Eu Te Amo



CAPÍTULO XXVIII. EU TE AMO

- Ela não quis se casar comigo. Ela me rejeitou. Pensou que fosse apenas um meio de chegar à mansão.

- E não seria?

Ele passou um tempo em silêncio, como se considerasse. O coração de Amélia estava aos pulos.

- Acho que... não.

Ela mordeu o lábio.

- De qualquer forma, se ela não casar, nós podemos encontrar uma outra candidata fácil, fácil. Sabe, muitas mulheres querem ser ricas, hoje em dia! E podemos encontrar uma tão atraente quanto ela... Talvez mais.

- Não, Dr. Hilton.

- Mas claro que querem! Olha, eu prometo: essa casa vai ser sua!

- Dr. Hilton, eu não quero me casar com nenhuma outra mulher. Se não for Amélia, eu não caso.

Lágrimas que começavam a brotar.

- Mas... Severo, você realmente ama essa garota?

- Isso não é da sua conta. A única coisa que interessa é que, no momento, a única mulher com quem eu de bom grado passaria o resto da minha vida, é ela.

Uma lágrima caiu.

'Ele me ama!'

Escutou passos vindos em sua direção. A porta se abriu. Severo se sobressaltou ao vê-la parada, na porta.

- Mia!

Ela ficou calada. Não sabia o que falar. Travou.

Os olhos dele ficaram escuros.

- Você estava escutando?

Ela suspirou... e, para a surpresa de Severo, o puxou para um beijo.

Um beijo que não foi negado.

Um beijo que não cessou... O que era bem incomum para a situação: O pai dele tinha acabado de morrer, e os dois simplesmente não se largavam, em público.

- Severo! – A irmã dele, que acabara de subir as escadas, o recriminou.

Mas ele não deu ouvido. Agarrou a cintura de Amélia com mais força. Ela gemeu. Começou a guiá-la para o quarto maior, sem se importa no que as pessoas pensariam dessa atitude, que chegava a ser até desrespeitosa ao clima de luto da casa.

Os dois chegaram ao quarto. Ele a jogou na cama. Como um animal, arrancou as suas vestes negras e a camisa branca, deixando a mostra o seu dorso definido pelas batalhas e mantido pelos exercícios sexuais dos dois.

Amélia se ajoelhou e sensualmente despiu a sua blusa. Ela usava um sutiã branco de renda, que não escondia absolutamente nada. Faminto, ele avançou sobre os seios dela, mas...

Mas uma coruja que chegou à janela quebrou a concentração dos dois.

Ela saiu de cima dele, bufando.

Severo rolou para o outro lado da cama, para encarar o teto. Exasperado, falou:

- É pra você!

Amélia se levantou, ajeitando o sutiã.

Abriu a janela para que a sua coruja entrasse. Era um pedaço muito pequeno de pergaminho que ela trazia.

Oi, Mia!

Considere-se de volta ao seu antigo posto junto ao exército bruxo Americano. Espero você de volta ainda hoje.

PS: Claro que eu me lembro de você!

PS2: A formalidade exagerada britânica contagiou você, foi?

Brian McRough.”

Amélia olhou da carta para o homem deitado na cama. Suspirou.

- Eu acho que já está na hora de voltarmos para casa.

Ele ergueu uma sobrancelha.

- Você não quer continuar?

Ela deu de ombros, tentando esconder a tristeza.

- Perdi o clima... Qualquer coisa, nós continuamos em casa.

XxXxXxX

Chegaram.

O apartamento pequeno que já tinha sido o palco de tantas alegrias para ela.

Merlin! Eu vou embora daqui? Dessa vida?’

Sentiu Severo tocar de leve em suas costas. A mão dele escorregou pela sua cintura... Arrepios. Desceu pelo seu ventre... Abriu o primeiro botão da saia.

Amélia suspirou.

Eu não posso acreditar que essa será a nossa última vez!’

Virou-se. Colocou os braços em volta do pescoço dele. Acariciou os cabelos na sua nuca. Ele se aproximou. Deixou os lábios bem próximos, mas sem nunca encostá-los. Ela ergueu mais um pouco o rosto, para que os lábios entreabertos se aproximassem ainda mais. Por alguns segundos, que pareceram uma eternidade, os dois ficaram simplesmente assim...

Até que ele avançou sobre a boca dela com uma ferocidade animal.

Mas só por um momento. Amélia interrompeu tudo.

Hoje eu estou no comando’

Colocou as mãos no peito dele e o empurrou para o sofá. Ele caiu sentado, os olhos brilhando em antecipação.

Lentamente, Amélia começou a se despir... Peça por peça. Lentamente. Em movimentos sensuais... Até ficar completamente nua.

Ajoelhou-se sobre ele. Encostou os lábios... Ele tentou agarrá-la uma, duas, três vezes...

E fugia de cada investida...

O queria louco, explodindo...

Ele agarrou a cintura dela e a trouxe para o mais perto possível. Rapidamente, colocou a outra mão sobre a sua nuca, trazendo-a, finalmente, para um beijo. Tão invasivo... Tão apaixonante... Quase impossível de resistir. Quase.

Amélia colocou a cabeça para trás e tragou uma grande quantidade ar. Ele a olhou. Ela via desejo queimando nos olhos dele... Pegou as mãos de Severo que estavam apertando a sua cintura e as colocou para trás dele. Numa voz rouca e sensual, falou.

- Eu não vou ter que prendê-las, vou?

Ele riu. Tentou beijá-la... Mais ela fugiu mais uma vez.

Começou a desabotoar as vestes dele... Botão por botão. Bem lentamente. Enquanto beijava e mordia o pescoço dele... Ele suspirava.

Ao entrar em contato com a camisa branca que ele vestia, Amélia não teve tanta paciência como da primeira vez: rasgou-a, fazendo com que todos os botões voassem pela sala.

Ela se levantou. Pegou uma garrafa de Absinto abriu. Voltou para cima dele.

Tomou um longo gole... E derramou na boca de severo muito mais do que ele poderia engolir.

O líquido verde espalhou-se sobre o peito dele... E molhou as suas calças. Amélia começou a lamber todo o líquido... Beijando, mordiscando... Usando suas unhas para marcar os lugares que ela passava, marcar o seu território.

As suas mãos chegaram aos botões molhados da calça dele. O olhou. Os olhos deles espelhavam luxúria.

Ela passou a mão levemente por cima do...

Estava rígido. Muito rígido.

Ela olhou nos olhos dele, como se pedisse permissão.

Ele, com uma voz rouca, disse.

- Você quer me enlouquecer?

Riu.

Desceu do sofá, ajoelhou-se no chão. As mãos hábeis abriram gentilmente a calça dele... A cueca era tudo o que impedia agora... e ela tirou-a do caminho.

Ele gemeu.

Ela começou a alisar, passando a unha eventualmente. Ele jogou a cabeça para trás.

- Você é cruel.

Ela riu... E...

A respiração pesada e eventuais grunhidos dele invadiram o pequeno apartamento.

Por vários e logos minutos...

Depois de ter recebido prazer, Severo a levantou. Puxou-a para ficar na antiga posição... E todo plano de comando foi por água abaixo. Amélia se deixou facilmente seduzir.

Ele se levantou, levando-a consigo, com as pernas enlaçadas em seu quadril.

Livrou-se, no caminho, dos sapatos e da calça.

Abriu a porta do quarto feito um louco. Encostou-a à parede. Beijando-a, mordendo-a... Colocou a mão na...

Ela gemeu alto.

Ele continuou a estimulá-la, até que não pôde mais se segurar e...

Gritos.

Depois de um tempo num vai e vem ritmado, Severo a jogou na cama. E continuou, penetrando-a cada vez mais fundo, até que os dois atingiram o ápice juntos. E finalmente puderam descansar.

Severo rolou para o lado dele da cama. Amélia procurou lingeries para vestir... E se deitou novamente, já trazendo um maço de cigarros para os dois. Ela acendeu um.

É agora!’

Ela suspirou. O coração voltou a bater descompassado e a doer.

- Se lembra quando eu disse que ia embora?

Ele riu.

- Sim, e...?

- Eu estava falando sério.

Ele rolou e se debruçou sobre ela.

Dor.

- Como?

- Eu mandei uma carta para Brian... Lembra dele?

- O seu ex-noivo?

- Ele não era meu noivo. Ele me colocou de volta no exército... – o nó na garganta e a dor aumentando. – Eu volto para lá ainda hoje.

- Hoje!

Ele se levantou. Deu a volta na cama e se ajoelhou na frente de Amélia.

- Por que?

Força para segurar as lágrimas.

- Nós temos metas de vida diferentes... Os últimos dias deixaram isso bem claro. Eu não quero mais me atrasar. Você vai viver a sua vida, e eu vou viver a minha.

A respiração mais e mais acelerada, para conter o ímpeto de demonstrar a fraqueza.

Ele a olhou por um tempo. Depois voltou a ficar inexpressivo.

- Quando?

- Eu já vou sair.

Ele assentiu.

- Se essa é a sua escolha.

Me peça para ficar... Por favor, me peça pra ficar!’

- É exatamente isso o que eu quero.

Dor! Dor! Dor!

É tudo que eu quero! Me peça para ficar!’

- Então boa sorte. Feche a porta quando sair.

Amélia suspirou. E foi se vestir. Não disse mais uma palavra... E quando saiu, fechou a porta.

E se deixou chorar desesperadamente.

XxXxXxX

Eu Te Amo

Chico Buarque de Holanda

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás só fazendo de conta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

XxXxXxX

Quem não leu a letra GENIAL de Eu Te Amo, leia. É desesperadoramente linda, e combina perfeitamente com o momento. Dá até vontade de chorar! ç.ç

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