Na Sonserina (1ºdia)
Cap4.: Na Sonserina. (1ºdia)
Os três últimos dias foram os mais rápidos de toda a minha vida.
Sendo que a maior parte do tempo, Thomas me interrompia.
“Você já sabe o que você vai ter que fazer?”-ele perguntou, quando, nós estávamos na sede do jornal.
É, o Thomas parece muito mais ansioso que eu. Respondi, com a voz enojada:
“Ir para a Sonserina, às cinco horas da tarde. Esperar alguma pessoa dizer a senha. Entrar. Procurar Draco Malfoy.”-e nessa parte, eu já estava totalmente desesperada.-“Achar Draco Malfoy. Grudar em Draco Malfoy. Descobrir tudo sobre Draco Malfoy.”
“Uau.”-Thomas disse, parecendo maravilhado.-“Você aprendeu direitinho.”
Apenas revirei os olhos.
“Tenho uma coisa para você.”-ele disse, me dando um embrulho.
Será que é uma carta falando que eu não preciso fazer isto?
Pensamento positivo, Gina.
Pensamento positivo.
Abri e qual é a minha surpresa ao ver que era... um diário.
“Um diário?”-eu perguntei, não acreditando no que via.-“Você está me dando um diário?”
“É.”-Thomas disse.-“Assim, você escreve tudo o que está acontecendo ao seu redor... nesse diário.”
“Você acha...”-eu comecei, ainda surpresa.-“Que Valkiria Proust usa um diário?”
“É o único jeito de você não perder nada.”
“É o único jeito.”-eu disse, ácida.-“De você não perder nenhuma fofoca.”
Thomas fez cara de surpreso.
“Você acha que eu sou alguém desse tipo?”
Eu, já me levantando:
“Pior que você... só a Brown.”
E sai rapidinho da sala.
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Deitada no sofá, pensando que daqui a 24 horas (24 horas!!!) eu estaria num Salão verde e prata.
Mas espera. Verde e prata não combina comigo.
Talvez combine com a Proust, mas quem disse que eu sou a Proust?
“Hey, garota.”-disse Harry, bem no meu ouvido.
Dei um pulo enorme.E, com a mão no peito, disse, toda surpresa:
“Onde você esteve?”
Espera. Isso soou como uma namorada possessiva, mas:
1)Eu não sou namorada de Harry Potter.
2)E eu não sou nem um pouco possessiva. Tá, só um pouquinho. Um pouquinho mesmo.
“Ah, você sabe. Por aí.”-disse o Harry, se sentando ao meu lado.
Por aí.
Um cara some por TRÊS dias... e ele estava por aí?
“Por aí?”-eu perguntei, estupefata.
“Ah, eu to muito cansado.”-ele falou, deitando no meu colo.
Só que eu nem liguei que ele estava deitado no meu colo. Aquelas palavras... me deixaram em pânico.
Afinal, ele estava cansado do que? Eu me pergunto... Cansado de uma garota?
Não pode ser. Esse não é o Harry. Esse não pode ser o Harry.
Ele pôs a mão no meu rosto e disse:
“Você tá linda.”
Meu Merlim. O que Harry Potter bebeu?
“Pare com isso, Harry.”-eu disse, vermelha.
“Mas é verdade...”-ele continuou dizendo.-“Eu não sei como...”
E nesse momento ele DORMIU.
Ele ia se declarar para mim.
Por que o mundo é cruel?
Digo, cruel COMIGO?
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Deixei o Harry dormindo no sofá. Mesmo que ele quase tenha se declarado para mim, eu não vou levá-lo para o dormitório.
Eu não esqueci de todos aqueles foras... pelo amor de Merlim. Eu aceito, só não esqueço.
Talvez, eu esquecesse... se ele me pedisse em namoro de novo. E ficasse comigo por toda a eternidade.
Gina, você tem que parar de pensar nessas coisas.
Por que o Harry não vai voltar para você e sabe por que?
Porque ele não vai te ver direito durante um mês inteiro, afinal, você vai para a Sonserina e vai ser Gina Weasley só nas aulas.
E o Harry não está na minha sala.
Que ódio por ter nascido depois do Rony.
Por que eu não posso ser a irmã gêmea do Rony?
Por que?
Por que?
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É hoje.
E para variar estou com cólica, com dor de cabeça e...
Já sei. Eu posso entrar na enfermaria, aí o Thomas vai se ferrar por causa dessa matéria. Porque eu não vou aparecer e...
Quem eu quero enganar? Eu não posso me esconder na enfermaria. Na enfermaria eles não te internam porque você está com cólica.
Ah, meu Merlim. Eu tenho que descer. Eu tenho que tomar café da manhã. Eu tenho que fingir que tudo está normal, que é só um domingo qualquer.
Mas NÃO é um domingo qualquer...
Pego a caixa que está embaixo da minha cama.
Abro.
Vejo a peruca.
Acho que eu vou vomitar.
Fecho a caixa e a deixo embaixo da minha cama.
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“E aí?”-perguntou Thomas, se sentando do meu lado.-“Pronta?”
“Não fale, por Merlim, vai lá e arrasa.”-eu disse, me lembrando do meu sonho.
“Mas você vai arrasar”-disse o Thomas, dando aquele sorriso esquisito.
“Eu não vou arrasar.”-eu falei.-“Você...”
“Não comece a falar que você vai morrer.”-interrompeu Thomas, dando aquele olhar de clemência para mim.
“Eu vou ser executada.”-eu disse.
“E ninguém vai saber que a culpa é minha...”-disse o garoto, revirando os olhos.-“Sério, Weasley, roda o disco, ok?”
E ele se levantou e saiu.
Meu editor não me suporta mais.
Oito horas e cinqüenta e sete minutos para se executada. Digo, para ir para a Sonserina.
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Ainda não acredito que faltam duas horas, cinco minutos e três segundos.
Eu vou para a Sonserina... com aquele uniforme lindo, já que os meus trapos (que é como Thomas chamou as minhas roupas) não eram adequados...
Sim, a minha vontade de socar o Thomas aumentava a cada segundo, mas me contive e disse:
“O que você acha que eu me visto?”
“Bom,consegui afanar esse uniforme.”-e mostrou o uniforme lindo (horroroso) da Sonserina.
“Esse troço...”-eu comecei, tentando achar as palavras certas.-“Tem o símbolo de uma cobra.”
“Você acha que ia ter o símbolo da Grifinória?”-Thomas retrucou-“Você tem certeza que sabe para onde vai?”
“Saber eu sei.”-eu falei, com a minha voz cheia de dignidade.-“Só não sei se eu quero ir.”
Thomas suspirou e disse:
“Vista o uniforme, Weasley. Quero te ver às quatro e meia.”
Só tinha um probleminha.
Onde que eu colocaria aquele uniforme? E a peruca loira?
Ah, merda.
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Entrei no Salão Comunal com dois objetivos. O primeiro era levar a caixa loira para qualquer banheiro, se possível, o mais perto da Sonserina.
E o segundo objetivo era me despedir.
Sentia um aperto no coração... como se nunca mais estivesse perto do meu irmão, de Hermione e de Harry.
Mas uma parte, a menos sentimental de mim, dizia para eu parar de inventar. Afinal, eu não ia me mudar para um lugar tão longe...
Aproximei de Harry e disse:
“Hey.”
Sim, não é a coisa mais inteligente e mais bonita de falar, mas entenda que nesse momento... eu estou totalmente descontrolada. E a cólica não ajuda em nada.
“Gin.”-disse Harry, ele fez uma cara de: eu estou bravo e continuou.-“Você me deixou dormindo no sofá.”
Eu o encarei estupefata e disse:
“Você queria que eu fizesse o que?”
Sério. O que ele esperava? Que eu ficasse ao seu lado? Vendo-o dormir?
“Eu to brincando, Gina.”-disse Harry, dando uma risada.-“Você já estava pensando no que?”
A vontade de xingá-lo... aumentava a cada segundo.
“Em nada.”-eu disse.-“Vou para o meu dormitório, tenho que pegar uma caixa...”
Não devia ter falado isso.
Não devia mesmo.
“Caixa? Que caixa?”-Hermione perguntou, curiosa.
“Ah, uma caixa aí.”-eu disse, um tanto vermelha-“Você sabe, eu vou mandar para... o Percy.”
“Você mandando alguma coisa para o Percy?”-perguntou Rony, com os olhos esbugalhados.-“Você está odiando o nosso irmão desde que ele...”
“Entrou no Ministério. Eu sei.”-respondi.-“Mas acho que esse momento, Rony, é um momento de perdoarmos as pessoas.”
“A gente não tá no Natal, Gina.”-meu irmão disse, fazendo uma careta.-“Eu não perdôo aquele puto, nem por um beijo da Fleur.”
Hermione nesse momento beliscou Rony.
“Ai!”-disse meu irmão, massageando o braço.-“Precisava fazer isto, Hermione?”
“O que eu fiz?”-Mione perguntou, fazendo-se de desentendida.
Quando meu irmão retrucou, eu decidi subir para o meu dormitório.
Peguei a caixa onde estava a peruca e coloquei o uniforme (que estava na minha bolsa) dentro. Sorri com aquela cara de choro e lembrei que tinha que pegar os meus livros também, afinal, eu não voltaria tão cedo para a Torre da Grifinória.
Além dos livros, eu teria que pegar a maquiagem. Só que a base e o corretivo que a Carmen usou... eram daquele estojo gigante que ela tinha.
Uma única solução? Roubar essas duas peças importantes para o meu disfarce.
Eu sei. Não era fácil roubar uma base e um corretivo de uma das pessoas... que me ajudara tanto, mas era agora ou nunca.
Eu sabia onde Carmen guardava aquele estojo. Era na prateleira debaixo da pia do banheiro. Fiquei com pena, afinal, ela nunca pensaria que uma pessoa do seu PRÓPRIO dormitório roubaria aquilo.
Entrei no banheiro, tranquei a porta e vi o estojo gigante de maquiagem.
Peguei o estojo e comecei a procurar a base e o corretivo. Era M.A.C ou alguma coisa desse tipo.
Só que a Carmen usava apenas essa marca.
Ah, meu Merlim!!! O que eu vou fazer??? Se houvessem tipo, uns dois ou três corretivos dessa marca, mas não!!! Tem dez potinhos que para mim são totalmente iguais.
Suei frio.
Dez potes na minha frente. Todos da mesma marca. As cores eram tipo, diferentes só para alguém muito, mais muito inteligente...
E eu não me encaixo nessa categoria.
“Pelo amor de Merlim!!! Qual é a diferença?”-eu perguntava em voz alta, enquanto sentava no chão do banheiro.
“Gina???”-perguntou Carmen.
Levantei em pulo. Meu coração estava na minha boca, tentava guardar toda a maquiagem que eu tinha esparramado no chão o mais rápido possível.
“Oi...”-eu falei, tentando parecer que não estava acontecendo nada de anormal.
“Gina... você não quer conversar comigo?”-Carmen perguntou, parecendo preocupada.
“Conversar?”-eu perguntei debilmente. Eu esperava que ela começasse a me xingar porque eu estava tentando roubar a sua maquiagem.-“Sobre o que?”
Só que, óbvio, ela não viu o estado do estojo dela. Não ainda.
“Ah... sobre o tempo que você passa no banheiro.”-a minha amiga disse, tentando parecer delicada.
“Eu não passo tanto tempo assim.”
“Gina... faz mais de meia hora que você está aí dentro.”
Dei um pulo.
“Que horas são?”-eu perguntei, em desespero.
“Quatro e vinte.”
Abri a porta rapidamente e disse:
“Você precisa me ajudar.”-tá, eu implorei.
“Fala.”
“Me empresta a base e o corretivo... aqueles que você usou...”
“Você não viu, Gina?”-perguntou Carmen, confusa. Ela me via andando para todos os lados que nem uma louca.-“Eles estão em cima da sua cama.”
Parei.
Olhei para a minha cama.
E comecei a me odiar.
COMO QUE EU NÃO TINHA VISTO???? COMO???
“Quando...”-eu perguntei, tentando manter o controle.-“Quando você os colocou?”
“Ué, hoje de manhã.”-Carmen falou.-“Gina, você tem certeza que você ta bem?”
NÃO!!!! Desde manhã estes dois estavam ali. Em cima da minha cama. E eu não tinha visto...
Que tipo de pessoa sou eu?
Dei uma gargalhada de louca e respondi:
“Eu tô bem!!! Tem algo errado comigo?”
“Você tá com cara de maníaca.”
Peguei a maquiagem, guardei-os no bolso e disse:
“Imagine... desde quando eu tenho cara de maníaca?”-e rapidamente, peguei a caixa. Pronta para sair. Liberdade.
“Eu sei muito bem o que tem nessa caixa, Gina.”-falou Carmen enquanto eu estava com a mão na maçaneta.-“Só não entendo o que você vai fazer com uma peruca loira e com um uniforme da Sonserina.”
Comecei a me virar, bem devagar.
“O que você disse?”-eu perguntei, olhando ansiosa para o relógio. Eram quase quatro e meia. Thomas ficaria furioso comigo.
“Essa caixa.”-disse a garota, apontando para a caixa como se eu fosse uma idiota ou algo assim.-“Eu sei o que tem dentro.
“Carmen.”-eu falei, meio lentamente.-“Você andou mexendo nas minhas coisas?”
“Você deixou a caixa aberta, Gina.”
“Eu não deixei a caixa aberta.”-eu falei.-“Ela estava fechada no momento que eu peguei.”
Resposta inteligente não acha?Afinal, estava meio na cara que a Carmen fechou a caixa depois.
“Eu a fechei.”-disse Esperanza.-“Você queria que as outras meninas vissem?”
Não achei nenhuma resposta.
“Olha, eu sinto muito, muito mesmo por ter mexido nessa caixa, Gina.”-ela começou.-“Mas sério. O que você está tramando?”
“Nada.”-menti, automaticamente.
“As pessoas não pegam uma peruca e um uniforme da Sonserina para nada.”
“É uma pegadinha.”-falei rapidamente.
“Pegadinha?”-perguntou Carmen.-“Você diz... algo do tipo fingir que é da Sonserina para enganar alguém?”
“Isso mesmo.”
Esperanza começa a sorrir, me abraça e diz:
“Gina... você vai dar uma lição neles!!! Ah, você quer ajuda com a maquiagem? Porque eu posso te ajudar agora, agorinha mesmo.”
“Seria ótimo.”-eu digo, pegando a base e o corretivo do bolso.
Carmen pega os pincéis e começa a passar a maquiagem.
“Mas quem você vai ser? Tipo, qual é a sua identidade secreta?”
“Eu não tenho identidade secreta.”
“Virginia.”-ela diz, me olhando séria.-“Pára de mentir para mim, por favor.”
Eu a encaro.
“Valkiria Proust.”
“A mala do nosso ano?”-ela pergunta, com os olhos esbugalhados.
Apenas confirmo com a cabeça.
“Bom, você tem que ser tão bonita quanto ela, Gina.”-diz Esperanza.-“E você sabe que ela adora rímel e a gente coloca uma sombra. É...”
“Carmen.”-eu comecei.
“O que foi?”
“Promete só uma coisa,ok?”-eu comecei.
“O que?”
“Não conta para ninguém.”
“Credo... essa pegadinha é tão secreta assim?”
“Sabe...”-eu falei.-“Ninguém poderia saber.”
“Gina...”
“Olha.”-eu comecei.-“Esquece. Por que eu não vou mais fazer essa pegadinha.”
“Termine a sua maquiagem.”-a garota falou, um pouco decepcionada.-“Eu não vou contar para ninguém que você vai ser Valkiria Proust.”
Eu peguei o pincel e comecei a passar.
Silêncio mórbido no dormitório da Grifinória.
“Eu sou A espiã.”-eu falei, depois de um bom tempo.-“E...”
Escapou. Eu tinha decidido contar, mas será que eu fiz certo? Ah, Merlim, Gina...
“A sua missão é entrar na Sonserina. Entendo.”
“Por isso que você não pode falar para ninguém, entende?”-eu fui falando, super rápida.-“Por que se você falar... todo mundo vai saber e eu vou me ferrar e...”
“Você acha que você vai se ferrar porque é A espiã?”-Carmen gritou. Ela, então, pegou o travesseiro que estava em cima da sua cama e jogou em mim.-“Você acha que todo mundo vai te odiar ou algo assim? Acorda!!! Você é A espiã.”
Eu a encarei.
“Eu posso não me ferrar com vocês, mas você acha que a Minerva McGonagall vai ficar feliz ao saber que eu passo a noite em outro dormitório?”
Carmen pensou.
“É, não vai ser bom não.”-ela concluiu.-“O que você quer que eu faça?”
“Fora esquecer essa história?”-eu pergunto, levantando a sobrancelha.
“Eu não vou esquecer NUNCA esse história.”-Carmen fala, parecendo feliz demais... igual ao Thomas.-“Afinal, o que eu vou contar para os meus filhos? Esse é O fato da escola.”
“Pelo amor de Merlim!!!”-eu disse, exasperada.-“Você acha que o fato de eu ser uma idiota que vai desvendar os boatos... vai me tornar importante? Você cheirou uma ervinha hoje, não é? Porque você tá pior que o Thomas.”
“Gina, você vai ser uma jornalista famosa quando descobrirem que você é A espiã.”-Carmen começou a falar.-“Posso te pedir uma coisa?”
“Pedir o que?”-eu pergunto, não muito feliz.
“Posso ser a sua maquiadora quando você ficar famosa?”
“Você tá brincando comigo.”-eu digo.
Afinal, quem garante que eu vou ser uma famosa jornalista? Eu posso escrever bem, mas isso é só um detalhe.
Além do que, eu não acho que vão querer uma pessoa que vai ser expulsa da escola por ter quebrado muitas regras. Entenda como invadir o Salão Comunal de uma casa onde, por acaso, eu não estou.
“Gina... eu posso ajudá-la.”-implorou Carmen.
“Como você pode me ajudar?”-eu perguntei.-“Me diz. Sério. Como que você pode me ajudar se eu estou totalmente ferrada?”
“Você não está ferrada.”
“Carmen.”-eu comecei e quando percebi, já a estava sacudindo.-“Eu vou dormir naquela porcaria por um mês. Tipo, quatro semanas, trinta dias. E não sei quantas horas porque não tenho a mínima vontade de calcular. Eu vou dormir com a peruca loira, vou me maquiar, vou ter olhos azuis. E sabe o que é pior? No café da manhã, eu vou voltar a ser a ruiva de olhos castanhos. Agora me diga, eu estou ferrada ou não?”
“Gina... em primeiro lugar.”-disse a garota.-“Solta o meu braço. Ele tá ficando roxo.”
Eu soltei na mesma hora.
Esperanza suspirou e disse:
“Agora, qual é o problema de você ficar na Sonserina? Você vai poder contar se é verdade que Draco Malfoy saí do dormitório da Parkinson todo dia de manhã. E só com a calça do pijama.”
“Por favor.”-eu pedi.-“Não me fale isso. Isso é nojento.”
“Gina, você acha nojento?”-Carmen perguntou.
Apenas assenti com a cabeça.
“Você é problemática mesmo!!!! Pelo amor de Deus. Se eu visse Draco Malfoy só com a calça do pijama...”
Foi a minha vez de jogar um travesseiro nela.
“Fala a verdade.”-disse a garota.-“O Malfoy pode ser insuportável com algumas pessoas, mas ele é lindo.”
“Uma palavra para você: ECA!!!”-eu falei. Estava começando a me arrepender de ter contado o meu segredo para Carmen.
A garota encarou o relógio e perguntou:
“Gina... que horas você vai para lá?”
“Eu... Thomas!!!”-eu berrei. Eu tinha esquecido do Thomas.
Tá, brigar com a Carmen era muito mais engraçado.
“Thomas?”
“O editor.”-eu expliquei rapidamente.-“Você pode me ajudar, sim.”
“Só pedir.”
Ah, meu Merlim!!! Existe amiga mais legal do que essa?
“Leve a minha bolsa amanhã com os meus livros? E o uniforme da Grifinória também?”
“Já sei. Me encontre no banheiro, você sabe, aquele antes do Salão Principal.”
Eu a abracei e disse:
“Muito, muito, muito obrigada.”
E pegando a caixa, sai correndo do meu dormitório.
Tudo daria certo.
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Mas óbvio que Dino Thomas me deu a maior bronca.
“Onde você estava?”-ele perguntou.-“Você percebeu que está UMA hora atrasada?”
“Onde eu estava?”-perguntei, com a voz doce.-“Acho que eu tava querendo fugir de você.”-terminei, enquanto fechava a porta da Sede do Diário.”
“Muito engraçado.”-disse Thomas, ele olhou para o meu rosto e falou.-“Você está diferente.”
“O que uma maquiagem não faz?”-eu disse, tentando sorrir.
“Uau.”-disse Thomas.-“Realmente.”
Fechei a cara.
“Brincadeira, Weasley.”-ele disse.-“Quer fazer o favor de se vestir?”
“Saia.”-eu ordenei, sem pestanejar.
“Como se eu nunca tivesse visto...”
“Você nunca viu, Thomas.”-repliquei.
“Por pouco que eu não vi.”-disse o garoto, fechando a cara.
“Pouco o cacete.”-eu exclamei.-“Agora, quer fazer o favor de sair?”
Quando vi que eu estava sozinha, comecei a colocar o uniforme, com muito nojo.
Caramba! Eles não têm o mínimo senso de moda. Como uma pessoa pode achar bonito verde com prata?
Acabei colocando a peruca também.
Dino Thomas achando que em três minutos (!!!) eu já estava totalmente pronta, abriu a porta e disse:
“Merlim.”
“O que foi?”-perguntei.-“Não me diga que eu estou feia...”
“Mude os olhos.”-pediu Thomas, com aquele sorriso estranho no rosto.
Fiz o feitiço.Sabia muito bem a cor dos olhos da Proust. Era um azul muito perfeito.Só não era totalmente perfeito porque eram os olhos DELA.
Ah, você entendeu.
“Uau.”-disse Dino.-“Você está tão Proust.”
“Como se você a conhecesse bem.”-eu falei, de maneira bem desconfortável.
“Engrossa a voz, Weasley.”-falou Thomas, sério. Como se analisasse cada detalhe meu.-“A Proust tem uma voz sedutora para os meninos da Sonserina e uma esganiçada com os seus inimigos.”
Inimigos.
Os que os pais são trouxas, os mestiços, os fracassados, os amantes de trouxas, os pobres e os que não merecem atenção.
Adivinhem que eu não estou em apenas uma categoria.
“Eu que sei.”-eu disse, dando uma careta.-“Ela é insuportavelmente chata.”
“Blaise Zabini não acha isso.”-disse Thomas dando um sorrisinho.-“Nem Draco Malfoy.”
“Eu não vou me aproximar de nenhum dos dois.”-avisei.
“Pode deixar que eles chegam perto de você.”-falou Thomas.-“Ainda mais o Zabini.”
Só dei um suspiro.
E falei:
“Bom, acho que essa é a hora.”
“Arrebenta, Weasley.”-disse Thomas.-“E escreve no diário.”
“Thomas, eu não vou para a Guerra. Eu só vou estar no campo de concentração de futuros comensais.”-disse, como se esse fosse só um detalhe.
“Não fala isso porque eu começo a ter dó de você.”
“Você não tem dó nem da sua mãe.”
“Ah, não seja boba.”-Dino falou.-“Promete que me conta todas as orgias que acontecem lá?”
“Ah, Merlim. Eu não vou te explicar mais.”-eu falei, tentando sorrir.-“Mas se houver alguma... eu te conto em detalhes.”
E assim, tentando falar que tudo iria dar certo (ok, quem eu quero enganar?), eu saí da Sede do Jornal.
Para andar em direção ao Salão Comunal da Sonserina.
Perto da entrada, eu fiquei esperando.
Afinal, não adianta nada eu ficar olhando para aquelas pedras para tentar descobrir qual é a senha.
Fiquei esperando qualquer segundanista e apareceu um grupinho deles.
“Fineus Black.”-disseram em uníssono.
O diretor menos, ahn, simpático que Hogwarts já teve.
E quando eles entraram, eu apenas fiquei ali.
Parada.
Tentando pensar no que eu faria em seguida.
Só que eu só conseguia pensar que eu estava perto do covil. E que eu vou morrer se me descobrirem...
“Hey, Proust.”-disse Linux McFair.-“Você está atrasada.”
A garota morena, que estava ao lado de McFair, apenas deu uma cotovelado no garoto.
“Tive alguns probleminhas.”-falei, com um sorriso.
“Não sabia que você usava um uniforme tão largo.”-Linux comentou, acho que ele estava tentando desviar o assunto ou algo do tipo. Mas eu não entendia o porquê dele querer desviar.
Entretanto, por que ele falou que o meu uniforme está largo?
Ele estava apertando a minha cintura de maneira incômoda.
“Na verdade, Proust.”-disse Stephanie Allen.-“Eu não acho que você deveria usar uniforme.”
O que eu falo?
“Ah... Eu estive viajando, como você deve saber, e confundi os fusos.”-eu falei, tentando parecer algo banal.
“Eu não sabia que a sua voz era tão fina.”
“Eu...”-tossi. Precisava engrossar a minha voz e falar daquele jeito arrastado.-“Está melhor?”
“Ah, bem melhor.”-disse Stephanie.-“Vamos entrar?”
Apenas assenti com a cabeça.
“Fineus Black.”-disse o garoto.-“Bem-vinda garota.”
E logo eu vi uma festa.
Uma festa que tinha uma faixa. E estava escrito um “Bem-Vinda, Valkiria Proust”.
Como eles poderiam saber?
“Ah, Merlim.”-eu disse.-“Eu não acredito nisso.”
“Recebemos uma carta do seu pai. Ele falou que depois de duas semanas, você iria finalmente voltar.”
Carta do pai? Genial, Dino Thomas.
“Ah, meu pai não deveria ter feito isto.”-falei, com a mesma voz arrastada.
Enquanto eu, Virginia Weasley, estava maravilhada.
“Olha quem é vivo sempre aparece, não é?”-disse Marissa Barton, com um sorrisinho de escárnio.-“Pansy vai adorar vê-la.”
Dei um sorrisinho sarcástico e disse:
“Ela não está aqui? Que rude!”
“Ela já vai chegar. Assim, como Draco.”-e ao falar isso Marissa lançou um olhar BEM significativo para mim.
Fingi achar isso maravilhoso:
“Senti falta de muita gente.E Malfoy é um deles.”
“Eu também senti.”-disse Blaise no meu ouvido.-“Mas você parece ter sentido mais saudade de uma outra pessoa...”
Aí já era demais, não acha?
Então, apenas dei um sorriso e quando eu vi... já estava sendo pressionada na parede de pedra.
Pânico.
Eu sentia MUITO medo.
“Zabini.”-eu comecei, ao ver que uma mão estava na minha cintura e a outra tocando levemente o meu rosto.-“O que você pensa que está fazendo?”
É, isso não foi muito Proust.
Olhando nos meus olhos, Zabini respondeu:
“Você ficou muito tempo fora. Acho que você sentiu a minha falta.”
Apenas o olhei assustada.
Afinal, o que ele ia fazer comigo???
Ele por acaso ia tentar fazer você-sabe-o-quê?
Não, eu não posso deixar. Eu poderia chutar o meio das pernas do garoto não poderia?
Ah, mas isso ia ser totalmente Weasley. Nada de Proust. Nada mesmo.
“Uau.”-disse Pansy Parkinson com aquela voz tão (des)agradável.-“Nem chegou direito e já está fazendo coisa feia, Valkiria?”
Zabini tinha me soltado. Encarando Pansy disse:
“Alguém está com ciúmes porque não vai ser mais a atração principal...”
“Talvez seja isso.”-eu falei.-“Bom, vou encontrar a Allen.”
E sai sem nem olhar para a pessoa que estava ao lado da cara de buldog.
Novamente, nada de Proust na minha atitude, mas, entenda, eu estava nervosa.
Já estava percebendo. A minha sanidade, naquele lugar, iria embora.
“Uau.”-falou Linux.-“Conseguiu se livrar de Zabini?”
“Não é tão difícil.”-eu falei, me sentando nas desconfortáveis poltronas pretas.-“Afinal, a Parkinson apareceu.”
Stephanie e Linux fizeram uma careta e disseram:
“Ela estava adorando a sua falta.”-Allen disse.-“Afinal, Draco Malfoy estava sendo fiel a ela.”
Fiz uma careta.
Sinceramente, eu prefiro muito mais a monogamia.
“Realmente, eu não sei porque Draco não a larga.”-disse Linux.
“Talvez ele seja um viciado em sexo.”-falou Stephanie, dando uma risada.
Esse era o assunto do pessoal da Sonserina?
Fiquei um bom tempo escutando Stephanie e Linux discutindo quem era ou não viciado em sexo.
Bom, a lista tinha até o pessoal da Corvinal, então, passei a escutar com mais atenção.
Ok, ok. Não pense que na Grifinória não exista comentários desse tipo. Só não são tão detalhados como Stephanie e Linux estão fazendo.
“Acho que a Virginia Weasley também tem muito fogo.”-disse Stephanie.-“Você sabe, o que estão comentando, não é?”
Virei na hora e perguntei com muito interesse:
“Não, o que estão falando?”
“Ah, que ela voltou a sair com Thomas.”
EU MATO A LILÁ BROWN!!!!
MATO!!!
Faço picadinho.
Estrangulo.
Faço qualquer coisa.
“O QUE?”-eu perguntei, muito alto.
“Nossa, que interesse.”-falou Linux, me olhando de soslaio.-“É pelo Thomas ou pela Weasley?”
Ah, meu Merlim! Ele não insinuou isso.
“Em nenhum dos dois.”-disse, com frieza.-“Bom, acho que eu vou subir.”
“Você vai dormir às sete horas em um domingo?”-perguntou Stephanie arregalando aqueles olhos verdes.
“Fuso.”-eu respondi, enquanto fingia que estava bocejando.
“Mas você não vai beber?”-perguntou McFair.-“Valkiria Proust não vai beber nada?”
Ele estava incrédulo.
“O que vocês têm?”-perguntei, mesmo sabendo a resposta.
“Firewhisky.”-disse o garoto, mostrando uma garrafa.
Oh, que lisonjeiro não acham?
“Como vocês conseguiram?”
“Proust.”-disse Stephanie.-“Você que nos mostrou o jeito de conseguirmos a bebida.”
Contrabando de bebida.
Ah, mas que coisa bonita não acham?
Dino Thomas vai amar.
“Eu não quero.”-falei, automaticamente.-“Vocês não têm uma cerveja amanteigada?”
Os dois riram na minha cara.
Eu nunca bebi firewhisky. E não tenho a mínima vontade de experimentar a bebida na Sonserina, com um monte de gente que vai adorar saber que eu não sou a Proust.
“Você está querendo cerveja amanteigada?”
“Eu estou cansada.”-tentei justificar.
“Não.”-disse Linux.-“Você tem que beber. Nem que seja um copo com a gente. Para brindarmos.”
“Brindar a minha volta? Que coisa ridícula.”-eu falei, tentando parecer enojada.
Mas quer saber?
Eu achei muito fofo da parte deles.
Muito fofo mesmo. Só não poderia falar isso, óbvio.
“Você vai brindar sim.”-disse Allen, pegando três copos.
Bom, acho que um copo de firewhisky não vai me deixar bêbada.
“A sua volta.”-exclamou McFair, levantando o copo.
“A minha volta.”-disse, bebendo um gole da bebida.
É horrível.
Horrível mesmo, tanto que tomei só um gole, quando Stephanie e Linux não estava olhando, eu virei o copo de bebida na lareira.
Óbvio que eu não pensei quando fiz isso. Afinal, o fogo aumentou consideravelmente.
“Ah, droga!”-berrei, quando via aquelas chamas altas.
“Você está drogada ou algo assim?”-perguntou Stephanie, me encarando.-“Caramba, você já fez coisas ridículas, mas essa foi a pior.”
“Vou subir.”-disse, um tanto sem-graça.
Ótimo jeito de fingir que é Valkiria Proust.
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O dormitório é igual ao meu.
Tá, as meninas tem um guarda-roupa bem maior que o meu.
E não digo apenas quanto a quantidade de roupas, mas sim o tamanho. Eu poderia entrar e dormir de maneira bem confortável.
Percebi que Slughorn não tinha levado as roupas da Proust e essas roupas... Ah, Merlim! São MUITAS roupas, muitas, muitas, muitas mesmo.
E são todas de grife.
Achei as “minhas” roupas de dormir e comecei a vesti-las. Era um conjunto de short e camiseta bem normais. Pelo menos eu não usaria camisolas transparentes ou algo assim.
Fui até o banheiro e lavei o rosto, escovei os dentes e tudo o mais.
E quando me olhei no espelho eu vi TODAS as minhas sardas. O que eu faria? Valkiria Proust não tem sardas (que eu saiba). E começar a me maquiar? Não, não dava tempo...
Resolvi me arriscar.Se alguém estivesse no dormitório (chances terrivelmente pequenas), eu poderia falar que tinha tomado muito sol ou algo do tipo.
“Realmente, é muito estranho te ver sem maquiagem.”-comentou Stephanie.
“Você já vai dormir?”-eu perguntei, a encarando. Não imaginava que ia encontrá-la no dormitório.
“Não.”-disse a garota.-“Só quis ver como você estava.”
“Ah, eu estou muito bem.”-falei, dando um sorriso.
“Que bom.”
E quando a garota estava quase fechando a porta do dormitório ela disse:
“Muito bom ter você de volta.”
Se ela não fosse da Sonserina e não tivesse me atazanado durante toda a minha vida, eu poderia falar que Stephanie Allen é uma pessoa muito legal.
Deitei na “minha” cama e me virei de lado.
Para logo em seguida, uma mão agarrar a minha cintura e sibilar no meu ouvido:
“Sentiu a minha falta?”
Só me faltava essa. Draco Malfoy deitado na minha cama.
CONTINUA...
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