Salvação



Passou a mão entre os cabelos, desesperado. Sua respiração ficava cada vez mais irregular de acordo que o medo crescia dentro de si. Olhou em sua volta, procurando alguém que pudesse ajudá-lo. Viu um policial ali perto, certamente ele o ajudaria. Caminhou até ele e, quando ia fazer o pedido, o policial se afastou. Respirou fundo, vendo um bombeiro vir em sua direção, ele sim o ajudaria. Mas, para sua fúria, ele passou direto.

Novamente passou a mão entre os cabelos, teria que agir sozinho. Não deixaria ela sozinha lá, com ele. Não podia. Não suportaria ficar ali de fora, sem fazer nada, sabendo que a mulher que amava e também sua melhor amiga corria risco de vida. Foi caminhando em direção ao prédio do colégio, mas ouviu alguém chamando seu nome e o segurando pelo braço:

- Não está pensando em entrar lá sozinho não é?
 
O moreno revirou os olhos, soltando um longo suspiro e lutando dentro de si pra não estrangular a pessoa que o impedira de continuar. Virou-se lentamente e viu o olhar preocupado de Rony, Ryan e Jim:

- Me solta. - Sibilou olhando de seu braço para o ruivo.

- Se você pensa que vamos deixar você fazer isso ta muito enganado Harry. - Disse Jim contrariado.

- Cuida da sua vida! - Harry o olhou furioso, soltando-se da mão de Rony.

- Harry, para e pensa por um momento. A situação não ta fácil, o Chad ta armado. Se você entrar assim, furioso, a situação vai piorar. - Ryan explicou tentando acalmá-lo.

- Ela ta sozinha com ele. - Murmurou Harry sem dar ouvidos ao que os amigos lhe dizia.

- A polícia ta ai, eles tão fazendo o possível pra pegá-lo e tirar a Mione de lá com segurança. Não faz isso, cara. - Rony insistiu.

- ELA TA SOZINHA COM ELE! - Harry explodiu, assustando os três amigos e chamando a atenção de algumas pessoas que estavam ali por perto. - A MIONE É TUDO QUE EU TENHO. E AGORA, NESSE MOMENTO, TEM UM DESGRAÇADO APONTANDO UMA ARMA PRA ELA. E VOCÊS QUEREM QUE EU FIQUE AQUI PARADO ESPERANDO ENQUANTO NINGUÉM NÃO FAZ NADA?

- Harry, se acalma! - Jim pediu, embora sabendo que era praticamente inútil.

- NÃO ME PEÇA PRA ACALMAR. - Gritou novamente deixando algumas lágrimas de pânico percorrerem sua face. - A mulher que eu amo está lá, prestes à ser morta em qualquer momento. Eu tenho que salvá-la, eu preciso.

- Harry nós também amamos a Mione. - Ryan se aproximou, mas o garoto deu um passo pra trás. - Não tanto quanto você ou da mesma forma, mas também estamos preocupados com ela. E você entrar lá assim não vai ajudar em nada. Pode ser pior. Você pode ser ferido e não vai poder salvá-la. Só complicará as coisas. Prometa que vai ficar aqui e deixar a polícia fazer o trabalho dela. – Observou Harry soltar um longo suspiro. – Harry.

- ESTÁ BEM! – Gritou o moreno impaciente.

Olhou em sua volta à procura de alguma solução. Estava desesperado e a cada minuto que passava ali seu coração batia cada vez mais rápido. Sua consciência lhe dizia que não podia ficar ali esperando a ação da polícia. Precisava entrar. Precisava salvá-la.

Então notou os amigos se virarem, conversando com um dos policiais que circulavam por ali. Olhou para os lados e notou que ninguém sentiria sua falta. Juntou todas suas forças e correu para o colégio, abrindo a porta e entrando:

- HARRY. – Gritou Rony em vão, já era tarde demais.

Retirou o paletó que ainda usava, afrouxando a gravata. Enrolou as mangas da camisa branca até os cotovelos. Caminou lentamente naquele corredor vazio para que seus passos não ecoassem pelo local. Olhou pelo pequeno vidro da porta de algumas salas à procura deles, mas nem sinal.

Aquele lugar estava completamente silêncioso e vazio. O fato de ainda ser madrugada não ajudava em nada, pois a iluminação do local estava fraca. Não entendia porque a polícia não invadira o colégio ainda já que só Chad estava armado. Mas Harry não pensou na possibilidade de uma invasão da polícia fazer barulho e Chad se desesperar, podendo machucar Hermione.

Pensamentos começaram à invadir sua mente novamente. Onde ela estaria? Como ela estaria? Será que ele a machucara? E, principalmente, ainda estaria viva? Cerrou os punhos com força, respirando pesado. Se Chad a machucasse, Harry o esfolaria vivo até a alma:

- Potter.

Uma voz o chamou no final do corredor. Harry sentiu seu sangue gelar e um frio percorrer sua espinha. Virou-se lentamente e então os viu. Ele estava com um braço em volta do pescoço dela enquanto apontava a arma em direção a cabeça dela com a outra mão.

O penteado de Hermione já estava bagunçado e a maquiagem estava borrada, devido ao suor e as lágrimas de desespero que derramara noite à dentro. As mãos dela seguravam com força o braço que enlaçava seu pescoço. No olhar havia medo, angustia e preocupação:

- Você realmente é um idiota. – Sibilou Chad furioso. – Eu disse que não queria ninguém aqui dentro. Apenas Hermione e eu.

- Lafferty solte-a, por favor. – Disse Harry, aproximando-se lentamente.

- Não dê mais um passo. – Chad tirou a arma da cabeça de Hermione, apontando para Harry. – Eu não estou aqui para brincadeiras, Potter. E é melhor você sair daqui. Eu tenho uma bala e não vou ter pena em usá-la.

- Você precisa de ajuda. – Harry parou ao meio do corredor. – Não faça nenhuma besteira Chad.

- MAIS DO QUE EU JÁ FIZ, POTTER? – Gritou Chad passando a arma na cabeça freneticamente, fazendo com que Harry desejasse que ele apertasse o gatilho naquele momento. – EU MATEI A JASSIE.

- Por que está fazendo isso com a Hermione? – Perguntou Harry calmo, colocando a mão na cintura. Porém, estava completamente desesperado por dentro.

- Porque eu a amo. – Respondeu sem ouvir uma risada irônica do garoto à sua frente. – Eu sempre a amei.

- É uma maneira diferente de demonstrar seu amor, não acha? – Indagou Harry em tom rispído.

- Não me provoque, Potter. – Murmurou Chad começando à ficar impaciente. – A minha vontade é de matá-lo sabe? Matá-lo por tudo que me fez. Por todas as humilhações que me fez passar. Por ter Hermione sempre ao seu lado. Por ela sempre te amar e eu ter que ouvir, calado as declarações dela à seu respeito.

- Você sempre foi um idiota Lafferty. – Retrucou Harry com um sorriso ciníco, fazendo Hermione se perguntar o quão idiota ele seria em levar aquela provocação adiante. – Eu não tenho culpa se Hermione não correspondeu à essa sua paixão louca e obsessiva.

- São pessoas como você que não valem serem lembradas aqui, Potter. Você e seus amigos não passam de uma farsa. Não só vocês, como a maioria das pessoas desse colégio. Vocês se escondem em popularidade, futebol e festas. Vocês são uns perdedores. TODO MUNDO AQUI É UM PERDEDOR. – Gritou Chad furioso. – Cada dia que eu vinha pra esse colégio era um dia à menos que eu teria que voltar. E hoje, no último dia nesse lugar, é a minha chance de deixar a minha última marca. Uma marca pra que vocês nunca esqueçam quem foi Chad Lafferty.

- De quem você quer que lembrem? – Perguntou Harry já impaciente. – Do Lafferty, o segundo aluno mais inteligente do High Hill, ou do Lafferty que matou a Jassie e sequestrou a capitã das líderes de torcida?

- Cale a boca, Potter. – Sibilou Chad, apontando a arma novamente para Harry.

- Chad não. – Sussurrou Hermione devido à pressão que ele exercia em em seu pescoço. – Não faça isso, por favor.

- Eu posso matá-lo, Hermione. – Chad a soltou, virando-a de frente para si. Segurou o rosto dela com ambas as mãos, olhando uma vez para ela e outra para Harry. – É a chance de livrar-mos dele e sermos felizes. – Hermione balançava a cabeça, deixando mais lágrimas percorrem sua face. – Eu te amo, Hermione. Fica comigo.

- Eu não posso. – Murmurou Hermione, chorando novamente. – Eu não posso, Chad. Eu não te amo.

- Você não sabe o que diz. – Sibilou Chad olhando Harry se aproximar lentamente. – EU JÁ DISSE PARA FICAR QUIETO, POTTER. – Gritou apontando a arma para ele.

- Harry, por favor. – Hermione o olhou suplicante, fazendo com que ele parasse. Era a primeira vez que ela lhe dirigira a palavra. – Faça o que ele pede.

- Olhe pra mim, Hermione. – Chad a segurou em um dos braços e a virou. – Você não ama o Potter. O que ele pode lhe oferecer? Ele não à ama, apenas lhe deseja.

- Está enganado. – Bradou Hermione entre dentes, tirando as mãos dele de seus braços. – Chad eu posso ajudá-lo. Se entregue pra polícia, prometo que ficarei ao seu lado e o ajudarei no que for preciso. Mas não me peça para amá-lo.

- Você o ama? – Perguntou Chad aumentando seu tom de voz. – RESPONDA HERMIONE. VOCÊ O AMA?

- Amo. – Respondeu Hermione entre um choro desesperado. Olhou para Harry, que ainda os olhava em silêncio. – Eu amo o Harry.

- Não amará mais. – Disse Chad apontando a arma para Harry.

***************

- Cadê minha filha? – Jane se aproximou dos policiais com lágrimas nos seus olhos. – Eu preciso vê-la. Cadê?

- Senhora acalme-se, por favor. – Um policial a segurou, como se já não fosse suficiente John e Lilían segurá-la. – Estamos fazendo o possível para salvá-la. Encontraremos uma solução, mas não entre lá e atrapalhe o nosso trabalho.

- Hermione. – Sussurrou Jane olhando para o colégio, deixando as lágrimas rolarem por sua face.

- Senhora Granger. – Disse Kimberly se aproximando e a abraçando. – Não de desespere. Eles vão salvá-la.

- Como isso aconteceu? – Perguntou John olhando para as amigas de sua filha.

- Não sabemos ao certo. – Respondeu Hilarie. – Mas tudo indica que Hermione recebeu uma ligação do Chad. – Entregou o celular para ele. – Encontramos no salão do baile e a última ligação é dele.

- Se ele fizer alguma coisa com a minha filha. – Sibilou John furioso, olhando o celular.

- Tem algum parente de um aluno chamado... – O policial se aproximou, olhando para a folha em suas mãos. – Harry Potter?

- Eu sou a mãe dele. – Disse Lilían se aproximando do policial. Seu coração bateu mais rápido e algo lhe disse que coisa boa não poderia acontecer. – O que houve?

- Seu filho quis ser herói hoje. Entrou no colégio para salvar a namorada.

**************

- Me explica o motivo, Lafferty. – Disse Harry recebendo um olhar confuso do garoto, atrasando o tempo em que ele usaria para atirar. – Por que, sinceramente, eu não entendi. Primeiro você diz que odeia todos dessa escola, mas sequestra apenas a Hermione e a mantém aqui. Justamente no local que você odeia.

- Ta assustado, Potter? – Perguntou o garoto com irônia, deslizando sua mão até a cintura de Hermione e puxando-a para junto de seu corpo, notando o olhar furioso de Harry com aquele movimento. – Bem-vindo ao meu mundo. Depois que você mata uma pessoa, fica fácil matar mais algumas no caminho.

- Você é louco. – Sibilou Harry, olhando-o com desprezo, colocando a mão no bolso da calça lentamente.

- Talvez eu seja, Potter. – Respondeu após uma risada. – Mas me diga, qual é o seu medo? Tem medo que eu atire em você ou nela?

- Na Hermione. – Respondeu sem pensar duas vezes, sua mão mexendo lentamente em seu bolso. – Não importo com o que você faça comigo, desde que não a machuque.

- Faça-me um favor, Potter. – Chad revirou os olhos, impaciente. – Você nunca a amou. Por que ela? Sempre pode ter a garota que quisesse.

- Está enganado, Lafferty. – Harry balançou a cabeça, imaginando que já tinha alguém do outro lado da linha ouvindo aquela conversa. – Eu sempre amei a Mione. – Disse olhando-a nos olhos. – Só fui um idiota e demorei pra perceber isso. Hermione é a garota que eu sempre quis.

- CALA ESSA MALDITA BOCA. – Gritou Chad assustando-os e fazendo com que Harry tirasse a mão do bolso rapidamente, porém com o gesto rápido ele apertou o viva voz e uma voz feminina pode ser ouvida pelo celular. – Está ligando pra alguém, Potter? – Chad empurrou Hermione, que caiu no chão. Harry deu um passo para trás ao vê-lo se aproximar. – Me dê esse celular. PASSA ELE PRA CÁ.

- Está bem. – Harry tirou o celular do bolso com calma e o colocou no chão. – Fica calmo. – Chutou o celular para ele.

- Uma coisa eu tenho que admitir, Potter. – Chad pegou o celular e o tacou contra a parede, quebrando-o. – Você é esperto. Mas nem tanto. Sempre imaginei que jogadores de futebol tivessem uma ervilha no lugar do cerébro.

- Você já chamou a atenção de muita gente. A polícia está lá fora. Estão pensando em chamar uma equipe especializada pra invadir isso aqui.

- Ótimo. – Chad sorriu. – Até lá vou pensar em qual de nós três eu vou usar essa bala.

**************

- Você é linda sabia? – Dizia Erica observando Vanessa dormindo tranquilamente em seu berço. – E só dá sussego quando dorme. Parece até sua tia.

A loira riu, olhando para a irmã que andava de um lado para o outro no quarto com o celular nas mãos. Erica se aproximou, segurando os ombros da irmã e fazendo-a parar:

- Não precisava vir pra cá. Essa era a sua noite.

- Minha noite já foi destruída à muito tempo. – Rachel soltou um longo suspiro. – E eu não podia deixar minha irmã e minha sobrinha sozinhas. – Olhou a pequena dormindo no berço.

- Eu ainda não posso acreditar que o Chad fez tudo isso. – Comentou Erica sentando-se na poltrona. – Matar a Jassie e sequestrar a Hermione.

- Acho até injusto tudo isso que acontece com o Harry e a Mione. – Disse Rachel com as lágrimas surgindo em seus olhos. – Por que tudo acontece com eles? Por que eles tem que sofrer tanto?

- Tudo na vida tem um propósito, Rachel. – Erica afagou as costas da irmã quando esta sentou-se no braço da poltrona em que estava. – É triste saber disso, mas o destino preparou algo especial para eles.

- Eu torço muito pra que o Harry e a Mione sejam felizes. – Sussurrou Rachel olhando para baixo.

- E a sua felicidade? Como anda?

- Rony e eu esclarecemos os fatos. – Rachel olhou para a irmã. – Nunca daria certo mesmo. Cada um vai seguir sua vida.

Erica abriu a boca para dizer algo, mas o celular de Rachel tocando chamou a fizera mudar de idéia. Rachel olhou primeiro de quem era a ligação e, assim que vira que era de Harry, atendeu. Ele porém não disse nada, mas podia ouvir a voz dele de longe. Não demorou muito para que ouvisse a voz do Chad também. Ouviu gritos de Chad ameaçando Harry e mais uma vez disse alguma coisa na esperança que ele respondesse, mas o celular fora desligado:

- Quem era? – Perguntou Erica preocupada.

- Harry está com o Chad e a Hermione. – Sussurrou Rachel ainda assustada. – Eu preciso ir até o colégio. Você se importa?

- Claro que não. – Erica disse, visivelmente assustada também. – Vanessa está dormindo. Vou aproveitar e descansar, mas qualquer coisa me liga. E peça para o Kevin me ligar também. Estou preocupada.

Rachel assentiu, depositando um beijo na face da irmã. Foi até o berço e deu um leve beijo na testa da sobrinha antes de sair correndo do quarto de hospital.

***********

Ainda sentada, rastejou-se até que suas costas batessem contra a parede gelada. Dobrou os joelhos e os abraçou. Sua expressão era de medo, pânico e desespero. Agora não temia apenas por sua vida, mas pela vida dele também. Maldita hora que Harry decidira entrar para salvá-la.

Levou as mãos na face, notando que estava com febre. Sentiu uma tontura e uma dor de cabeça insuportável. Seu estomâgo revirou várias vezes. Ela então abaixou a cabeça:

- Mione. – Harry a olhou preocupado, caminhando até ela.

- NÃO CHEGA PERTO. – Gritou Chad apontando a arma para Harry.

- ELA ESTÁ PASSANDO MAL SEU IDIOTA. – Bradou o moreno furioso e desesperado ao mesmo tempo.

- Quem cuida da Hermione de agora em diante sou eu. – Sibilou Chad indo até Hermione, porém, sem desviar o olhar de Harry. – Hermione tudo bem?

- Eu estou bem. – Sussurrou Hermione levantando-se lentamente, caminhando até o bebedouro que tinha ali no corredor e bebendo água.

- Chad solte-a. – Harry olhou para o garoto.

- Ela disse que está bem. – Revidou impaciente.

- É assim que você à ama? – Questionou Harry furioso. – Se algo acontecer com ela a culpa será sua.

- NÃO, SERÁ SUA CULPA. – Gritou Chad observando Hermione olhar aflita para ambos. – Se você não se intrometesse sempre em tudo. Se não tivesse levado Hermione até Paris para a universidade, ela ficaria aqui comigo.

- Foi você. – Sibilou Hermione entre dentes, furiosa. – Você e a Jassie roubaram o dvd. Vocês planejaram tudo desde o começo.

- Pra você poder ficar aqui comigo, meu amor. – Chad se aproximou e a tocou na face.

- NÃO ME TOQUE. – Recuou Hermione tirando a mão dele de seu rosto com violência. – Que amor é esse Chad? Você quase arruinou minha vida. Você sabia que esse era o meu sonho, ir pra Orsbrom.

- Você pode começar outro sonho aqui comigo. – Suplicou com lágrimas nos olhos. – Você acha que eu queria isso Hermione? Acha que eu cresci pensando em matar a Jassie e sequestrar você? Eu fiz tudo isso por amor.

- EU NÃO TE AMO. – Gritou Hermione exaltada. – NUNCA TE AMEI E NUNCA CHEGAREI À AMAR UM DIA.

- POR CAUSA DELE. – Chad apontou novamente a arma para Harry. – POR QUE ELE ENTROU NO SEU CAMINHO. DEPOIS QUE VOCÊ COMEÇOU A NAMORÁ-LO, VOCÊ ME ESQUECEU, HERMIONE. EU FIQUEI LOUCO. LOUCO DE SAUDADES, DE CIÚMES E DE VER VOCÊ COM ELE.

Hermione abaixou a cabeça, deixando lágrimas rolarem por sua face. Chad tinha razão, ela o esquecera depois que começara o namoro com Harry. Mas todas as vezes em que conversavam, Chad a lembrava que não era à favor do relacionamento e isso sempre acabava em uma discussão:

- Isso é obsessão. – Sussurrou Hermione olhando-o nos olhos. – Que se tornou em ódio. Como pode ter tanto ódio no seu coração? Você não está fazendo isso só por mim. Está fazendo pra se vingar de todos que não te deram a mesma atenção que eu te dei.

- Eu sou um ninguém aqui, Hermione. – Chad chorava em uma mistura de desespero e raiva. – Já cuspiram em mim. Já tive que andar de cabeça baixa para não apanhar.

- É uma droga, cara. – Disse Harry chamando a atenção dele para si. – Eu sinto muito.

- Você sente muito? – Chad deu uma gargalhada sarcástica que ecoou pelo corredor vazio. – Logo você, Potter? – Aproximou-se lentamente. – Logo você que me fez vestir uma fantasia de corvo e ser humilhado durante um jogo de futebol? Logo você que fazia questão de me chamar de imbécil na frente de todos só pra mostrar que mandava no pedaço? VOCÊ SENTE MUITO, POTTER?

- Eu estou arrependido pelos meus erros. – Murmurou Harry sem se mover. – Me desculpe por tudo que eu fiz.

- DESGRAÇADO. – Sibilou Chad antes de desferir um soco na face de Harry, fazendo-o cambalear. – Eu deveria te matar, Potter. Deveria acabar com você aqui. Está me pedindo desculpa por medo e não por sinceridade.

- Nunca fui tão sincero na vida. – Disse Harry colocando a mão sobre o pequeno corte em sua boca, que sangrava.

- Não pense que eu vou aceitar suas desculpas e vamos sair daqui amigos, tomar uma cerveja e jogar um futebol no fim de semana. – Chad disse entre dentes. – Essa é a primeira e a última vez que você me pede desculpas, Potter.

- Tudo isso por que você não é popular? – Perguntou Harry, franzindo o cenho.

- Não. Tudo isso por que eu estou cansado. – Bradou Chad dando outro soco na face de Harry, fazendo com que ele caísse no chão.

- Chad para. – Hermione entrou na frente dele e o segurou impedindo que ele avançasse. – Para, por favor.

**************

- Alguma novidade? – Perguntou Hilarie assim que vira o namorado se aproximar.

- Estão planejando a melhor forma de entrar no prédio sem que Chad perceba. – Respondeu sentando-se ao lado dela, em uma das mesas do pátio dos fundos.

- Dá pra ouvir os gritos daqui. – Comentou Jim, que afagava os cabelos da esposa adormecida em seu colo no banco. – É uma tranquilidade por que sabemos que ainda estão vivos.

- Como alguém pode ser tão doentio? – Perguntou Rony. – Como ele pode fazer isso com a Mione? Com a nossa Mione?

- Às vezes quando se é doente não escolhemos com quem agir Rony. – Disse Hilarie após tomar um gole de água que estava no copo em suas mãos.

- Harry me ligou. – Disse Rachel aproximando-se do grupo, ofegante. Kimberly levantou-se do banco em um pulo. – Ele não pode dizer nada, mas pelo que notei Chad está nervoso.

- Você tem que contar isso pra polícia. – Disse Kimberly seguindo com o restante do grupo para a entrada principal do colégio, onde todos estavam.

**********

- O QUE VOCÊ VIU NESSE IDIOTA, HERMIONE? – Perguntou para a garota aflita que o segurava, tentando impedi-lo de agredir seu namorado novamente. – Quantas vezes você sofreu por causa dele? Quantas lágrimas você derramou por ele?

- A gente não manda no coração, Chad. – Hermione respirou fundo, chorando. – Eu sofri sim, mas todo mundo que ama sofre um dia. E eu derramei lágrimas de amor. Você ta me fazendo derramar lágrimas de medo.

- Eu não queria que fosse assim. – Chad passou a mão que segurava a arma entre os cabelos. – Não queria te fazer sofrer.

- Chad se entrega. – Hermione segurou-lhe o braço. – Essa não é a melhor saída. Essa voz que está na sua cabeça dizendo que é a única saída está enganada. Você pode vencê-la.

- Não posso, Hermione. – Chad abaixou a cabeça, chorando. – Doí. Isso sempre doí.

- Podemos sair daqui juntos. Você se entrega pra polícia e faremos o possível para ajudá-lo. Não faça isso.

Harry observou Chad abaixar o braço lentamente. Estava cansado de insistir naquilo. Então imaginou que seria o momento certo de agir e, com um rápido chute no braço de Chad, tirou a arma da mão dele e a jogou longe. Empurrou ele contra a parede e o socou, até que ele caísse desacordado no chão. Virou-se para Hermione e a puxou para um abraço, forte e carinhoso:

- Você é um idiota. – Sussurrou Hermione segurando o rosto dele com as mãos. – O que pensava em entrar aqui sozinho?

- Em você. – Harry a beijou levemente nos lábios. – Eu pensei em você o tempo todo. Estava enlouquecendo sem poder fazer nada, Mione.

- Ceús, como eu senti sua falta. – Hermione o beijou novamente. – Como eu te amo.

- Eu também te amo. – Harry a pegou nos braços. – Vem. Vamos sair daqui.

Hermione passou os braços em volta do pescoço dele, olhando-o nos olhos com um sorriso terno. Porém, um aperto em seu coração a fez soltar um baixo gemido. E nos olhos dele pode ver um brilho diferente, escuro e que lhe deu medo.

Foi então que viu uma sombra se levantar e dar alguns passos em sua direção. Harry estava de costas, andando em direção a saída. Contudo, quando cruzou a porta pode notar a expressão rigída e assustada de Hermione. Com calma ele a colocou no chão, virando-se lentamente para o ponto fixo que ela olhava.

- POTTER.

A voz de Chad ecoou pelo corredor. Seus olhos caíram sobre Hermione, que estava aflita ao seu lado. Seria como naquele pesadelo que tivera na noite anterior. Entretanto não deixaria que essa cena acontecesse. Não deixaria Hermione se ferir.

Sentiu seu corpo estremecer, engolindo em seco. Olhou para Chad, parado no meio do corredor e apontando a arma em sua direção:

- Você não a merece.

Com um movimento rápido Harry conseguiu puxar Hermione para trás de si, protegendo-a de qualquer perigo que pudesse vir. O desparo da arma preencheu seus ouvidos, em um ruído ensurdecedor o fizera engolir em seco. Sentiu algo perfurar com força o lado direito de seu peito. A dor era insuportável, fazendo com que sua visão ficasse turva e tudo começasse à girar ao seu redor. Seu corpo cedeu, de joelhos no chão, entregue à fraqueza que o atingira rapidamente. Pode ouvir vozes ao seu redor, algumas conhecidas e outras estranhas.

Levou a mão ao lado direito do seu peito e a olhou. Havia sangue ali. Seu corpo caiu ao chão, totalmente. Sua respiração ficava cada vez mais difícil. Ele então a viu, ajoelhada ao seu lado. Sentiu-a amparar sua cabeça no colo, enquanto as lágrimas lhe molhava a face. A dor que sentia era imensa e a única forma que encontrara de diminuí-la era entregar-se por completo à ela.

Várias pessoas a afastaram, mas ela gritava e lutava. Tinha que ficar ao lado dele. Precisava ficar ao lado dele. Ele estava ferido e ela precisava cuidar dele. Mas parece que ninguém entendia seu desespero.

Viu Tiago se aproximar do filho, desesperado e com lágrimas no rosto. Passou a mão entre os cabelos, bagunçando-os ainda mais. Diante daquela situação ele saberia o que fazer, afinal ele era médico. Mas não era um desconhecido que estava ali. Era seu filho que acabara de ser baleado e precisava de socorro. Respirou fundo, tentando manter a calma. Então levantou as pálpebras de Harry para poder examiná-las. Acendeu uma pequena luz diante dos olhos dele, que estavam sem movimento. Conferiu a pulsação:

- Ele está inconsciente. – Disse Tiago ao policial. – Precisamos levá-lo ao hospital.

- Chad Lafferty você está preso por seqüestro e homicídio. – Gritou um policial entrando no corredor com uma arma apontada para o garoto, que ainda parecia atormentado com o que acabara de fazer. – Coloque a arma no chão.

- Ele está morto? – Perguntou tentando ver Harry através do policial. – Potter está morto?

- Não queria matá-lo. – Chad caminhou na direção do policial com a arma na mão. – Foi por impulso. Eu não queria...

- Será meu último aviso. – Gritou o policial pronto para atirar. – Solte essa arma e se ajoelhe com os braços atrás da cabeça.

- Foi sem querer. – Chad correu até Harry, mas foi impedido de continuar quando duas balas lhe acertaram no peito.

Hermione gritou, virando-se de costas para aquela cena e abraçando a pessoa que lhe segurava. Demorou alguns segundos até perceber que era Jim que a segurara o tempo todo e agora afagava seus cabelos. Ela não viu Tiago e algumas pessoas colocarem Harry em uma maca e o levarem para uma ambulância.


 


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N/A: Não me matem, por favor. kkkk


Se vocês me matarem não terá final de fic. Então me deixem viva. *-*


Bom, não vou fazer uma n/a muito grande dessa vez. Ainda mais depois de fortes emoções como foi esse capítulo.


Mas vocês viram como foi com o capítulo anterior, não viram?!


Vocês comentaram muito e o capítulo veio rapidinho. Então façam isso denovo com esse capítulo e logo o próximo chega.


Então comentem, muuuuiiiitooooo *-*


E dêem uma passadinha nas minhas fic's com a Jessy. Não se esqueçam.



Beijos



*BYE*


                                                                              18-04-10




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