Não Sâo Só Memórias
Não São Só Memórias
Ao colocar o primeiro pé em Hogwarts, recebi um aviso de um pequeno aluno do primeiro ano que Snape queria me ver em sua sala, agora. Meu sangue correu mais do nunca. Pensei até em não ir, estava numa maré de acontecimentos tão bons que parecia que nada poderia abalar, apenas Snape e suas desconfianças. Acho que Dobby me avisou tarde de mais, não pude fazer nada em minha defesa.
Há cerca de algumas horas, revelei meu lado tão perverso que não mereceria a Grifinória de jeito algum, a Sonserina seria pouco para mim. Se alguém, um dia, souber de tudo que eu andei fazer para me 'ajudar' nessa escola, pode me considerar a pessoa mais baixa do mundo.
Eu não me considerava isso, eu me considerava uma garota que agarra uma oportunidade com unhas e dentes e não mede esforços para conquistá-la. Assim foi com Ron, assim foi com a quase vingança contra Snape, Fibby, Jane, Belby e tantos outros que assim vierem depois.
Tenho uma vantagem: nem todos ainda encaram a nova Hermione, pensam que aquela antiga, é a única personificação que consigo alcançar. Lógico que me senti um pouco ruim quando ouço das pessoas "cadê aquela Hermione??" mas irei fazer o quê? Me torturar com qualquer maldição aí ou mandá-la pro inferno de uma vez só?
Lógico que não.
Não obrigo ninguém a gostar de mim, gosta quem quer, mas não venha mexer comigo, aí já é pedir demais. Não que eu seja uma pessoa que paga exatamente na mesma moeda, não, de modo algum. Se depender do caso, pago ainda pior.
A vida me ensinou a não abaixar a cabeça para ninguém, quando abaixar, se prepare para ser pisada. Já sofri desse mau, ainda me lembro no ano passado...
Estava em passos tão silenciosos que até eu duvido da minha permanência naqueles corredores depois do horário permitido. Ainda podia alegar que era uma monitora, mesmo estando fora do horário de monitoria. Meu olhar percorria por todos os corredores, portas, janelas, qualquer ponto que poderia surgir alguém.
Psiu! – Ouviu algum ser me chamar, parei olhei dos lados e nenhuma manifestação. PSIU! – Ficara mais forte quando senti um braço me puxar com brutalidade para trás de uma escada. Minha sapatilha tinha enroscado numa pedra um pouco alto daquele piso e caí com os joelhos no chão levando a pessoa comigo.
- Será que você- – Estava gritando, a pessoa pediu que eu ficasse em silêncio e logo consegui ver seu rosto: era Parvati Patil.
- Será que você pode falar baixo antes que as duas fiquem de detenção?! – Sussurrou se levantando.
Por fim, nem me ajudou, tive que levantar sozinha. Nos enfiamos ainda mais ao fundo daquela estátua. A garota estava com um olhar desesperado e aborrecido.
- O que você está fazendo por aqui? – Perguntei cruzando os braços e erguendo uma das minhas sobrancelhas.
- Não me olhe assim, Granger, não estou fazendo nada de mais! – Pegou alguns cartazes que estavam no chão e os segurou contra o peito. Eram numa cor florescente e poderia tentar ler as letras impressas em preto por detrás da folha.
- O que é isso? – Abriu um pequeno sorriso malicioso naquele semblante que eu poderia dizer que não sairia boa coisa.
- Dá pra andar logo com isso, Patil? – Perguntei já cansada e segurar aquela escada. – Eu posso saber o que você irá ganhar fazendo isso? – Desceu alguns degraus e pegou mais papeis das minhas mãos. – Você acha mesmo que ela não lerá?
- Lógico que sim! Quando o feitiço se cessar, o vento irá ajudar espalhar essas belezinhas por todo o pátio, e isso será bem na hora do almoço, onde quase todos gostam de ficar por aqui.
- Se um professor ler... – Comentei para mim mesma. - Eu nem sei porque estou te ajudando...
- Porque se sobrar pra mim, eu posso colocar a culpa em você e ninguém irá te acusar porque todo mundo sabe que você não teria capacidade de fazer isso. – Estava lendo um dos papéis: "GABARITO DA PROVA DE HISTÓRIA DA MAGIA" Eu ainda não sabia o que estava fazendo lá.
- Adeus. – Soltei rapidamente, deixando os papeis no chão e vendo que já fiz de mais, já tinha me envolvido de mais.
- Granger, irá dá pra trás de novo? – Perguntou descendo. – Sempre fugindo, sempre tentando não se encrencar! Por isso que está sozinha, idiota, só o Potter e o Weasley pra te agüentarem.
Abaixei a cabeça para Parvati e no final das contas, nem retruquei. Voltei chorando para o dormitório feminino.
Acabou sobrando para mim. Minerva acabou descobrindo que nós tínhamos jogado o gabarito da prova para todos lerem e souberam antes que a prova aconteça. Me salvei de uma detenção por muito pouco, Parvati alegou que eu tinha lhe forçado a fazer tudo. Mas como Minerva não era nenhuma boba, acabou deixando passar, mas que na próxima, nem passaria por detenção, era expulsão no mesmo momento.
É mesmo, Parvati quase me ferrou com a McGonagall... Tinha me esquecido completamente desse fato. Bom, sobre aquele fato, nunca me vinguei, nunca desejei que ela caísse da escada e ficasse com um traumatismo craniano ou algo do tipo – juro que o envenenamento não foi algo desejado, eu nem lembrava do que ela tinha feito comigo.
Estranho, mesmo ela me achando uma idiota, uma CDF escrota que sempre poderia ser uma pedra no seu caminho, ela virou minha amiga, aliás, uma das minhas melhores amigas.
Cruzei quase todo o castelo com vagos pensamentos em mente. Andava mais rápido que o restante dos alunos, chamando a atenção de alguns. Estava quase na hora do jantar e ao contrario dos outros dias, estava disposta a comer um cavalo de tanta fome. Lembro, também, do primeiro dia que cruzei com Kim e parei para ter uma conversa com mais de trinta segundos de duração.
Entrei no dormitório feminino, como sempre, com minha cabeça baixa, livros contra o peito, bolsa num dos ombros e uma incrível vontade de logo tirar aquele uniforme, descer as escadas e estudar na Sala Comunal com Harry e Ron; Estavam me esperando a uns minutos.
Quando cheguei a minha cama, deixei as coisas no chão, prendi meu cabelo cheio num cabo de cavalo que me custou dois minutos para deixá-lo do jeito que gostava e comecei a tirar as peças essenciais do meu uniforme. De repente, escuto um grito. Todas pararam o que estavam fazendo e miraram seus olhares na cama perto da janela com vista privilegiada para o lago.
Era Kim White, ela conseguia fazer escândalo por qualquer coisinha, por mais que seja insignificante. Ao ver que era por alguma coisa que tinha lido numa das suas revistas trouxas, virei os olhos e continuei a me arrumar.
- Hey. – Não poderia ser comigo, quem me chamaria?! – Hey! Granger. – Era comigo, e era a White. – Vem cá. – Estava num demonstrável mau humor. Me aproximei com receio e parei ao lado do balaústre da cama. – Senta. – Tirou algumas revistas do lugar e eu logo sentei não entendendo nada do que estava acontecendo ali. – Você nasceu trouxa, não? – Concordei cruzando os braços. – E sabe tudo da vida deles?
- Olha, eu estou realmente atrasada, eu tenho que estudar agora com meus amigos e-
- Não irá tomar nem cinco minutos do seu tempo! – Abriu um largo sorriso e concordou com a cabeça algumas vezes até eu voltar a sentar. – Tudo bem, onde eu compraria isto? – Apontou para a figura me dando a revista em mãos. Isso era um celular. Sabia muito bem que ela era uma bruxa desde que nasceu e não convivia com esses aparelhos mas – Eu preciso saber, urgente!
- Primeiro: você sabe o que é isso?
- Um celular. – Virou os olhos. – Eu tenho cara de ignorante? – Soltou o ar que prendia e cruzou os braços.
- Em qualquer lugar que vende eletrônicos em Londres. – O modelo era moderno, até mais moderno do que o meu que ficara em Londres.
- E custa caro? – Ponderei ser uma novidade e concordei com a cabeça devolvendo sua revista.
- Esse modelo deve custar.
- Quanto mais ou menos? – Onde ela queria chegar com aquilo?!
- Não sei. – Respondi rapidamente soltando o ar que prendia.
Ela bufou, trouxe a revista para si e a analisou novamente.
- OK, pode ir agora. Bem que disseram que, para alguma coisa, você prestaria. – Abri boca para protestar e levantei a minha mão direita mas preferi não começar uma briga com uma garota louca que está fazendo suas compras semestrais apenas com revistas. Levantei-me e não dei mais atenção a ela.
Tão vendo, né? Hermione Granger era motivo de chacota em todo aquele dormitório, não existia uma garota se quer que um dia me olhou como uma pessoa normal e como a garota mais estudiosa da escola. Tentei algumas vezes comentar esse assunto com Harry e Rony mas aqueles dois só mandavam eu parar com essa perturbação boba.
Oh, Harry, estávamos ferrados. Quem será que também não encostou a boca naquele copo? Parecia que Deena também nem tinha tomado, pelo que eu percebi. A história de primeira conversa com Deena e Verônica é a mais inesperada possível.
Estávamos todos na nossa aula de Trato das Criaturas Mágicas. Nessa aula, Hagrid nos soltou pela floresta e mandou que trouxéssemos as ervas que serviam de alimento para um bichinho peludo parecido com um rato chamado Profia. Junto com Harry e Ron, fomos floresta adentro.
De dia, era menos pavorosa. Ainda tinha uma hora e encontrara a erva, pensava ao ver Harry se orgulhar de ter conseguido esse feito.
- Lembra que o Hagrid disse? – Começou a dizer Ron. – Que ele enfiou armadilhas pelo percurso é seria bom tomarmos mais- Não ouvi a conclusão da frase tão magnífica que começara. Acabei caindo num buraco com uma profundidade sem tamanho.
Gritei, tentei me segurar nas raízes das arvores, em tudo que encontrava, na terra mas não conseguia. Estava caindo há mais de trinta metros, como isso era possível?! Para amortecer a queda, um feitiço que começou a diminuir minha velocidade até chegar ao chão. Essas coisas, só aconteciam comigo.
- HARRY! RON! SOCORRO! – Gritei me levantando e batendo a terra da minha saia.
- Não adianta gritar. – Levei um susto a ouvir uma voz surgindo de trás de mim. Era Deena Peterson. Seus óculos azuis vibrantes estavam caídos num jeito desengonçado sobre o nariz, seu cabelo totalmente desarrumado e arranhões por todo o rosto. – Você acha que eu não tentei isso?
- E tentou nada para sair daqui? – Perguntei passando a mão pelo meu antebraço que tinha um corte um pouco profundo e sangrava.
Peguei minha varinha e fiz uma atadura em volta, chamando a atenção de outra menina que também estava lá, Verônica Cleeman.
- E como tentar? – Deena estava num mau humor terrível.
- Sabe, como a mais inteligente do sexto ano, você tem a obrigação de nos tirar daqui. – Verônica não aceitava o fato de conseguir ir sempre melhor nas matérias do que ela.
- Eu não tenho nenhuma obrigação. – Que conversa mais ridícula. – E principalmente, eu não tenho a obrigação te tirar 'vocês' daqui.
- Ah, lógico, falou a salvadora da pátria! – Deena estava totalmente aborrecida.
- HERMIONE! – Ouvi a voz de Harry me chamar de lá de cima. – EU JÁ ESTOU INDO!
- ANDA LOGO, HARRY! – Gritei de volta.
- Lá vem o Potter para mais um salvamento. – Comentou Verônica virando os olhos.
- Será que ele não se cansa de sempre ter que ficar te salvando de tudo? Que amizade é essa?
- Disse bem, é uma 'amizade'. – Soltei mirando meu olhar no fim do buraco.
Amizade. Até parece. Hoje está mais para um caso não resolvido do que pra uma amizade. Antes, todas elas me tratavam na base da patada, da humilhação, hoje elas me tratam como se fosse uma delas, isso que eu queria, um pouco de reconhecimento.
Parei de ficar relembrando e desci as escadas para logo parar a frente da sala de Snape. Novamente, aquela melodia dedilhada no piano começou a passar dos meus ouvidos, penetrando na minha mente e deixando meu coração gelado. Acho que era a trilha sonora do meu desespero.
Dei duas batidas fortes na porta de madeira e logo a porta se abriu. Ao fundo dela, Snape, Harry, Justino Finch-Fletchley – para minha surpresa – Lilá Brown se debulhando em lágrimas e Gina Weasley – outra para minha surpresa. O casal-maravilha me olhando com olhares diferentes, um do outro. Harry com um olhar calmo e Gina totalmente abismada. Entrei na sala e fiquei ao lado da ruiva, assim logo, Snape começou a dizer.
- Entre quase setecentos alunos, apenas cinco não sabem que quando eu imponho uma regra, ela deve ser cumprida a risca? - Estava realmente furioso. – Tem noção do que vocês fizeram?
- Não tomamos uma poção para esquecer a morte do nosso amigo. – Retrucou Harry para meu desespero.
- Se um dia, tentaram contestar qualquer um que estuda nessa escola sobre esse acontecimento, quem passará por idiota serão vocês. Essa escola poderá fechar por causa dele, por causa de um aluno infrator de regras que morreu de overdose.
- Dumbledore não falaria isso. – Cutucou Harry, Gina pegou em seu braço em sinal de calma e de trégua, antes que sobre para todos. – E não trataria isso como um simples caso.
- Mas quem esteve no poder dessa escola enquanto ele estava fora, fui eu. Amanhã ele chegará, adiou tudo que tinha para fazer, perdeu compromissos de extrema importância por causa de um aluno que mais pensou nele do que nos outros, que não tinha amor à vida.
- Quem garante que a causa foi overdose? – Que estava provocando agora, era Lilá, que tinha parado de chorar e falou em soluços.
- Os medibruxos responsáveis afirmaram logo após a morte, Brown. – Ela se calou.
- Está querendo esconder isso de todos? Não está vendo que não conseguirá?
- Quero esconder de todos, Potter, até esse ano acabar e você e seus amigos caírem fora daqui.
- E os outros alunos? E aqueles que ainda entrarão? – Snape soltou o ar que prendia, juntou as pontas dos dedos e encarou Harry com o sentimento mais frio que floresceu em seu peito.
- Fomos pegos de surpresa. Um dia, um aluno corre pelos corredores dizendo que há um corpo esticado a metros dali. Por muito pouco, pais não descobrem. Por muito pouco, Potter. A escola seria fechada, a escola seria fechada por um aluno que simplesmente sofreu por merecer.
- Sofreu por merecer? – Soltei automaticamente. – Você quer dizer que está satisfeito com a morte dele? – Todos miraram seus olhares em mim. – E o que você quer que a gente faça? Tome agora a poção? Tem certeza que você quer isso? Você acha que nenhum de nós contou isso a alguém? Você acha que o Ministério não irá intervir nessa historia e-
- CALE-SE! – Gritou assustando todos. É, eu falei de mais, mas ele merece cada palavra que eu disse. – Granger, você é a última que pode dizer alguma coisa aqui. Você sabe muito bem que está enganando todo mundo, você sabe que está enganando você mesma.
- O assunto aqui não sou eu. – Respondi claramente a altura.
- Não iremos tomar nenhuma poção. Já está feito. – Disse Harry decido. – Conseguiu fazer a escola inteira esquecer que um aluno morreu, mas nós não. – Lilá, Justino e Gina olharam em olhares completamente assustados para Harry.
- Quem quiser, pode tomar. – Havia cinco copos a nossa frente. Cinco poções. Ninguém se pronunciou de primeira. – Então, preferem serem rotulados como loucos? – Justino pegou um copo e desceu garganta abaixo. – Mais ninguém? – Lilá fez o mesmo, Gina tentou impedi-la mas a garota insistiu e acabou tomando.
Harry olhava para a ruiva pedindo que ela não tomasse. Observamos aqueles dois que tinham suas memórias acabo de ser alteradas. Ficavam se perguntando onde estavam, o que estava fazendo aqui, que dia é hoje e tudo mais. Snape pediu que eles fossem para seus quartos e não parassem em nenhum lugar.
– Vamos, Weasley, será muito melhor para você. – Podia reparar nos olhos de Gina que a tentação em tomar aquela poção era maior do que os pedidos contrários de Harry.
- Gina, não. – Pediu mais uma vez seu namorado, pegando em seu pulso.
- Pelo menos uma vez na vida, não tente bancar o herói. – Disse entre os dentes, olhando profundamente em seus olhos. – Será melhor para todos. – Pegou o copo ainda com seus olhos em Harry.
- Não faça isso. Estará enganando a você mesma! – Encostou o copo em seus lábios, parou antes de começar a descer todo aquele líquido pra garganta.
Lentamente, largou o copo em cima da mesa e piscou algumas vezes; Fez as perguntas que todos se fizeram, mas nem eu nem Harry respondemos. Snape tinha um mero sorriso satisfeito estampando em seu rosto. Antes de Gina começar a soltar suas penas em cima de mim, ele pediu que ela se retirasse e esperasse lá fora. Assim a ruiva fez, deixando apenas aquele triângulo odioso.
- Irão esperar que eu coloque na boca de vocês? – Cruzei os braços e olhei com um puro desprezo para aquele homem. Com uma das mãos, derrubei aqueles copos no chão e me virei puxando Harry comigo, antes que aquele idiota fala alguma coisa que não deve a Snape. – Façam como quiser. – Não esperei mais Snape dizer nada, fechei a porta com toda a força possível. Gina estava ali perto da porta, ao ver Harry, correu para abraçá-lo, na minha frente. Estava tão preocupada com esse caso que nem liguei. Joguei um olhar sobre ele e sai em outra direção.
Tudo deixa para acontecer quando mais precisamos de Dumbledore. Essa escola estava em mãos péssimas. Snape tentando encobrir uma morte nos corredores, todos os professores parecem apoiá-lo até o último minuto, o Ministério ainda não se manifestou e ninguém abriu a boca para falar o que realmente houve. Uma palavra: loucura.
Ah, e também ninguém deu por falta do colar, mesmo que o meu 'roubo' tenha acontecido a algumas horas. Isso que me deixava ainda mais confusa. Dumbledore, quando chegar, irá querer ver esse colar em sua mão, irá querer saber de tudo, eu e Harry seremos chamados mais uma vez. Teremos que contar tudo que sabemos para não sofrer nenhuma perseguição tanto na escola, como fora dela. E ainda por cima de tudo isso, McLaggen me convida para sair.
Minha vida ainda me mata.
Corri para o Salão Comunal matar aquilo que estava me matando. A fome era tamanha. Ao me sentar no meu lugar de costume com as meninas, logo fui informada que Jane tinha quase saído na porrada com uma menina aí que, supostamente, seria uma admiradora assídua de Miguel Córner. Que pecado há nisso? Por pouco, nenhuma foi levada a Snape com Miguel a tira colo.
- Irão passar o natal aqui? – Perguntou Kim se servindo de um pastoso purê de abóbora.
- Não, meus pais irão pra casa da minha tia na Alemanha e eu terei que ir com eles. – Respondeu Deena um pouco aborrecida.
- Nem eu, eu vou ter que ir com meus pais pra um safári na África e depois visitar uma tia no México. Isso tudo em uma semana. – Rimos, Kim mirou seu olhar em mim e esperou uma resposta; Limpei a garganta e já pensei na desculpa.
- Talvez passarei em Londres, alguns amigos me chamaram para passar a semana na casa deles.
- Pensei que passaria com seus pais, como sempre fez. – Abaixei o olhar para o prato e engoli seco.
Por favor, por favor me perdoe,
But I won't be home again.
Mas eu não estarei novamente em casa.
Maybe someday you'll look up,
Talvez em algum dia você observará,
And, barely conscious, you'll say to no one:
E, pouco consciente, você dirá a ninguém:
"Isn't something missing?"
"Algo não está faltando?"
Cara, cada vez que perguntam essas coisas desse determinado assunto, encravam uma faca entre as minhas costelas. É horrível. O pior de tudo, é não poder contar para qualquer um aí. Antonio é o único de sabe e, provavelmente até agora, será o único a saber.
Leves pensamentos invadiram minha mente, lembranças um tanto quanto gostosas sugiram do nada, como sempre acontece.
Primeiro Natal que Harry, Ron e Gina passariam na minha casa. Estava totalmente ansiosa. Todos eles conheceriam como é minha vida fora de Hogwarts. Monótona, assim vamos dizer, mas era aconchegante e divertida.
Quando descemos na estação de King Cross, pegamos um ônibus vermelho de dois andares trouxa – o símbolo de Londres - e ficamos dentro dele durante alguns minutos. Indiquei onde tínhamos que descer e lá estávamos. A neve estava por todos os lados no meu jardim, assim como em todo lugar. Todos estavam realmente envergonhados, principalmente os Weasley que não estão acostumados com a vida trouxa.
Subi os degraus da grande varanda e peguei as chaves dentro dos bolsos, abrindo a porta chamando pelos meus pais. Não passamos nos Weasley porque Molly e Arthur iam para a Romênia, visitar Carlinhos e sua noiva.
- Mãe? Pai? – Chamei mais uma vez. Todos estavam realmente tímidos, tive que arrastá-los para dentro senão ficariam lá fora até chegar o dia de voltarmos. Tirei meu cachecol e meu sobretudo. Estava realmente muito frio, deixei-os ao lado da porta e disse que fizessem o mesmo.
- Nossa, Hermione, sua casa é linda! – Soltou Gina num sorriso largo, olhando para a sala de estar que ficava a direita e sala de jantar que ficava a esquerda.
- Mamãe sempre gostou de decoração. – Harry percorreu seus olhos pelos quadros que ainda estavam na entrada, viu desde fotos de mim pequena até do casamento dos meus pais. - Meus pais devem ter saído.
Subi as escadas chamando aquele bando de caipiras. Havia quatro quartos na casa, um dos meus pais, um meu, um de tralha e outro de hospedes. Indiquei o quarto onde os garotos ficariam e o meu para que Gina se acomodasse numa cama que meus pais já tinham colocado.
- Sua casa é realmente grande, Hermione. – Disse Ron indo até o final do corredor, havia uma varanda que dava para o jardim, numa porta grande de vidro.
- Gente, pára com isso, OK? É uma casa normal de classe média de Londres.
Foram até lá fora. Estava coberta de neve, Ron a frente, logo depois Harry, Gina e eu. A vista era mesmo magnífica, eu tinha que confessar, se não estivéssemos em pleno auge do inferno, poderia dizer que ficava ainda mais linda.
- MIONE? QUERIDA? – Ouvi minha mãe chamar de lá de baixo.
- Ah, chegaram! – Exclamei num largo sorriso.
- Que vergonha... – Soltou Gina, Harry pegou em sua cintura e me seguiu junto com Ron.
Desci as escadas e lá estavam eles. Senhora Alicia sempre naquele sorriso largo e Senhor John num tom brincalhão. Do segundo degrau, me joguei em seus braços. Um abraço apertado assim me deram e logo fiz as apresentações.
- Então, o famoso Harry Potter está em nossa casa? Mione não pára de falar de você! – Brincou minha mãe que me fez ficar um pimentão.
- Famoso, Mione? – Perguntou Harry mirando seu olhar em mim que soltei um sorriso amarelo.
Depois do jantar, papai ficou conversando com Harry e Ron na sala e eu, Gina e mamãe fomos para a cozinha. Mamãe tentava fazer um doce que nunca conseguiu, e vamos dizer que ela era uma cozinheira de mão cheia.
- Harry parece ser uma pessoa ótima! Estão namorando há muito tempo? – Perguntou a Gina que tomava um chocolate.
- Não, senhora, faz um mês mais ou menos.
- O que será que o papai tanto conversa com aqueles dois, mãe? – Perguntei indo até a pia e deixando minha caneca lá dentro.
- Deve estar contando humilhantes histórias de quando você era pequena. – Riu com Gina.
- É um complô contra mim, é? – Rimos.
A melhor semana possível.
Você não chorará por minha ausência, eu sei, você me esqueceu
long ago
há muito tempo
Am I that unimportant?
Eu sou aquele sem importância?
Am I so insignificant?
Eu sou tão insignificante?
Isn't something missing?
Algo não está errado?
Isn't someone missing me?
Alguém não está sentindo falta de mim?
Semaninha que me rendeu algumas piadas quando retornamos a Hogwarts. Meu pai tinha contado cada história minha, Meu Merlin...
- Você nunca falou deles. – Disse Deena pausadamente, entre a nossa conversa.
- Eu – Comecei a dizer mas Verônica se colocou rapidamente a minha frente:
- Já sei. – Meus olhos se abriram ao máximo lentamente, olhando aquela garota que poderia saber meu mais profundo segredo. – Antes de vim para Hogwarts, você acabou brigando com eles, não é? – Sabe quando tiram o mundo das suas costas? Foi como eu me senti.
- É, eu acabei brigando feio com eles. – Leve a mentira até o tumulo.
- Por causa de toda essa mudança? – Abri um leve sorriso amarelo e concordei com a cabeça. – Ah, tá explicado. – Riram, forcei uma leve risada para não pensar que eu sou uma idiota. – E você, Kim? Irá passar o natal aonde?
- Aqui. – Soltou aborrecida, mais ainda do que Deena ou verônica.
- Por que não sai?
- Porque os chatos totalmente reguladores dos meus pais, querem que eu fique aqui porque eles ficaram cuidando da minha prima Thina que tá completamente doente. Sabe, sempre o dever na frente da felicidade dos filhos! – Reclamou. – Maldita hora que eles ingressaram nessa faculdade de medicina... – Estava realmente nervosa.
- Pensa que eles estarão fazendo bem a outra pessoa. – Acalmou Verônica.
- Mas eu fico a cima de todo mundo! – Virei os olhos e me preocupei a não prestar atenção naquela garota.
Ela não dava valor aos pais. Só uma perda para ver quanto eles valem.
Subi rapidamente as escadas das masmorras para meu quarto. Implorava por uma cama bem aconchegante. Tive um dia de cão, para falar a verdade, foi um final de semana de cão. Tudo que tinha para acontecer num ano inteiro – quem sabe uma década – acabou acontecendo por esses dias. Amanhã era segunda feira.
Passei uma das mãos na nuca e tombei a cabeça para o lado olhando o estrago que Bichento tinha feito com uma das pontas do meu edredom. Um dia esse gato irá pagar por tudo que destruiu.
Sentei na cama. Meu olhar migrou do chão para cima da minha cômoda, aquela caixinha preta ainda estava ali. Se Tonks não vier pegá-la, não sei o que poderá acontecer. Acabei deitando, olhando fixamente para o teto, contando as manchas que ali tinha.
Even though I'd be sacrificed,
Embora eu fosse sacrificado,
You won't try for me, not now.
Você não tentará para mim, não agora.
Though I'd die to know you loved me,
Embora eu morresse para saber se você me ama,
I'm all alone.
Eu estou todo só.
Isn't someone missing me?
Alguém não está sentindo falta de mim?
- Hermione! Ajude-me aqui! – Pela terceira vez, meu pai tinha me chamado. Férias de verão se resumiam ou a viagens intermináveis ou tratos na casa. Estava num macacão batido, uma camiseta branca por debaixo e os cabelos presos em tranças. – Pegue o pincel! – Era difícil jogar alguma coisa quando ele estava ao alto de uma escada e eu estava no chão.
- Mas, pai! Verde não tem nada a ver com a casa! – Disse lhe dando o pincel, coloquei uma das mãos nos olhos para poder vê-lo melhor.
- Mas sua mãe quer. – Reclamou começando a pintar os detalhes que ficavam perto do telhado de um verde vivo.
- O que eu quero? – Perguntou mamãe se aproximando de nós com uma bandeja com três copos de suco de laranja. – Desça, John, vamos fazer uma pausa!
Sentamos nos bancos que tínhamos no meio do jardim, deitei a cabeça no colo de minha mãe enquanto lia um pequeno livro. Ela, por sua vez, observava papai que assim também a olhava.
- Podíamos jantar fora, o que acham? – Propôs ele.
- Seria bom. – Respondemos juntas.
- Alguma sugestão?
- Comida mexicana. – Disse mamãe animada.
- Ah, mãe, eu detesto pimenta. – Reclamei ainda com os olhos no livro.
- Quem disse que comida mexicana só tem pimenta? – Papai riu.
- Eu voto pelas massas italianas. – Ergui uma das mãos.
- Eu também! – Disse papai rindo. Mamãe não gostou muito, dizendo sempre que ele fazia tudo que eu pedia. No final, fomos até uma lanchonete.
Rolei na cama ficando com a barriga sobre alguns travesseiros. Apenas a luz da lua entrava pela janela, batia nas cortinas laranjas e pintava o quarto de uma cor estranha.
O degrade de cores deixou minha visão um pouco deficiente quando tentava focar alguma coisa. Tinha um ventinho chato que arrepiou todos os pêlos do meu braço que agora de encontrava em cima da minha testa, com os olhos mirados novamente no teto.
Em pleno silêncio das onze e meia da noite, me encolhia atrás de um grosso livro na Sala Comunal da Grifinória, comia palavra por palavra. Ouvi o ranger do quadro e logo depois, soluços e alguns xingamentos baixinhos.
Ergui meu olhar junto com minhas sobrancelhas e reconheci o ruivo dos cabelos de Gina. A menina estava quase desesperada, estava com os olhos inchados, a expressão triste e calejada. Tive que chamar pelo seu nome para me notar ali.
- Como eu fui idiota!! – Sentou-se a minha frente, naquela mesinha de madeira resistente. Deixei o livro de lado e coloquei uma das mãos em seu ombro.
- O que aconteceu, Ginny? - Soluçou, limpou as lágrimas com as costas das mãos e me olhou estática, deixando mais lágrimas caírem.
- O Harry- – Soltou lentamente, olhando agora, para as pontas dos dedos. – Ele terminou tudo comigo! – As últimas palavras foram abafadas pelo seu choro.
E eu a consolei. Esses acontecimentos foram no começo da primavera, conseguiu estragar alguns finais de semana tanto meu quanto de Gina ou de Harry, quem sabe de Ron.
Lembro que aqueles dois não trocaram olhares por duas semanas. Aí, com uma simples frase de 'dê tempo ao tempo', voltaram quando as aulas terminaram, e eu não sabia disso e me joguei em cima de Harry, me oferecendo numa bandeja e uma maçã na boca.
Sei lá, um telefonema, uma carta, alguma coisa que me dissesse claramente que tinha voltado com Gina, eu não tinha pagado de idiota aquele dia, lá em casa. Talvez não tinha pagado de idiota esses meses inteiros. Mas não me arrependo de nada.
Bom, algumas coisinhas, mas do essencial, não.
- Hermione, levante daí. – Minha tia Josefinne estava cansada de me chamar. Eu não queria me mover, queria ficar ali, encostada a janela até que os dias acabassem. Não comia há dois dias. – Você tem que se alimentar. – Pegou em minha mão e tentou me levantar.
Quem disse que estava com forças para levantar.
- Vou ficar aqui. – Soltei fracamente, encostando minha cabeça no canto da janela.
- Não pode ficar se privando assim do mundo! – Abaixou-se a minha frente. Pude ver a sua expressão acabada, não dormia há dias e precisava disso. Eu, por outro lado, parecia apenas sem vida, com o olhar ainda mais longe do que já tinha. – A vida continua!
- Dane-se. – Soltei grosseiramente. Levantou-se soltando o ar que tinha e saiu do quarto batendo a porta atrás de si.
Estava desse modo. Dane-se a vida, danem-se todos. Não quero mais saber de ninguém. Fazia alguns dias mas parecia que foi a três minutos a trás.
Desci as escadas lentamente, o sol que batia nos vitrais coloridos da porta quase me cegou, parei nos últimos degraus ao ouvir minha tia ao telefone e logo depois meu nome ser incluído na conversa.
- Sim, doutor. – Meus pés descalços desceram lentamente os que faltavam, com minha mão segurando no corrimão e os olhos mirados no chão. – Tudo bem, amanhã, ás seis, se eu conseguir com que ela saia do quarto! – Ao invés de virar na sala onde lá estava, fui para a sala de jantar. – Muito obrigada, doutor! Boa tarde. – Desligou o telefone e foi até as escadas. Ao me ver sentada numa das cadeiras, de costas para as escadas, parou. – Marquei médico para você amanhã. – Soltou calmamente, se aproximando de mim.
- Que médico?
- Doutor Harper. – Meus olhos se arregalaram, não movi um músculo, apenas fechei os olhos e abri a boca para protestar. – É para seu bem.
- Era o psicólogo da mamãe. – Falei para mim mesma. – Você acha que eu preciso dessas coisas? – Encostei minhas costas totalmente no encosto daquela cadeira macia e juntei as mãos ao longe.
- Hermione, você está- – Me levantei ao sentir sua mão em meu ombro.
- Quem precisa dessas coisas é você, não eu! – Gritei subindo as escadas rapidamente e fechando a porta a ponto de quebrá-la.
Fui a duas consultas. Nessas duas consultas, fiquei olhando para aquele especialista como se quisesse pulverizá-lo na minha frente. Sabe, soltei coisas como "eu posso muito bem te deixar impossibilitado com o balançar de uma varinha". E ele respondia assim "a varinha é a sua raiva? Tente canalizar aquilo de ruim dentro de você em atividades práticas!". Eu parei de ir quando eu soltei um palavrão que o mandei para aquele lugar. Minha tia disse que eu já estava melhor.
Uma semana depois, eu estava me alimentando, estava conversando com algumas outras pessoas, até Tonks aparecer em casa com uma notícia que me deixou completamente desorientada.
Por favor, por favor me perdoe,
But I won't be home again.
Mas eu não estarei novamente em casa.
I know what you do to yourself,
Eu sei o que você faz a você,
I breathe deep and cry out:
Eu respiro profundamente e clamo:
"Isn't something missing?
"Algo não está faltando?"
- Eu vou fazer compras! – Colocou seu chapéu e pegou sua bolsa, eu a acompanhei até a porta sob recomendações. – Se ligarem para mim, anota o recado, não abra a porta-
- Para ninguém que você não conheça e não tente escapar porque logo estarei de volta. – Completei num leve sorriso.
- Isso aí, querida! – Despediu-se e saiu, esperei ligar o carro e sumir nas ruas. Acenei e respirei fundo entrando na casa novamente. Ergui as mangas da minha blusa verde que tanto gostava e fui até a cozinha. A campainha tocou.
- Esqueceu a chave, é? – Perguntei a mim mesma rindo. – Tia, quantas vezes eu terei que- – Disse abrindo a porta, quando reconheci as pessoas que estavam ali meu queixo caiu. – Tonks, Professor Moody- - Dei espaço para que entrassem. – O que estão fazendo aqui?
- Como está, Hermione? – Perguntou Tonks naquele seu sorriso de sempre. Moody logo reclamou. – Se repetir isso mais uma vez, irá se ver comigo!
- Aquela trouxa sem sal não saía de casa! – Fechei a porta e falei que se sentasse na sala de estar.
- Hã, por que da visita? – Perguntei me sentando a frente deles. – Eu juro que nem vi o Harry desde que terminou as aulas! – Soltei rapidamente.
- O Potter apronta mas não é para tanto. – Soltou Moody se ajeitando naquele sofá.
- Nem imagina o por que de estarmos aqui? – Trocaram olhares e me encaram longamente.
- O que tem meus pais? – Fechei aquele leve sorriso que tinha.
- Garota espera. – Comentou Moody olhando Tonks.
- Eu te disse. – Sorriu.
- O que sabem sobre a morte dos meus pais?
- Mais esperta do que eu pensei! – Riram. – Acho que nem você acreditou em roubo, não é?
- Vocês acham que eu cairia nessa desculpinha da policia? – Ergui uma das sobrancelhas.
- Bom, vamos ser diretos pois não temos muito tempo. – Começou a dizer Tonks, mas Moody se colocou primeiro.
- Voldemort. – Soltou lentamente. Meus olhos cresceram. Um assunto de altíssimo nível de importância estava sendo discutido na minha casa.
- Voldemort? – Disse fracamente.
- Extermínio dos trouxas. – Levei as duas mãos a boca e deixei as lágrimas rolarem.
Sabe quando parece que nada mais faz sentido? Você se vê no mesmo barco que outra pessoa mas não podemos nos ajudar? Assim que eu me sentia se não pior. Foi uma escolha minha ninguém – absolutamente ninguém – saber da morte dos meus pais. Nisso, eu tentei camuflar a dor que sentia fazendo 'compras'. Minha tia que me levou para esse caminho.
- Mas esse é muito curto, Hermione! – Disse minha tia olhando o terceiro vestido que tinha colocado.
- Mas esse é perfeito, tia! – Estava num sorriso largo. A atendente trouxe mais quatro vestidos para experimentar. Não ia sair daquela loja tão cedo.
- Sabe, você tem um corpo maravilhoso, não sei como não tinha esses tipos de roupas... – Soltou ajeitando os óculos em cima do nariz. – Eu posso dizer isso porque sou formada em moda e já fiz vários desfiles! Se eu encontrasse um modelo como você, um pouco mais alta talvez, com certeza, estrearia minha coleção! – Rimos.
- Olha, tia – me sentei ao seu lado. – eu quero a senhora me conte tudo que sabe sobre moda! Eu quero mudar definitivamente! – Sorrimos.
- Lógico que sim, querida. – Passou a mão em meu rosto. – Daqui para o cabeleireiro, temos que dar um jeito nesse cabelo. – Concordei pegando os vestidos que faltava para experimentar e entrando no provador.
Embora eu fosse sacrificado,
You won't try for me, not now.
Você não tentará para mim, não agora.
Though I'd die to know you loved me,
Embora eu morresse para saber se você me ama,
I'm all alone.
Eu estou todo só.
Isn't someone missing me?
Alguém não está sentindo falta de mim?
A culpa era integralmente dela. Ela podia ter seus quase quarenta anos mas tinha um espírito de vinte. Também comecei a sair. Comecei a descobrir que aquele bairro, não era constituído de só de velhos caducos, descobri o que se podia fazer nas noites de Londres. Era magnífico. Sexta, sábado, domingo. Quando tinha alguma festa, balada, barzinho com os amigos de dia de semana, lá estava eu. Fiz amizades ótimas.
Daí, nasceu meu gosto pela música eletrônica, minha paixão por moda, meu instinto de sempre passar por cima daqueles que não prestam. Era engraçado.
Que terapia ficar lembrando desses pequenos momentos que tanto mudaram minha vida. Fui até o banheiro, liguei a torneira da banheira, prendi meu cabelo num coque.
Quando achei que estava bom, joguei sais de diversos tipos e entrei naquela água morna. Encostei a cabeça na borda e fechei os olhos.
E se eu sangrar, eu sangrarei,
Knowing you don't care.
Sabendo que você não se preocupa.
And if I sleep just to dream of you
E se eu só durmo para sonhar com você
And wake without you there,
E se despertar lá sem você,
Isn't something missing?
Algo não está faltando?
Isn't something...
Não é algo...
Afundei minha cabeça naquela água morna e tentei colocar ainda mais meus pensamentos no lugar. Pequenas bolhas saiam do meu nariz, mas eu continuava imóvel. Tanta coisa idiota que eu já fiz nessa vida que só de lembrar, me faz ter espasmos. Mas também, eu só me arrependendo do que não faço, por mais que eu tenha feito coisas erradas.
Temos que viver porque não há tempo de viver em vão.
Embora eu fosse sacrificado,
You won't try for me, not now.
Você não tentará para mim, não agora.
Though I'd die to know you loved me,
Embora eu morresse para saber se você me ama,
I'm all alone.
Eu estou todo só.
Isn't someone missing me?
Alguém não está sentindo falta de mim?
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