Ascensão e Queda de uma Assass
CAPÍTULO II. - ASCENSÃO DE UMA ASSASSINA
O Ministério de Magia britânico. Talvez o lugar onde a maioria dos bruxos na idade dela, recém-formados como ela, gostariam de estar... Mas ela, no momento, estava achando aquilo muito parecido com a idéia que ela tinha de inferno.
O falatório era ávido. Pessoas corriam de um lado para o outro. O caos era total.
E ela adoraria, se não fosse pela sua enorme enxaqueca, fruto da ressaca.
Amélia rolou os olhos, enquanto o pai cumprimentava quase todos naquele recinto.
As roupas despojadas e os cabelos mal-penteados revelavam que ela não trabalhava ali... E, tampouco, jamais se encaixaria.
Um homem de semblante preocupado aproximou-se dela e de Albert Lair.
- Senhor Lair. É um prazer te encontrar. Quem é essa jovem adorável que te acompanha?
- Essa é a minha filha, Amélia Lair.
- Encantado – estendeu-lhe a mão.
Amélia examinou o homem. E então cruzou os braços e sorriu sarcasticamente.
- Tecnicamente, nós ainda não fomos apresentados. Tanto que não faço idéia de qual seja o seu nome. Portanto, o seu “encantado” foi completamente inapropriado.
O pai de Amélia mordeu o lábio, enquanto o homem fazia uma terrível carranca. Secamente, ele respondeu.
- Clive Basile, ministro da magia.
Ela ergueu uma sobrancelha. O seu sorriso infame se alargou.
- Amélia Lair, porra nenhuma.
- Desempregada então.
- Recém-formada, eu diria.
Olhares gélidos e silenciosos foram trocados, então. Olhares que só se quebraram com a chegada de dois homens agitados.
- Ministro, o Comensal não quer falar! – O primeiro, um ruivo sardento, falou.
O Ministro apenas rolou os olhos.
- Apenas dê a poção da verdade para ele, seus incompetentes!
O segundo, loiro magricela, tremeu ao falar.
- Mas nós já fizemos isso! Ele não fala!
- Obviamente vocês não fizeram direito! Ninguém resiste ao Veritasserum!
Amélia bufou. Com a cabeça latejando de dor, ela decidiu terminar logo o impasse e calar aqueles três.
- O senhor está mal informado, Ministro! – A confusão cessou e todos olharam a deram atenção – De fato não é possível mentir sob influencia do Veritasserum. Mas, se for bem treinado, a pessoa pode simplesmente não falar. Simples, não?
- Simples, e errado srta Lair! – o ministro bradou.
Amélia sentiu o sangue subir para a cabeça, de raiva.
- Errado? Eu resisto ao Veritasserum, seu idiota! Pode me dar qualquer quantidade! Faz três anos que sou treinada para ser resistente!
Basile considerou por um tempo. Amélia se acalmou um pouco e sorriu, falsa e maliciosamente.
- Por um bom pagamento eu posso fazê-lo falar.
- Mas – o auror disse – Nós já tentamos tudo, senhorita.
- Tudo? Eu continuo afirmando que posso fazê-lo falar.
O ministro pensou. E então decidiu.
- Se você conseguir fazê-lo falar, nós acertamos o seu pagamento.
Ela se animou com a eminência do seu primeiro ordenado.
- Quanto?
- O quanto você quiser.
- Leve-me até o prisioneiro.
Os dois aurores e o ministro começaram a guiar Amélia por vários corredores e escadas, até chegarem em um sub-nível muito escuro. Existiam várias celas, com homens adormecidos. As grades eram fios de luz verde. Amélia conhecia esses fios. Funcionava como um tipo de cerca elétrica trouxa.
Uma porta de ferro marcava o fim do corredor. O auror a abriu. Entrou e deu passagem para todos. Lá dentro, um homem estava amarrado por correntes à uma cadeira. O rosto estava vazio, o que evidenciava o recente uso de grande quantidade da poção da verdade.
- Ministro – Amélia começou, com a voz mais mansa – Me responda uma coisa: Você e os seus aurores respeitam os direitos humanos?
Ele a olhou, ultrajado.
- Sempre.
- Então essa guerra jamais será ganha.
Ele ergueu uma sobrancelha.
- Se você quer que esse homem fale, você vai ter que me dá a liberdade de fazer tudo com ele.
- Tudo?
- Absolutamente tudo.
Ele andou de um lado por outro. Depois cedeu.
- Vá em frente.
Com um riso no canto da boca, Amélia tirou o seu sobretudo e o jogou no chão. Encaminhou-se lentamente até o prisioneiro. Se agachou na sua frente. Com a voz macia, disse.
- Você ouviu o que o ministro disse? Eu tenho carta branca para fazer o que quiser com você. Agora vamos fazer um acordo: eu não te mato e você me fala tudo que eu tenho que saber. O que você me diz?
- Vá para o inferno - ele disse, a voz inalterada... Efeito da poção.
- Ouch! – Amélia sorriu. – De fato, um dia, provavelmente eu vá para lá. Sabe, eu não sou um exemplo de pessoa! Nem você, não é? Mas vamos analisar a situação: Ao invés de ir ao inferno, eu vou te mandar para lá, se não me contar o que eu quero! – Seriedade. – Eu te farei três perguntas, e é bom me responder como um bom menino.
- Foda-se!
Sorriso.
- Mais tarde, provavelmente! – Seriedade. – Você admite servir ao Lorde das Trevas?
- Foda-se!
- Você tem conhecimento de algum plano futuro dele?
- Foda-se!
- Você admite ter assassinado e torturado?
- Fod...
- JÁ CHEGA! – Ele se calou – Eu estou cansada de você! Quer fazer jogo duro? Ótimo! Eu também quero!
Ela se ajoelhou. Colocou a mão sobre a dele, que estava presa à cadeira pelo pulso. Calmamente, repetiu.
- Eu perguntei se você admite servir ao Lorde das Trevas?
Ele não respondeu. A mão dela se fechou sobre o dedo indicador dele.
- Responda.
- Fo-- ARGH!
Num gesto rápido, ela dobrou a mão, levando junto o dedo dele. Um crack evidenciou o som do seu osso se esfacelando. O sangue da fratura exposta jorrou pela mão de Amélia. O ministro, Albert Lair e os dois aurores emitiram um grunhido de surpresa.
- Responda!
O silencio era cortado apenas pela respiração acelerada dele. Ela dobrou mais o dedo, pressionando a ferida. O Comensal lacrimejou. Ela ouviu um auror sussurrar “alguém a faça parar”... Mas o grito do prisioneiro abafou a fala dele.
- Eu juro que vou arrancar o seu dedo se você não falar!
Ela puxou um pouco o dedo dele.
- SIM!
Ela soltou.
Sorriu sadicamente.
- Sim o que?
- Eu admito servir o lorde das trevas.
Levantou-se.
- Você conhece algum plano dele?
- Ele pretende atacar o ministério essa noite.
- Só esse?
- Ele não conta os planos futuros aos comensais. – Ela voltou rapidamente pra junto dele e apertou o seu dedo ferido – ARGH!
- Eu não perguntei isso. Você conhece algum outro plano?
- Tem algo haver com uma profecia. Ele quer matar alguém que pode destruí-lo. Um bebê. Eu só sei isso.
- Mais algum?
- Não.
- Você admite ter matado ou torturado?
- Sim.
Mais um sorriso infame.
- Boa notícia: Ainda dá pra concertar o seu dedo. Má notícia: Em Azkaban!
Ela se voltou para o ministro. Viu que ele, os aurores e seu pai estavam a observando incrédulos e assustados. Aproximou-se, enquanto limpava a mão em sua própria blusa. Olhou para o ministro e exigiu.
- Meu pagamento?
- Será que podemos conversar?
Eles saíram da sala, deixando lá dois aurores e um pai bastante chocados. Amélia e o ministro foram até uma sala que ficava ao lado daquela. Por uma espécie de vidro, podia-se ver, lá, tudo que ocorria na sala ao lado.
Amélia não queria conversa. Assim que entrou, atirou:
- De quanto vai ser o meu pagamento?
- Cinco mil galeões por mês, se você aceitar trabalhar aqui.
‘Puta merda! Cinco mil?’
Ela queria gritar de alegria. Ser bem paga para entrar na guerra era tudo que ela poderia imaginar como exemplo de uma vida feliz. Mesmo assim, talvez trabalhar com aquele homem intragável não fosse uma boa idéia.
- Eu não sei. Você parece desaprovar os meus métodos.
- De fato. Mas eles se mostraram eficientes.
‘Pateta... Precisa de mim!’
- Se eu aceitar o emprego, você me concede algumas exigências?
- É só você dizer.
- Eu não quero ninguém me censurando. Não importa se o que fizer pareça um ato de selvageria para os imbecis dos direitos humanos. Eu estou falando do pessoal daqui de dentro. Eu não quero, nem vou admitir, receber críticas.
- Eu posso arranjar isso.
- Outra coisa: Eu quero ter total liberdade para matar.
- Matar?
Ela rolou os olhos.
- Sim, matar. É muito perigoso deixar Comensais da Morte nas celas. Eles sabem demais. E o Lorde das Trevas acaba também sabendo o que eles sabem que agente sabe, entendeu?
- Como ele faria isso?
- Telepatia.
- Simples assim?
- Mais simples do que o senhor possa imaginar.
Ele pensou por um momento. E decidiu.
- Ótimo então. Concedido.
- Perfeito. Outra coisa: Eu não quero trabalhar apenas como interrogadora.
- E qual seria o seu outro trabalho?
- Estrategista. Eu sou formada em Táticas de Guerra. Sei absolutamente tudo o necessário para ser a melhor estrategista que esse ministério já teve.
- Tudo bem.
- O que aumentaria o meu salário.
Ele fez uma carranca.
- Para...?
- Oito mil galeões. É pegar ou largar.
‘Você precisa de mim, seu velho idiota!’
- Feito. Quando você começa?
- Agora. Matando o infeliz que eu ia mandar para Azkaban.
Ela não deixou o ministro dar uma resposta sobre isso. Ela mataria o comensal... E não havia nada nem ninguém que pudesse impedir...
'Afinal, é tudo um jogo... E essa é a hora de executar o peão.'
Sem dar muitas explicações, ela voltou à sala do interrogatório. Dando passos largos, chegou até o criminoso que estava sendo tirado da cadeira pelos aurores. Ela o empurrou fortemente, o derrubou no chão. Abaixou-se e, num gesto rápido, torceu o seu pescoço.
Observou sadicamente o corpo inerte no chão.
Os aurores e o seu pai estavam chocados... E ela simplesmente não se importava.
- Cheque mate.
Ela sorriu satisfeita, foi até o pai.
- Pode voltar aos Estados Unidos sozinho papai. Eu já tenho um emprego aqui.
- Emprego?
- Sim. Eu sou um soldado!
- Um sol...
- Uma assassina. Entendeu agora?
XxXxXxX
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!