O coração traz você de volta



- E a Mione? – Perguntou Rachel se levantando da cadeira assim que Jim e Kimberly se aproximaram.

- Está dormindo. – Respondeu Kimberly sentando em uma cadeira da mesa do refeitório no hospital. – Insistimos pra que ela fosse pra casa, tomasse banho e descansasse, mas ela não quis. Tiago conseguiu convencê-la a tomar um calmante.

- E o Harry? Conseguiram vê-lo? – Perguntou Ryan após pedir ao atendente mais duas xícaras de café. Aquela seria uma longa noite.

- Não. – Jim balançou a cabeça. – Mas o caso dele é grave.

Ele olhou a expressão de cada um dos amigos. Rachel deixou mais lágrimas rolarem na face, Hilarie abafou um grito com as mãos enquanto era abraçada por Ryan e Rony abaixou a cabeça, certamente para não mostrar as lágrimas que estavam em seus olhos:

- A bala atingiu o lado direito do peito. – Continuou Jim com pesar. – Perfurou uma pequena parte do pulmão e uma veia principal, o que dificulta ainda mais a respiração dele. Harry está em coma.

- Por que isso tem que acontecer? – Perguntou Rachel chorando. – Já não basta tudo que eles sofreram? Já não basta tudo que a Hermione sofreu e agora mais essa? É muita injustiça com eles.

- Injustiça sempre existe, mascote. – Sussurrou Kimberly, abraçando a amiga. – Mas nós precisamos ter fé. Precisamos ser fortes. Não só entre nós, mas para a Mione também. Ela precisa da gente agora mais do que nunca.

- Kimberly tem razão. – Disse Hilarie, suspirando. – Temos que ter fé de que o Harry vai sair dessa de novo. Ele sempre sai não é? – Esboçou um pequeno sorriso.

- Eu ainda me lembro como se fosse ontem quando ele me contou que tava apaixonado pela Mione. – Comentou Ryan, sorrindo. – Acho que ele percebeu naquele momento que sua vida ia mudar.

- Pra melhor, com certeza. – Disse Rony pela primeira vez. – Lembram do dia em que você e Harry apostaram corrida com o Malfoy e o Corbin?

- Como eu ia me esquecer? – Respondeu Jim pegando sua xícara de café que acabaram de lhe entregar. – E os passes incríveis que ele dá quando ta jogando? Nunca vi um jogador melhor que o Harry.

- Eu lembro a declaração de amor que ele fez pra Mione na quadra, diante de todo o colégio e aproveitou o momento pra convidá-la pro baile. – Rachel sorriu enxugando seu rosto. – Achei aquilo lindo.

- Harry realmente mudou quando começou a namorar a Mione. – Comentou Hilarie. – Quantas vezes ele a defendeu? E o que ele fez por ela quando roubaram o dvd de Orsbrom? Incrível.

- Por isso eu tenho fé de que Harry vai voltar. – Kimberly sussurrou após um gole de sua xícara de café. – Ele não ta pronto ainda pra deixar esse amor pra trás.

- Encontrei vocês. – Disse Kevin sentando-se em uma das cadeiras do local. – Tiago abandonou o caso do Harry. Ele não tem condições emocionais suficientes pra cuidar do filho que está entre a vida e a morte.

- Não o julgo errado. – Disse Jim. – Ficaria desesperado também se fosse meu filho.

- Tenho notícias do Lafferty. – Kevin notou cada um mudar de gesto, enrijecendo o corpo como se recusassem qualquer notícia dele. Mas precisava falar. – Lafferty morreu à pouco. Os médicos tentaram salvá-lo, mas os esforços foram em vão.

- Ótimo. Agora ele está feliz, morto. – Comentou Rony com sarcasmo.

- Alguma novidade sobre o Harry? – Perguntou Ryan com um nó na garganta, mas querendo mudar de assunto.

- A febre aumentou. Estão entrando com antibióticos pra diminuí-la, mas vai depender da força de vontade dele também. Fora isso está tudo na mesma. Ele ainda continua em coma. – Kevin se levantou, discando um número no celular. – Vou ligar pra Erica. Ela deve estar preocupada.

- Eu não sei quanto a vocês... – Kimberly se levantou. – Mas eu vou pra capela rezar. – Olhou para o marido e lhe estendeu a mão. – Vem comigo?

- Claro. – Respondeu Jim com um sorriso, após observar a aliança de ouro que reluzia na mão esquerda dela.

Não demorou muito para que cada um se levantasse e os seguissem. O que Harry mais precisava naquele momento era fé.

***************

Caminhou até a janela, bocejando. Ainda estava sonolenta, mas aquele barulho irritante não a deixaria dormir. Assim que a abriu, reconheceu o loiro ali em baixo que a chamava para descer. Ergueu uma sobrancelha confusa, mas se quisesse ter sua noite de sono teria que descer. Então assim o fez. Assim que saiu ele se aproximou.

- Lafferty seqüestrou a Granger. – Disse Draco. – Potter foi bancar o herói e acabou sendo baleado.

- Não pode ser. – Murmurou Gina surpresa. – Como ficou sabendo?

- Estudamos no High Hill School, Weasley. As noticias correm. – Draco sorriu. – Me admira você não saber ainda.

- Como ele está? – A ruiva abraçou-se para proteger do frio.

- Eu não tenho idéia. – Draco a olhou confuso. – Não vai atrás dele como você sempre faz?

- Me poupe de suas ironias, Malfoy. – Sibilou a garota virando-se para entrar em sua casa novamente.

- Espera. – O loiro a segurou no braço. Suas suspeitas realmente se confirmaram. Gina Weasley tinha mudado desde que contara toda a verdade à Hermione e lhe pedira desculpas. – O que deu em você Weasley?

- Só fiz o que você me disse. – Gina soltou um longo suspiro, virando-se para olhá-lo. – Criei vergonha na cara. Estou farta de correr atrás do Harry e não ser correspondida. Até porque eu não fazia isso por amor e sim por vingança. Eu sofri Malfoy. Passei minha vida toda cercada de amigas falsas que só estavam comigo por eu ser quem eu sou. Nunca tive amigos de verdade e a prova disso foi a traição da Haley e a morte da Jassie. Harry e Hermione estão juntos e eu não vou atrapalhar mais isso. Aceitei os fatos.

- Você me surpreende, Gina Weasley. – Sussurrou Draco ainda confuso com a revelação que ela acabara de lhe fazer.

- Espero que seja por um lado bom. – Gina esboçou um pequeno sorriso, sem notar que Draco dissera seu nome completo. Ela então se virou e entrou, deixando o loiro atônito e ainda surpreso parado diante de sua porta.

*************

Abriu os olhos com dificuldade. A claridade machucava suas vistas por permanecer muito tempo de olhos fechados. Sua cabeça latejava dolorosamente e uma náusea lhe cobriu o estomago. Certamente alguma coisa lhe fizera mal, mas não conseguia lembrar o que acontecera.

Teve um pouco de dificuldade para se sentar na cama. Olhou em sua volta, estranhando o local em que estava. Aquele não era seu quarto. Então olhou para o lado e viu sua mãe sentada em uma cadeira ao lado da cama em que estava, adormecida. Percorreu mais um pouco o olhar pelo ambiente e viu Kimberly deitada no sofá com a cabeça repousada no colo do marido, que também dormia tranquilamente.

O desespero e o medo lhe invadiram o corpo ao ver o vestido que usara na noite anterior sobre uma mesa no lado oposto do quarto. Usava uma camisola sua, mas não estava em casa. Levantou-se, sentindo-se tonta e caminhou até a janela. Mas antes que pudesse alcançá-la sua mãe tinha acordado:

- Mione querida. – Jane se levantou e caminhou até a filha, ajudando-a a se equilibrar. – Você tem que ficar em repouso.

- O que aconteceu? – Perguntou Hermione olhando os amigos acordarem e virem em sua direção com expressões preocupadas no rosto.

Jim a pegou nos braços e a deitou na cama novamente, notando que ela ficava cada vez mais fraca ao tentar ficar em pé:

- Você... – Kimberly sentou-se na cama, segurando a mão da amiga. – Você não se lembra do que aconteceu?

- Eu me lembro do baile. – Respondeu Hermione ainda confusa. – Só que não me lembro do que aconteceu depois.

A mãe trocou um olhar triste e confuso com os amigos de sua filha. Então virou-se de costas, caminhando até a janela. Não ia conseguir dar essa notícia à sua filha:

- O que aconteceu? – Perguntou Hermione preocupada ao notar que a mãe chorava silenciosamente.

- Mione... – Jim sentou-se do outro lado. – Fica calma, por favor. Você está fraca e foi muito difícil Tiago lhe dar um calmante pra você descansar.

- Calmante? – A morena franziu o cenho, mas uma dor forte em seu coração a fez fechar os olhos com força e respirar fundo. – O que aconteceu?

- Mione você foi seqüestrada. – Kimberly começou a explicar tudo com calma, vendo a amiga abrir os olhos e encará-la. – Chad ficou com você no colégio por quatro horas, até que Harry entrou lá. Não sabemos o que aconteceu lá dentro, mas uma hora depois o Harry saiu com você nos braços. E quando ele te soltou... – Notou os olhos dela encherem de lágrimas. – Chad o baleou.

Uma forte dor de cabeça lhe atingiu como um choque, fazendo com que ela deitasse na cama e se fechasse os olhos com mais força na esperança de que aquilo amenizasse sua dor. Então flashes da noite invadiram sua memória. Ela e Harry no baile dançando, trocando olhares e beijos apaixonados. Chad surpreendê-la com uma arma e arrastá-la para uma sala no andar de cima. A discussão que tiveram por horas até ele ouvir um barulho e decidir descer para ver o que era, encontrando Harry lá.

A lembrança de Harry recebendo a bala no peito direito e caindo no chão fora a mais forte, fazendo-a gemer de dor. A camisa branca manchada de sangue. Suas mãos manchadas de sangue para ampará-lo. Tentara ajudá-lo, mas pessoas lhe seguravam:

- Como ele está? – Perguntou deixando lágrimas rolarem por sua face.

- Harry está lutando, Mione. – Respondeu Kimberly após pedir para Jim chamar algum médico. – Está lutando com a ajuda de aparelhos, pois está com dificuldade em respirar. Ele está em coma.

- O quê? - Sentiu um grande aperto em seu peito que a fizera perder o ar por alguns segundos. Aquilo não poderia ser verdade.

- Mione. Querida... - Jane afagou os cabelos da filha, tentando acalmá-la. - Você precisa descansar.

- Eu preciso vê-lo. - Hermione afastou as mãos da mãe, sentindo forças suficiente para levantar da cama e caminhar até a porta.

- Hermione. - Kimberly caminhou até ela para impedi-la, mas Jim a segurou.

- Deixa ela ir. Ela vai ver o estado em que ele está mais cedo ou mais tarde.

A fraqueza que sentira minutos atrás ao se levantar a abandonara, dando lugar à força para sair do quarto e seguir pelo corredor. Precisava encontrar a unidade de terapia intensiva. Precisava vê-lo, salvá-lo. Ela apenas chegaria lá e o ajudaria a levantar e então voltariam para casa, esquecendo tudo que aconteceu. Esqueceriam aquele pesadelo juntos.

Sem saber como, ela virou o corredor e encontrou a unidade de terapia intensiva. Sentiu seu coração bater mais rápido, algo se prendeu em sua garganta quando as lágrimas começaram à se formar em seus olhos. Em passos lentos ela seguiu em frente, olhando em cada porta os prontuários procurando o nome dele. Encontrou-o quase ao fim do corredor.

Com as mãos trêmulas, levou à maçaneta da porta e a abriu. Os barulhos dos aparelhos perfuraram seus ouvidos, machucando-a junto com a visão diante de si. Harry estava ligado à vários aparelhos e, pelo que pode perceber pelo pouco movimento que fazia no abdômen, estava com dificuldade para respirar.

Lentamente se aproximou, permitindo que as lágrimas rolassem por sua face. Não conseguia respirar direito também ao vê-lo naquele estado. Aquilo não deveria ser real. Harry não deveria estar ali. Com certeza não. Suas mãos o tocaram na face, notando o quão fria a pele dele estava naquele momento.

Seu Harry era forte, muito forte para passar por aquilo. Ele a salvara tantas vezes de coisas mais simples como uma simples briga até algo mais sério como esse sequestro. O ar que ele precisava para respirar também faltava em seus pulmões vendo-o de tal forma. Jamais imaginara passar por tal situação. Naquele momento tivera a certeza de que não conseguiria sobreviver em sua sã consciência se o perdesse.

Hermione o beijou na testa, deslizando sua mão pelo rosto de Harry lentamente. As lágrimas eram impossíveis de serem controladas, assim como o aperto em seu coração e o desespero que a domava naquele instante. Seu olhar caiu sobre os lábios dele, onde um tubo estava preso para que pudesse respirar.

- Harry. - Hermione sussurrou, esperando que ele abrisse os olhos e a olhasse, mas ele permaneceu imovél. - Eu não posso te perder. Não posso viver sem você.

Fechou os olhos por alguns segundos, mordendo o próprio lábio. Respirou fundo, precisava ser forte. Não poderia ceder ali.

- Você não pode me deixar. - Esboçou um pequeno sorriso, triste, ao imaginar tal hipotése. - Lute, por favor. Lute por mim. Eu te amo, Harry.

Deitou sua cabeça na curva do pescoço do moreno. Precisava ajudá-lo e talvez aquela seria a única forma de dividir sua vida com ele. De lhe dar todo o ar e calor que Harry precisava naquele momento. Permitiu fechar os olhos, respirando fundo para sentir o perfume dele lhe invadir novamente enquanto suas mãos lhe afagavam os cabelos. Poderia passar o resto de sua vida assim, ao lado dele.

Porém o barulho intenso dos aparelhos fizeram com que ela despertasse. Alguma coisa estava errada e ela sabia. Levou poucos segundos para que um médico entrasse correndo no quarto acompanhado por enfermeiros e prestando socorro. Uma enfermeira se surpreendeu com a presença de Hermione ali.

- A pressão está caíndo. - disse o médico massageando o peito de Harry.

- O quê? - Hermione sussurrou, desesperada.

 - Vamos lá, Harry. Não desista. - incentivou o médico ao continuar.

- Você precisa sair daqui. - a enfermera aconselhou, conduzindo-a até a porta. Mas Hermione ainda resistia.

Seus gritos e súplicas foram completamente ignorados pelos médicos e enfermeiros, que tentavam reanimar Harry com o maior esforço. Ela apenas queria ficar ao lado dele, dar parte de sua vida à ele para que pudesse curá-lo. E se ele partisse, queria ir com ele. Não poderia ficar ali sem o namorado. Mas seus esforços para ficar ao seu lado fora em vão.

A porta se fechou assim que Hermione saíra do quarto. Bateu na porta com força, mas era inútil. Ninguém a deixara entrar. O choro preso em sua garganta se libertou, assim como o aperto em seu coração. Era impossível acreditar que o havia perdido. Sua vida não teria mais sentido de agora em diante...

Caminhou sem rumo pelos corredores do hospital, sua visão turva pelas lágrimas que ainda rolavam por seu rosto. Não tinha idéia para onde ia, mas nenhum lugar seria o suficiente para acalmá-la ou consolá-la, apenas ao lado dele ficaria bem. E se ele estivesse vivo, bem.

Aproximou-se da sala de espera, não dando conta dos amigos e familiares que estavam ali. Aquilo também não lhe importava. A única coisa que queria era não sentir aquela dor angustiante, a dor da perda. Seus joelhos tremiam, não iria conseguir ficar em pé por muito tempo.

Lilían se levantou ao lado do marido assim que notara a aproximação de Hermione. As lágrimas que já derramara pelo filho pareciam não acabar nunca. Tão pouco naquele momento, em que vira a garota chorando de tal forma, desesperada. Seu coração também apertou e seu instinto de mãe alertara que alguma coisa grave tinha acontecido. Seu choro dessa vez fora desesperado. E se não fosse Tiago ao seu lado para ampará-la, teria desmaiado.

Hermione cedeu aos tremores de seu corpo, caíndo de joelhos ao chão. Os soluços saíam involuntariamente, tocando fundo em qualquer um que observava aquela cena. Os amigos se olharam, alguns com lágrimas no rosto. Então Kimberly se aproximou, ajoelhando-se de frente para Hermione e a abraçando, permitindo que ela chorasse ali em seu ombro, embora soubesse que nada seria suficiente para amenizar a dor que ela sentia.

Lentamente um por um se aproximo, abraçando-se e mantendo Hermione naquele grupo de consolo. Era tudo que ela precisava naquele momento para saber que não estava sozinha.

***********

O retorno de Tiago minutos depois na sala de espera, após ele sair para verificar o que havia acontecido com seu filho, fizera com que todos os presentes ali se levantassem e o fitasse. Ansiosos por uma notícia e, de preferência, boa.

- Harry teve uma parada respiratória. - ele disse com pesar, vendo todos o olharem assustados. - Mas o Dr.Wells conseguiu reanimá-lo. No entanto, ele ainda corre risco de morte.

Hermione dera alguns passos para trás, voltando a se sentar em sua cadeira. Em parte sentia-se bem, Harry ainda lutava para sobreviver. Mas a outra parte, a maior de seu sofrimento, era saber que ele ainda corria risco de morte. Que ainda poderia deixá-la. Um novo bolo formara-se em sua garganta, mas não tinha lágrimas para derramar. Chorara tanto naquele dia e nunca imaginara que poderia sofrer tanto assim. Se não fosse por seus amigos, apoiando-a e estando ao seu lado, já teria desmoronado à muito tempo.

Kimberly sentou ao seu lado, apertando sua mão com força. Queria dizer qualquer coisa para que amenizasse o sofrimento da amiga, mas nada vinha em sua mente. Sabia o quanto ela sofria. E isso a fazia sofrer também, assim como os outros. Compartilhavam da mesma dor, do mesmo medo. Perder Harry.

- Eu sinto muito por tudo que Jim e você planejaram. - Hermione disse, olhando para a amiga. - Nesse momento vocês estariam em um avião, mas tudo deu errado...

- Mione, não. Pare de pensar assim. - Kimberly a repreendeu. - Harry também é importante para nós. Jamais poderiamos entrar em um avião e viajar sabendo que ele está assim. E você precisa de nós. Não a deixariamos sozinha por nada nesse mundo em um momento como esse.

- Eu não sei como agradecer. - murmurou ao olhar para Jim, que se abaixava em sua frente e a acariciava na face. - Acho que estaria louca, desesperada se vocês não estivessem aqui.

- Não será hoje que se livrará de nós, futura Sra. Potter. - Jim comentou com um pequeno sorriso, fazendo-a sorrir também. Por mais forçado e triste que fosse. - Nós que devemos agradecer ao Harry e você, Mione. Se não fosse por vocês, Kimberly e eu não estariamos casados. E o minímo que podemos fazer é isso.

- Vou até a lanchonete buscar algo para você comer. Não comeu nada desde que levantou e sabe que se continuar assim ficará cada vez mais fraca...

- Eu estou bem, Kimberly. - Hermione segurou-a pelo braço assim que ela se levantara. - Não estou com fome. Sério, não precisa se preocupar.

- Tudo bem. Já que você diz. - disse ao se sentar novamente. Não estava convencida de que Hermione ficaria bem por muito tempo se não se alimentasse. Entretanto, não queria insistir naquele momento. A última coisa que Hermione precisava era que alguém a forçasse fazer algo.

- Pequena. - Rony se aproximou, sentando-se ao lado da morena. Hermione o olhou, fazendo uma careta e arrancando sorrisos de todos. - Eu sei que odeia quando a chamo assim. - disse, passando o dedo em seu nariz. - Não quer ir se deitar e descansar um pouco? Se quiser te levo para casa...

- Quero ficar aqui. Pelo menos por enquanto. Não estou dizendo que passarei a morar no hospital de agora em diante, mas enquanto Harry não melhorar pelo menos um pouco quero continuar aqui.

- Entendemos, Mione. Se quiser ficar, tudo bem. Não vamos forçá-la a nada. - Rachel garantiu, em pé ao lado de Hilarie e Ryan.

- Pelo menos trago uma boa notícia para você. - Ryan disse, atraindo a atenção não apenas de Hermione, mas de todos. - A febre que Harry tinha abaixou. E os sinais vitais estão se estabelizando. O médico agora só espera que Harry continue lutando e que logo acorde.

Hermione esboçou um largo sorriso, sentindo seu coração bater rápido, repleto de esperanças. Harry estava lutando para voltar. Não iria desistir.

*********

Engraçado como o tempo passa rápido quando estamos bem, felizes e acreditando que no dia seguinte tudo voltará a ser como foi naquele dia. Mas o irônico é que o tempo se arrasta quando você se sente cansada, triste. E por mais que você tente erguer a cabeça, fingir que está lidando bem diante de uma situação, você se desmorona cada vez mais com o passar dos dias.

É assim que eu ando me sentindo ultimamente.

Hoje faz duas semanas que Harry está em coma. Céus, ele lutou. E como lutou durante todo esse tempo. As febres são raras e diminuem com o passar do tempo. Depois daquele dia, nunca mais tivera complicações. Mas porque ele ainda não acordou?

Ainda não fui visitá-lo hoje. Não porque eu não quisesse. Se dependesse de mim jamais sairia de lá. Mas estou esperando Jim e Kimberly passarem aqui para me buscar. Sim, eles ainda estão aqui. Não viajaram. E prometeram que apenas o faria quando Harry estivesse bem.

Ontem fiz algo inusitado, contando com a ajuda da Sra. Flowers. É uma enfermeira do hospital, com uma idade já avançada, mas incrivelmente encantadora. Sempre me ajudou durante todo esse tempo em que estive ao lado de Harry. Algumas vezes até correra o risco de ser demitida, por fazer algo que ia contra as normas do hospital. Mas ela sempre gostou de Harry, desde quando ele era pequeno e ia todo feliz para o hospital com Tiago para acompanhá-lo no trabalho. E ficara encantada em conhecer a nossa história...

Desculpe o momento em que desviei da história, mas achei importante colocar esse trecho aqui.

Como eu dizia, ontem fiz algo inusitado enquanto a Sra. Flowers ficava de vigia na porta. Jim e eu entramos no quarto, embora ainda não fosse o horário de visitas. Ele tocou no violão aquela mesma música que Harry tinha tocado, quando cantei pela primeira vez para ele. Não só para ele, mas para todos. E eu cantei a música. Um tanto emocionada, confesso. Tentei controlar as lágrimas, mas é impossível quando se canta uma música tão linda para alguém que está incosciente, imóvel. Terminei a música sabendo que ele não me olharia fascinado e  me lançaria aquele sorriso maravilhoso como fizera da primeira vez. E aquilo doía.

Pode parecer patético, mas sempre que vou visitá-lo converso com ele. Quero que escute minha voz, que me sinta por perto e saiba que estou ali, esperando para que ele acorde. Conto tudo o que acontece, como se ele estivesse realmente presente. Ansiava para que quando eu parasse de falar ele  me olhasse daquela forma carinhosa e fizesse um comentário qualquer que sempre me fazia rir. Por mais triste e desagradável que fosse o momento, ele tinha esse efeito sobre mim.

Como há dois dias atrás. Disse para ele que todos os formandos se reuniram e decidiram marcar a formatura para outra data, para quando Harry se recuperasse. Fiquei bastante feliz com essa decisão. Mas todos chegaram a conclusão de que a formatura sem Harry Potter não seria a mesma coisa. Ele era adorado e aclamado por todos do colégio. E a única pessoa que o odiava agora não estaria presente. Acho que ele ficou contente com a notícia, pude notar os batimentos dele aumentarem após ouvir isso.

Eu o amo. O amo como nunca amei ou pensei que amaria alguém em minha vida. Harry é mais do que um namorado para mim. É meu melhor amigo, meu companheiro que sempre esteve comigo nos momentos felizes e difíceis, meu confidente, meu porto seguro, meu amante. Harry é tudo pra mim. Talvez pareça drama de uma garota qualquer, mas eu sei que o que nós temos é mais forte do que isso.

Mas às vezes eu tenho vontade de odiá-lo. Isso me frustra porque, por mais que me dê vontade de fazê-lo, não consigo. Como ele pode ser tão idiota à ponto de entrar naquele colégio para tentar me salvar e ficar na minha frente para receber o tiro? Sei que se fosse comigo estaria no lugar dele, ou talvez até pior. Mas da mesma forma que ele se sacrificou por mim, também queria fazer.

Harry me disse sobre o pesadelo durante o baile. Disse que tinha medo, pois isso era para acontecer comigo. Maldita premonição que ainda persistia em estar presente na vida dele. Se não fosse por ela, ele não estaria sofrendo nesse momento.

No entanto, ainda tenho fé. Harry ainda vai abrir os olhos, me olhar daquela forma apaixonada e esboçar aquele sorriso lindo e dizer "Eu voltei pra você, meu amor." Sei que voltarei a ouvir essas palavras logo. Mas quando ele estiver bem, recuperado, quero dar tantos cascudos nele por tudo isso e descarregar toda a minha frustração...


O som da porta sendo aberta chamou a atenção da morena sobre a cama. Hermione fechou o caderno em suas mãos, erguendo os olhos para fitar as expressões de Jim e Kimberly. Não soubera decifrá-las naquele momento. Mas já ficara de pé, preparando-se para ouvir o que fosse que eles teriam para dizer.

- Hermione. - Kimberly murmurou ao se aproximar, com lágrimas nos olhos. - Temos notícias do Harry.

*********

Seu coração batia cada vez mais rápido desde que recebera a notícia dos amigos. E estava tão ansiosa para chegar no hospital como nunca ficara desde que ele estava lá. Seu sofrimento tivera fim. Aquela sensação era indescritível.

Andou em passos rápidos pelos corredores, controlando a vontade de não sair correndo por ali. Sabia que se o fizesse seria expulsa por descumprir as normas do local. Mas sua vontade para vê-lo era tanto que chegava a sufocá-la, porque agora seria diferente. Seria diferente de ontem, quando o vira pela última vez. Pensou enquanto as lágrimas já vinham em seus olhos.

Seus passos aumentaram e respirou fundo quando finalmente entrara no corredor do quarto em que ele estava. Impaciente para o próximo passo, correu. Pouco lhe importava naquele momento seguir as regras. Mas tivera sorte em ter apenas ela ali no corredor. Abriu a porta rapidamente e as pessoas em volta da cama atrapalhavam sua visão.

Entretanto, lentamente, uma a uma foi abrindo passagem para que ela pudesse vê-lo. E quando finalmente conseguira, lá estava ele. Seus olhos abertos ainda demonstravam sinal de fraqueza, assim como o seu corpo e sua respiração, que ainda era lenta. Mas ele estava acordado. E sorriu quando seus olhos verdes encontraram os castanhos marejados da namorada. Devagar, ele erguera sua mão.

Hermione esboçou um largo sorriso com aquele gesto, deixando as lágrimas de felicidade percorrerem sua face. Ele tinha saído do coma. Estava acordado. Tinha voltado para si.

Sem delongas, caminhou até ele, não reparando nas pessoas em sua volta. Tudo o que importava era ele, apenas ele. Sua mão entrelaçou a que ele estendera, enquanto a outra o tocara na face, acariciando. Queria tanto dizer alguma coisa, mas a emoção em vê-lo bem deixava sua mente confusa. E a única opção que tinha era chorar.

- Vai alagar o quarto se continuar chorando desse jeito. - a voz dele saíra arrastada, em um sussurro, observando-a. Hermione sorriu entre o choro. Era inacreditável que até naquele momento ele encontrava senso de humor.

- Nunca mais faça isso comigo outra vez, por favor. - a morena suplicou, enxugando as lágrimas de seu rosto.

- Não posso prometer isso. - Harry disse, sentindo suas palpebras pesadas. Aos poucos fora fechando os olhos. Hermione olhou para as pessoas em sua volta, preocupada.

- Ele só está dormindo, Hermione. - Tiago disse sorridente pela recuperação do filho. - Acordou a pouco tempo e ainda se sente cansado. É normal cair em sono durante uma conversa. Harry precisa de descanso agora.


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N/A: Pronto amados. Não matei o Harry, como vocês pediram. kkkk

Eu nem poderia fazer isso. Fui ameaçada de morte escrita e pessoalmente. Minha amiga, a Jessy, disse que me matava se eu assassinasse o pobre coitado. Tive que trazê-lo de volta. kkkk

Mas vamos as notícias tristes. A fic ta acabando, queridos.

Faltam apenas uns 4 ou 5 capt.s

Difícil, eu sei. Para mim autora então. Mas vamos sobreviver com a continuação, não é?! xD

Então a partir do próximo capítulo eu vou explicar como vai ser a continuação. E no último capítulo, darei uma surpresinha pra vocês. *-*

Espero que tenham gostado desse capítulo. E comentem. Comentem bastante para o próximo vir voando. Talvez ele demore um pouquinho pq ainda não ta escrito. Mas ele vem.

Beijos

*BYE*

                                                                                               17/04/10

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