Lembranças
Milhares de ruas em Londres, milhares, e em uma delas, uma mulher grávida, numa Praça da Rua Largo Grimmauld, olhando as estrelas. Era jovem, tinha cabelos loiros com cachos grandes e definidos, olhos castanhos e um nariz de fada. Era tarde, parecia ser meia noite, a jovem levantou-se e se encaminhou a casa número vinte. Bocejou, e foi de vagar. Abriu a porta e entrou.
-Ah, ele dormiu de novo com a tevê ligada... - disse ela quando entrou e se deparou comum senhor deitado no sofá da sala que tinha uma estante bem grande de madeira na frente com a tevê ligada ao centro.
A casa parecia ser de uma pessoa de classe média.
A menina subiu por uma escada de mármore escuro e um corrimão de madeira e entrou numa porta que ficava no fim da escada. Era seu quarto. Tinha uma escrivaninha com papéis desarrumados, uma cama à sua frente com uma mesa-de-cabeceira ao lado. Do lado oposto do travesseiro ficava um grande armário.
Ela entrou ascendeu a luz, abriu o armário, ligeiramente desarrumado, pegou um pijama e se trocou. Pegou um livro do meio da bagunça, abriu-o numa página marcada e deitou-se na cama. Ficou um bom tempo lendo, até que o remarcou, virou-se e adormeceu.
-Bom dia filha! Levante-se! Hoje saberemos o sexo do seu bebê! – disse o senhor que estivera dormindo na sala.
-Ah, bom dia papai. Você já fez o café da manhã? – indagou a menina sentando-se na cama.
-Já sim. Vamos, levante. – e estendeu os braços para ajudar a filha.
Os dois desceram atravessaram a sala e chegaram à cozinha. Uma mesa com duas cadeiras de cada lado na frente de Um armário e uma geladeira ao lado da pia que ficava na parede oposta ao armário, e ao fundo, uma janela, bem grande, por onde entrava sol.
Um lindo café da manhã posta à mesa. Os dois se sentaram, comeram e conversaram. Quando terminaram de comer, atravessaram novamente a sala saíram de casa e entraram em um carro vinho e pequeno.
Bom dia. Qual é a consulta? – perguntou a recepcionista quando eles chegaram ao consultório.
-É com o doutor Jack, Jack Perken. Mau nome é William Strongh e ela chama Diana, minha filha. Viemos para a consulta das onze horas, ultra-som.
Claro. Sentem-se. Quando chegar a hora de vocês entrarem eu os chamo. – respondeu a mulher.
Eles se sentarem e esperaram por uns dez minutos. Diana já não estava mais agüentando de tanta ansiedade.
-Bom dia Diana, bom dia Will. Vejo que estão em ótima forma! – disse o doutor ao entrarem em sua sala.
-Bom dia. Sim estamos muito bem, e você? - respondeu Will.
Sim estou ótimo – disse Jack. – Então, vamos começas Diana?
-Vamos sim! Estou morrendo de vontade de saber se será uma menininha ou um menininho! –respondeu a jovem, que aparentava uma criança na véspera do natal.
-Deite-se aqui. – disse o doutor mostrando uma espécie de cama da couro forrada com um papel branco.
Diana se deitou, o médico passou um gel azul na sua barriga e começou a examiná-la com o ultra-som.
-Olha, consegue ver o bebê? – perguntou o Sr. Perken apontando para uma televisão onde mostrava o interior da barriga de Diana.
-Que bonitinho este vendo papai!? – Perguntou a menina muito animada.
- Estou sim filha – respondeu seu pai se animando.
- Deixa-me ver... – disse o médico examinando a imagem e outros aparelhos. – É uma menina! – disse o sorridente médico.
-Uma menina! Que bom! – disse Diana ainda mais animada.
Eles saíram depois de conversar um pouco com o doutor. Diana falando vários nomes de menina, animadíssima.
Chegaram a casa e almoçaram. Diana não se continha, não parava da falar nomes e como seria sua filha, o que não dizia era o que pensara na noite anterior.
Nesse mesmo dia, jantou, e foi novamente para a praça. Por que ela estava ali?No que pensava a jovem grávida?
Uma lágrima caiu de seus olhos refletindo as luzes da praça. “Uma menina querido, uma menina” falou aquela que agora chorava, numa voz rouca “Que nome dar? Já pensei em vários” não falava consigo, falava como se não estivesse sozinha “Diana... Liana! Não, não, parecido demais. Li... Li... Lílian! É ótimo!” a menina enxugou as lágrimas do rosto, fez um carinho na barriga e falou: “Minha pequena Lílian. Seu pai gostaria do nome” levantou-se e foi para casa.
- Vamos filha, temos que ver se seu bebê está pronto para o parto! – disse o Sr. Strongh.
-Ah papai, estou apenas com oito meses – respondeu Diana.
-Só oito meses!? Falta um mês para essa menina nascer! – assustou-se o velho.
-Ta bom, vamos. – disse a menina se levantando com dificuldade, mesmo seu pai ajudando.
Foram ao médico e a pequena Lílian estava prontinha pra nascer, só mais um mês e a menininha deixaria o interior de sua mãe.
Diana já não podia mais sair para ir se mergulhar em suas lembranças na Praça da Rua Largo Grimmauld, sua filhinha, mesmo com um ano, ainda chorava à noite pedindo para alimentarem-na e para que a limpassem. A jovem mãe queria apenas o bem estar de sua melhor lembrança de seu amado. Tinha dó de seu pai que nesse último ano tinha se sobrecarregado para ajudar a filhar impossibilitada e atenciosa.
Com seis anos Lílian estava indo pela primeira vez à escola, a menina era igual a mãe, a não ser os olhos que eram verdes e chamativos. Aquela menininha agora dava tchau a sua mãe que, mesmo com vinte e quatro anos aparentava trinta.
-Oi mamãe! – falou a pequena menina.
-Oi querida, como foi o primeiro dia de aula? – perguntou a mãe.
-Eu adorei vir para a escola. Você sabia que eu sou a única que sabe ler e escrever? – disse Lílian animada.
-Ainda bem que mamãe te ensinou, não é?
-É – concordou a criança sorridente.
-Vamos Lílian, vovô está esperando.
As duas, muito parecidas, voltaram para casa para encontrar o avô.
Em um fim de semana, quando Diana entrou no quarto deparou-se com sua filha sentada no chão mexendo em cartas com uma caixa jogada ao lado.
-Lílian, como você pegou a caixa de cima do armário? – perguntou a mãe. – Eu escutei um barulho você se machucou?
-Não, mamãe. Eu estava olhando a caixa e fiquei curiosa para saber o que tinha nela e por que estava em cima do armário. Daí ela caiu.
-Venha querida vamos para cama. Amanhã você tem aula. – disse a jovem adulta, guardando as coisas, assustada.
“Como Lílian conseguira derrubar a caixa?” Pensava Diana.
Esta não foi a primeira vez que a filha tentara ler aqueles pergaminhos.
Lílian já era uma menina de nove anos, não mudo muito, apenas cresceu e aparenta ser mais velha.
Diana chamou-a para sentar-se com ela no sofá da sala. Queria ter uma conversa séria.
-Bem, filha, acho que você já é suficientemente grande para eu explicar o que você sempre quis saber, explicar aquelas cartas.
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