Desprezível
- Você está bem, Gina?
“Não... não estou bem... Draco... Pansy... não pode ser...”.
Gina ofegava e lutava desesperadamente contra as milhões de lágrimas que estavam prontas para aparecer em seus olhos. Ela abaixou a cabeça, por isso não percebeu a cara de interrogação do garçom que trouxe a comida para a mesa deles.
- Gina? – Eddy parecia preocupado. – Gina, você ta legal?
Gina sufocou todas as lágrimas que conseguiu. Fez o possível para não deixar à mostra que estava à ponto de cair no choro. Levantou a cabeça com uma expressão perturbada, ainda respirava ofegante. Eddy parece ter percebido.
- O quê houve? Está se sentindo mal?
- Estou. – a voz saiu fraca. – Me desculpe... de verdade...
- Gin... – Eddy não terminou de falar. Gina se levantou e saiu correndo pela porta principal do Jack’s Café, atraindo olhares dos bruxos que ainda estavam no local. A escuridão das ruas de Hogsmeade nunca fora tão aconchegante: ela queria chorar sozinha, não queria ver ninguém...
Virou uma rua ainda mais deserta e escura, se sentia fraca, as lágrimas caíam em grande quantidade. Apoiou-se à uma parede suja, e um vulto vinha correndo em sua direção. Os cabelos loiros e os olhos claros brilhavam mesmo no escuro.
- Virginia! Espera...
- Sai... da minha... frente... – a voz dela estava trêmula, num misto de ódio e tristeza.
- Você precisa me escutar!
Gina mirou os olhos dele com toda a raiva que sentia. Seu olhar faiscava, e Draco sentiu remorso.
- DESMINTA, ENTÃO! DIZ, OLHANDO EM MEUS OLHOS QUE É MENTIRA... – ela gritou, as lágrimas invadindo os olhos castanhos fazendo-os brilhar.
Draco olhou nos olhos dela. Como podia ter sido tão idiota? Tudo o que ele queria era fazê-la acreditar em suas palavras. Um milhão de possibilidades passaram por sua cabeça, idéias de como ele podia fazê-la esquecer de tudo e voltar para ele, porque ele não a queria perder. Gina ofegava e mantinha o olhar firme, mas o corpo todo tremia de frustação. Ele abriu a boca, mas as palavras não saíam...
- Não consegue?! – ela disse. - Quem é você, afinal? Conseguiu me enganar direitinho, me fez acreditar que tinha mudado... Agora não consegue mais mentir nem para dizer que foi tudo um grande engano?! – ela o empurrou com toda a força que conseguiu reunir. – SAI DA MINHA FRENTE!
Ele cambaleou para trás, mas quando ela estava indo embora ele foi até ela e a segurou pelo braço.
- Solta... – o tom era ameaçador.
- Não... você precisa me escutar...
PAF! Gina deu um tapa muito forte no rosto de Draco. Ele apenas fechou os olhos. Ele sabia que havia merecido, e a dor do tapa não chegou nem perto da dor que sentia por dentro...
- É esse o preço que vou ter que pagar para te fazer me escutar? – ele mantinha os olhos fechados e o tom da sua voz era calmo e falhado.
PAF. Outro tapa. Draco franziu rapidamente a testa, denunciando a dor.
- ISSO não é absolutamente NADA perto do que VOCÊ me fez... NADA!
- Eu sei. – havia arrependimento em sua voz.
Draco abriu os olhos claros ao mesmo tempo em que Gina levantava a mão para outro tapa. Ele levemente segurou o braço dela, impedindo-o.
- A Pansy nunca significou nada...
- É MESMO? PIOR AINDA, MALFOY! VOCÊ ME TRAIU COM UMA NINGUÉM! – ela respirou e continuou – E só por prazer, eu presumo. Por quê, ein? O quê você pretendia mentindo pra mim? O QUÊ?!
- Eu não menti...
- Cala a boca! CALA ESSA BOCA! PÁRA DE FINGIR!
- Não grita comigo... – ele sussurou calmamente. Sentia-se mal sempre que alguém gritava com ele, e era mil vezes pior naquele instante...
- POR QUÊ, VOCÊ NÃO GOSTA QUE GRITEM COM VOCÊ? – sua voz aumentou – DESCULPA, MALFOY, MAS EU NÃO SOU UM ELFO DA SUA CASA PARA VOCÊ DAR ORDENS!
- Não estou dando ordem... Estou pedindo.
- SUA MÁSCARA CAIU, MALFOY! MAS OLHA – seu tom abaixou um pouco e suas palavras se tornaram mais frias. – Você não é o único que mentiu aqui. Quer saber o que eu acabei de descobrir? Eu nunca gostei de você! Para mim você sempre vai ser o Malfoy estúpido e desprezível! Eu TE DESPREZO, Malfoy!
Draco sentiu um aperto. Estava impossível continuar ouvindo aquelas palavras. Elas doíam muito mais do que simples xingamentos.
- Eu... não menti...!
- CALA A BOCA! PÁRA DE FINGIR QUE VOCÊ É ALGUÉM COM SENTIMENTOS... VAMOS, NÃO SEGURE AS PALAVRAS. XINGUE MINHA FAMÍLIA, ME XINGUE, XINGUE O HARRY... PELO MENOS ASSIM VOCÊ NÃO ESTARÁ SENDO DISSIMULADO!
- Quando eu disse que gostava de você...
- Você não gosta de ninguém. DE NINGUÉM! Você não gosta de mim, você não gosta dos outros. É por isso que perdeu quase todos os amigos depois de Hogwarts... É, eu sei que perdeu, Malfoy! A única coruja que vem pra você é a que entrega O Profeta Diário... e dessas menininhas que gostam do seu corpo! Mas você é só um símbolo de prazer pra elas, sabia? É isso mesmo, você achou que elas te amavam por acaso?
O corpo de Draco tremia. Nunca fora acostumado a ouvir tais palavras. Ele seria capaz de jogar a Maldição na Morte em qualquer um que as pronunciasse... Mas por quê simplesmente não conseguia nem abrir a boca para responder?
- FALA, MALFOY! EU NÃO DUVIDO QUE VOCÊ NÃO POSSUA AMOR NEM PELOS SEUS PAIS...
- CHEGA, Virginia! – ele explodiu. Estava horrível ouvir aquilo dela.
Ela se calou, mas o olhar continuava penetrante e duro. Draco tinha a testa franzida, mas não era de raiva.
- É ruim ouvir a verdade, não é? É horrível. Talvez seja por odiar verdades que você resolveu inventar uma mentira.
- Eu já te disse que não menti.
- Você ainda pretende que eu acredite em você? Que eu caia em seus braços, diga que te perdôo, e acredite que você realmente goste de mim?!
- Acredite...
- O quê você entende por gostar, Malfoy? Nada. Você não entende e nunca vai entender. Você só pensa em si mesmo.
Ele levou às mãos ao rosto dela, mas ela o empurrou violentamente.
- Eu gostava de você, se quer saber - ela continuou. - Lamento em lhe dizer, esse sentimento acabou de se transformar em ódio.
- Não... – ele sacudiu a cabeça. Não aceitava aquilo.
- Até parece que está arrependido – ela estava satisfeita em ver que as palavras o atingiam. – Pena que você acabou de perder a única garota que verdadeiramente gostava de quem você é, e não do corpo que você tem ou do dinheiro que você tanto gosta de exibir. Adeus, Malfoy.
Não deu tempo dele segurá-la ou respondê-la. Ela desaparatou e ele ficou ali, desconsolado. As palavras ainda o perturbavam, e seu corpo tremia ao lembrar de Gina gritando... Pior, ela realmente gostava dele. Gostava. Agora ela disse que o odiava...
Draco se sentou encostado em uma parede, amaldiçoando-se. Por quê não conseguira mentir para Gina? Devia ter dito que era mentira... Mas talvez ela não acreditasse, só pioraria... E ainda tinha o plano. Oh meu Deus, o plano do Lorde das Trevas. Como ele poderia ter sido tão burro de esquecer? Ele estaria mesmo tendo sentimentos verdadeiros por Gina? “Não posso estar gostando dela... não posso...”. Mas era inútil pensar que não, ele estava além dos sentimentos que previra e isso se tornou visível agora que ele a perdera. Mas precisava recuperá-la, queria tê-la de volta... não podia ser... ela não podia ter abandoná-lo para sempre... “Ela gostava de mim”. – pensou, com um nó na garganta crescendo. E naquele momento, Draco se sentia a pessoa mais estúpida do mundo. Se arrependimento matasse... pobre Malfoy.
Gina chegava à Toca com os olhos inchados. Tentava desesperadamente limpar os sinais de lágrimas do rosto, lutava para elas não caírem mais. Ficou um bom tempo parada no quintal escuro, os pensamentos a mil e o corpo doendo de raiva. A idéia de que tudo o que passara nos últimos dias fora tudo uma mentira não entrava na cabeça dela. Doía em pensar. Só podia ser um pesadelo.
Da janela da cozinha, ela ouviu vozes.
- Harry, vamos lá no meu antigo quarto procurar. Mamãe disse que tudo o que era meu está lá ainda.
- Calma Rony... – era a voz de Hermione. – Não precisa ficar atônito só por causa de uma bandeira do Chudley Cannons.
- Mione, você sabe mais do que ninguém que eu sempre quis acompanhar o Chudley Cannons numa Copa de Verão inteira. E iremos depois de amanhã...
- Eu sei, mas termine de comer primeiro! Sua mãe teve a gentileza de nos convidar para jantar, porque você nem pensava em comer quando apareceu no St Mungus. Só queria saber dessa bandeira.
- Ok, ok. – Rony bufou. – Mas depois nós vamos virar aquele quarto de cabeça para baixo se for preciso. É minha melhor bandeira deles. Não sei por quê você não aceitou minhas coisas quando nos mudamos...
- Nossa casa não é museu para você levar tudo o que tinha, Ron. As paredes do seu quarto eram cobertas com pôsteres!
Rony fez bico. Gina quase abriu um sorriso ao ver Rony e Hermione discutindo. Era sempre engraçado, mas todos sabiam que eles se gostavam.
- Então, Harry – disse Rony. – A Cho vai torcer mesmo para os Tutshill Tornados?
- Vai. Ela também está animada. Diz que eles têm grandes chances.
- Há! Não me faça rir! Com aqueles batedores horríveis...
- Mas os artilheiros são bons – disse Hermione. – Principalmente Ryan Triown, que ganhou a Goles de Ouro de Melhor Artilheiro no ano passado, quando jogava para o Falmouth Falcons.
- É, mas o Falmouth Falcons é time de... ei! – Rony parecia curioso. – Desde quando você entende de quadribol?!
- Ora... eu aprendi com você. Você compra 10 revistas de quadribol por semana e... ah Rony, me poupe!
Gina viu da janela Rony olhar desconfiado para Hermione.
- Você não está torcendo escondida para o Tutshill Tornados ou Falmouth Falcons, está?
- Mesmo que eu quisesse, tenho coisas mais importantes para fazer. Trabalhar, por exemplo.
- Você trabalha demais! Aposto que se eu não tivesse aparecido no St Mungus hoje e te chamado você ficaria trabalhando até de madrugada.
- Não seja bobo. Hoje não é meu dia de plantão. Se bem que mesmo que fosse, eu iria querer voltar para casa...
- Por quê?!
Hermione assumiu um tom inexplicavelmente triste.
- Quando estava indo embora, fiquei sabendo que um garotinho tinha sido mordido por basilisco.
- Como assim? O basilisco mata com o olhar... e mesmo assim... basiliscos não são comuns... – perguntou a voz de Harry, que parecia muito interessado.
- Eu sei. – Hermione suspirou. – Mas era um basilisco ainda muito novo, tinha apenas uns 2 ou 3 metros... E estava numa caixa, onde iria ser levado ao Zoológio Bruxo, depois de cegarem-no, claro.
- Que horror! – disse Rony de boca cheia.
- Esse garotinho era neto do transportador. Ele foi até a caixa e abriu-a, achando que continha algum tipo de doce. Não viu o que tinha dentro, apenas colocou a mão para examinar... – Hermione deu uma pausa e suspirou, tristemente. Depois continuou. – Bom, vocês sabem, o veneno do basilisco é poderosíssimo...
- Eu que sei. – disse Harry. – Se a fênix de Dumbledore não tivesse aparecido naquela vez...
- As fênix estão em extinção. Não se encontra mais fênix por aí, é muito raro. Antigamente podia-se encontrar lágrimas de fênix à venda em lugares obscuros... e o preço era uma fortuna. Hoje em dia se fala que já não existem mais à venda.
Gina viu Hermione com lágrimas nos olhos. Harry parecia chocado e Rony já não comia, paralisado com a testa franzida.
- E por quê levaram o garotinho ao St Mungus, então?
Hermione suspirou e uma lágrima caiu de seus olhos.
- O veneno do basilisco causa uma dor profunda no corpo da pessoa. Dizem que a dor só é menor que a cruciatus, mas a pessoa sente dor no corpo inteiro. É insuportável, e dura minutos que, para quem está ferido, parecem horas até a pessoa... morrer. – Hermione limpou a lágrima do rosto rapidamente e continuou. – Pois bem... nessas horas, nós temos permissão para usar a pior das Maldições Imperdoáveis...
- O quê?! – Rony perguntou, incrédulo.
- Não me diga que... – Harry também parecia em choque.
- Sim. A dor que o veneno causa é tanta, que não há outra saída, a não ser acabar logo com ela. Nesse caso, a Maldição da Morte é permitida.
Harry engasgou com o suco de abóbora que tomava. Rony soltou uma exclamação. Ambos pareciam chocados, e Hermione continuava à beira das lágrimas.
- No St Mungus vários medi-bruxos são preparados para isso. Eu preferi não ser, e sempre achei que nunca veria um caso desses, porque os basiliscos não são tão comuns.
Gina parecia pregada ao chão. Também estava chocada com a notícia que ouvira de Hermione. Por um momento até esqueceu de Draco Malfoy e do verdadeiro motivo que a fazia estar ali fora. Mas ela precisava entrar. Passou a mão pelo rosto, limpando os sinais de lágrimas, ajeitou as roupas. Sentia-se fraca e indisposta. Era horrível pensar que teria que explicar à Eddy, e conseqüentemente à Rony e Harry por quê saíra correndo do restaurante. Como ela queria simplesmente se isolar do mundo...
- Gina! Que bom que voltou! – exclamou Hermione, quando Gina entrou pela porta da cozinha.
- Como foi? – disse Rony, tentando parecer animado, apesar de que ainda aparentava estar chocado devido à notícia de Hermione.
- Senta com a gente, Gina. – disse Harry.
- Ah, não... vou subir. Não estou passando bem... – ela fez a voz mais normal possível.
- O quê houve? – disse Rony. Mas Gina já tinha subido as escadas.
- Quê será que aconteceu? – perguntou Hermione.
Harry era o único que sabia que Gina tinha ido contra a vontade nesse encontro. Tinha curiosidade de saber o que tinha acontecido... Quem sabe para ele Gina contasse.
- Vou subir. – ele disse.
- Eu também. – disse Rony, se levantando. Mas Harry fez sinal para ele se sentar.
- Pode deixar. Acho que ela não está em condições de contar alguma coisa para todos agora. Acho que posso falar com ela.
- De novo de segredinho com Gina, Harry?
- Por favor, Rony, confia em mim. Preciso falar com ela.
- Deixa ele, Ron. – disse Hermione, embora parecesse tentada a ir ver Gina também.
- Mas é a minha irmã...
- Você vai ficar sabendo de tudo... Só que por ora, tenho que saber de uma coisa.
Rony bufou. Fora derrotado.
- Está bem. Mas não pense que não me preocupo.
- Claro que não. – disse Harry, subindo as escadas.
Harry foi até o quarto de Gina. A porta estava fechada com o feitiço “Colloportus”.
- Gina? – ele disse próximo à porta. – Abre. É o Harry.
- Vá embora, Harry. – embora ela tentasse disfarçar, sua voz saiu trêmula.
- Abre. Quero falar com você.
Por trás da porta, Gina hesitou. Limpou as lágrimas pela milésima vez naquela noite e abriu a porta sussurrando “Alohomora”.
- Você podia ter aberto. Era só dizer o feitiço. – disse para Harry, quando este entrou no quarto.
- Não queria entrar sem permissão.
Gina sentou-se à cama e ficou olhando para o chão, com uma expressão dura. Harry não encontrou muitas palavras para dizer, então se sentou ao lado dela e sentiu alívio por ela começar a falar.
- Ele apareceu lá.
- Quem, Malfoy?
- É.
Harry bufou.
- Ele é muito cabeça-dura. Acho que gosta de você, não agüenta nem a idéia de você sair com...
- Não gosta. Ele não gosta de ninguém.
Harry franziu a testa e olhou para Gina, que ainda mirava o chão.
- Ele me traiu. Me traiu, Harry! Com aquela vaca da Pansy! Ele dormiu com ela ontem...
O rapaz perdeu as palavras. Sentiu mais raiva de Malfoy do que nunca. Sempre soube que Malfoy não era boa pessoa, mas pensou que talvez pudesse estar gostando de Gina de verdade...
- Como você ficou sabendo?
- Ela apareceu lá e se agarrou nele. E comentou que tinham passado a noite juntos. – Gina tinha um nó na garganta.
- Você falou com ele depois?
- Falei. Ele não desmentiu, mas disse que não mentiu quando disse que gosta de mim... Ah, Harry! – ela tapou o rosto. – Como pude ser tão estúpida?
- Eu sinto muito... – disse Harry. – Também achei que ele pudesse ter mudado, sei lá... Ele parecia determinado a ter você.
- É isso que me intriga! Ele me mandou cartas anônimas, marcou um encontro comigo sem se revelar... deu todas as evidências de que gostava de mim... e agora...
Embora Gina tapasse o rosto, a voz denunciava seu choro. Estava abalada, e Harry não sabia o que fazer para consolá-la.
- Sabe o que é pior? – ela tirou as mãos do rosto, mostrando olhos vermelhos. – Vou ter que vê-lo amanhã. E depois... todos os dias. Não vai dar pra esquecer tudo isso...
Harry pensou um pouco, depois disse:
- A Copa de Verão de Quadribol... isso. Venha conosco, Gina. Iremos depois de amanhã. Você também não precisa ir trabalhar amanhã, diga que está doente... Eu converso com Fudge. Confie em mim.
Gina levantou os olhos para Harry.
- Tem certeza, Harry? Entrei faz pouco tempo para o Ministério. Não quero perder o emprego, é a única coisa que me resta.
- Substitutos são fáceis de se arranjar. Peça suas férias para agora, e diga que compensará em outra temporada. Eu e Rony fizemos isso.
Um tempo. Era tudo o que Gina precisava. A idéia a reanimou um pouco.
- Obrigada, Harry. – ela disse, abraçando-o. – Você é meu melhor amigo.
- Certo, Gina. – Harry deu um sorriso em ver que conseguiu fazê-la ao menos parar de chorar. – Agora vamos inventar uma doença para você faltar ao trabalho amanhã.
- Tem que ser uma boa, porque saí correndo do restaurante e nem expliquei nada para Eddy... – disse tristemente.
Harry assentiu. Só então percebeu que Gina tinha um livro nas mãos.
- Que livro é esse?
- Ah... Romeu e Julieta.
- Por quê está segurando-o?
- Nada. Volta e meia eu sempre o leio. – ela abaixou a cabeça e disse baixinho. – A história tem a ver comigo e com Draco.
- Você estava gostando dele, não estava?
- Acho que sim. – Gina suspirou. - Sabe, eu só comecei a namorá-lo porque achei que não tinha nada a perder. Ele parecia gostar de mim, parecia ter mudado... Os últimos dias foram melhores do que eu podia querer. Eu acabei sentindo o que nunca pensei em sentir por ele.
- Isso é estranho. – disse Harry pensativo. – Malfoy nunca foi boa gente. Eu não gostei dele desde o primeiro momento que o vi, no Beco Diagonal. Nunca pensei que fosse discutir os sentimentos dele por alguém...
- É porque ele não tem sentimentos por ninguém. Só pensa nele mesmo. Típico de gente como a dele.
- Eu achava isso também, até ele não conseguir matar Dumbledore. Minha raiva não sumiu, mas eu fiquei impressionado de ver a expressão de medo no rosto dele, quando geralmente só havia desprezo e superioridade.
Gina se calou. Falar daquela noite não devia ser fácil para Harry.
- Eu tive pena dele. Todos em Hogwarts o olhavam condenando-o... Mas ele nunca vai dar valor para o sentimento de alguém.
- Ele é Draco Malfoy, Gina. Filho único dos Malfoy, condenado a viver solitário. Nasceu próximo às artes das trevas, teve um pai Comensal da Morte, foi condenado a desprezar qualquer um que não tivesse sangue puro... Só podemos lamentar por ele.
Gina assentiu. Embora isso não diminuísse sua raiva por Draco, era a pura verdade.
Eles ficaram ali conversando, até Harry ver que era tarde e se despedir. Depois de um interrogatório de Rony, que já segurava a bandeira do Chudley Cannons na mão, ele disse que Gina não se sentia bem e que não iria trabalhar no dia seguinte.
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