Alguma Coisas Nunca Mudam
CAPÍTULO VII. ALGUMAS COISAS NUNCA MUDAM
Calmaria e felicidade decorreram após a seleção dos seus filhos para as suas casas em Hogwarts. Tudo estava muito bem... Pelo menos até Amélia estar numa classe vazia, esperando pelos alunos para que finalmente acontecesse a sua primeira aula.
A verdade é que ela nunca tinha pensado em ensinar alguma coisa... O mais próximo que ela já chegara de uma sala de aula foi quando deu lições de maldade para aurores... Mas, mesmo assim, isso fora há muito e por pouco tempo.
Minerva McGonagall, numa das reuniões do corpo docente antes de começar as aulas, semanas atrás, dissera a ela que alunos eram como aurores teimosos: Amélia só deveria agir como no passado, e nunca teria problemas.
Bom, talvez fosse uma boa idéia ser um pouco menos grossa.
Antes que os alunos entrassem, porém, a porta da sua sala se abriu para que Elizabeth Thompson, sorridente, viesse desejar-lhe boa sorte.
- Bom dia! Você não estava no café!
Amélia sorriu, simpática.
- Nervosa.
- Não fique! É a minha primeira vez também... mas acho que não tem como ser tão difícil como pensamos. Vim só para ver se você estava bem e, como parece estar... Tchau!
E deixou a sala.
Definitivamente, Elizabeth era uma mulher estranha... Nada tirava da cabeça de Amélia que tinha algo de errado com aquela mulher... Mas, ainda assim, era simpática, do seu próprio jeito peculiar, e o mais próximo de uma amiga que Amélia poderia ter em Hogwarts.
Ela suspirou, dando mais uma olhada rápida na lista de chamada.
Por volta de cinco minutos de espera depois, uma verdadeira multidão de alunos entrou.
Amélia, de repente, viu-se em pânico.
Eles eram:
Barulhentos.
Assustadores.
Barulhentos.
Adolescentes.
Barulhentos.
Ela respirou fundo várias vezes.
‘É só crianças, Amélia... Você é mais que eles!’
- Err... por favor...
Mas eles nem tomaram conhecimento da sua presença.
- Por fav---
Então, ela se levantou.
‘Eles são aurores.’
- SILÊNCIO!
Ela quase riu quando viu que ainda impunha alguma moral.
Com os ânimos renovados, Amélia começou a se imaginar dentro do seu quartel general no ministério.
- SENTEM-SE! ANOS DE VIDA, E VOCÊS AINDA NÃO APRENDERAM O SIGNIFICADO DA PALAVRA DISCIPLINA?
Agora, sim, estavam todos sentados, quietos, e com os olhos fixados em Amélia.
Ela quase se sentia novamente A Assassina... se bem que, agora, estava mais para A Professora.
- Eu estou aqui para ensinar a vocês tudo o que eu sei de Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu não vou hesitar em reprovar qualquer um que não atinja as médias e, acreditem, eu vou cobrar muito. Minhas provas serão difíceis e eu vou cobrar além do que eu ensinar.
Um muxoxo foi ouvido.
- SILÊNCIO! Eu não permitirei que vocês sequer respirem alto nessa sala! Nem que conversem por sinais, pergaminho, ou qualquer meio de comunicação parecido. No momento em que vocês entrarem por aquela porta, só falarão quando eu mandar, ENTENDIDO!
Silêncio.
Amélia se apoiou na mesa e olhou para os alunos ameaçadoramente.
- Eu perguntei: ENTENDIDO?
E todos disseram, juntos.
- SIM, PROFESSORA McROUGH!
- Muito bem – ela sorriu e voltou a sentar-se em sua cadeira, apoiando os cotovelos na mesa. – Não vou querer gracinhas ou brigas entre salas. Atenção total. E isso tem um motivo: Se vocês ainda não perceberam, tem uma guerra grande acontecendo lá fora e, se até Dumbledore morreu, o que faz pensar que vocês não morrerão?
Agora eles pareciam apavorados.
- Vocês acham que sempre terá alguém para defender vocês? Não queridos. É cada um por si! E fiquem felizes que alguém se prontificou a ensinar um pouco de Artes das Trevas para vocês.
Uma menina com cara de abusada no fundo da sala levantou a mão.
- Quem é você?
- Louise Grey.
- Espero que seja importante, senhorita Grey, pois odeio interrupções.
- A senhora não deveria nos ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas?
- Você pretende aprender a se defender de algo que você não conhece?
- Até onde eu sei, a senhora teria que trabalhar na Durmstrang, para ensinar Artes das Trevas. Em hogwarts está proibido.
A menina deu sorriso tão sarcástico que Amélia quase viu o seu espelho quando tinha a idade dela.
Fechou os olhos e respirou fundo, tentando não rir por ter se reconhecido.
‘Merlin, eu era uma aluna muito chata!’
A partir daquele momento, Amélia sabia que teria problemas com aquela menina.
- Quem proibiu?
- Dumbledore.
- Bom, ele está morto! Agora cale a boca que eu quero começar a minha aula.
Não foi com muita satisfação que, alguns dias depois, Amélia soube que tinha recebido o título de versão feminina de Snape.
XxXxXxX
As duas primeiras semanas de aula passaram rápido. E hoje era o dia de Amélia finalmente se encontrar com Snape.
Tudo já estava acertado para ela deixar Hogwarts sem chamar a atenção de ninguém e caminhar até a mínima viela de Hogsmeade onde ocorrera o primeiro encontro dos dois em muito tempo.
Apenas uma coisa a segurava em Hogwarts: Duas semanas, e ela não tinha ainda encontrado coragem de falar do encontro para Minerva McGonagall.
Mas, obviamente, aquilo não podia mais ser adiado.
Amélia suspirou, enquanto a escadaria de pedra a levava até a sala aberta, onde a nova diretora de Hogwarts apenas olhava para o retrato adormecido de Alvo Dumbledore.
Tentou sorrir.
- Minerva, temos que conversar.
Ela acenou para que Amélia se sentasse.
Ao fazê-lo, ela disse, de uma vez só.
- É sobre Severo. Nós nos encontramos.
Uma ruga se formou na testa da velha senhora, embora ela tentasse manter no rosto certa serenidade.
- Isso foi imprudente. Se ele foi poderoso o suficiente para enganar Alvo, para matá-lo... Eu não quero saber o que ele pode fazer com você.
- Eu garanto que, comigo, ele não vai fazer nada... Mas, Minerva, eu sei que há algo de errado nessa história... Ele me pediu para falar com você, sobre o encontro.
- Ele pediu para você me falar que se encontraram?
- E que vamos nos encontrar novamente.
- E o que você acha disso?
Amélia suspirou, tentando incorporar a mulher fria e imparcial que um dia fora.
- Eu acho que ele vai dizer que é, de alguma forma, inocente. E vai tentar me fazer lhe convencer disso, talvez me colocar na Ordem da Fênix... Para tentar conseguir informações através de mim, usando a confiança que eu tinha nele.
Minerva assentiu.
- E o que você vai fazer sobre isso?
- Um dia ele foi agente duplo, espionando Dumbledore para você-sabe-quem. Eu acho que posso fazer a mesma coisa. Eu posso mandar informações falsas de dentro da Ordem para ele, para atrapalhar os seus planos.
- Mas você sabe que isso significaria a sua entrada para a guerra, não?
- Sei. E eu não queria isso. Mas eu acho que não consigo ficar longe da ação quando me encontro com ela, certo? – tentou sorrir. – Algumas coisas nunca mudam. Contanto que eu não tenha que matar, torturar ou fazer qualquer coisa que deixe meus filhos embaraçados, eu estou dentro.
- Você vai ser de grande ajuda, Amélia. Quando vocês vão se encontrar de novo?
- Na verdade, agora.
XxXxXxX
Em tempos de guerra, ninguém ousava sair de casa após o anoitecer.
Dessa forma, as ruas desertas de Hogsmeade viam apenas uma figura encapuzada, que andava rápido, olhando de um lado para o outro, certificando-se de que não era vista.
Seu coração estava aos pulos quando chegou à viela.
Entrou.
Estava escuro. Estava vazio. Estava silencioso.
Amélia odiava admitir, mas estava com medo.
Um estalo atrás dela a assustou, e ela nem teve tempo de gritar, ou reagir contra a mão que se apossou da sua cintura e aparatou.
Quando deu por si, estava nos fundos de um bar desconhecido.
Virou-se para ver o rosto de Severo Snape bem próximo do seu.
- De novo, você me assustou!
- Não sei se você se lembra, Amélia, mas todos os bruxos do mundo estão me procurando. Não seria muito prudente passar muito tempo em terreno inimigo. Cale a boca e me siga.
Ela bufou e crispou os lábios, enquanto Snape segurava a sua mão e a encaminhava até o interior o local.
Era sujo, era feio, e ela pôde identificar pelo menos três Comensais da Morte procurados logo na primeira olhada no estabelecimento.
Impulsivamente, ela apertou a mão dele, sentindo-se mais segura.
- Boa noite, Avery.
- Snape! Quanto tempo. A sua mesa está desocupada.
O homem apontou para uma mesa no canto do estabelecimento, para onde Snape a levou.
A mesa era ligeiramente escondida, o que deixava Amélia menos insegura. A bebida já estava lá encima: uma garrafa de uísque.
Ele fez menção de servir Amélia, mas ela recusou.
- Hoje em dia, a bebida mais forte que eu tomo é vinho.
Snape a olhou por um momento... daquele jeito que fazia o coração dela disparar, as suas mãos estremecerem e a boca secar.
- Você mudou.
- Eu cresci.
Ele assentiu, sem tirar os olhos dela.
- Que seja vinho, então.
Com um menear da varinha, a bebida âmbar se tornou vinho. Ele a serviu.
Amélia sorveu um pequeno gole, enquanto ele fazia o feitiço que inventara nos seus tempos de escola, abaffiato, que serviria para que os outros não ouvissem o que eles conversariam.
- Eu contei uma história para o Lorde que você vai ter que me ajudar a confirmar: Eu disse que nós voltamos a ter um caso, e que você vai me ajudar a pegar informações da Ordem.
Ela assentiu, tomando mais um pequeno gole de vinho.
- Por mim, finjo, enquanto estivermos nesse bar, que temos um caso.
- Você já deve imaginar que ele quer que você vá para o lado dele, não?
- Claro.
- Eu vou manter você o mais longe possível. – Snape deu um logo suspiro, bebendo o seu vinho rapidamente. – Amélia, eu estou me sentindo tão inútil, depois dos acontecimentos. E o certo seria aproveitar essa minha nova posição, a confiança que o Lorde agora deposita em mim, para ser mais e mais útil! Você tem que me ajudar a trabalhar!
- Espere! Eu não estou entendendo... útil?
Ele a olhou profundamente.
Aproximou-se.
- Amélia, você não acredita realmente que eu seja culpado, acredita?
XxXxXxX
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