Escondidos no bagageiro






- Ciça...Ciça! Estou falando com você!

- Sim, Bella...

Narcisa se virou para Bellatrix com certa impaciência.

- Eu estava pensando... – A voz de Bellatrix ia ecoando entre os barrancos perto do rio sujo, onde já haviam estado há mais de um ano atrás. – Nossa irmã, Andrômeda, já morreu certo?

Narcisa bufou.

- Eu acho que não, Bella.

- Como assim você acha que não? Ela tem de estar morta! Não a vejo há anos!

- Pois é. – Narcisa ainda se mostrava impaciente e completamente desinteressada na conversa.

- Ela tem filhos, certo? Aquela traidora do sangue...

- Pelo o que eu sei, ela tem sim uma filha.

- Ah, mas que vontade de... – Bellatrix ficou vermelha por um momento, depois relaxou. – Hei espera... Um de meus primos queridos já se foi. Só falta um, no caso duas traidoras de sangue.

Narcisa percebeu o ar pensativo maligno de sua irmã.

- Bellatrix, você não está pensando em...

- Deixe-me em paz, Narcisa! – E antes de aparatar ergueu a varinha para uma raposa esquelética no capim alto que caiu dura ao receber um lampejo verde.




- Depois você me diz quanto custou para eu te pagar. – Ordenou Tonks quando os três chegaram à estação.

- Não diga isso. Você não precisa me pagar! – Lupin interpôs a menina. - Eu sou o responsável de levá-la até sua mãe.

Tonks sorriu em gratidão. Estava começando a se sentir mal por ter desconfiado ele no começo.

- Ai vem o trem. – Moody apontou para o trem que se aproximava lentamente. – Deixa que eu pego isso. – E segurou a única mala.

Lupin deixou a menina subir primeiro depois fez sinal de positivo à Moody que retribuiu o mesmo sinal.

- Essa aqui parece ser ótima. – Tonks abriu a porta de uma cabine logo no começo do corredor. – Entrem.

Lupin e Moody entraram. Enquanto Lupin botava a mala no bagageiro de cima, Moody observava atentamente as passagens.

- Eu vou ali atrás checar uma coisa nas passagens. – E saiu apressado com seu olho tonto dando voltas.

Tonks se deitou em um dos bancos e ficou encarando o teto, girando a boina entre os dedos.

- O que houve? – Perguntou virando-se para Lupin que a observava.

- Nada. – Ele respondeu imediatamente. – Ah veja! O trem já está se movendo!

E realmente a estação já passava diante de seus olhos. A paisagem ia se tornando mais natural passados alguns minutos depois da partida.

- Moody está demorando, não? – Perguntou Tonks se sentando de novo.

- Ele já deve estar voltando... – Lupin respondeu sem tirar os olhos do jornal que lia.

Mas Moody não voltava. E depois de quarenta minutos de espera pode-se ouvir alguns passos apressados pelo corredor. Então a porta da cabine se abriu bruscamente.

- Venham rápido!

- O que?

- Venham! Depois explico! – E Moody fechou novamente a porta depois que os dois saíram apressados. – Para o bagageiro!

- Bagageiro? Moody... – Lupin tentou falar, mas foi empurrado para a porta de trás do vagão.

- Ande!

- Você espera que eu pule?

- Vamos homem! – E Moody empurrou Lupin que por pouco não caiu se segurando na maçaneta da porta do bagageiro.

O trem ia pegando uma velocidade imensa e podiam-se ver os trilhos passando na velocidade da luz embaixo de seus pés.

Lupin abriu a porta do vagão de bagagem com extremo cuidado para não cair. Moody foi o segundo a pular e também quase se desequilibrou.

- Tonks, é a sua vez! – Lupin gritou devido ao grande barulho que o trem fazia.

Ela continuava imóvel olhando aterrorizada para os trilhos e algumas vezes para o vagão a sua frente.

- Me dê a sua mão! – Era Lupin que gritava de novo estendendo a mão o máximo possível se segurando na porta. Mas, Tonks porém não conseguia se mexer.

- Eu não sei se consigo! – Ela gritou.

- Confia em mim!

Então Tonks parou de olhar os trilhos e passou a encarar Lupin. Tomou a mão dele tão forte que achou que tinha quebrado alguns dedos. Depois saltou em direção ao outro vagão empurrando Lupin para dentro.

Os dois caíram em cima de algumas malas. Tonks mantinha os olhos comprimidos e a respiração falhada assim como Lupin que parecia que lhe faltava ar. Quando os olhos dela se abriram se depararam com a posição não muito apresentável em que estavam e levantou-se rápido.

Lupin também se levantou e fechou logo a porta.

- Moody o que aconteceu? – Perguntou sério.

- As passagens! Elas são falsas, assim como os passaportes e os vistos! – Moody respondeu deixando Tonks um pouco assustada. – Quando o condutor viesse checar nós seriamos expulsos na primeira parada!

- Você quer dizer que...o que é isso? – Lupin notou algo estranho do lado de fora do trem. Apressou-se até a janela, mas quando observou o exterior não encontrou nada. Então se virou novamente para Moody. – Moody, seremos expulsos de qualquer maneira. Estamos escondidos no bagageiro!

- O que vamos fazer? – Perguntou Tonks.

Lupin observou a porta final do trem depois a paisagem lá fora. Estava nevando e o chão já devia estar debaixo de 1 metro de neve.
- Vamos ter que pular. – Disse.

- Pular? Você ficou doido?! – A menina olhou-o abismada. – Estamos indo rápido demais!

- Ela tem razão... – Moody falou em ar pensativo. – E estamos viajando do lado da encosta íngreme de uma montanha... não daria certo.

Lupin bufou nervoso.

- E se eu tentar separar os vagões?

Moody coçou o queixo nervoso.

- É...poderia dar certo... – Tonks disse com dificuldade.

Lupin abriu novamente a porta da frente do bagageiro. Apontou a varinha para o gancho que unia os vagões.

- Bombarda! – E com um estrondo o gancho se despedaçou deixando agora o vagão do bagageiro livre. Lupin cambaleou um pouco para trás aliviado. O vagão ainda andava rápido, mas já havia se desvencilhado do outro.

- Pronto. – Disse conformado. – Agora, certamente pararemos em alguma coisa.

- Não tenha tanta certeza. – Moody apontou para ponte um pouco a frente do trem. Lupin e Tonks olharam apavorados. A ponte estava quebrada!

Tonks estava pálida sem saber o que fazer. Foi ai que teve a idéia.

- Lupin, a corrente! – E mostrou uma corrente perto das últimas malas. – Você pode lançá-la sobre os trilhos e travar o vagão!

Lupin olhou de Tonks à Moody que nada disse. Então foi até a parte traseira prendeu uma ponta da corrente em um ferro e içou com dificuldade a outra. Esta se prendeu nos trilhos fazendo mais barulho e o vagão subitamente foi a um ângulo de 90 graus.

- Pulem! – Ordenou Lupin.

E os três pularam na neve fofa e macia do final de inverno francês.


Tonks caiu um pouco afastado dos dois. Moody caiu perto de uma árvore e por pouco não bateu com a cabeça. Lupin que havia caído de joelhos se levantou rapidamente.

- Nunca mais ando de trem! – Disse indignado tirando a neve das vestes.



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