Uma Simples Receita de Família
CAPÍTULO XIII. UMA SIMPLES RECEITA DE FAMÍLIA
- Seu imbecil! Será que não vê que estamos ocupados aqui! Se quiser lutar, pegue a varinha e lute! Não fique aqui no meio como um imb...
Mas ela não pode completar a frase, pois uma dor imensurável atingiu o lado esquerdo da sua barriga, bem no baço. Ela suspendeu a respiração. Levou a mão até onde doía... Sentiu sangue e a varinha de Schwartz.
- Como quiser, capitã.
Ele sorria maliciosamente, enquanto o peito de Amélia arfava pela dor dilacerante.
Um pequeno feitiço, e a dor aumentou. Schwartz tirou a varinha da barriga de Amélia, deixando um pequeno rastro de sangue.
Com a voz fraca, ela disse.
- Filho de uma puta... O que você fez?
O sorriso se alargou.
- Acabei de dilacerar o seu baço. A morte virá logo, por perda de sangue.
Ela apertou os olhos e se deixou cair no chão. As pernas não a suportavam mais... E a dor... Era agonizante.
Mas ela não demonstraria isso. Não era dor suficiente para fraquejar.
Quando ela caiu no chão, Frank Longbotton se desconcentrou da missão.
- AMÉLIA! VOCÊ ESTÁ BEM?
- ATRÁS DE VOCÊ!
Foi o que ela respondeu, ficando satisfeita quando ele se virou a tempo de abater um comensal que estava pronto para azará-lo.
Passado alguns minutos, vários comensais estavam no chão. Schwartz tinha se juntado ao grupo dos aurores, que não tinham visto que ele atacara gravemente Amélia.
E ela... Ela estava deitada no chão, tremendo de frio por causa da perda de sangue.
Alice
se aproximou.
- Amélia? Como você está?
Respirou fundo.
- Morrendo. Alguma perda?
- Não.
- A missão perfeita! – Ela riu, apertando os olhos e gemendo. – Eu consegui! Talvez ainda dê pra me salvar. Quer que você me leve dir... OH, MERDA!
Amélia viu, vindo do céu, montados em vassouras, um número muito superior ao de aurores de comensais da morte. Com um grande esforço, Amélia se sentou, tentando ignorar a dor alucinante da barriga.
- RECUAR! LEVEM OS COMENSAIS! EXTRAIAM QUALQUER INFORMAÇÃO! – Ela aproximou o rosto de Alicie ao dela, puxando-a pelos cabelos. – Dimitri Halley é o melhor estrategista depois de mim. Contrate-o!
- Eu não vou te deixar aqui!
- EU VOU MORRER DE QUALQUER JEITO, ESTÚPIDA! FAÇA O QUE EU MANDEI, AINDA SOU SUA SUPERIOR! NÃO HÁ TEMPO! CORRA!
Alice ainda a olhou confusa, mas obedeceu.
Algumas pessoas começaram a deixar o abrigo. Amélia gritou.
- AINDA NÃO ACABOU! FIQUEM ONDE ESTÃO!
O silêncio tomou conta do local. Por segundos, apenas a respiração arfante pela dor dela foi ouvida. Mas então, vários comensais a rodearam. O último que chegou ficou no meio da roda.
Era o próprio Voldemort.
- Ora, ora ora... Quem diria? A funcionária queridinha do Ministério está aqui, pronta para ser executada!
Amélia corajosamente – ou estupidamente – se ergueu, encarando Voldemort mais propriamente.
'Calma, Amélia, medo só vai te atrapalhar agora! Aceite a morte e encare com cabeça erguida.'
Respirando com dificuldade, ela respondeu:
- Se você pensa que eu temo a morte, está muito enganado! Sabe, esse é mais um aspecto do meu treinamento que vocês, ingleses, jamais vão entender!
A curva no lábio dele formava um horrendo sorriso.
- Ora, entendemos sim! Nós, os comensais, somos exatamente como você, Assassina. Nós, ao contrário daqueles românticos, sabemos que há coisas mais valiosas que vidas!
- Quem lhe escuta falar assim pode pensar que você está me convidando para ser uma comensal.
Aproximou-se.
- Precisamente. Trabalhe para mim, e você terá poder, riqueza... Tudo que você quiser!
Abriu um sorriso, sentindo o gosto salgado do suor provindo de sua dor, que caiu da sua testa para os seus lábios.
- Eu já sou rica, obrigado! Poder... Eu posso conseguir com a minha lábia! E você tem um defeito imperdoável, Milorde!
- E qual seria?
- Você procura servos! – tragou o ar, sentindo o seu sangue se esvair cada vez mais rapidamente. – Eu não nasci para servir! – A dor em seus olhos ficou mais evidente, embora o seu sorriso tivesse se alargado. – E você cheira a túmulo!
Com essa Voldemort se enfureceu. Rangendo os dentes, perguntou pausadamente.
- Essa é a sua palavra final?
- Não! Minha palavra final é: Foda-se!
Ele deu uma volta que fez a sua longa capa esvoaçar. Gritou para os comensais:
- Torturem-na! Quem conseguir fazê-la desmaiar primeiro, ganha ela como prêmio!
Aterrorizada, embora não demonstrando, ela viu os comensais formarem uma fila, empolgadíssimos. Depois disso, foi uma sucessão de suplícios. Ela nunca imaginou que pudesse sentir tanta dor. Mas não gritou. Gritar era para os fracos. A cada vez que um comensal terminava um cruciatus, ela levantava o rosto e dizia "Você vai ter que fazer melhor que isso!".
Se dependesse da mente dela, da mente de Soldado dela, não desmaiaria jamais. Mas o corpo, simplesmente humano, não a deu esse luxo. Quase quinze minutos depois do início da tortura, ela sentiu tudo ficar negro.
XxXxXxX
A consciência foi voltando lentamente...
Estava faminta. Todo o corpo doía. Abriu os olhos. A luz do sol machucava-os. Ergueu a cabeça para olhar ao seu redor.
Estava numa cama macia, lençóis brancos, de algodão. Num quarto muito claro. Estava limpa também. Olhou por debaixo das cobertas. Estava nua. A região que tinha sido ferida carregava um curativo vermelho, empapado de tanto sangue.
Tentou se sentar, mas a dor no baço não deixou. Gemeu involuntariamente. Censurou-se por isso. Não deveria mostrar fraqueza nem quando só. Um homem entrou no quarto. Era Schwartz.
Resmungou.
- Filho de uma puta!
O homem sorriu, enquanto adentrava o quarto com alguns frascos nas mãos.
- Bom dia para você também, Amélia. Dormiu bem?
- Há quanto tempo eu estou aqui?
- Três dias.
- Porra.
- Que língua suja!
- Foda-se!
Ele balançou a cabeça, sentando-se na cama, ao lado dela.
- Mia, Mia, Mia... se lembre que eu sou o super-vilão aqui, logo é melhor que você fique quietinha e seja obediente. Eu estou até sendo bonzinho com você. Deveria estar mais que agradecida!
Ele puxou o lençol de Amélia. Ela não se importou. Nunca tivera problema nenhum com nudez. Schwartz puxou o curativo dela com força. Ela sentiu um espasmo dolorido, mas sufocou o grito. Ele não se importou. Pegou um frasco que continha um líquido viscoso esverdeado e atirou um bom tanto na região machucada.
Foi como se o ferimento estivesse queimando. Ela começou a respirar mais rapidamente. A gosma verde começou a borbulhar. Ela cerrou os dentes. Apertou os olhos. Fumaça estava saindo do corte. O cheiro de carne queimada infestou o ambiente. E então... parou.
Ela abriu os olhos e respirou aliviada. Ele a olhou, surpreso.
- Eu nunca vi ninguém passar por essa poção curativa sem sequer derramar uma lágrima.
- Então você só conheceu fracos. Quando eu disse no ministério que não chorava, eu estava falando sério.
Ele fechou o recipiente.
- Isso é triste, Amélia. Eu, que sou um comensal, sou mais humano que você.
Ela rolou os olhos. Já não agüentava mais ouvir o quão fria era.
- Como está o meu baço?
- Completamente reconstruído. Eu sei que não foi muito delicado da minha parte fazer aquilo, mas, você sabe, ordens do Mestre.
- Vocês sabiam? Da missão?
Ele sorriu espertamente.
- Eu me mantive informado.
'Os filhos da mãe não conseguem seguir ordens! Mais uma missão perdida por causa daqueles incompetentes!'
- Quem?
- Quem o que?
- Quem te contou?
- Não interessa. Você não vai sobreviver para acertar as contas com ele, de qualquer maneira.
Ele jogou mais uma vez a gosma verde em cima da ferida. Ela tragou uma boa quantidade de ar e suspendeu a respiração. E a dor parou. Respirou pesadamente.
- Que porra é isso?
- Receita da família. Minha mãe aplicava nos meus cortes para eu aprender a ter mais cuidado. Dói, não?
Ela sorriu, suando.
- Dói.
Ele guardou o ungüento e se sentou ao lado dela. Ela puxou o lençol para cima. Ele segurou a mão dela, impedindo-a.
- Eu estou com uma garota muito boa para mim, Amélia.
Ele soltou-a. Ela pode, então, cobrir-se.
- Parabéns! Ela sabe que você é um assassino frio e calculista que leva mocinhas indefesas para a sua casa onde você pode torturá-las com o ungüento maldito?
- Se você está perguntando se ela sabe que eu sou um comensal, a resposta é não... E eu espero que você tão tenha se referido a si quando falou de mocinhas indefesas.
Ela gargalhou.
- E por que você está me contando isso? Você quer conselhos sentimentais?
- Você seria a última pessoa a quem eu pediria isso. Mas o fato é: Eu não quero te estuprar.
Ergueu uma sobrancelha, ainda sarcástica, apesar da dor.
- E eu não quero ser estuprada por você. Ótimo! Temos um acordo!
- Seja uma boa menina e não me faça estuprar você.
- Uma boa menina?
- Querendo ou não, você é a minha escrava. Meu elfo doméstico – ele riu, venenoso. – Se você não me obedecer bem direitinho, vou te violentar, mesmo contra a minha vontade.
- Oh, coitadinho do homem fiel! Qual é a minha primeira tarefa, amo?
- Em fim aceitou servir alguém?
- Só até eu te matar.
- Sua primeira tarefa é ir a uma festa comigo, hoje à noite. É lógico que todos devem pensar que nós... Bom, você sabe.
- Eu sou toda sua, amo!
Ele deixou o quarto.
- Assassino miserável filho de uma puta!
Ela apertou levemente o ferimento. Estava bem menos dolorido. De fato, o remédio era eficaz. Levantou-se.
'Se aquele bastardo pensa que vai me manter aqui, está muito enganado. Ele que tente me fazer de escrava!'
Ela viu, em cima de uma cadeira, a roupa que estava na festa de Hogsmeade. A vestiu. Era melhor do que ficar nua. Viu numa mesa uma bandeja cheia de comida. Devorou. Passou a vasculhar o quarto.
Foi até as janelas. Parecia ser janelas normais, de madeira, com ferrolhos. Só que os ferrolhos não abriam. Ela tentou esmurrar. Bateu com o punho bem no centro da janela, mas não fez efeito. Esmurrou mais uma, duas, três vezes... Até seus punhos sangrarem. Não era madeira. Nem soava como madeira.
Ela desistiu. Rasgou um pedaço da barra do vestido e enrolou nos punhos cortados. Foi até a porta... que estava trancada. Chutes também não adiantavam de nada.
Ela se adiantou ao banheiro. Suspirou ao ver um espelho. Olhou-se demoradamente. Estava um horror. Tinha olheiras enormes, cortes no rosto. Seus cabelos, pela primeira vez em sua vida, assanhados.
Cerrou os punhos e esmurrou o espelho. Sangue espirrou da sua mão. Um pedaço enorme de vidro tinha entrado. Por pouco não cortou um tendão.
Ela cerrou os olhos e tirou lentamente o vidro, suspirando de alívio. Rearrumou o pedaço de pano que tinha usado para estancar o sangue. Pegou um pedaço grande e pontiagudo de vidro. Ficou atrás da porta do quarto.
Demorou uma hora até que ela ouvisse a porta sendo destrancada. O comensal entrou carregando uma bandeja de comida. Ela o agarrou por trás e encravou o vidro no pescoço dele, fazendo jorrar sangue por todo lugar.
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