O baile de máscaras Rowinn



O relógio marcava 20:52 PM quando Gina cobriu seu rosto com uma linda máscara vermelha. Fora comprada horas antes em uma loja de Hogsmeade que vendia lindas fantasias. Gina deu uma última olhada no espelho e ficou feliz ao ver que estava com uma boa aparência: seus cabelos vermelho-fogo se perdiam no vestido também vermelho da ruiva. O vestido era longo, com pedras prateadas no fim de seu comprimento, fazendo-o brilhar e combinando com as luvas pratas de Gina. A máscara que agora usava cobria apenas a região em volta de seus olhos e desciam até um pouco mais da metade de seu nariz.

Seu rosto refletia no espelho, mas seus pensamentos voavam longe... Ela iria conhecer o misterioso D... Alguém apaixonado por ela, e, segiundo as cartas, um cara romântico. Seu coração batia mais rápido agora...

Toc toc toc

- Gina, está aí? – a voz da Sra. Weasley surgiu por trás da porta.
- Oi mãe – Gina abriu a porta. – Pode entrar.
- Querida, está linda! Divinamente linda! Só não entendi porque foi que você teimou em ir à esse baile, querida, sinceramente, seu pai me contou o tipo de gente que costuma freqüentar essas festas de alta socieda......
- Calma mãe! Vou encontrar um... é... uns velhos amigos. E a festa é aberta para Hogsmeade e região inteira...
- Eu sei querida, mas geralmente só vão esses bruxos arrogantes que gostam de humilhar os outros por se acharem melhores – A imagem da família de Malfoy estranhamente apareceu na cabeça de Gina. – Eles vão lá para discutir os problemas e se embebedarem... Claro que temos as poucas exceções que se reúnem só para um gostoso papo, como devem ser seus amigos, mas eu nunca achei o Clube Divertbrux um lugar muito amigável, se é que me entende. Fortes boatos dizem que o filho dos Rowinn já serviu a Você-Sabe-Quem...
- Pois Você-Sabe-Quem é passado – disse Gina, ajeitando a máscara. – Esquece, mamãe. Harry o derrotou... Estamos bem agora, e só temos de agradecer e comemorar.
- Ah, Gina...
- Vi a foto dos senhores Rowinn no jornal e me pareceram bem simpáticos.
- Claro que pareceram, eles tem de fazer propaganda do Clube...
- Eu sempre quis entrar lá, dizem que tem um campo de quadribol enorme. Agora é minha chance de conhecer... – um barulho interrompeu Gina.

O calendário pregado na parede fazia barulho e o compromisso “Baile” em baixo do mês piscava e aumentava de tamanho. Gina viu as horas – 21:00.

- Mãe, preciso ir. Beijos, boa noite!
- Se cuida, querida!
Craque.

Gina agora se via na frente do Clube Divertbrux. O portão principal estava aberto, dois bruxos da segurança estavam parados pertos a ele. Vários bruxos chegavam e iam entrando, todos com trajes sociais impecáveis e máscaras. Gina odiou ter que entrar sozinha, sendo que a maioria dos outros bruxos estavam acompanhados, geralmente eram um casal, ora sozinhos, ora com filhos. Mas não demorou muito até chegar à entrada do salão de festas, que estava enfeitado com grandes estrelas encantadas, pontos coloridos e algumas fadas que voavam em torno do grande anúncio “97º Baile de Máscaras Rowinn”. Em frente à enorme porta do Salão de Festas, havia uma grande fonte que jorrava água para cima e enfeitava a entrada. Algumas fadas sobrevoavam a fonte, que estava iluminada pelo luar, deixando o lugar mais bonito. Gina decidiu esperar ali, até porque era seguro, visto o número de bruxos que chegava e ficava parado em frente à entrada conversando sobre negócios, acontecimentos, etc.




“Mas que porcaria de máscara... parece que entorta meu rosto... com esse preço eu poderia ter escolhido qualquer outra” – Draco Malfoy resmungava em frente ao espelho.

- Mas valerá a pena. Quando eu conquistar a Weasley fêmea – ele deu uma última ajeitada na máscara negra que lhe cobria quase todo o rosto, com exceção da boca – e tiver o maldito filho com ela, o Lord me recompensará.

Draco puxou uma capa negra e a enrolou nos braços. Suas vestes eram formalmente impecáveis e de primeira mão, mas ele decidira levar uma capa para usar o capuz quando estivesse com Gina. Uma máscara só não disfarçaria os inconfundíveis cabelos muito loiros de Draco, ainda mais agora que ele via Gina diariamente no Ministério.

- Ora, ora, mas até de máscara eu fico atraente. Bom, Draco, você está atrasado. Tomara a Merlin que a Weasley esteja lá...

Draco tomou um gole de um frasco de poção que estava na sua cabeceira.

Craque.




“Atrasado” – ela pensava, já sentada na borda da fonte de entrada. – “Que sorte... Tenho um admirador secreto que se atrasa no primeiro encontro...”

Na verdade, Gina tentava não pensar na possibilidade de que o admirador não apareceria. Seria uma imensa sacanagem se isso acontecesse...
Há alguns metros dali, um certo loiro se aproximava. Ao avistar a entrada, ele se cobriu com sua capa, colocando o capuz. Andou mais um pouco e a avistou... Apesar da máscara que cobria o rosto, sim, era ela – e estava linda! Os cabelos ruivos agora voavam com o vento, ela estava quase sozinha, a maioria dos presentes já haviam entrado no salão. Ela se encontrava sentada na borda da fonte, de costas para onde Draco estava. E chegando ainda mais perto, ele pode ouvir ela cantar baixinho, aparentemente nervosa, visto que seus pés não paravam de bater no chão. Era a oportunidade para falar com ela...

- Sabe... – ele chegou perto da ruiva e sussurrou em seus ouvidos, fazendo ela se virar e se levantar – eu estava pensando se deveria convidá-la para entrar. Mas você está enfeitando tão bem a entrada com sua beleza, que decidi que seria uma injustiça com o cenário tirar seu enfeite mais belo... – ele pegou a mão dela e a beijou – Permita-me dizer, você está linda.

Gina sentiu seu estômago virar, sua nuca arrepiar e sua voz sumir. Não sabia se fora por causa do sussurro, pelo conteúdo das palavras ou pelo homem que estava parado diante dela, coberto com uma capa preta, cujo capuz terminava de tapar o rosto dele, junto com a máscara muito negra no rosto do rapaz. A única coisa que Gina conseguia ver eram os olhos dele, aparentemente claros demais para serem cobertos pela escuridão.

- Obrigada... – ela sorriu, ainda fitando os olhos claros do rapaz. Ele, embora ela não pudesse perceber, observava cada parte do corpo de Gina. Ele não podia negar: ela estava atraente.

O som da música que tocava dentro do salão agora era nitidamente ouvido por eles. Depois de alguns segundos que pareciam não terem passado, Gina poderia jurar que o rapaz ouvia seu coração, tão forte que este batia. Draco podia esconder, mas estranhamente também estava com batimentos rápidos... e não conseguiu distinguir o por quê. Talvez fosse pela linda mulher que se encontrava a poucos centímetros dele, e que olhava tão fundo nos seus olhos; talvez fosse pelo cheiro do doce perfume que a moça exibia; ou até pelo sorriso que ela dera alguns segundos antes. Como ele nunca percebeu antes como ela era atraente? Essa pergunta se passou na mente de Draco por um milésimo, mas ele a abandonou porque não teria a resposta... e não queria pensar na beleza da garota, porque ele não podia se sentir atraído... Bom, na verdade ele devia atraí-la, mas não podia gostar da Weasley. A mente de Draco estava confusa, e ele já não sabia mais o que pensar e nem o que fazer para não pensar no quão bem aquele sorriso caía no rosto dela...

- Porque o capuz? – disse Gina, quando finalmente encontrou algum fio de voz dentro de si.
- Como? – ele ainda admirava a garota.
- O capuz... – ela apontou para o capuz da capa de Draco, que cobria a cabeça do loiro.
- Ah... Bom... Achei que me disfarçaria melhor, acho que se me visse sem, descobriria minha identidade.
- Mas... Sua voz... me desculpe, mas eu não reconheço nem sua voz, como poderia...
- Não confie nessa voz... ela não é minha.
- Como assim?
- Poção Voicerus-alteri. Sabe, para alterar a voz...
- Para quê tantos disfarces?
- Tenho meus motivos, Virgínia... mas não falemos nisso. Está uma linda noite e eu não quero desperdiçá-la falando de mim. Você quer entrar?
- Não... não agora... está muito bom aqui sem todo mundo para olhar... e também eu não gosto muito das pessoas que costumam vir nesse baile.

Gina se arrependeu do que acabara de dizer. E se o rapaz fosse de uma dessas famílias?

- Ah, é... São meio metidos mesmo... – Draco disse, fazendo uma careta. “Deve ser isso o que ela pensa de famílias como a minha” – ele pensou.
- Você vem sempre?
- Ah não, Virginia... Só vim algumas vezes, nunca encontrei nada muito interessante por aqui. E você?

Era muito estranho ela ser chamada de Virginia... Geralmente só sua mãe lhe chamava pelo nome inteiro, e quando estava realmente séria.

- Não... primeira vez.

Eles se encararam por alguns minutos em silêncio. Gina se sentou à beira da fonte e Draco se sentou a seu lado. Gina ficou olhando a lua, fingindo estar muito interessada nas estrelas a seu redor. Draco, por sua vez, fingiu olhar para a estátua de uma fada no meio da fonte, mas sem Gina perceber ele observava a garota pelo canto dos olhos. Sentiu-se desconfortável naquele silêncio.

- Está linda.
- Quê? – ela se virou para ele.
- Você... está linda. – Era a única coisa que ele encontrara para dizer. Mas ao mesmo tempo não era mentira... Então ele se lembrou que já havia dito a mesma coisa minutos atrás. – Er... obrigado por vir.
- Ah... é... certo...
- Você confiou em mim... Agradeço.
- Por quê eu não confiaria?
- Bem, eu só lhe mandei alguns pergaminhos... não me identifiquei... você poderia simplesmente ignorar...
- Ora... Não podemos simplesmente ignorar as pessoas. Não é todo dia que se descobre alguém apaixonado por você, não é?
- Poderia ser mentira. – ele disse, se lembrando depois de que acabara de dizer uma verdade.
- E poderia ser verdade... Aliás, descobri que é, não? – ela sorriu.
- Um amor não correspondido... – ele sorriu. E com seu rosto tampado, não parecia o mesmo sorriso de sempre, aquele sorriso irônico... Com seu rosto tampado, o sorriso pareceu completamente verdadeiro.
- “Se o amor é cego, ele nunca acerta o alvo”... Já dizia Shakespeare...
- Ahn?
- Ah... Shakespeare foi um escritor, conhecidíssimo pelos trouxas... Essa frase é de um livro dele, “Romeu e Julieta”... Bem, é uma longa história.

Draco gostava de ouvir Gina falar e não ter que falar nada. Era estranho ver a Weasley olhando para ele e não ver nenhum traço de desprezo no rosto, mas ao mesmo tempo era agradável. Ele olhou para a lua que ainda brilhava sobre suas cabeças, depois olhou nos olhos de Gina.

- Temos a noite toda.
Ela sorriu.
- Certo... Bom, Romeu e Julieta é história de amor mais conhecida no mundo trouxa. Eu fiquei sabendo porque meu pai um dia levou o livro lá para casa... Se passa em Verona e trata-se de dois jovens – Romeu Montecchio e Julieta Capuleto que se apaixonam num baile de máscaras. Mas naquela época, a família Montecchio e a família Capuleto eram rivais. Aliás, rivais é pouco, elas se odiavam, tanto que o príncipe de Verona impôs uma lei que dava pena de morte para quem provocasse uma próxima briga. Pois bem, Romeu se apaixona por Julieta e vice-versa... Eles trocam juras de amor, se encontram às escondidas, até se casam escondidos...
- Aí acaba? Ninguém fica sabendo?
- Não, não... Tebaldo Capuleto, primo de Julieta, cria uma confusão com os Montecchios e acaba matando Mercúrio, melhor amigo de Romeu. Romeu então mata Tebaldo, mas não recebe pena de morte... a sentença então vira exílio e ele é expulso de Verona ainda no dia que se casou com Julieta.
- Ela não fica sabendo?
- Sim... Eles passam a noite juntos... E no dia seguinte ele vai para Mântua, uma cidade perto de Verona. No mesmo dia Julieta descobre que seu pai marcou casamento para ela com o conde Paris, um amigo dos Capuleto... Naquela época era normal o pai decidir o noivo para a filha, sabe. Então, continuando, Julieta entra em desespero e vai até o Frei Lourenço, o padre que os casou, e este tem uma idéia para “salvá-la” do casamento. Ele propõe que ela tome uma mistura para parecer morta, e nesse tempo avisará Romeu sobre o plano para que ele a encontre e então eles viverem juntos em Mântua.
- Sim, aí o plano dá certo e eles vivem felizes para sempre... – Draco forçou um sorriso.
- Não, o final é trágico. As cartas do Frei Lourenço não chegam à Romeu, e pior: Baltasar, um amigo de Romeu, lhe informa sobre a morte de Julieta...
- Mas... – Draco franziu as sobrancelhas.
- Calma, não acabou – Gina sorriu, vendo a indignação nos olhos de rapaz – Romeu fica desesperado... Tão desesperado que decide ir para Verona. E no caminho, vai até um boticário e compra um veneno mortal. Pois bem, ele vai até o cemitério de Julieta e a encontra lá... O efeito do líquido que Julieta tinha tomado ainda não tinha terminado... Romeu se deitou ao lado de Julieta e tomou o veneno. Quando Julieta acordou, Romeu estava ao seu lado, morto... Desesperada, ela também tira sua vida, com um punhal. Você deve imaginar o choque que a cena causou quando a cidade amanheceu e todos viram o que tinha acontecido...
- Todos ficaram sabendo do romance deles?
- Ficaram. A ama de Julieta e o Frei Lourenço contaram à seus parentes...

Draco parecia indignado e pensativo.

- Mas então não valeu nada. O amor deles, tudo deu errado...
- Ah, mas no fim os Capuleto e os Montecchio fazem as pazes. Essa é a moral. A inimizade das famílias foi derrotada pelo amor. Foi um sacrifício, mas valeu a pena...
- Eu não acho – ele não conseguiu esconder a indignação. – Eles deviam ter contado e fugido, sei lá... As famílias fizeram as pazes, mas eles nem viveram para ver... – Draco era, de fato, um sonserino: sempre pensando em si, acima de tudo.
- Mas pense... – ela não perdia a calma e parecia já ter pensado em tudo isso – Imagine-se no lugar de Romeu... Se você se apaixonasse por alguém de uma família inimiga, que você odiasse... Se você se apaixonasse por uma garota dessa família... Você teria coragem de enfrentar todo os parentes dela? Pior, você teria coragem de enfrentar ou abandonar os seus parentes?

Draco paralisou. Primeiro tentou se colocar na situação, e a família que odiava veio à sua mente: os Weasley. Eram eles... Eles eram Romeu e Julieta. Não, ele não sabia responder às perguntas da garota. “Mas ainda bem que não sou apaixonado por você” – ele pensou. Mas e se ele fosse? Era como se fosse verdade, agora que ele teria de conquistá-la... Era tão estranho...

- Eu... não sei. Não sei, Virginia.
- Pois é – ela sorriu tristemente. – Por isso eu acho essa história tão linda... É um amor impossível, e tem a maior química que um verdadeiro amor pode ter.
- É... – ele disse, pensativo.

Nenhum dos dois tinham reparado, mas conversaram por esses minutos como se fossem velhos amigos. Draco estava confuso: tinha chamado Gina ali para parecer um rapaz romântico e seduzi-la com frases bonitas. Porém, era ela quem acabara fazendo o que ele planejara fazer... Ele a olhou. Ela ainda sorria tristemente, olhando para as árvores ao longe, como se refletisse. Ele não se lembrava de tê-la visto assim, ela sempre tinha um ódio visível quando estava perto dele. Talvez fosse por isso que nunca reparara que ela era tão bela. Draco resolveu não pensar em mais nada... Estava encantado com aquela imagem à sua frente, os cabelos de Gina voavam com o vento e de repente ela virou o rosto para ele. Ele chegou mais perto dela, poderia sentir seu perfume mais nitidamente agora, de qualquer jeito ele teria que conquistar Gina... E antes que ele pudesse se lembrar o por quê, os lábios deles já se encontravam. Os lábios gelados de Draco imediatamente se aqueceram, pois os de Gina estavam quentes. Draco já não pensava em mais nada, e nem queria. Ele só sabia que aquilo estava maravilhoso.
Gina podia jurar que ouvia seu coração bater, mas ao mesmo tempo ficou com medo de que parasse quando os lábios gelados do misterioso rapaz à sua frente encostaram-se ao dela. Ela já havia beijado outros garotos, não era nenhuma novidade... Mas o fato de que o rapaz desta vez estava coberto por uma máscara e ela não sabia sua identidade, era no mínimo estranha... Mas Gina não conseguiu se condenar... Porque o beijo foi maravilhoso. Pouco importava que ela não conhecia o rapaz... pouco importava todos à sua volta. Ela se sentiu segura e ao mesmo tempo leve, como não se sentia há muito tempo, até mesmo antes de descobrir sobre o casamento de Harry. Nem o nome ‘Harry’ atrapalhou os pensamentos de alegria da mente de Gina, e ela sentiu vontade de não sair mais dali... Poderia passar anos sentada à beira daquela fonte, desde que o misterioso rapaz de olhos claros continuasse ali também.
Quando os lábios se afastaram, eles se encararam por segundos. Draco tirou lentamente sua mão da nuca de Gina e enrolou uma pequena mecha dos cabelos ruivos da garota, olhando-o. Aqueles cabelos ruivos, que tanto lembrava os Weasley... Draco parou de pensar nos Weasley, não queria pensar em nada que não dissesse respeito só a eles dois. O ambiente então foi invadido pela música que vinha de dentro do salão... uma valsa. Draco se levantou, ajeitando a máscara.

- Me daria o prazer dessa dança? – ele disse em tom formal, enquanto Gina se levantava e fazia uma careta olhando para os visíveis bruxos dentro do salão.
- Bem... – ela não disfarçou que preferiria continuar ali.
- Não precisamos entrar.
- Mas... a música...– ela não completou o que ia dizer. Draco tirou a varinha e com um leve toque, instrumentos apareceram instantaneamente ao lado da fonte. Dois violinos começaram a tocar sozinhos, o mesmo aconteceu com um piano e uma flauta. Draco estendeu a mão a Gina, que sorriu e eles começaram a dançar uma música lenta e apaixonante.

- Por quê D? É a inicial do seu nome, suponho... – ela disse, ainda dançando lentamente com Draco.
- Sim.
- Pensei em tantos nomes com D, acho que todos que conheci...

“Será que ela pensou em mim?” – ele pensou.

- Chegou a alguma conclusão?
- Nenhuma conclusão certa. É estranho pensar que eu quebrei a cabeça para descobrir quem é e agora esse alguém está parado na minha frente... E eu não vou descobrir.
- Tudo a seu tempo. Um dia você descobrirá, eu prometo.
- É estranho também saber que eu posso trombar com você qualquer dia desses e não vou saber que é você, porque não vou nem reconhecer a voz.
- Um dia, Virginia...
- Mas eu não entendi. Sabe, o por quê de você se esconder.
Draco suspirou.
- Digamos que eu não sou um verdadeiro príncipe encantado, gentil e cavalheiro. - ele foi invadido por uma vontade passageira de contar a verdade. – Quer dizer, você diria isso de mim. É o que você conhece de mim...
Gina franziu a testa. Ela olhou o homem à sua frente, como se tentasse descobrir quem ele era. Sua curiosidade de saber a identidade dele ficara ainda maior depois de tal revelação. Ela refletiu momentaneamente sobre o que o mascarado acabara de dizer e abriu um meio sorriso.
- Eu não queria que você fosse um príncipe encantado gentil e cavalheiro mesmo. – ela sorriu. – Ficaria muito clichê... você está sendo legal comigo, e é isso que eu esperava.

“Ah se ela soubesse...” – Draco se pegou pensando. Nunca fora legal com Gina Weasley, muito pelo contrário... Sempre falou mal dos Weasley e foram inúmeras as vezes que insultou seu irmão, Rony.

- É... – ele disse pensativo.
- Como eu te trato?
- Ahn?
- Como eu trato você? Sou legal?
- Ah, Virginia – ele não sabia o que responder. Por um lado porque ela o odiava, por outro porque não eram muitas as vezes que eles “conversaram”. – Não conversávamos muito. – ele optou por dizer.
- Bom, isso explica porque não estou conseguindo te reconhecer com o pouco que consigo ver de você mesmo. Eu até pensei que pudesse reconhecer por um beijo, mas não chegamos a nos beijar, não é?
- Definitivamente não – disse ele, se lembrando de quando a ruiva lançou-lhe uma Azaração Para Rebater Bicho-Papão.
- Hum... – ela disse pensativa, olhando para a porta do salão como se procurasse alguém. Draco pareceu adivinhar seus pesamentos.
- O quê foi? – ele se virou também para a porta.
- Nada. Só não quero que um... é... conhecido meu me veja aqui. Ele me disse que viria. É que eu não gosto dele, sabe.
Draco entendeu: era ele. Tinha até se esquecido de que disse para Gina que iria ao baile.
- Conhecido?
- Ah, é Draco Malfoy. Se você não foi da sonserina, acho que não gostava dele também. – ela riu, e Draco sentiu uma ponta de raiva... Não por ela, mas por lembrar de todos os outros que não gostavam dele em Hogwarts. Mas depois sentiu alívio por perceber que aquilo não era uma pergunta.
- Tem tido contato com ele? – ele perguntou interessado em saber o que Gina pensava sobre ele.
- Infelizmente sim. Comecei a trabalhar na mesma Sessão que ele no Ministério...
- Que pena. – Draco agora segurava o riso. Era, de fato, engraçado ver alguém se queixando de alguém para a própria pessoa...
- O pior nem é isso. Ele está... bem... se insinuando para mim, se é que me entende.
- Está, é? – ele disse em um tom debochador que Gina entendeu como se ele achasse engraçado.
- É – ela sorriu – Não sei o por quê. Achei que ficaria ofendendo minha família, nos chamando de traidores do sangue, tudo o que ele costumava fazer em Hogwarts. Acho que pirou depois que Você-Sabe-Quem foi derrotado...

O sorriso de Draco instantaneamente sumiu. E a imagem de Voldemort surgiu em sua cabeça... O plano todo voltou à sua mente. Precisava de Gina para o plano...
Não hesitou em aproximar-se mais da ruiva, agora que lembrava também que estava fazendo aquilo pelo Lorde das Trevas. Juntaria o útil ao agradável, e aproveitando o momento de silêncio, fechou os olhos e beijou Gina. Um beijo tão maravilhoso como o primeiro, talvez até melhor.

- Eu lamento... Mas preciso ir. – ele disse, quando os lábios se desencostaram.
- Mas já?
- Infelizmente, Virginia. Mas me prometa que continuará respondendo meus bilhetes.
- Eu prometo...
- Nos veremos em breve.

Gina não teve tempo de dizer mais nada. Draco a puxou para outro beijo ainda mais intenso. Depois, sem dizer uma palavra sacudiu a varinha e os instrumentos sumiram. Ele tirou uma rosa branca do grande bolso de sua capa preta e entregou à mão de Gina.

Craque.

Em uma fração de segundo, ela estava sozinha. Poderia até pensar que fosse um sonho, não fosse pela rosa branca que ela tinha agora nas mãos. Ela resolveu entrar no salão para beber alguma coisa. Estava impressionada demais para ir embora.



Draco de repente apareceu no banheiro vazio do baile. Tirou do bolso uma outra máscara, na cor verde e a colocou, tirando a máscara negra.

- Foi magnífico, Draco Malfoy – ele disse a si mesmo, se olhando no espelho e tirando o capuz da cabeça e a capa preta que cobria seu corpo, deixando à mostra agora suas vestes cinzas formalmente impecáveis. – Acho que a Weasley caiu. Por pouco o efeito da poção não acaba. Evanesco! - ele apontou a varinha para a capa e máscara que usara, fazendo-as desaparecer. – Agora vamos ver se a Weasley continua na festa.

Draco saiu animado para a festa. E embora não admitisse para si, queria muito vê-la de novo. Não foi difícil encontrá-la... Ela estava pegando um pouco de cerveja amanteigada na mesa de comidas, aparentemente pensativa e agitada.

- Vai com calma, Weasley – ele disse, com uma inconfundível voz arrastada. – Tudo bem que sua casa não deve ter tantos benefícios assim, mas não exagere na bebida.

Ela suspirou e semicerrou os olhos. Então, virou-se para encará-lo.

- Que ótimo. Sabe, por um momento eu realmente achei que não tivesse vindo, é uma pena que não estava certa.
- Eu disse que viria. Eu cumpro com a minha palavra, Weasley... Foi você que chegou um pouco tarde na festa, não é? – ele começava a se divertir.
- Não. Estava lá fora, algum problema?
- Mas que interessante! Mamãe Weasley sabe disso? Que a caçula fica do lado de fora das festas com sabe lá quem... – ele disse com ironia, tentando dar um espaço razoável entre ele e a garota para que ela não reconhecesse o perfume, embora ele conseguisse sentir o dela ainda muito bem.
- Olha aqui, Malfoy – disse ela, aparentemente desprezando qualquer comentário do rapaz – Vê se cuida da sua vida, tá? Pode continuar nessa festinha medíocre com seus amiguinhos metidos à besta que eu estou dando o fora.
- Pensei que gostaria de ficar, agora que descobriu que o melhor da festa está aqui.
- Você se acha muito bom, né?
- Deixe-me pensar... – ele fingiu estar pensativo - É, acho que sou muito bom mesmo.
Gina fez cara de desprezo.
- Boa festinha para você. – ela devolveu o copo vazio à mesa e se virou para ir embora.
- Até o trabalho, Weasley! – ele gritou.

Gina saiu do salão e desaparatou para casa.
Enquanto isso, Draco pegou o copo vazio de Gina e passou seus dedos na borda, muito pensativo. Logo depois, concluiu que a festa estava realmente chata e também foi embora, ainda se lembrando dos momentos que passara com a ruiva.

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N/A: O maior capítulo até agora, hehe.. espero que tenham gostado! Demorou, mas acho que valeu a pena. Aguardo reviews, digam o que estão achando, por favor!
Em resposta à Manu Riddle, foi eu que fiz a capa sim =) que bom que gostou!
Obrigada a todos pelos comentários, é muito motivador =D Continuem comentando!

Bjooos!

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