O teste de aparatação



Os quatro entraram na cozinha, avistando uma Sra. Weasley muito atarefada, o que deixou claro que ela não tinha visto nada. Lupin cumprimentou-a e virou-se para Harry.
_Parabéns, Harry. Eu ia deixar a festa à noite, mas já como vim aqui...
_Falando nisso Remo – disse a Sra. Weasley ainda de costas – o quê o traz até aqui?
_Eu vim falar com Harry, mesmo – respondeu ele.
_Sobre o quê? – perguntou o menino.
_Vamos subir. Se vocês quiserem acompanhar também... É relativo às coisas de Dumbledore. Como eu acredito que vocês já sabem... – disse o ex-professor, que agora já não parecia tão abatido quanto no último ano, mas mesmo assim apresentava uma feição triste.
Eles subiram e entraram no quarto em que Harry e Rony estavam dormindo. Quando todos entraram, Lupin trancou a porta e verificou se não havia ninguém do lado de fora. Talvez para evitar que alguém ouvisse a conversa, ele ficou fazendo guarda enquanto falava.
_Bom, na verdade o quê eu tenho para falar é mais importante e mais preocupante também. Mas antes, eu quero avisar a vocês que haverão dois professores de Defesa Contra as Artes das Trevas este ano. Eu e Tonks.
_Massa! – exclamou Rony.
_Obrigado. Mas não é isso que eu queria falar com vocês. Isso que eu vi hoje – disse diminuindo a voz – é uma prova de coragem sobrenatural. Vocês sabem o que vão encontrar pela frente. Não será fácil. Por isso...
_ Espera um momento – disse Harry.
_Fale, Harry.
_Qual é a forma que o meu Patrono?
_Um veado – respondeu o professor – Muito bem, Harry. Estava esperando que alguém perguntasse. Se quiserem fazer outra pergunta, perguntem qual é a minha geléia favorita. Para que vocês já fiquem sabendo, é de frutas vermelhas.
_Dumbledore é que costumava fazer esse tipo de perguntas – observou Harry.
_É por isso que eu disse. Mas voltando ao assunto, o resto da Ordem não aceitou muito bem essa hipótese. De vocês irem atrás de Voldemort, quero dizer. Eu ainda não sei muito bem o porquê dessa idéia, mas se Harry diz que é necessário, eu acredito, já que você, Harry, esteve com Dumbledore por muitas aulas particulares. Algo me diz que essas aulas eram sobre esse objetivo. Acertei, Harry?
_Com certeza – disse olhando nos olhos do professor.
_Então acredito que você irá revelar todo o conteúdo na reunião da Ordem.
_Com certeza, novamente. Mas na acredite que eu irei falar tudo. Existe muita coisa que eu não vou poder contar. Só hermione e Rony sabem. Além de mim e de Dumbledore, claro, mas como o diretor se foi, só nós três vamos ficar sabendo disso mesmo.
_Eu não sei se a Ordem vai concordar... – começou Lupin, mas Harry interrompeu-o.
_O senhor não entendeu ainda. Eu não estou me importando com o que a Ordem acha ou deixa de achar. Eu vou de qualquer jeito. E Rony e Hermione vão comigo, já que me obrigaram a fazer o Voto Perpétuo.
_Mas Harry... – tentou novamente o professor.
_Isto não é só necessário. É o certo. Mesmo assim eu não quero e não vou dizer a mais ninguém. Só nós três sabemos e assim vai continuar sendo. Se eu não puder contar com a Ordem... Azar. Nós iremos e isso ninguém vai impedir. Dumbledore me deixou essa missão. E eu vou cumpri-la. Seja como for. Ele morreu para me salvar, assim como fez minha mãe, e eu não vou desprezar isso.
_Harry... Eu sei que você não vai desistir enquanto não matar Voldemort, mas é muito perigoso. Não é qualquer um que chega até ele e o mata. Ele não é...
_Eu já sei de tudo isso. Até mais, se o senhor quer sabe. Essa história já é obsoleta. Nós temos detalhes novos, e isso é a nossa maior arma. Mesmo vocês não sabendo o que é.
_É exatamente por isso que eu estou lhe dizendo tudo isso Harry. A Ordem não vai aceitar que você vá com dois jovens, atrás de Voldemort, e conosco atrás. Eu confio em você, Harry. Mas nós não sabemos qual será a reação do resto do pessoal.
_Dumbledore e Sirius morreram, e eu sou o herdeiro dos dois. Com isso, sou dono da casa. E também vou exigir ser o líder da Ordem. Se não for do meu jeito, não vai ser de jeito nenhum. Eu convoco a AD, ou qualquer outra força que tenhamos. E com todas as forças nó vamos, mesmo que ninguém nos acompanhe.
_E você realmente acha que vão aceitar você como líder, Harry. É uma hipótese, mas eu não confio muito nela. De qualquer jeito, eu, como já disse, confio em você de olhos fechados. Mas não vou poder ir com vocês. Sou um professor, e não vou poder largar o posto durante um ano letivo que, com certeza, será muito conturbado.
_Eu sei, professor. Mas mesmo assim nós vamos. Com ou sem apoio.
_Bom... Então se é assim... Você já tem algum fiel de segredo?
_Tenho. Eu mesmo – respondeu o garoto, levantando-se e indo até seu malão, e tirando dele inúmeros papéis com os dizeres Largo Grimmauld, número 12 – Leve para todos. Acho que fiz cópias suficientes.
_Com certeza fez – disse o professor, dobrando e guardando os papéis – Bem... Eu já vou indo. Falei tudo que tinha pra falar e ouvi tudo o que eu tinha pra ouvir.
Os quatro saíram do quarto, desceram, e ficaram na cozinha conversando, Lupin tentando convencer a Sra. Weasley de que tinha mesmo de ir, mas que voltava de noite para a festa de Harry.
Quando o antigo novo professor de Hogwarts saiu, Harry ficou se perguntando se não teria sido muito ambicioso ou prepotente ao exigir ser o novo líder da Ordem. Não que não achasse necessário. Achava que, com a morte de Dumbledore, a Ordem deveria passar por uma remodelação. O maior bruxo de todos os tempos não mais existia, e agora o posto era de seu maior inimigo: Lorde Voldemort. Por isso, não poderiam continuar com os mesmos ideais. Enquanto Dumbledore estava vivo, poderiam batalhar frente a frente, mas agora não. Deveria ter outro estilo, usar de todas as armas das quais dispunham para derrotar as forças de Voldemort, que agora já deveriam estar bem mais consistentes.
A tarde passou rapidamente, e a noite chegou igualmente rápido. Á noite, a Sra. Weasley já havia preparado tudo para a festa, e os convidados começaram a chegar. Entre eles, todos os filhos dos Weasley (com exceção de Percy, que até agora não havia reatado relações com a família, e Gui que sofrera um ataque de lobisomem no dia da morte de Dumbledore), alguns dos membros da Ordem (entre os quais estavam Olho-Tonto Moody, Tonks, Lupin, Quim Shacklebolt, e outros que Harry não conhecia) além do professor Slughorn e da nova diretora de Hogwarts, Minerva McGonnagal.
_Harry! – exclamou Slughorn, quando o garoto desceu. Estivera conversando com Hermione seu tratamento. Embora a garota achasse que já era hora de parar com a poção, achou que deveria continuar com os exercícios, pois segundo ela, eles estavam fazendo bem para Harry – Que prazer revê-lo! Será muito bom dar aulas para você mais um ano.
_Venha cá, Harry. A professora McGonnagal quer dar uma palavrinha – disse a Sra. Weasley, desvencilhando o garoto do cumprimento de Slughorn. Levou-o até a professora, que estava na sala com os outros. Foi um alvoroço de “parabéns” e de “feliz aniversário”. Depois dos devidos cumprimentos, é que McGonnagal disse:
_Harry, preciso falar com você em particular.
_Claro, professora – respondeu o garoto. Os dois subiram as escadas e pararam no patamar.
_Harry... Eu sei que hoje é seu aniversário, mas não posso deixar de lhe falar. Vou direto ao assunto para economizar tempo, já que temos uma festa para aproveitar. O professor Dumbledore confiava em você, portanto eu também confio. Por mais que você seja jovem, eu acredito no seu potencial. Digo isto, porque o professor Lupin me contou sobre a conversa que você, ele, Rony e Hermione tiveram mais cedo. E eu devo dizer que confio nas suas palavras. Embora, como já disse, acho que você é jovem demais, tenho que admitir que você teve de amadurecer muito com o que enfrentou nos últimos anos. Você sobreviveu a Você-Sabe-Quem não só uma, mas quatro vezes. Mais do que qualquer um já sonhou. Mas temo que você não consiga convencer a todos. Muitos membros da Ordem desistiram, preferindo fugir, outros morreram, mas os que ainda vivem e que participam das decisões... Creio que não vão aceitar o que você vai propor. Por isso, espero que você tenha boas razões para expor na nossa próxima reunião.
_Pode ficar tranqüila professora, porque eu tenho boníssimas razões para pedir isso. Por mais que eu seja novo, foi me incumbida uma responsabilidade enorme quando o Lorde Vol... Digo, Você-Sabe-Quem, tentou me matar naquela noite fatídica. O professor Dumbledore sabia disso, e me participou das teorias e de todas as certezas que tinha sobre como destruí-lo. Por isso eu quero ser o líder. Sei de coisas que todos os outros membros da Ordem jamais sonhariam que pudessem ser verdade. Existe magia muito perigosa metida nisso, e eu sei disso. Não estamos mais lidando com qualquer coisa. Agora eu sei que o mistério é mais do que a própria morte em si, professora. É mais, muito mais.
_Espero que você saiba o que está fazendo, Harry. Marcamos a reunião para depois de amanhã. De manhã, na casa que era do Sirius, e que agora é sua. Agora... Vamos, porque tem uma festa maravilhosa lá embaixo. Ah – quando já estavam descendo – boa sorte no teste de aparatação amanhã.
_Muito obrigado, professora – respondeu o garoto com um sorriso no canto da boca.
A festa prosseguiu bem, e todos estavam muito felizes, mesmo com a névoa da morte de Dumbledore envolvendo todos. Por mais que todos rissem, os rostos tristes e abatidos se refletiam em todas as superfícies espelhadas da casa. Harry estava em um canto, conversando sobre o teste de aparatação com Hermione e Rony. Estava preocupado. Porém, não queria pensar no teste naquele momento.
A noite prosseguiu, cheia de conversas e brincadeiras. Mas chegou uma hora em que todos começaram a se despedir e ir embora. Quando todos os convidados já haviam ido embora, a Sra. Weasley foi procurar Harry.
_O que achou da festa, querido? – perguntou ela, já com lágrimas nos olhos.
_Foi ótima, Sra. Weasley, obrigado – respondeu ele, achando que as lágrimas poderiam ser da possibilidade de algum plano dela em relação à festa ter dado errado.
_Que bom, que bom – disse ela. Alguma coisa havia acontecido e Harry começava a desconfiar de que sua teoria estivesse errada. O seu primeiro pensamento foi de que ela tinha descoberto o que iria fazer junto com Rony e Hermione – Não sei como você ainda está de pé, sabe – continuou – Acho que qualquer outro teria desabado.
_Do que a senhora está falando, Sra. Weasley?
_Ah, Harry, querido, você sabe. As perdas que você teve nos últimos anos. Primeiro foi o Cedrico Diggory, no Torneio Tribruxo. Sei que você não teve culpa, mas esteve presente, viu como foi. Depois foi Sirius. Perder o padrinho que tinha conhecido há alguns poucos anos... E ainda vê-lo morrer... E agora Dumbledore. Uma espécie de protetor, de segurança. O mais próximo d pai que você já teve. Tanto Sirius, como Dumbledore. Ah, Harry – disse avançando para o garoto e dando-lhe um abraço – Você não é qualquer pessoa. Você tem força – disse olhando nos olhos de Harry – Eu admiro muito você.
_Muito obrigado Sra. Weasley – agradeceu-lhe, com um aperto no coração, só de pensar quando ela soubesse que ele teria de enfrentar Voldemort. E que ainda por cima levaria um de seus filhos junto. E de quebra Hermione, que a essa altura já era agregada da família, assim como ele próprio. Mas não parecia que iria ser uma boa hora para lhe dar essa notícia.
_Você acha que vai bem no teste de amanhã? – perguntou ela, ainda com os olhos marejados.
_Não sei – disse ele com sinceridade – Embora eu já tenha aparatado antes, com Dumbledore – disse com um aperto no coração, logo depois de terem tocado no assunto – não sei se vou conseguir passar. As minhas experiências neste ano, com as aulas em Hogwarts, não foram muito promissoras. Mas seja o que Deus quiser – finalizou, com um quê de exasperação.
A noite passou rapidamente, pelo menos para Harry, que tinha a sensação de que nem tinha sonhado. Acordou com um berro particularmente alto de Gina, que recebera a incumbência de acordar a ele e a seu irmão. Novamente encontrou Harry apenas com um short pequeno. A menina puxou as cobertas e ficou extremamente escandalizada com a figura de Harry deitado, quase nu.
_Meu Deus! Harry, você tá demais!
_Bom dia pra você também – disse o garoto colocando os óculos – Mas sabia que você já tinha me falado isso?
_Eu sei. Mas eu não tinha te visto... Eh... Assim.
_Ah, então muito obrigado, Gina. Mas será que tem como você sair pra eu poder trocar de roupa?
_Mas eu acho que já que eu te vi assim...
_Pois achou errado. Sai por favor, porque eu vou ficar pelado. Como nós não estamos namorando – frisou bem a palavra “não” – muito menos...Eh...Ah, você sabe o quê que nós não fizemos, portanto...- disse apontando a porta.
_Tudo bem, eu vou. Mas não vai pensando que eu vou desistir. Um dia você não vai me escapar – saiu com um sorriso no canto da boca, que pareceu a Harry que ela estava planejando alguma coisa.
_Essa menina tá com um fogo... – falou ele baixinho, para que Rony não ouvisse. E realmente ele não ouviu: dormia de boca aberta, e roncava sonoramente.
Harry o acordou, e eles se trocaram (Harry fez todas seus exercícios) e desceram. Ainda pensava no que ocorrera nos últimos dias, meses e anos. Sobretudo o que dissera a Gina algum tempo atrás. A menina parecia não ter compreendido. Depois de tudo, talvez ela queira ir comigo, pensou Harry. Mas é óbvio que não iria deixar. Em hipótese alguma. Nem sob tortura. Mas uma coisa o chamou para a realidade.
_Rony?
_Que foi? – respondeu, quando estavam descendo a escada.
_Agora é que eu me toquei de uma coisa. – parando na escada.
_O quê?
_Sabe sobre o que eu te contei, quando Dumbledore começou a me dar as “aulas”?
_Sei. O que é que tem?
_Lembra do fato de que Dumbledore foi ao orfanato...Lembra?
_Ah? O que é?Conta!
_E se...Tem alguma coisa no orfanato?
Rony pareceu meio aturdido, pensando na possibilidade de um dia Voldemort ter escondido uma Horcrux no orfanato.
_Você acha que ele escondeu uma Horcrux lá?
_Com certeza não. Não se esqueça que ele tem uma gana por coisas que liguem-no a alguém importante, ou que fortaleça a teoria de que ele é o maior bruxo do mundo. Com alguma coisa que o ligue ao fato de ele ser bruxo, quero dizer. – completou ao ver uma ruga de interrogação no amigo – Eu acredito que deixou alguma pista lá. Pode ser. Alguém que saiba do pós-Hogwarts dele. Claro que não é uma coisa plantada por ele...Mas pode ser, não pode?
_Pode, pode. Mas será que existe a possibilidade...
_De quê, Rony?
_Ah, deixa pra lá. É só uma teoria besta.
_Fala, Rony!
_Ah, sei lá... Será que ele não pode ter escondido uma Horcrux...Fora do país?
_Pode ser...Aliás,...Acho plausível essa teoria. Mais do que plausível, talvez. Podemos considerar essa hipótese quase como certa.
_Acho melhor vocês não ficarem discutindo os planos e feitos de Voldemort aqui na escada – disse Hermione, que pelo jeito, estava ali há vários minutos.
_Concordo – disse Harry, sorrindo para a amiga – Vamos descer.
E assim fizeram. Desceram, tomaram seu café e saíram. Porém, antes de sair, Hermione abraçou Harry para lhe desejar boa sorte.
_Vou dar uma saída e vou ver se encontro alguma coisa sobre aquilo que falamos – disse baixinho, e bem rápido. Como iria fazer, Harry não sabia, mas confiava no bom senso da amiga.
Saíram, e lá estava, mais uma vez, um daqueles carros do Ministério para leva-los até lá. A viagem foi tranqüila, salpicada de pequenos comentários do Sr. Weasley sobre os desaparecimentos que haviam ocorrido naquela semana. De vez em quando, Harry olhava para Rony, para ver se o amigo estava pensando o mesmo que ele. Tentava treinar Legilimência com o amigo, mas ainda estava fraco. Aliás, Dumbledore ficaria orgulhoso de vê-lo como Oclumente agora. Estivera treinando o tempo todo, e já estava particularmente bem em Oclumência. Se defender é mais fácil!, dissera a Hermione, enquanto treinavam. Rony parecia saber o que o amigo estava tentando fazer, porque toda hora que o via olhando enigmaticamente para ele, desviava o olhar.
Chegaram ao Ministério cedo, para o que estava marcado. Entraram pelo acesso a visitantes, que Harry usou há pouco mais de um ano, na noite em que Sirius morreu. Entraram os três na cabine, e fecharam a porta. O Sr. Weasley pegou o fone e discou o número conhecido: seis, dois, quatro, quatro, dois.
Quando o disco voltou à posição inicial, ouviram a voz conhecida da mulher, que disse:
_Bem-vindos ao Ministério da Magia.Por favor, informem seus nomes e o objetivo da visita.
_Arthur Weasley, Seção para Detecção e confisco de Feitiços Defensivos e Objetos de Proteção Forjados. Estou acompanhado de Ronald Weasley e Harry Potter, que vão fazer o teste de Aparatação.
_Obrigada – disse a voz – Visitante, por favor, apanhe o crachá e prenda-o ao peito de suas vestes.
Ouviram o clique, e pegaram seus respectivos crachás. No de Harry, estava escrito: Harry Potter, teste de Aparatação, o que parecia estar escrito também no de Rony. Ele o prendeu na camisa, assim como Rony.
_Visitante ao Ministério, – continuou a voz da mulher – o senhor deve se submeter a uma revista e apresentar sua varinha, para registro, à mesa de segurança localizada ao fundo do Átrio.
O piso da cabine estremeceu, e eles começaram a descer. Quando a cabine terminou de descer, a voz feminina novamente se pronunciou:
_O Ministério da Magia deseja aos senhores um dia muito agradável.
Passaram pela fonte dos Irmãos Mágicos, agora completamente reconstruída, e se dirigiram ao velho bruxo. Passaram pela velha revista de sempre, e se dirigiram ao elevador. Entraram, e ficaram sozinhos nele. O elevador começou a descer, e novamente a voz feminina estava presente.
_Nível Sete, Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, que inclui a Sede das Ligas Britânica e Irlandesa de Quadribol, o Cube de Bexiga Oficial e a Seção de Patentes Absurdas.
A porta se abriu, e um bruxo alto, de aparência vampiresca entrou, olhando fixamente para a porta. Esta novamente se fechou, e o elevador continuou a descer.
_O nosso é o próximo – disse o Sr. Weasley. Quando ele falou, quase instantaneamente, a mulher falou novamente.
_Nível Seis, Departamento de Transportes Mágicos, que inclui a Autoridade da Rede de Flu, o Controle de Aferição de Vassouras, a Seção de Chaves de Portais e o Centro de Testes de Aparatação.
_É aqui – confirmou o Sr. Weasley, antes da porta se abrir.
Quando ela se abriu, saíram do elevador, para dar lugar a um casal de bruxos negros, acompanhados de seu filho. Não pareciam nada felizes com ele. Somente depois de registrar esta informação, é que Harry contemplou o local em que estavam. Era um corredor comprido, com muitas salas, que pareciam ser as Salas de Testes. Uns bancos estavam espalhados por todo o comprimento do corredor. Logo ao sair do elevador, havia um corredor à direita, tão longo como o principal, mas que era para divulgação de resultados. Harry sabia o que era porque leu uma placa que estava numa parede, e dizia:

As salas de Testes são as do corredor principal.
Se você já fez o teste, dirija-se ao corredor ao lado para recolher o resultado.

Foram andando, e viram alguém que conheciam sentado em frente a uma sala.
_Neville! – exclamou Harry – Veio fazer o teste também?
_Harry Potter! – mas não foi Neville que respondeu, e sim sua avó, que vestia uma roupa completamente esdrúxula, com um casaco obsoleto e um chapéu (digno de Luna) que mais parecia um urubu empalhado – Há quanto tempo venho querendo conhecê-lo! – disse se levantando, e cumprimentou Harry – Arthur! Você também! Como está? – disse cumprimentando o Sr. Weasley.
_Vou bem, Augusta – respondeu ele.
_E esse deve ser seu filho mais novo?
_O segundo mais novo, na verdade – respondeu o Sr. Weasley.
_Muito prazer, também, querido. Mas Harry Potter, quanto tempo venho querendo conhecê-lo! Eu sei que já disse isso, mas é tão bom estar perto do futuro maior bruxo que vai existir! O substituto de Dumbledore!
_Não ouso me comparar a ele. Ele sim era o maior bruxo que o mundo já viu – fez questão de falar bem alto, para que todos olhassem, e reparassem que era ele que estava falando. Neville e Rony abafaram risinhos.
_Com certeza o mais fiel dos seguidores dele. Você é admirável, Harry.
_Muito obrigado – respondeu o garoto – E você, Neville?
_Ah, vou bem, obrigado. Ah, Harry. Parabéns – mas Neville parecia extremamente constrangido, talvez pela atitude da avó.
_Obrigado. Pra você também, claro. Tenho novidades para você – começou Harry, sem dar atenção a avó de Neville – Vamos reunir a AD novamente.
_Quê? – mas não foi só Neville que exclamou. Rony parecia boquiaberto. O Sr. Weasley exibia uma expressão indefinível, enquanto a senhora presente exibia um sorriso extremamente largo.
_De onde você tirou essa idéia? – perguntou Rony.
_Por que, Harry? – perguntou Neville.
_Tive a idéia há algum tempo – disse a Rony, e se virou para Neville – E porque eu preciso de gente pra...Ãh...Ajudar-me em umas coisinhas. Neville, eu quero que você me encontre amanhã na casa do meu padrinho, que agora é minha. Eu posso te acompanhar. Você sabe onde é casa do Rony, não sabe?
_Acho que sim. Vó... – mas antes que ele pudesse terminar de dizer, sua avó o interrompeu.
_Eu sei onde é. Posso levá-lo – disse ela, que parecia achar que tudo que Harry dizia era lei.
_Ótimo. Você sabe da Luna?
_Sei. Nós estamos… Ãh… Saindo.
_Que bom. Será que você pode falar com ela?
_Claro. Olha ela aí – disse apontando para o elevador.
Luna Lovegood era outra pessoa. Estava com um belíssimo vestido azul, e dispensara o colar de rolhas. Pelo contrário, estava com um lindo colar de brilhantes. Seus óculos haviam sido remodelados, agora lembravam os de Rita Skeeter, só que mais claros e belos. Os cabelos esvoaçantes e loiros caíam às costas, e lhe dava uma aparência extremamente bela. Estava acompanhada de um homem loiro, alto, com os cabelos meio bagunçados (como os de Harry), com barba cerrada, e de óculos extremamente grandes. Seria até belo, se não fosse a aparência dada pelos óculos e pela roupa, uma mistura de casaco de pele de dragão com uma camisa púrpura e calça verde-escuro.
_Oi, Harry – disse Luna, sonhadora como sempre.
_Então esse é Harry Potter? Que grande prazer! Meu nome é Lucas Lovegood. Sou pai de Luna…
_E dono do Pasquim. Eu sei. O prazer é todo meu, senhor – disse ele ao dar apertar a mão do homem a sua frente. Luna, por sua vez, estava aos beijos com Neville, e nenhum dos dois parecia constrangido como a avó de Neville. O pai de Luna, ao contrário, parecia muito à vontade.
_Sabe, Harry, eu estive muito curioso em conhecer você, depois da entrevista que você deu à minha revista, no ano passado. Muito empolgante a história. Que é verdade, claro. É claro que eu não ia publicar uma história fantasiosa na minha revista – disse com um sorriso largo no rosto.
_Harry? – disse a voz sonhadora de Luna atrás de Harry, antes que pudesse responder ao pai da garota.
_O que? – respondeu ele.
_Neville me contou. Você vai reunir a AD de novo? Por que? Quando?
_Uma pergunta de cada vez – mas não foi Luna que respondeu, e sim Hermione.
_De onde você saiu? – perguntou Rony.
_Boa pergunta – disse Harry.
_Vim via lareira – disse ela – De pó de flu – prosseguiu, ao ver a cara de Rony. Descobri rapidamente o que eu queria e vim. A Sra. Weasley conseguiu que eu pudesse vir aqui com um pedido ao Ministro da Magia.
_Quê? – estranhou Rony.
_Falando nisso Sr. Weasley – disse ao tirar do bolso um papelzinho – a Sra. Weasley que mandou. Disse que vai explicar tudo, embora todos nós já saibamos o que ele quer – completou dando uma olhadinha para Harry – Mas voltando ao assunto, o que é isso de reunir a AD, Harry?
_Ainda bem que eu posso falar. Primeiro: depois eu conto. Segundo: Neville e Luna, será que vocês podem ir à casa de Rony amanhã depois do almoço? Alguém tem um pedaço de papel?
_Eu tenho – disse Hermione, tirando um pedaço considerável de papel de dentro do bolso do casaco.
_Ótimo – disse Harry, recolhendo o papel e o dividindo em dois – Tem alguma coisa pra escrever também?
_Tenho – respondeu a menina, tirando um lápis do mesmo bolso.
_Que bom. Você está ótima hoje, Hermione – disse pegando o lápis e escrevendo alguma coisa, e entregando um pedaço pra cada Neville, e outro pra Luna – Essa é a senha. Aparatem pra lá pra perto, e entrem. Mas não esqueçam de falar a senha. Motivo de segurança, sabe.
_Eu não sei onde é, Harry – disse Luna.
_Eu te levo. Minha avó sabe onde é. Ela pode levar a gente, não pode vó? – disse Neville. Sua avó, muito contrariada, procurou não falar nada, mas ficou claro que este não era o seu desejo.
_A conversa está muito boa – começou o Sr. Weasley – Mas eu acho bom nós irmos até o registro, pra não perder tempo aqui.
Seguiram pelo corredor, e encontraram a porta com uma placa escrita Registro. Bateram e entraram. Dentro dela, tinha uns bruxos muito mau-encarados, que levantaram as cabeças, e ficaram fitando os novos visitantes. Pararam o olhar principalmente em Harry, que procurou retribuir o olhar numa intensidade bem maior.
_Cada um se dirija a um registrador. O Sr. Weasley e Rony se dirigiram a um mais próximo, e Harry foi para o terceiro, na esquerda, acompanhado de Hermione.
_Nome? – perguntou o homem, embora Harry soubesse que não precisaria de apresentação alguma.
_Harry Tiago Potter – respondeu ele com firmeza.
_Sim, é claro – disse o bruxo com um sorrisinho.
_Algum problema? – perguntou Harry com um quê de insatisfação na voz.
_Não, nada – respondeu o bruxo – Idade? – continuou, como se Harry não tivesse falado nada.
_Dezessete – respondeu Harry.
_Aniversário?
_Trinta e um de Julho.
_Tem como provar? – perguntou o homem. Harry não tinha pensado nisso. Achava que não era preciso nada. Mas antes que pudesse falar alguma coisa, o homem continuou – Estou brincando. Sabemos exatamente quem você é. Sabemos tudo sobre você.
_Eu duvido – respondeu Harry, dando uma olhada para Hermione – Vocês ficariam aterrorizados com a minha vida. Aliás, acho que vocês não sabem quase nada sobre mim. Só sabem o que Dumbledore deixou vocês saberem.
O bruxo pareceu ter tomado um choque. Como não sabia o que responder, Harry interrompeu seus pensamentos, olhando profundamente em seus olhos, e vendo que ele estava processando um modo de contar a alguém o que ouvira.
_Não precisa se preocupar. Todo mundo já sabe que eu escondo alguma coisa. E vou continuar escondendo, até não poder mais. E isso vai demorar muito – disse, com o mesmo sorrisinho que o bruxo apresentara minutos antes – Mas voltando ao assunto principal, do que eu vou precisar para fazer o teste?
_Nada – respondeu o outro, como se estivesse despertando de um sono profundo – Apenas entrar na sala que lhe chamarem, e seguir as instruções do avaliador.
_Ótimo. Posso ir então?
_Pode.
Com isso, Harry se levantou, e saiu. Quando saiu da sala, junto com Hermione, viu o Sr. Weasley conversando com o pai de Luna e com a avó de Neville, enquanto os dois se beijavam. Rony, que esperava os dois, se levantou e foi ao encontro deles quando saíram. Foram andando para o fim do corredor, e se esconderam atrás de uma planta particularmente grande, arrastados por Hermione.
_Harry, o Ministro da Magia está de novo atrás de você. Você não devia ter falado o que falou...
_Eu sei, Hermione. Foi só pra assustar. De qualquer jeito, eles não vão conseguir descobrir o que é, mesmo. Está bem escondido esse segredo. Mas o que foi que você descobriu?
_Bom, primeiro, como n´s já suspeitávamos, poucos Comensais da Morte são bons em Oclumência. Só juntei um mais um – disse ao ver que Harry abriu a boca para falar – Por favor, não me interrompam nem com perguntas, nem com observações. Falem depois. O que eu descobri é o seguinte: Voldemort voltou ao orfanato depois de ter completado dezessete anos. Sabe pra quê? Pra matar a mulher que deu informações pro Dumbledore, quando ele tinha apenas onze anos. E vocês não sabem o melhor da história! Um homem o viu assassinando a tal mulher. De quebra, me disse que Voldemort ainda fez alguma coisa que ele não sabe o quê era, mas parece um feitiço para ocultar alguma coisa. Detalhe: bem no quarto em que ele morava.Esse cara ainda trabalha no orfanato. A gente pode ir lá e pedir alguma informação. A mais, quero dizer. O problema é que o orfanato ainda funciona, mas já estava pra fechar, o que torna nossa missão pior ainda. Vamos ter que encontrar esse cara. O mais rápido possível.
_Mas Hermione... Como você saiu, interrogou o cara e veio pra cá? Minha mãe deixou? – perguntou Rony.
_Não. Ela nem sabe. Só que eu inteligente o suficiente. Quando o ministro chegou, fui lá pra cima e pedi pra Gina dizer que eu estava dormindo porque estava muito cansada. Então, eu usei um Feitiço da Desilusão em mim mesma, o que não foi fácil, e passei tranqüilamente pela cozinha, já que eles estavam conversando na sala. E provavelmente o ministro ainda estará lá quando voltarmos. E Percy não está com ele.
_Mas Gina sabe o que você foi fazer? – perguntou Harry.
_Claro que não. Quer dizer, ela sabe teoricamente o que eu fui fazer. Sabe que eu fui buscar informações do Voldemort, mas não sabe onde, nem como. Mas agora eu é que vou te fazer uma pergunta, Harry. Qual é a idéia, quando você falou da AD com o Neville e com a Luna?
_Simples: vou contar a eles nosso pequeno segredo, não todo, claro, mas de uma forma geral eu vou explicar a eles o que está acontecendo e o que pode acontecer a mais, no futuro. Vamos treiná-los, para que eles possam ser uma espécie de olho da Ordem em Hogwarts. Além disso, a gente pode montar uma espécie de filial da AD, colocando os dois como professores, para aumentar a auto-estima e o poder dos alunos.
_Eu não sei se alguém vai querer ter aulas com eles – disse Rony, dando uma olhadela para os dois, que continuavam a se beijar, enquanto os outros três adultos conversavam.
_Não tem opção, Rony – disse Hermione – Nesses tempos, não se pode escolher professor. Quem quiser, bem, quem não quiser, pior.Gostei da idéia, Harry.
_Que bom Hermione. Nós três fazemos uma bela equipe, mesmo – disse Harry.
_Que nós fazemos uma bela equipe, nós fazemos, mas que eu duvido que alguém queira... – disse Rony. Neste momento, um garoto saiu de uma das salas. Momentaneamente, acharam que alguém ia ser chamado. Mas a porta novamente se fechou.
_Como você é obtuso, Rony. Mas acho melhor nós voltarmos, porque podem dar falta – e com isso, voltaram para a companhia dos outros.
Mal chegaram, e a porta novamente se abriu. Um bruxo pequeno, parecido com o professor Flitwick, saiu.
_Neville Longbottom – disse o bruxo atarracado. Seu olhar correu por todos e se deteve em Harry, que devolveu o olhar. Parecia que o Ministério, de uma forma geral, estava obsessivo com ele.
_Sou eu – disse Neville, que deu um beijo em Luna e entrou na sala.
A porta se fechou, e eles ficaram esperando. Ficaram quietos, já que a avó de Neville estava presente.
_Eu gostei da idéia, sabe? – disse Luna, do nada, como gostava de fazer.
_Da AD? – perguntou Harry.
_È – respondeu a menina – Eu realmente gostava das reuniões. Aprendi bastante.
_Você vai voltar a Hogwarts? – perguntou Hermione. Harry sabia o porquê: a amiga estava preocupada. Caso Luna não voltasse, a idéia iria por água abaixo.
_Claro – respondeu ela, para alívio de Harry – Por que? A maioria dos alunos vai voltar, mesmo. Com ou sem Dumbledore, por mais que ele fosse uma proteção a mais, Hogwarts é Hogwarts, e sempre vai ser mais seguro, mesmo que pouco. Com todos aqueles feitiços, e mais os que com certeza serão postos este ano...
_È, tem razão – disse Hermione – E esse colar? Realmente bonito.
_Ah, isso não é um colar.
_Não? – perguntou Rony.
_Não. È uma proteção para Alistúrgicos do Norte. Estamos tendo uma invasão deles, sabiam?
Rony e Harry quase caíram na gargalhada. Luna realmente parecia diferente, mas uma mudança dessas, de chegar a usar colar de brilhantes, de fato era utópica.
Continuaram a conversar, até que instantes depois, Neville saiu sorridente da sala.
_Parece que eu fui bem – disse sorridente – Acertei na segunda, então é provável que eu passe.
_Que bom! – exclamou Luna, jogando-se nos braços do garoto.
Outra sala abriu, e saiu um garoto alto de cabelos escuros, que parecia estar sozinho, mas realmente muito furioso. A porta se fechou, e rapidamente, as duas últimas portas abertas abriram-se, quase simultaneamente. Em uma, chamaram Ronald Weasley, e em outra Harry Potter. Novamente, o homem que havia chamado Neville encarou Harry, embora ele fosse ser examinado na outra sala.
_Boa sorte – disse Harry ao se encaminhar para a porta.
_Pra você também – respondeu.
Quando Harry entrou, ficou estupefato. A sala era gigantesca, parecendo que era uma réplica do corredor. O homem que o chamou o olhou da cabeça aos pés, e então disse:
_Sr. Potter, por favor, coloque-se no círculo vermelho.
Harry entrou no círculo desenhado no chão. Ficou esperando novas ordens, e quando o examinador se portou a alguns passos de Harry, novamente falou.
_Sr. Potter, o objetivo é passar esses três círculos – disse, e fazendo um aceno com a varinha, três aros de madeira (como os utilizados em Hogwarts, quando os alunos do sexto ano tiveram aula de Aparatação) apareceram em fila indiana na frente de Harry, com uma distância de uns dois metros de um para outro. O problema, é que eram proporcionalmente menores. O primeiro era maior que o segundo, e este, maior que o terceiro, que era quase do tamanho do círculo em que Harry estava – Você terá três chances. Se conseguir, você terá de ir pegar seu resultado no corredor lá da frente, para pegar a confirmação de que passou no teste. Está pronto?
_Estou – respondeu ele.
_Ótimo – disse o bruxo – Então pode tentar quando quiser.
Com isso, Harry começou a se concentrar. As aulas de Oclumência com Hermione estavam lhe fazendo bem: conseguia livrar suas mentes de qualquer pensamento. Concentrou-se no primeiro arco, deixou a vontade de se deslocar até lá tomar todo se corpo... E girou com rapidez. Aquela dor horrível, como se fosse enfiado em um tubo fino de borracha veio e se foi. Ele apareceu bem no centro do primeiro arco. A primeira fase do teste foi realizada com sucesso.
_Muito bom Sr. Potter – disse o bruxo examinador – Pode ir para o próximo aro.
Novamente, Harry se concentrou, e girou rapidamente. Novamente a dor tomou todo seu corpo. A sensação incômoda se foi e mais um acerto veio. Por mais que o próximo fosse o menor de todos, como passou nos dois primeiros, ganhou confiança.
_Realmente Sr. Potter – disse o bruxo – você foi um dos melhores até agora. Está certo de que pode partir para o próximo?
_Estou – respondeu ele. E assim, rodopiou mais uma vez, e apareceu no centro do menor dos arcos.
_Sr. Potter, meus parabéns! – disse o bruxo – Vamos ver agora se o senhor está realmente pronto. Vamos para o próximo passo.
_Próximo passo? Que passo? – perguntou Harry, que estava aturdido em saber que haveria mais alguma coisa a fazer.
_Claro! Você acha que vai ter que voltar andando todo esse caminho que percorreu? Não, é claro. Eu gostaria de que o senhor voltasse para o círculo inicial.
_Quê? – perguntou ele – Eu vou ter que voltar para aquele círculo minúsculo?
_Sr. Potter, você não parou no centro de cada aro? Então, é a mesma coisa. Só que agora você terá de se concentrar um pouco mais. Esvazie sua mente, Sr. Potter – disse o examinador, com um sorriso digno de Monalisa no rosto.
_O senhor nem imagina o quanto eu me canso fazendo isso – respondeu ele com uma voz risonha. Agora, ele teria de usar tudo que aprendera com Hermione: se desligar do resto do mundo, esquecer as Horcruxes, esquecer Voldemort, e se concentrar apenas no círculo do início. Sabia que seria a maior de todas as provações, mas não iria desistir agora. Concentro-se no círculo, visualizando seu contorno vermelho, deixando toda aquela vontade tomar seu corpo, como se fosse a vontade de matar Voldemort, de conseguir todas as Horcruxes, de ficar com Gina... E rodopiou.
Por um momento, achou que teria errado, pois sentiu seu corpo doer mais do que estava acostumado. Ameaçou gritar. Parecia que estava sendo queimado... Mas seu grito não saiu. Ainda sem saber o que estava acontecendo, a dor foi cessando, e ele apareceu bem como estava antes de passar ao primeiro aro.Seu peito ainda doía, mas estava contente por ter conseguido.
_Incrível Sr Potter! – exclamou o bruxo – Esplêndido! Estupendo! É a primeira vez que vejo alguém passar de primeira! Realmente excelente! Você pode ir, mas me responda uma coisa.
_Claro senhor.
_Está aprendendo Oclumência?
Por um momento Harry se assustou. Mas no momento seguinte, utilizou um ótimo artifício. Fechou sua mente, e abriu uma clareira, onde dizia claramente: Eu? Não! Olhou nos olhos e tornou a falar.
_Não senhor. Por que? – disse ele, se concentrando na frase.
_Por nada. Pensei que talvez pudesse ser – respondeu o examinador, com um olhar enigmático.
_Então... Eu já vou – disse Harry – Muito obrigado – e rumou para a porta. O bruxo o acompanhou, e quando estavam quase à porta, Harry virou-se, e perguntou:
_Senhor, quando eu aparatei desta última vez, senti uma dor maior...
_Acontece quando se concentra demais – respondeu antes de Harry ter feito a pergunta. Agora, ele exibia um sorriso triunfante no rosto. E com essa imagem, Harry saiu da sala.
Hermione veio ao seu encontro, e logo foi disparando:
_Já acabou? Rony não saiu ainda – disse, quando o examinador fechou a porta.
Outros três alunos de Hogwarts já tinham chegado. Harry não os conhecia, mas com certeza eles conheciam Harry, pelo jeito com que olharam para ele quando saiu.
_É que temos três chances para acertar – disse ele – Hermione, será que você pode vir comigo até aquela planta.
_Posso. Mas... – ela não terminou a frase, porque Harry a puxou e levou-a até o fim do corredor, até a planta que os tinha escondido para poderem conversar um pouco mais cedo. Chegando lá, Harry já sabia o que dizer.
_Hermione, posso estar muito enganado, mas quando chegarmos na casa do Rony, o ministro já vai saber que eu sou oclumente.
_Mas por que?
Harry contou a história, e a menina pareceu concordar. Mas quando ia fazer uma observação, Rony saiu da sala, um pouco cansado, mas aparentemente feliz. Correram ao seu encontro.
_E aí, como foi? – perguntou Harry.
_Fui bem, acertei de segunda. Mas você foi rápido, né?
_É... Mas é melhor nós irmos pegar o resultado de uma vez, porque eu não estou agüentando de curiosidade para saber o que o ministro quer comigo – disse Harry, o que fez todos rirem – Mas cadê o Neville?
_Não saiu – respondeu a avó do garoto.
_Ah, então vamos esperar ele sair – disse Rony.
E ficaram esperando mais alguns minutos, até Neville sair. Sua cara não era das melhores.
_E aí, Neville? – perguntou Luna.
_Não sei... Acho que não fui muito bem. Só consegui na terceira vez. Mas na segunda eu quase consegui. Mas sei lá. Acho que dá pra passar.
_Então? Vamos? – disse Hermione.
Eles voltaram ao corredor do início, e foram a uma sala. Pegaram os resultados e viram que todos tinham passado, embora Neville tivesse passado por pouco.
_Minha mãe vai ficar muito feliz! – disse Rony.
Entraram no elevador, e quando já estavam quase chegando, o Sr. Weasley perguntou a Hermione.
_Hermione, o ministro garantiu a nossa volta para casa? Pela rede de Flu?
_Ah, garantiu. Ele pediu pra um assessor, ou seja lá o nome que se dá, pra vir aqui pra pedir a abertura da rede de Flu. Quando voltarmos, ele vai mandar fechar.
Eles pararam em frente a uma das lareiras, e se viraram para Luna e Neville (e seus respectivos responsáveis.
_Luna, Neville – começou Harry – Espero vocês às três.
_Estaremos lá – disse Neville.
_Ótimo – disse Harry, enquanto os outros iam pela lareira – Então até amanhã – e entrou na lareira gritando A Toca! E desaparecendo nas chamas verdes.

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