Capítulo XI
Capítulo XI – O retorno
Hermione acordou cedo. Sentiu uma respiração. Ergueu os olhos e pôde ver Harry dormindo, tranqüilo e extremamente lindo. Nunca acordara tão bem antes. Aninhou-se mais no abraço quente de Harry. Ficou apenas observando-o.
- Sabia que é feio olhar as pessoas enquanto elas dormem? – falou, abrindo os olhos.
- Você sempre sabe tudo!
- Bom dia... – falou afagando-lhe o braço.
- Acho que dormi quando te abracei, desculpa. – falou ligeiramente envergonhada.
- Devia fazer isso mais vezes. – falou rindo.
Hermione olhou-o com sarcasmo.
- Deveria... Vou embora hoje, se lembra.
- Sim. Alguma coisa insiste em separar a gente, agora a distância também cismou. – Harry a olhou muito carinhosamente. Hermione se ergueu.
- Mas você vai se mudar né? – falou quase como quem diz “Aí nada pode me separar de você...”.
- Mês que vem, talvez no outro...
- Acho que você agüenta um mês e pouco sem mim. – Hermione disse sarcástica.
- Talvez.
Roubou-lhe um beijo.
Harry voltou lentamente a seu quarto. O cabelo estava despenteado. A camisa e a calça muito amassados, mas até as roupas naquele estado tinham o poder de deixá-lo charmoso.
Hermione tomou um banho e foi a pé até uma pequena lojinha de variedades que havia no fim da rua. Viu no dia que chegara. Havia perto da porta correntes douradas que formavam pequenas pulseiras, havia um pingente em forma de trevo em cada uma delas. Tinha pequenos broches verdes também em formato de trevo. Enfim, parecia uma loja irlandesa, tudo estava ligado a trevos de quatro folhas. Hermione achou aquilo bem esquisito.
- Cinco broches, por favor, não, seis... Embrulhe-os, por favor.
A velhinha simpática atendeu-a vagarosamente. Depois de anos para embrulhar Mione esperava-a contar o dinheiro para conferir. Parecia que a tarefa duraria horas para aquela senhora. Aproveitou então para olhar mais detalhadamente a loja. Era o que se podia chamar de um armarinho da sorte.
Chegou à cozinha.
- Dobby – chamou-o. – quero te pedir um favor.
- Sim, Srta. Granger.
- Sei que não posso lhe dar roupas, mas posso lhe dar outros presentes... Queria que aceitasse isso, como agradecimento.
Dobby abriu o pacotinho vermelho enquanto Hermione distribuía os outros entre os elfos, inclusive Twiggy. Os olhos do elfo se encheram de lágrimas enquanto colocava seu trevo na roupinha de flanela que usava.
- Obrigado. D-Dobby não sabe mais o que dizer... – falou, antes de cair no choro junto com os outros elfos.
- Não, não precisam chorar tá legal?! – Mione teve problemas e restabelecer a ordem.
- É que ninguém que vinha aqui amigo de Sr. Harry Potter jamais presenteou Dobby antes... Srta. Hermione é incrív-v... – o elfo não conseguia mais se controlar. Hermione achou melhor sair dali de fininho. Abriu a porta e Harry estava lá.
.
- Alguém fez uma revolução dos elfos? Que barulheira...
- É que eu dei uns presentinhos...
- Tomara que não tenham sido as toucas tricotadas do fale .
- É F.A.L.E..
- Tá bom, eu prefiro acrescentar mais umas letras no seu F.A.L.E., pra ficar alguma coisa do tipo... F.A.L.E.Q.U.E.R.I.D.A.
- Como assim?
- Algo do tipo Fundo de Apoio a Libertação dos Elfos Que Unânime e Energeticamente Recusavam a Ingressar na Desesperada Aliança, porque, sinceramente, não vejo nexo em querer libertar quem, aparentemente, não quer ser libertado.
- Eles queriam sim! Só não sabiam disso...
- Não faça isso... Você fez de novo! – interrompeu Harry.
- O quê? – falou perplexa.
- Aquela carinha de zangada que eu amo tanto.
Ela não soube o que dizer. Era, simplesmente, bom demais.
- Pode me deixar no aeroporto à tarde?
- Não Mione, claro que não, vou deixar você pegar um táxi e levar as malas sozinha, vou até passar por lá, só pra assistir. – piscou o olho.
Hermione sorriu de leve.
- Tenho tantas coisas desagradáveis pra enfrentar lá. - Ela falou quase com um desabafo. Suspirou.
- Seu ex-noivo? - indagou rapidamente.
- Sim...
- Você nunca me contou essa história Mi...
- Puxou-a para a sala.
- Não é agradável pra mim falar disso Harry.
Ele continuou calado. Estava esperando, Hermione, incomodada, prosseguiu.
- Nos conhecemos há dois anos, ele me pediu em casamento antes de eu viajar.
- E... Por que terminaram?
Hermione franziu a testa.
- Ele te traiu. - Harry falou em seu lugar.
- Como sabe? - perguntou emburrada e ao mesmo tempo, envergonhada.
Harry levantou-se da poltrona.
- Percebi o ressentimento - foi até ela e puxou-a, fazendo-a ficar em pé. - Mesmo assim você não pareceu nem um pouco triste. Por que? Não o amava.
- Que pergunta direta Harry, você pergunta demais. - falou se sentado.
- Você o amava? - puxou-a, fazendo-a ficar em pé novamente.
- Não. Pronto, falei.
Harry estreitou os olhos, que brilhavam divertidamente.
- Tenho pena desse cara...
- Por quê? – estava um pouco irritada.
- Feche os olhos. Isso vai fazê-la melhorar.
- Hã? - falou confusa.
- Feche...os...olhos.
Hermione fechou-os, devagar.
- Tenho pena por que - Hermione escutava-o falando cada vez mais próximo - ele vai se arrepender amargamente - sentiu seus lábios quase tocando nos de Harry - de ter perdido uma mulher tão incrível – sentiu seus dedos passando pelo seu rosto, percorrendo cada curva e terminando em seu pescoço - quanto você.
Ela, após certo tempo, abriu os olhos. Harry a encarava.
- Você não existe... - sussurrou.
E ele sorriu.
******************
- Ernest, leve as malas, por favor. Aparatar é mais rápido e barato.
- Adoro andar de avião.
Estavam bem próximos de se despedir.
- Então, até daqui a uns dois meses, talvez... – disse Hermione, agora com a voz chorosa.
- O que eu diria pra você não ir? – abraçou-a.
- Não vá, por favor. – tentou Hermione.
- Essa foi péssima, tenta de novo.
- Fica aqui.
- Frio demais.
- Não me deixe.
- Melhorou, mas eu acho que posso fazer melhor.
- Não me abandone meu amor!
- Que melação! – Harry fez cara de nojo.
- O que você diria então?
- Eu não diria nada, deixaria a saudade falar por mim, e pode crer, ela fala. Mas vou tentar... Não fuja de mim, sem você serei sempre vazio.
- Que melação!
Harry riu de lado.
- Eu nunca mais vou te deixar. – sussurrou. - Talvez isso que eu diria.
- Até mais Harry.
- Até breve, Mi.
Beijou sua testa de leve.
Colaram as testas, como fizeram quando se viram pela primeira vez há quase uma semana...
...Mas havia chegado a hora de passar a dama...
A longa dança terminara.
******************
Em menos de uma hora Hermione chegou em casa. A tristeza não demorou nem segundos para se apoderar dela. Queria voltar, eu arranjar um jeito de trazê-lo para perto. “São só umas semanas...”.
Arrumou tudo em sua casa rapidamente e desfez as malas, estava na última quando viu os recados na secretária eletrônica.
Biiiiip
Hermione, aqui é o Jimmy, a gente precisa conversar... me liga
Biiiip
Miiiiiiiii, não deu pra te pegar no aeroporto, perdão, sério, minha filha inventou de ir a uma festa da escola e tive que deixá-la lá, quando chegar me avisa ok?
Biiiiiip
Sou eu de novo, vem pra cá hoje, lá pelas sete, vou tentar uma receita que era da minha vó, pra falar a verdade eu já tentei uma vez e a cozinha ficou semi-destruída, mas quero ver se agora vai...
Biiiiip
Miiiiiiiii, é a Meg de novo, hoje é meu dia de folga do submundo do crime, mas onde você vai estar amanhã, para que eu possa... sei lá... te matar?! Beijão...
A campainha tocou.
- Entrega para a Srta. Granger.
O entregador segurava o mais perfeito buquê de rosas vermelhas que Hermione já tinha visto.
- Isso veio junto. – falou simpático.
- Obrigada. – Mione pagou uma pequena quantia de gorjeta e fechou a porta. Duas pessoas poderiam ter mandado: Harry ou Jimmy. Ela olhou atentamente e logo percebeu de quem era. Sim, Jimmy não teria grana o suficiente pra mandar rosas com ouro em pó por cima. Era bem original.
Leu o cartão:
Sei o que vai imaginar, será que eu que fiz ou paguei uma grana pra alguém fazer o que vem a seguir? Mas sei que você sabe a resposta...
Uma pergunta e um voto...
Por que foi me deixar?
Logo eu, servo devoto
Da perfeição de seu ar.
Jamais retorne tarde
Para que não veja meu fim
De amor meu coração arde
Esqueça tudo e volte para mim
Saudades suas, minha vida...
“SIIIIIIIM!!! Eu ganhei na loteriaaa, NÃÃÃO, fiz melhor, consegui “o cara” minha nossa, num faz nem uma hora que eu cheguei e já tinha flores me esperando?! E a poesia? E o ‘minha vida’???”
Hermione pulou pra perto quando ouviu o último recado.
biiiiip
Oi, sou eu, espero que tenha gostado das flores...
Hermione arrumou as flores no mais belo jarro que possuía. Até longe Harry conseguia mantê-la pensando nele a cada cinco minutos. Já ia se preparar para ir ao Semanário entregar os relatórios quando a campainha tocou novamente. Hermione, absurdamente alegre, foi atender.
À porta estava uma das pessoas que menos esperava ver...
N/A: quem será??? Comentem!!!!!
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