Alastor Moody








Então lá estava Tonks, sentada na cozinha de uma casa estranha com um homem estranho fazendo a proposta de levá-la até a Rússia para conhecer sua mãe. Parecia uma insanidade para alguém que nem se lembrava do nome.

- Ah bem... – Lupin se dirigiu a porta da cozinha. – Se quiser posso mostrar o quarto em que poderá dormir hoje.

- Certamente. – Tonks se levantou e os dois subiram as escadas de madeira antiga que emitia rangidos terríveis enquanto subiam.

Lupin abriu a porta do primeiro quarto do corredor. Duas camas velhas e bastante empoeiradas “enfeitavam” o aposento junto com uma janela de vidro rachado.

- Não é muito apresentável... – Começou ele rindo. – Mas...

- É melhor do que dormir na rua. – Ela completou certa do que estava falando.

- Se precisar de qualquer coisa, fale comigo. Estarei na sala. – E fechou a porta assim que Tonks entrou.

Já passavam das oito e o dia havia sido perturbado. Lupin ainda não acreditava na fuga de Tonks sem memória do St Mungu’s. No começo achava sua idéia de levá-la à Rússia um tanto precipitada e talvez até perigosa mas agora já estava achando a idéia interessante.

Depois de se jogar em um sofá perto da lareira ergueu sua varinha.

- Incêndio! – Apontou para a lareira fria e cheia de cinzas. Logo uma labareda tomou conta da lenha e o fogo apareceu. As chamas esquentavam lentamente a sala e Lupin já estava sonolento de mais para não pegar no sono com o crepitar delas.

Seus olhos se fechavam lentamente e depois de um último suspiro ele finalmente adormeceu.

PAFT!

Uma batida na porta fez o homem acordar assustado. Lupin procurou a varinha atirada do outro lado do sofá e se levantou cuidadosamente.

- Abra, pombas! Estou congelando aqui fora! – A voz grossa e forte vinha do lado de fora. Lupin conhecia essa voz.

- Alastor? – Ele abriu a porta correndo. Depois deixou o homem entrar.

- Ora, como pode demorar tanto para abrir uma porta, Lupin? – Moody tirou o casaco cheio de neve e o pendurou.

- Eu estava cochilando.

- Ah bem...vejo que esteve vigilante esses dias. – Seu olho tonto e seu olho normal encaravam Lupin de cima a baixo. – Pela sua cara...

- Adivinha quem encontrei hoje batendo à minha porta?

- Quem? – Perguntou Moody sentando-se e abrindo uma garrafa de uísque que encontrara ali perto.

- Ninfadora Tonks.

- E o que tem isso?

- Você deve saber que ela perdeu a memória... – Lupin sentou-se na cadeira a frente de Moody.

- Não. Não sabia disso. – Seu olho tonto agora girava pela casa. – Presumo que foi atacada enquanto estava vigiando.

- Disso eu não sei. Mas o fato é que quando contei que era bruxa ela simplesmente não acreditou. – Contou Lupin mantendo o ar calmo.

- Não, eh? – Moody ofereceu a garrafa à Lupin que recusou gentilmente. – Estranho...E o que pretende fazer?

- Eu já fiz algo. – Ele sorriu. – A convidei para ir até a Rússia conhecer sua mãe a qual Tonks também não acredita que seja bruxa.

- Até a Rússia? – Moody se engasgou com o uísque. – Ficou louco, Lupin?

- Não exatamente. Ir até a Rússia pode ser lucrativo.

- Explique.

- Andrômeda não vê Tonks há prováveis quatro anos. Deve certamente estar se perguntando onde a filha está agora...Você sabe como Andrômeda não ousa mais por os pés na Grã-Bretanha agora que suas irmãs viraram comensais.

Moody não disse nada e deixou Lupin prosseguir.

- Eu estava imaginando então...seria bom rever a filha depois de quatro anos Seria bom rever a mãe que está esquecida por sua amnésia. Por trás disso pode haver uma grande recompensa...

- Você está sugerindo que?

- Andrômeda nos recompense por levar Tonks à ela.

Moody finalmente acabou com o uísque e passou novamente a encarar.

- Quando você diz nos recompense você quer dizer que...

- Você pode me ajudar.

- Entendo. – Moody deu uma risadinha. – Bem pensado, rapaz.

- Obrigado, Alastor. – Lupin levantou-se. – Eu vou me retirar. Tonks está lá em cima descansando. Amanhã posso contá-la que irá conosco.

- Ótimo. – E depois fez a garrafa de uísque desaparecer.




Na manhã seguinte Tonks acordou cedo, mas não tão cedo quanto Lupin que já estava na cozinha.

- Bom dia. – Cumprimentou ele sentado lendo jornal.

- Bom dia. – Tonks sentou-se também e serviu-se de algumas torradas que provavelmente Lupin havia deixado para ela.

- Tonks. – Ele fechou o jornal e a encarou. – Hoje quero que conheça alguém.

A menina não disse nada por estar com metade da boca cheia de torrada.

Lupin se levantou e correu até a sala. Voltou trazendo Moody que tinha o olho tonto ainda girando.

Tonks ficou ao mesmo tempo assustada e conformada. Estava se lembrando daquele homem também. O olho dele...

- Bom dia. Alastor Moody – Ele apertou a mão de Tonks. E quando esta finalmente terminou a torrada pode dizer:

- Sou Ninfadora Tonks. Ou pelo menos ele diz que sou. – E apontou para Lupin.

- Ah sim, eu a conheço. – Moody sorriu para ela.

- Tonks, Moody nos acompanhará até a Rússia. – Lupin contou a novidade à menina que simplesmente tomou uma atitude indiferente.

- Ah sim, certo... – E serviu-se de outra torrada. – Quando partiremos?

- Hoje mesmo. Iremos de trem até a Alemanha. – Informou Lupin. – Alastor, conseguiu passagens?

- Consegui. De fato poderemos partir hoje á tarde.

- Hoje mesmo? – Assustou-se Tonks.

Os dois apenas se olharam.





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