Métodos Desaprovados



CAPÍTULO X. MÉTODOS DESAPROVADOS.

Amélia suspirou fundo.

Tinha muito respeito por aquele velho, mas não admitia ter um interrogatório interrompido. Ele sequer trabalhava no ministério, por que se meter?

Fez o máximo para manter a voz inalterada e calma.

Não queria desrespeitar o velho.

- O senhor não queria ver meus métodos? Aqui estão! Os mais eficazes!

O velho começou a se aproximar rapidamente de Amélia, a fúria era visível.

- O que eu acabei de ver é uma selvageria! Um ato desprezível, que só poderia ter sido ministrado por um ser sem coração!

Suspirou. Simplesmente não conseguiu conter seu gênio.

- Pois aqui está o seu ser sem coração! Nós estamos numa guerra, seu velho esclerosado! Ainda não entendeu isso!

Ela se ajoelhou próxima à prisioneira, que chorava e rezava em francês.

- Guarde suas rezas, francesa! Elas não vão ajudar você.

E quebrou o pescoço dela. Dumbledore se aproximou, ultrajado.

- Ela era um ser humano!

Riu, exasperada.

- E daí? Ela matou outros seres humanos, não?

- E você repetiu os erros dela!

- Eu não me importo! Eu já vou pro inferno mesmo, se é que tal lugar existe! Agora dá licença, que eu tenho mais o que fazer!

Perto da porta, o velho gritou.

- Você violou todos os direitos humanos!

Sequer se virou.

- Os direitos humanos que se fodam!

E saiu. Foi até a sala onde a equipe dela se concentrava. Muitas aurores choravam. Frank estava inconsolável. Amélia já chegou disparando:

- Eu não quero ver choro nessa sala! Chorar é uma fraqueza!

- Você não chora? – Frank perguntou, querendo continuar a discussão.

Sorriu, sinistra.

- Não! Eu aprendi a ser forte e não chorar no meu treinamento. Vocês deveriam ter aprendido isso.

- Eu não quero aprender isso! Não perderei a minha humanidade por uma guerra estúpida!

- Se essa guerra é estúpida, o que você faz aqui? Posso contar uma coisa a você? Foi a sua estúpida humanidade que matou o seu tão prezado amigo!

Vários começaram a cochichar. Ela se zangou. Estava na hora do sermão.

- CALADOS! Essa missão teria tudo para dar certo, se não fosse um pequeno detalhe: A grande e prezada humanidade de vocês!

"Como vocês foram idiotas a ponto de se deixar apavorar por alguns avadas? Que pegassem um bruxo qualquer e o usasse como escudo! E tem mais: Avada se paga com Avada! Por que diabos vocês não enfiaram vários jatos de luz verde no rabo daqueles filhos da puta antes que eles desaparatassem? Eu respondo! Porque vocês são fracos! Vocês são um bando de filhinhos da mamãe! Como eu pude me deixar ter um time como esse, Merlin!

"Vocês me decepcionaram! Eu estou profundamente desapontada com a falta de frieza de vocês! Isso aqui é uma guerra, se vocês ainda não se tocaram! Pessoas morrem em guerras! Sacrifícios são feitos! Se isso é uma verdade incontestável, por que aquele idiota cujo nome eu nem me lembro não pôde pegar uma bruxa e colocar na frente dele? Algum de vocês faria isso?

"E não venham me dizer que ele morreu para não matar um inocente! A cada um de nós que morre, dezenas de inocentes morrem juntos!

"Vocês são uma equipe de merda e eu envergonho de ser a cabeça desse grupo de covardes-de-coração-nobre. Todos dizem que a minha missão foi um sucesso, mas eu a classifico como um fracasso. Tudo culpa de vocês!

"E mais uma coisa! Eu não admito que meus subordinados levantem a voz comigo! Isso não é só para Longbotton. Se isso voltar a acontecer, eu vou torturar o infeliz e infernizar a vida dele até que deseje não ter nascido. Meu expediente está encerrado por hoje."

Ela foi direto para casa.

XxXxXxX

Jogou-se no sofá.

Talvez, agora, fosse uma ótima hora para aquele tipo de fumo ilegal que ela parou de usar há quase dois anos...

Mas não. O seu pequeno veneno verde seria melhor.

Pegou a garrafa de absinto e tomou uma dose dupla. Sentiu o líquido agir, a tranqüilizar. As mãos param de tremer de tanto nervoso.

Seus olhos pousaram, de relance, no relógio.

Faltavam dez minutos para as oito da noite.

Severo!’

Quase tinha se esquecido do encontro.

Estava cansada... Mas não o adiaria. Talvez ele pudesse até falar alguma coisa sobre o tal ataque mencionado pela francesa de Sirius no interrogatório.

Chegaria atrasada... Mas que se foda! Nem tinha fechado os seus cortes, ainda! E alguns estavam sangrando e doendo...

Severo que esperasse.

Levantou-se e tirou a roupa. Examinou-se demoradamente no espelho.

'Quase só cortes leves. Dá pra concertar tudo sem deixar uma cicatriz... Talvez eu deixe esse roxo no meu ombro...'

Em frente ao espelho, ela começou a fechar os cortes.

Foi no banheiro. Entrou na ducha quente. O sangue começou a escorrer pelo ralo. Ela deixou escapar um muxoxo.

'Será que eles se chocaram com a minha frieza? Se pelo menos soubessem quanta raiva eu sinto por aquele imbecil não ter se salvado... São todos imbecis. Humanistas imbecis. Nunca vão entender meus métodos aqui... O pior é que eu joguei toda a minha frustração em cima deles... Bom, pelo menos serei respeitada.'

Ela saiu do banho. Olhou o guarda-roupa.

Pegou uma calça larga.

Seus olhos pausaram num vestido preto.

'Brian que me perdoe, mas hoje eu necessito de uma boa dose de sexo animal.'

Pegou a pequena peça em veludo negro.

O vestiu, sem absolutamente nenhuma roupa íntima.

Com um menear da varinha, secou os cabelos. Vestiu uma bota.

Saiu.

XxXxXxX

Foi até o restaurante caminhando, estava se lixando se ia chegar muito atrasada... Queria apenas sentir a calma de um dia pacato no mundo dos trouxas. Carros deslizavam nas pistas... Jovens namoravam nas praças... E ela, apenas tentando pôr os seus pensamentos em ordem.

A relação com Brian, depois de hoje, ficaria abalada... Talvez até acabasse. Mas ela realmente precisava desopilar! Esquecer o que tinha se passado...

E Severo, na última vez q eles se viram, mostrou que era muito capaz de fazer isso.

E, além do mais, a sua relação com Brian já estava condenada desde o dia anterior, quando ela e Severo quase fizeram sexo. Aliás, antes! Estava condenada desde que ele inventara de pedi-la em casamento!

Sim, ele foi quem arruinou o namoro!

Já se sentindo melhor, ela chegou ao restaurante onde Severo deveria estar.

'Famiglia Carnaggi Ristorante – comida italiana, certamente. Boa escolha.'

Ela entrou, despertando olhares dos poucos clientes que apreciavam uma massa naquele restaurante. Na mesa do centro, Severo Snape levantou a taça de vinho que trazia, saudando-a. Ela sorriu e foi até lá.

- Estou muito atrasada?

- Sim, na verdade. – examinou-a – Mas valeu a pena esperar. Vinho?

- Por favor.

Ela foi servida de uma taça cheia de vinho tinto. Um dos melhores vinhos que ela já tinha experimentado.

- Humm.. Delicioso!

- Eu sei. Mais deliciosa ainda é a comida daqui.

Um ambiente agradabilíssimo, uma música maravilhosa, um vinho delicioso e um gnocchi divino. Foi a combinação que Amélia estava pedindo a Deus para pôr fim no seu dia indigesto.

Ele já estava pagando pelo jantar quando perguntou:

- E o seu noivo? Teve notícias dele?

Ela sorriu.

- Não. Sabe, eu acho que ele também não está muito empolgado com essa história de casamento.

Ele se calou por um tempo.

A olhou, com cuidado.

- É muito perigoso deixar uma mulher tão bonita assim sozinha. Ainda mais se ela for ninfomaníaca.

Amélia ergueu uma sobrancelha.

- Perigoso?

- Sim, quer dizer, há quanto tempo você não faz sexo?

Sorriu.

- Quase um mês.

Ele sorriu – ou melhor, o canto da sua boca se curvou.

- Deve estar subindo pelas paredes, então.

Ela o olhou maliciosamente.

- De fato.

- Pelo seu olhar, você está querendo...

- De fato.

Ele se levantou quase imediatamente. Segurou a mão de Amélia.

- Vamos ao meu apartamento?

- Pensei que não ia convidar nunca.

XxXxXxX

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