Lembranças de um tempo bom
Já era noite, mas toda a cidade parecia estar acordada, com suas luzes acesas, e com a alegria pairando no ar. O único que não compartilhava desse sentimento era um garoto não mais fraco, nem mirrado, que já havia passado muito tempo de sua vida com esse temor e angústia afligindo seu peito.
Harry Potter estava encostado na janela de seu quarto, na casa dos tios na rua dos Alfeneiros, nº 4. Não que quisesse ficar, mas a tristeza parecia deixa-lo mais lento. Só havia passado ali para buscar o resto das coisas que havia ficado, mas nada que pudesse fazê-lo demorar. Porém, já havia muitos 5 minutos que ele estava sentado, com a cabeça encostada na janela, exatamente como fizera no ano anterior, quando esperava Dumbledore chegar.
A visita que o diretor o fez exatamente um ano antes, foi uma das últimas vezes que o viu, sem contar os encontros em Hogwarts. Só de pensar nisso, o estômago de Harry revirava. Nunca mais veria o professor e seus oclinhos de meia lua, e talvez nunca mais voltasse a Hogwarts. Agora era apenas ele e seu destino.
Ainda olhando para o nada, Harry não percebeu quando Hermione entrou no quarto.
_Harry? Você está aí?-perguntou a amiga, o que fez Harry despistar de suas relutantes e tristes memórias.
_Ahn? Ah...É você Hermione? Não vi você entrar.
_ É, eu percebi. Vamos? Já está na hora.
_ É... Vamos.-disse, levantando-se e indo em direção à porta.
_ Não vai levar nada?
_Não, Hermione. Eu não preciso de nada aqui. Na verdade, só precisava voltar aqui para restabelecer a proteção que Dum...- mas ele não conseguiu terminar a frase.
_ Vamos descer então. Rony não agüenta mais esperar. Ainda mais com seus tios. - respondeu a menina, percebendo que não era hora nem lugar de falar no diretor. Desceram as escadas, e encontraram um Rony muito ansioso na sala, principalmente por estar com os tios de Harry, que olhavam cada uma para uma direção. Quando entraram na sala, Rony levantou-se rápido e disse:
_Demorou por que?
_ Nada...-respondeu Harry, olhando para os tios - Olha, eu já estou indo embora.
_ Ah, é?-respondeu tio Valter, como se dissesse “Já vai tarde”. Percebendo isso Harry apressou-se em dizer:
_É, já vou. Aliás, ainda bem que eu já vou.
_É um ingrato mesmo! Depois de tudo que fizemos por ele...- o final da frase ninguém ouviu. Harry ergueu a varinha e disparou um feitiço na direção do tio, que voou do sofá, e foi atirado contra a parede. Tia Petúnia soltou um gritinho e foi ajudar o marido.
_Você está bem, Válter?
_Estou... Que é que você pretende, garoto?
_O que é que eu pretendo? O QUE É QUE EU PRETENDO? – disse Harry aumentando o volume de sua voz – Vocês não sabem o que eu pretendo? Depois de dezessete anos vivendo como um cachorro, como um ninguém, sendo humilhado diariamente, vocês ainda perguntam o que eu pretendo? É ISSO QUE EU PRETENDO!- disse, fazendo a mesa de centro voar e se quebrar na parede – É isso que eu pretendo – continuou, agora fazendo um quadro voar pelos ares. E assim continuou, quebrando tudo, até fazer o sofá atrás do qual seus tios estavam escondidos. Lembrou-se da situação que vivera quase dois anos antes, no Departamento de Mistérios, quando Voldemort estava com a varinha em riste, apontando para ele, na fonte dos Irmãos Mágicos, ele totalmente sem defesa, quando Dumbledore apareceu para salvá-lo. Isso o deixou com mais raiva ainda...
_O que é que está acontecendo aqui?- perguntou Duda por trás de Rony e Hermione, que observavam a cena sem falar nada, sendo que Hermione ainda esboçava um sorriso. Quando Duda viu que seus pais estavam caídos no chão, correu para socorrê-los. Harry ainda com a varinha na mão, apontou para os três – Você não tem coragem...
_ Não tenho, é? Estupefaça! – o feitiço voou da varinha e atingiu tio Válter bem no peito, fazendo-o desmaiar.
_Não! - gritou Duda – Paaaaai...
_Ele não morreu seu idiota. Só desmaiou – falou um amargurado Harry.
_ Você não é nada sem essa coisa, não é? – rosnou Duda
_Essa é boa! Você é que não é de nada sem seus pais por perto. Por mais que faça boxe, caratê, ou qualquer coisa do tipo, sempre será um nada. Você não é de nada quando está sozinho. Você é patético.
Duda ficou olhando para Harry, como se tivesse sido acertado por um soco.
_Enervate! – berrou Harry, apontando a recém-pega varinha, para o peito do tio Válter – E eu só não faço nada contra você, titia – disse num tom muito pejorativo – porque você é irmã da minha mãe - continuou - E mais uma coisa: morram – e saiu da casa, seguido de perto por seus amigos.
_Belas palavras– disse Rony, quando já estavam no jardim, do lado de fora da casa.
_Obrigado – respondeu Harry, agora já sorrindo.
_Vamos aparatando? – perguntou Hermione
_Acho melhor – respondeu Rony – nesses tempos não é bom ficar zanzando pelas ruas.
Os três olharam para os dois lados, deram as mãos e giraram nos calcanhares ao mesmo tempo, sumindo no ar com um barulho surdo, típico de quando se aparata. Chegando à Toca, sentiram a brisa gélida, e rumaram para a porta. Rony bateu três vezes. Logo uma voz feminina forte veio de dentro.
_Quem está aí?
_Harry, Rony e Hermione – respondeu Rony.
_Como é que se sabe?
_Quando a porta bate – começou Rony entediado – é sinal de que o vento sopra mais forte, para dentro de um coração quente.
Com isso, Gina Weasley abriu a porta, e verificando que eram os três mesmo, se jogou nos braços de Harry.
_Que bom que você está bem – disse a menina, entrando abraçada a Harry.
_Ei, nós existimos também – começou Rony.
_Eu sei. E com certeza Você-Sabe-Quem está atrás de você para te matar – respondeu ela a Rony, fazendo-o corar.
_Podia ter ficado sem essa, Rony – observou Harry. Neste momento, uma voz veio do andar de cima.
_Quem está aí? – a Sra. Weasley apareceu com a varinha à mão – Ah, são vocês. Como foi lá, Harry, querido?
_Foi ótimo, Sra. Weasley, se é que se pode chamar de ótimo um encontro com os Dursley – respondeu ele, dando uma pequena olhada para Rony e Hermione, que contiveram o riso.
_Estão com fome?
_Um pouco, Sra. Weasley – respondeu Harry, se sobrepondo aos outros.
_Então vão lá pra cima, troquem de roupa e desçam, que enquanto isso eu preparo alguma coisa pra vocês comerem – disse ela, que rapidamente começou a preparar alguma coisa para os jovens comerem. Não era só ela que estava um tanto triste. Todos os que habitavam aquela casa, e talvez a maioria da população bruxa, estavam tristes e temerosos, com a morte do professor Dumbledore. Ele era uma espécie de ponto de referência.
Os quatro subiram as escadas, e chegaram ao quarto onde Harry e Rony estavam dormindo. Fecharam a porta, e Harry, Gina e Rony se sentaram. Hermione foi à janela.
_A rua está deserta. Acho que todo mundo está com medo depois que... – parou imediatamente, com o coração aos pulos. Harry, que estava sentado ao lado de Gina em uma das camas, olhou para a parede.
_Você não quer falar, Harry? – indagou Gina. Ele fez que não com a cabeça – Então me conta como é que foi lá – mas o garoto apenas olhou para baixo, enterrou a cabeça nas mãos, e ficou alguns instantes refletindo. Subitamente, levantou e foi olhar para a parede.
Vendo que não ele não iria responder, Rony começou a contar o que Harry havia feito, e os três ficaram dando pequenas espiadas, mas a reação que o garoto havia tido na casa dos Dursley, não se repetiu. Quando Rony acabou de contar os fatos, Harry estava no mesmo lugar, absorto em seus pensamentos, e nem percebeu quando Hermione e Gina saíram do quarto. Rony ainda ficou algum tempo observando Harry, antes de falar.
_Harry?
_Quê? - respondeu Harry, que despertou com a voz grave do amigo.
_Não vai trocar de roupa?
_Ah, vou. – e dizendo isso, tirou a roupa que estava vestindo, e colocou o pijama. Depois disso, desceram, e ainda esperaram mais um pouco Hermione e Gina para comerem. O silêncio só foi quebrado quando Fred e Jorge entraram na cozinha.
_Ué? Chegaram? – perguntou Rony.
_Não, cabeça. Somos hologramas, sabe. – a resposta arrancou um sorriso de Harry, o que animou Gina e Hermione, que trocaram olhares significativos. Percebendo isso, e antes que pudessem dizer alguma coisa, Harry começou a falar.
_Quando a gente chegou, vocês não tinham chegado ainda, por isso é que ele perguntou.
_Cadê o papai? – perguntou Gina.
_ Tá na sala, conversando com a mamãe. A gente tá aqui porque eles mandaram a gente sair. Parece que aconteceu alguma coisa séria. O papai tá com uma cara péssima. Acho que ele vai querer falar com você, Harry.
_Por que? – perguntou o garoto.
_Antes de sair da sala, deu pra ouvir seu nome.
_O que é que pode ter acontecido?
_Talvez seja alguma coisa relacionada com a aparição de Snape, no centro de Londres.
_Quê? O Snape apareceu? Aonde?
_Calma, Harry, uma pergunta de cada vez – respondeu Jorge, mas sem o riso costumeiro. Até os gêmeos pareciam estar menos alegres nesses tempos – Ele apareceu, sim, na estação King’s Cross. Mas não deu pra pegá-lo.
_Não, hoje a gente esteve na casa dos Dursley. Mas saiu no Profeta?
_Claro que não. Foi agora à tarde. O Lupin tava lá na estação, mas não conseguiu segui-lo.
_E pra onde ele foi? – perguntou Rony.
_ Mas tá difícil hoje, hein? Se eu disse que o Lupin não conseguiu seguir o Snape, não é óbvio que ele não sabe pra onde aquele filho-da-mãe foi? – foi neste momento que o Sr. e a Sra. Weasley entraram na cozinha.
_Harry! Como está?
_Tudo bem, Sr. Weasley.
_Bom, eu preciso conversar com você.
_Sobre o quê, exatamente?
_É...Vamos para a sala. – e os dois saíram, deixando Rony, Hermione, Gina, a Sra. Weasley e os gêmeos com rostos bastante apreensivos.
Os dois chegaram à sala e Harry se sentou de frente para o Sr. Weasley, de forma que pudesse lhe olhar nos olhos.
_Harry...Eu não sei muito bem como começar, mas...
_Fale de uma vez, Sr. Weasley – respondeu Harry, que já começava a ficar ansioso.
_Bem... Acho que não preciso lhe dizer que Snape foi visto por Lupin hoje à tarde, porque tenho certeza absoluta que Fred e Jorge já lhe contaram.
_Com certeza.
_É o que imaginei. Mas a outra coisa que devo lhe dizer, é que... Bom, Hogwarts vai abrir esse ano, mas há um pequeno problema.
_Eu não pretendo voltar a Hogwarts este ano Sr. Weasley, eu... – mas não pode concluir a frase. Sr. Weasley interrompeu-º
_Eu sei, Harry, eu sei. Você já havia me dito isso, lembra?
_Sim, mas...
_Eu não esqueci. O problema que há, é que Dumbledore deixou muitas coisas pra você. Acharam o testamento dele hoje, e muitas coisas foram deixadas a você.
Embora Harry nunca imaginasse que isso poderia ocorrer, resolveu perguntar:
_E qual é o problema?
_O problema é que as coisas foram tiradas do escritório dele, porque, como você já deve ter imaginado, a prof. McGonnagal é a nova diretora da escola.
_Eu já tinha imaginado isso.
_O problema é que existem coisas que não conseguiram ser tiradas de lá, como a velha Penseira. Estamos achando que Dumbledore lançou algum feitiço para só o herdeiro conseguir retirar certas coisas. Em outras palavras, você terá de voltar a Hogwarts.
_Mas...
_O que foi, Harry?
_Eu andei pensando... Depois que... O diretor – preferiu assim dizer, pois dizer o nome dele o fazia mais triste e revoltado – morreu... Achei que a escola poderia...
_Fechar? Não... O Conselho diretor preferiu não fechar a escola, e sim deixa-la aberta com reforços de segurança. A maioria dos pais preferiu deixar os filhos na escola, por acreditar que será mais seguro. Realmente, eu acredito nisso. Você não, Harry?
Harry não respondeu instantaneamente. Estava pensando. Desde que as aulas acabaram, depois do incidente da morte do diretor de Hogwarts, estivera na Toca. Conversara muito com o Sr. Weasley, e explicou-o tudo que Dumbledore o passara. Junto com Hermione e Rony, deixara-o a par de todos os acontecimentos, inclusive de sua decisão de ir atrás de Voldemort, apoiado e seguido pelos seus dois amigos, deixando o chefe da família que mais admirava com a difícil tarefa de explicar tudo a Sra. Weasley, depois de que os três já tivessem partido.
_Harry?
_Ã?
_Estava pensando como vai fazer? – disse Sr. Weasley – Já lhe disse: a Ordem vai ajudá-lo. É só convocar uma reunião. Eu vou me encarregar de tudo. Mas você tem que escrever num papel o endereço da antiga sede. Dumbledore era o fiel do segredo e você é o herdeiro dele, além de ser o dono da casa.
_Ah, sim. Mas eu não estava pensando nisso, não. Eu estava pensando em tudo que ocorreu nestes três últimos anos. As mortes... Todos os acontecimentos... E eu ainda tenho que voltar...
_E não se esqueça do casamento de Gui e Fleur.
_E ainda tem o teste de aparatação depois de amanhã.
_Confiante?
_Um pouco. Sr. Weasley, eu acho que já vou dormir – disse levantando-se. Já havia ouvido muita coisa para um dia só.
_Tudo bem. Eu vou ficar um pouco aqui ainda. Ah! – completou quando Harry já estava saindo – Não se esqueça de que amanhã é seu aniversário.
Sorrindo, Harry saiu da sala.
A noite foi longa para Harry, que ficou pensando na melhor maneira de fazer tudo que deveria fazer. Com a aparição de Snape, e as notícias de Hogwarts, o dever de matar Voldemort ficou cada vez mais nítido, e o temor de morrer, ou pior, deixar seus amigos morrerem nas mãos de seu pior inimigo, ficaram claras a noite inteira.
Quando se levantou, o quarto já estava vazio. “Rony já desceu”, foi o que pensou, quando o próprio entrou no quarto.
_Já tá acordado?
_Obrigado pelo bom-dia e pelo feliz aniversário.
_Ah, foi mal – respondeu levando a mão à cabeça – Parabéns – disse apertando a mão do amigo – Ah, me dá um abraço, vai – continuou, agora abraçando Harry.
_Olha que cena comovente, Hermione – Gina e Hermione estavam paradas na porta aberta – Nossa, Harry! Como você tá forte! – Gina já havia tirado Rony de perto da cama, e observava Harry com olhos gulosos – Ah, mas antes – aproximou-se e deu-lhe um beijo bem próximo aos lábios, o que fez o garoto ficar um pouco sem graça – Parabéns.
_Parabéns, Harry! – falou Hermione, chegando bem perto para dar-lhe um abraço.
_Obrigado, obrigado,...- disse fazendo reverência – Agora, se vocês puderem me dar licença, eu estou semi-nu, debaixo das cobertas, portanto... – continuou, indicando a porta.
_Eu não ficaria triste de ver você nesta situação, mas já que você prefere ficar só... – respondeu Gina, saindo do quarto com Hermione. Rony, que estava sentado na beira da outra cama, o olhava diferente.
_Ih...Que foi que você está me olhando com essa cara? Vai gostar de me ver semi-nu, também?
_Tá me estranhando, rapaz? – disse levantando-se – Eu estava é me perguntando se agora você pode me dizer o que meu pai queria com você ontem.
_Não me faça falar sobre isso antes de eu começar o dia do meu aniversário, por favor – respondeu o outro, levantando-se também, e indo a direção ao armário onde estavam suas roupas.
Quando se olhou no espelho viu que todos os esforços que havia feito, estavam dando resultado. Ministrando a poção da força física (perfeitamente preparada por Hermione), comendo mais e fazendo exercícios todo dia, já não era mais o garoto mirrado que era dois meses antes. Havia ganhado corpo, além de estar maior que Rony. Agora, já era um garoto digno de dar a surra que deu em Duda, no dia anterior.
_É... – começou Rony – A Gina tem razão. Você tá bem mais forte. Como é que você conseguiu isso em menos de dois meses?
_Como? – agora havia lembrado: não contara ao amigo que havia pedido à Hermione que fizesse a poção, já na intenção de dar a surra em Duda – Um dia eu te conto- respondeu, colocando um short, e deitando-se para fazer abdominais.
_Vai fazer isso sem comer antes?
_Já estou acostumado. Hoje que você está vendo, né? Já estou fazendo isso há mais de um mês, como você mesmo disse. Aliás,... Por que você falou dois meses?
_É o tempo que você levou de ser desnutrido a supernutrido. Lembra-se que há dois meses ainda estávamos em Hogwarts?
_É verdade – respondeu, lembrando com uma pontada no coração o que havia ocorrido dois meses antes – Olha, se você quiser descer... – pausou para continuar a fazer os exercícios – Pode ir... Que quando eu terminar aqui... Eu ainda vou tomar banho...
_Tá, então eu vou descer.
Rony desceu, deixando Harry com seus pensamentos. Quando o garoto terminou, tomou banho, e desceu. Chegando à cozinha, viu todos, exceto o Sr. Weasley, sentados à mesa tomando um café-da-manhã excepcional. Quando o viu. Sra. Weasley tomou-o nos braços e, lhe desejando feliz aniversário, fez com que sentasse à mesa também.
_Cadê o Fred e o Jorge? – perguntou Harry, sentindo falta dos gêmeos.
_Saíram cedo para trabalhar – respondeu a animadíssima Sra. Weasley. Parecia que o aniversário de Harry a havia contagiado com uma alegria incomum, nesses tempos.
Comeram bastante, e ao final, Sra. Weasley pediu para falar com Harry. Hermione e Rony se demoraram também, mas ela não fez objeção.
_É só pra dizer que todos falaram que vêm hoje aqui. Vamos fazer uma festa pra você. Aliás, vamos fazer a festa. Não é toda hora que se faz dezessete anos, não é mesmo? – e com essas palavras, virou-se para terminar seus afazeres domésticos, enquanto o trio saía aos jardins.
_Harry – começou Hermione quando já tinham saído do campo de audição de todos – Eu sei que é seu aniversário, mas me responda uma coisa.
_Já sei o quê é – disse Harry encarando a amiga – O quê o Sr. Weasley queria comigo ontem à noite. Acertei
_Não exatamente – disse a menina, com um sorriso malicioso no rosto – Eu iria perguntar o que o Sr. Weasley falou com você ontem é algo para se preocupar.
_Não exatamente – respondeu o garoto rindo – Bom... É melhor dizer de uma vez – e começou a contar toda a história, inclusive de que teriam de voltar a Hogwarts.
_Mas isso atrasa os planos, né? – perguntou Rony ao amigo.
_Eu não sei de que plano você está falando. Eu nem sei por onde vamos começar a procurar. Aliás, não era nem pra eu estar dizendo “vamos”. O dever é meu. Só meu.
_Ah, não começa de novo, Harry – ralhou Hermione. Já haviam discutido o assunto milhões de vezes desde que chegaram de Hogwarts – Nós já dissemos que vamos aonde você for.
_É isso aí. A gente sempre ficou junto e não vai ser agora que vamos nos separar – concordou Rony.
_É lindo ver vocês dizendo isso. Eu fico muito comovido com a amizade de vocês, mas acho que vocês ainda não entenderam contra que nós vamos lutar. Tá vendo? Até eu já estou dizendo “vamos” de tanto vocês insistirem nesse assunto.
_ Nós entendemos sim, Harry. Você é que não está entendendo. O Sr. Weasley não falou em marcar uma reunião da Ordem? Então – disse Hermione abaixando a voz – talvez se nós tivermos ajuda, não seja tão...
_Difícil? – arriscou Rony.
_Não era a palavra que eu iria usar. Acho que a palavra certa é “complicado”.
_Pois eu não acho. Ou melhor, tenho certeza de que não será. Voldemort... Ah pelo amor de Deus, Rony! Você já devia ter acostumado! Mas como eu ia dizendo, Voldemort não é a criatura mais previsível do mundo. E se tem alguém que não podemos subestimar, é ele. Me escute, Hermione. Nós não podemos deixar que ele mande pro ce mais pessoas. Eu não posso arriscar a vida de vocês. São meus melhores amigos! São a minha...Família.
_Harry, você está sendo egoísta. Nós devemos morrer por você, e não o contrário. Se for necessário der minha vida para você sobreviver e matar Voldemort, eu morrerei. Não se esqueça que seu pai, sua mãe, Sirius e Dumbledore já morreram por você. Você não pode deixar sua vida ir embora e mergulhar o planeta no breu profundo só porque você não quer que eu e Rony morramos. É loucura! Só você pode deter Voldemort. E nós vamos fazer qualquer coisa para que isso ocorra.
_ Ela tá certa, Harry. Nós vamos com você de qualquer jeito. Por mais que isso possa ser perigoso.
_OK. Vocês venceram – disse Harry. Tudo que Hermione o disse havia o comovido, mas não o convencido de que eles poderiam ir com ele. Há dois anos, já tinha arriscado a vida deles e de mais pessoas ao ir até ao Departamento de Mistérios, atrás de Sirius, o que na verdade era um pensamento colocado por Voldemort na cabeça dele, que acabou gerando a morte de Sirius.
_Você fará o Voto Perpétuo? – perguntou Hermione.
_Quê?- assusto-se Harry
_Você fará o Voto Perpétuo? – repetiu a menina.
_Você pode confiar...
_Você fará o Voto Perpétuo, Harry? – tornou a repetir, agora com uma voz muito séria, como jamais Harry havia visto a amiga falar.
_Tá bom. Eu faço.
Os dois se ajoelharam um em frente ao outro com as mãos direitas dadas.
_Rony, você vai ser o Avalista – ordenou Hermione.
Rony pegou a varinha, e colocou-a sobre as mãos dos dois.
_Harry, você promete que vai levar a mim e a Rony com você na busca pelas Horcruxes?
Harry titubeou, mas disse:
_Prometo.
Uma labareda saiu da ponta da varinha e circundou as mãos unidas.
_Você irá nos levar na briga contra Voldemort e seus Comensais da Morte?
_Prometo.
Outra língua de fogo apareceu e circundou novamente as mãos dos amigos.
_Você promete, que independentemente da situação, se eu ou Rony precisarmos morrer por você para que vice cumpra sua missão, você não se intrometerá?
Harry ficou apreensivo, mas por fim disse:
_Prometo.
Com isso, outra labareda apareceu e envolveu as outras duas.
_Vocês fizeram isso? – perguntou uma voz incrédula atrás de Rony. Estavam todos tão concentrados, que ninguém notou a presença de Remo Lupin atrás deles.
_Fizemos – responde Hermione com a voz firme, sendo ajudada por Harry a se levantar.
_Bom...Então é melhor nós entrarmos. Ainda bem que sua mãe não viu isso Rony. Ela não iria ficar muito feliz com isso – e dizendo isso abraçou os três, que agora já estavam do seu tamanho, e rumaram para a porta da cozinha.
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