ali por muito tempo. Estava farta de forjar aquele sotaque francês e já não agüentava mais ficar com aqueles óculos de sol. Decidiu que era hora de executar o seu plano.

- Excusez moi. Eu vo’ au toilette.

Ela pegou a bolsa e saiu. O banheiro ficava atrás do bar. Viu que não tinha ninguém olhando. Desaparatou.

Aparatou no Asilo Municipal Para Bruxos de Chaleroir, na Bélgica. Correu em direção a uma velhinha que estava só.

- Imperio!

Ela tirou então um frasco da bolsa. Arrancou alguns poucos fios do seu cabelo e jogou na poção. Entregou para a velha.

- Beba!

A velha obedeceu imediatamente. Logo se transformou na exata imagem de Guinevere Chatèau-Briant. Ela se aproximou da “velha” segurou a sua mão fortemente. Desaparatou, levando consigo a sua imagem.

Aparatou atrás do bar.

- Agora escute: Você vai até a mesa em que está um homem de cabelos oleosos e pretos e uma mulher. Quando chegar, sente-se, volte-se para o homem e diga “Sev, pede une cerrvej’ pour moi, porr favorr!”. Então, aquele barco – Ela apontou para um iate isolado. – vai explodir. Você vai se levantar assustada e dizer “Eo vo’ ajudarr!”. Imediatamente aparate no barco. – A “velha” se virou para ir cumprir as ordens, quando Guinevere lembrou-se. – Troque de roupas comigo antes!

As mulheres trocaram as roupas rapidamente. A verdadeira Guinevere quase não conseguiu entregar o colar que tinha ganhado de natal, mas era necessário. Ela viu a falsa Guinevere ir para a mesa.

Aparatou no barco. Assustou-se quando viu que, lá dentro, tinha um
garotinho de, no máximo, seis anos de idade.

Teria que matar dois inocentes. Fechou os olhos, entristecida.

Ela estuporou o menino para que, pelo menos, não sentisse dor. Ela fez um feitiço que causou uma pequena, porém ruidosa explosão. Correu e pulou do barco. Executou nela, por precaução, o feitiço de congelar chamas. Esperou pouco. Assim que viu a mulher aparatar no barco, ela jogou nele um feitiço que provocou uma fortíssima explosão, que chegou a esquartejar o corpo da mulher. Sumiu.

Aparatou na Rússia. Vagou molhada e sozinha por dois dias nas ruas de Nizni Novgorod. Ela pensava conhecer cada pedacinho daquela cidade, mas estava enganada. Sobreviveu apenas por causa de um bem executado feitiço do aquecimento. Quase explodiu de felicidade quando encontrou um lugar que a acolhesse.

XxXxXxX

Elizabeth – sim, agora ela era Elizabeth novamente – se virou na cama. Amanha iria à Gringotts. Agora que não precisava se esconder mais, poderia mexer na sua milionária conta. Ainda lembrava-se onde a filial russa ficava. Aparataria lá pela manhã. Precisava dormir.

XxXxXxX

O Gringotts russo estava bem mais cheio do que da última vez que ela o visitou. Bom, talvez o fim do socialismo trouxa tivesse, de alguma forma, enriquecido os bruxos. Ficou feliz ao ver que pelo menos os bruxos estavam se reerguendo.

Seguiu até um duende desocupado.

- Cofre 592.

- Chave, por favor.

- Eu sou a chave.

- Não pode ser... – Ele olhou uma imensa lista. – Senhora Elizabeth Riddle?

- Exatamente.

- Bom, é que faz tanto tempo que a senhora não movimenta a sua conta... – Elizabeth conteve o suspiro de se lembrar como os duendes tratam bem os milionários. – Mas eu não vou te deixar esperando... Vamos, vamos!

Quando chegou ao cofre, ela fechou os olhos e se concentrou. Um vento frio atingiu o lugar. O duende se escondeu. Ela respirou lenta e ruidosamente. O cofre se abriu assim que ela abriu os olhos.

Realmente, tinha muito dinheiro! Ela pegou o bastante – talvez mais do que isso – e saiu. Foi direto para a central de trocas. Converteu a metade do seu dinheiro em moeda trouxa. A outra metade, gastou em ingredientes para poções e roupas, principalmente com couro preto e correntes. Depois, voltou para a pousada.

- Peguei meu dinheiro no banco hoje. – Quase riu da cara de surpresa dos russos ao ver a sua súbita mudança de aparência. – Ficarei aqui por dois meses. Posso pagar adiantado?

- C... Claro!

Elizabeth pegou um punhado de dinheiro e entregou para o atendente gordo. Ele olhou quase não acreditando.

- Aqui tem muito dinheiro, Senhorita...

- Riddle. Senhora Elizabeth Riddle. E não é muito. Disse que pagaria o dobro!

XxXxXxX

Snape estava na sala, um tanto bêbado, relembrando os velhos tempos e tentando esquecer que Elizabeth, agora, estava realmente morta, quando Narcissa apareceu pela sua lareira.

- Eu soube do que aconteceu, Severo. Eu sinceramente não sei o que dizer...

- Então não diga nada! Saia daqui!

- Sev... – Ela se aproximou. – Eu sei que não gostei nada dela, mas eu realmente sinto muito!

- Narcissa, – Ele se levantou. – se foi para isso que você veio, pode ir embora! – Ele respirou fundo e se recolheu numa poltrona bem ao fundo da sala. – Preciso ficar só.

- O Mestre está solidário com o seu sofrimento. Disse que você estava liberado das próximas duas reuniões.

- Você sabe que ele diz isso, mas acaba exigindo a nossa presença sempre.

- Não foi! Ele me mandou aqui para te dizer isso! Disse que se não passasse o recado direito, que se você aparecer por lá nas próximas reuniões, eu serei severamente punida.

Ele respirou fundo.

- Diga ao Lorde das Trevas que eu estou imensamente agradecido... Agora vá.

XxXxXxX

Reviews, por favor...

Bjus para a
Karlinha Malfoy, q betou mais esse cap.

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