"Me aceita assim como eu sou"



O domingo passou rápido, e Gina despertou na segunda-feira ainda sonhando com o homem que encontrara no baile. Ainda se pegava sonhadora quando aparatou no Ministério da Magia, e nem lembrava que encontraria lá o loiro que sempre atormentava suas novas manhãs e tardes. Abriu a porta do escritório e ele estava lá, com a mesma cara arrogante de sempre. Mas ela não ligaria.

- Bom dia pra você também, Weasley – ele sorriu irônico, quando a viu entrar em silêncio e se sentar.
- Oi Malfoy – ela pegou um pedaço de pergaminho e começou a trabalhar, sem levantar os olhos quando respondeu.
- É o seguinte, um pirralho idiota realizou um feitiço fora de Hogwarts ontem e o pior é que ele já tinha recebido uma advertência.
- Qual o nome?
- Bruce Lensherr.
- Tá – ela abriu os arquivos e pegou uma carta. Começou a escrever. – Vou marcar uma audiência para o dia 10 de agosto.
- Muito bem Weasley, aprendeu tudo direitinho.

Gina ignorou o comentário de Draco, mas este parecia determinado a irritá-la.

- Então está de namoradinho novo mesmo? Esqueceu o Potter?
Ela levantou os olhos.
- A minha vida amorosa não te interessa. – ela levantou-se e foi até o Detector de Magia Indevida colocar o pedaço de pergaminho, mas quando apertou o botão nada aconteceu. – Mas que diabos aconteceu com essa...
- Você deve ter esquecido alguma informação, Weasley. – ele se levantou e foi até ela, pegando o pergaminho de sua mão e abrindo-o. – Olha aí... Esqueceu de assinar.
- Hum... – ela pegou o pergaminho e se dirigiu até a escrivaninha para apanhar uma pena. – Pronto. – ela disse após escrever e jogar o pergaminho no Detector de Magia Indevida fazendo-o sumir quando apertou o botão.
- De nada. – ele disse ironicamente, com uma sobrancelha erguida.
- Quê? Ah... Obrigada. – ela seguiu até a sua escrivaninha.
- Não vai mesmo me contar com quem andou se encontrando? – ele cruzou os braços, ainda em pé.
- Escuta aqui... desde quando você é o meu conselheiro amoroso?
Ele não resistira em querer saber o que ela havia achado do encontro, mas se deu conta de que foi uma burrice. Tentou corrigir dizendo:
- Bom... eu conheço 90% das pessoas que foram àquela festa. Poderia lhe oferecer mais informações sobre seu pretendente, mas já que você se recus...
- 90%?
- Considerando que eu já fui várias vezes àquele baile e que os frequentadores sempre são os mesmos, sim, eu conheço.
Gina hesitou. Contar ou não contar? Era um absurdo contar para Malfoy, então decidiu ocultar algumas partes.
- Não vou te contar com quem saí, mas você sabe quem é que estava usando uma máscara preta, encapuzado, com uma capa negra? Bom... estava estranho, fiquei curiosa para saber porque ele estava se escondendo tanto...
Draco abafou um riso, entendendo todo o jogo de Gina. Ao mesmo tempo, teve uma idéia.
- Conheço.
Gina não acreditou – Malfoy conhecia!
- Jura???? – ela se empolgou, e tentou disfarçar. – Ah que legal, quem é?
- Hum... Quero uma coisa em troca da informação.
- Eu sabia que você não ia contar! – ela se irritou com o jeito do loiro.
- Eu posso contar, mas quero uma coisa em troca. – ele se divertia.
- E o quê você quer?
- Me deixa pensar... – ele fingiu estar pensativo. – É, pode ser. Quero um beijo.
- Você quer o quê?
- Odeio repetir o que falei. Acho que você ouviu bem, Weasley.
- Não, não eu ouvi errado.
- Ai, ai... – a voz dele surgiu entediada – Você ouviu um beijo. Bei-jo. Será que você não sabe o que signi...
- Você está doente. – ela disse, incrédula.
- Como é?
- Você está doente. Só pode. Malfoy, você me pediu um beijo!
- Quem disse que o beijo seria seu?
Ela levou um choque, mas depois sentiu alívio.
- Ah ta... Quem você quer que eu ajude a fazer o sacrifício de te beijar?
Ele riu.
- Eu estava brincando. É um beijo seu mesmo. – ela ficou pasma com a afirmação do loiro, e ao mesmo tempo irritada com seu jeito brincalhão. – E na boca, ein.

Gina não respondeu. Olhava boquiaberta para Draco, aparentemente procurando palavras. Sentiu uma súbita vontade de atirar o armário de arquivos na cabeça dele, mas depois viu que não teria forças. A testa de Gina estava mais franzida do que nunca e ela tinha uma a expressão de quem fora obrigado a comer terra.

- Maldição Imperius... – ela sussurrou, quando encontrou um fio de voz.
- Ahn?
- Você... – ela levantou a voz decidida - ...está dominado pela maldição imperius. Você está dominado pela imperius, Malfoy! Mas é claro! Primeiro você fica dando em cima de mim, depois você pede um beijo, você nunca pediria um beijo para mim! – Gina se levantou e foi até Malfoy, empunhando a varinha contra o rapaz – Revele-se!

Draco começou a rir, e dessa vez com vontade. Gina estava parcialmente assustada.

- Weasley... – ele disse ainda com a voz trêmula de tanto rir – É assim que você reage quando te pedem um beijo? – ele caiu na gargalhada de novo.

Gina, porém, mantinha a varinha em Malfoy. Não estava acreditando e não sabia mais em que pensar. Se ele realmente não tivesse sido dominado pela Maldição Imperius ela estaria fazendo um papel ridículo. Ficou pensativa... Não tinha por quem ele ter sido amaldiçoado... Realmente não tinha, agora que a força das Trevas cessara e mesmo que Voldemort estivesse vivo, porque alguém jogaria Imperius em Draco Malfoy e faria-o pedir um beijo de Gina? Ela chegou à conclusão que se precipitara. Mas tinha uma razão, desde que fora dominada no seu primeiro ano em Hogwarts ela ficava apavorada só em pensar em tais “dominações”.

- Você... você não está dominado, então?

Ele aparentemente não conseguia falar, de tanto rir. Finalmente parou e se levantou, ficando de frente para Gina.

- Não, não estou... – ele deu um sorriso debochado – Mas obrigada pela preocupação, Weasley...

E em um segundo – ou menos que isso – Draco segurou o braço que Gina segurava a varinha apontada para o rapaz e o puxou. A varinha da mão de Gina caiu e antes que ela pudesse pensar em pegá-la, Draco a beijou, levando a mão de Gina para suas costas e segurando a nuca da ruiva com a outra mão... Gina resistiu, mas Draco a pressionava... Por fim ela o empurrou com tanta força que ele caiu de costas no chão, ao lado da varinha de Gina. A garota se abaixou para pegá-la, xingando:

- Por quê fez isso, seu estúp... – ela foi interrompida por um novo beijo; no momento em que se abaixara para pegar a varinha Draco a havia puxado para si, fazendo a garota cair por cima do loiro em um beijo. A cena agora era de uma ruiva se debatendo num beijo, e Draco em baixo dela, resistindo à todos os pequenos socos que ela dava nele. Realmente não seria nada agradável se alguém entrasse ali naquele instante.
Por fim, Gina conseguiu se livrar do beijo, pegar sua varinha de volta e se levantar, no mesmo instante em que Draco também se levantava e se aproximava para roubar-lhe mais um beijo. Mas Gina foi mais rápida: mirou a varinha em Draco e lançou-lhe um feitiço que o jogou para longe dela. Ele bateu na parede, caiu, gritou um “Ai!” e tentou se sentar.

- Seu idiota! Malfoy, seu... seu... imbecil! – ela limpava a boca, com ódio.

Naturalmente a reação de Draco seria a de pegar a varinha e revidar. Mas ele lembrou-se de que não podia revidar em Gina, tinha que conquistá-la...

- Weasley... me ajuda aqui... ai! - ele fingiu uma dor.

Só então que Gina o viu se contorcendo na parede, aparentemente muito dolorido. Foi até ele.

- Foi culpa sua! Você me beijou, seu idiota... – ela o puxou e ele se sentou encostado na parede. Ela se ajoelhou na frente dele. – Fique parado – ela disse, puxando a varinha para fechar um corte no braço de Draco.
- Eu só te beijei porque você queria a informação, oras...
- Você pediu UM beijo em troca e não dois... e eu ainda nem aceitei. Então agora você me deve a informação. Vai falando, Malfoy!

Draco pareceu impressionado. “Será que ela não havia percebido ainda?” – ele pensou.

- Você não percebeu?
- Percebi o quê?
- Pensa bem, Weasley. Você deu uns beijos naquele cara não é?
- Como você sabe? – ela perguntou horrorizada.

Draco chegou à conclusão que ela não havia reconhecido os beijos porque havia resistido. Bem, tinha realmente uma diferença entre o beijo da festa e os beijos roubados de agora...

- Você quer saber então quem é o cara da festa que você conheceu.
- Quero, e...
- Então fica quieta, ok? Não se debata e nem resista. – ele rapidamente a puxou para outro beijo. Talvez ela pensasse que ele queria um beijo “de verdade” em troca da informação e nem reparasse no que ele estava insinuando. Draco então tentou beijá-la do jeito que a beijara na festa e fez o mesmo gesto com as mãos que fizera na festa, passando-as pelas raízes dos cabelos de Gina. E, para a surpresa de Draco, ela correspondeu ao beijo. Alguns segundos depois, ela se soltou e Draco pode ver o rosto horrorizado da ruiva.

- Não...
- Como?
- Não pode... – ela estava pensativa – Olha, me passou uma coisa pela cabeça agora, por isso correspondi ao beijo – ela tentava voltar ao seu tom normal de raiva. – Me diz logo quem é...

Draco se desapontou. Ela não se convencera. Bom, em todo caso, era mesmo difícil imaginar Draco Malfoy mandando bilhetinhos apaixonados...

- Você é muito devagar.
- O que você quer dizer com isso? – a expressão horrorizada tomou conta do rosto de Gina de novo.
- Eu.
- Você o quê?
- Sou eu. O mascarado era eu.

Por um momento, Draco achou que Gina iria acusá-lo, ofendê-lo e dizer que ele brincara com ela, mas para sua surpresa ela apenas riu.

- Você quase me enganou, Malfoy. Quase. Sabe que você quase beijou como ele... – ela parou de rir. – Me diz logo quem é, seu infeliz!
- Sou eu.
- Pára de brincar e fala logo! – ela levantou a voz.
- Sou eu.
- Eu não sei por quê diabos você está querendo se passar por ele, mas ele estava apaixonado por mim se você não sabe, e aind...
- Sou eu.
Gina paralisou. Ele não podia estar falando a verdade. Ficou pensativa, uma expressão indecifrável tomou conta do seu rosto, mas ela não podia acreditar, não podia ser ele...
- Você não vai me contar quem é, já entendi – ela se levantou. - Foi uma grande piada, Malfoy... Muito engraçado mesmo... Você apaixonado por mim... – ela fingiu uma risada desdenhosa.
- Ora – ele também se levantou - se o amor é cego, então ele nunca acerta o alvo. Não é mesmo, Virginia?

O corpo de Gina paralisou involuntariamente. A única coisa que ela conseguiu fazer foi virar para Malfoy. Agora ele exibia um meio sorriso, meio triunfante...

- O quê foi que você disse? – ela estava pálida.
- É a segunda vez no dia que você se finge de surda...
- Não é você. Não pode ser... – ela não escondeu o desapontamento na voz.
- Pois é. Mas sou. – ele disse como se afirmasse que o céu é azul.
- Mas... “D”... – ela ficou pensativa e sussurrou – Draco. Não... Draco Malfoy não é romântico...
- É, não sou mesmo. Mas eu acho que... – ele pareceu buscar palavras – Eu gosto de você.
Gina parecia levar choques a cada segundo. Estava incrédula.
- Você não gosta de mim, você não gosta de ninguém! Você é... Draco Malfoy! E é um egoísta, mimado...
- Então que tal – ele chegou mais perto dela – você me aceitar assim como eu sou?
Ele a beijou. Era o quarto beijo que ele roubava dela no dia, mas foi como se fosse o primeiro. E ele percebeu que foi igual ao da festa, com Gina retribuindo o beijo e – ele arrepiou ao perceber – acariciando-lhe a nuca. Ela então saiu do beijo, com uma nova expressão indecifrável, mas que denunciava que algo não estava certo
- Por quê.. por quê você me beijou? Quer dizer... Isso é impossível, eu e você... Nossa, o que nós fizemos, Draco? Sou eu, Gina Weasley, a que você sempre odiou, sou pobre e meu pai é um amante de trouxas, ta lembrado? Os Weasley, traidores do sangue...
Draco já sabia de tudo aquilo, e não queria ter saído do beijo.
- Cala a boca, vai, Weasley.
E dizendo isso, ele a puxou para um novo beijo. Era como se só existissem eles no mundo e não houvesse mais Malfoy nem Weasley para brigar... “Quem dera” – Gina conseguiu pensar.

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N/A: Comentários, por favor! Senão falta inspiração uhauhauhauha :P
Beijos, espero que estejam gostando!

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