Olhos cinza-esverdeados..



“Plataforma 9 e meia... Bem pensado.”
Esse foi o último pensamento de Helena antes de entrar no Expresso de Hogwarts, onde agora se aconchegava sozinha numa cabine. Encostando sua cabeça no vidro gelado do trem, ela viu as famílias se despedirem dos filhos e tentou ignorar, fechando os olhos. Ao perceber a presença de pessoas se aproximando, ela não hesitou em fingir que estava dormindo, para não ter que concordar com nenhuma presença ali, junto dela, naquela cabine. Cansou de fingir, afinal, e minutos depois se levantou para fechar a porta, quando se deparou com três amigos: Rony, Hermione e Harry.
- Com licença... – disse Harry. – Não tem mais nenhuma cabine vaga e eu pensei que talvez...
- Que seja. – Helena respondeu depressa, se virando, tentando não ligar para os garotos, e não conseguindo esconder o seu incômodo com aquilo.
Estes se sentaram e começaram a conversar alegremente. Rony percebeu que Helena tentava dormir – ou apenas fingia.
- Bom... Pena que aquelas garotas chamaram Gina para se juntar a elas. – Harry falou em tom desapontado.
- Calma, cunhadinho – Rony disse em tom brincalhão – Algumas horas não vão fazer Gina te esquecer.
Harry abafou um riso, quando a porta da cabine se abriu. Era Ernesto McMillan, monitor da Lufa-Lufa, com uma cara de quem já estari procurando por alguém a um bom tempo.
- Aí estão vocês! Rony e Hermione, já se esqueceram que são monitores? Só porque sou monitor-chefe, não vou precisar lembrar vocês das coisas, não é? – disse em um tom sarcástico, abrindo um sorriso logo depois de completar a frase.
- Meu Deus! Como fui esquecer? – Hermione parecia constrangida – Desculpe Harry, Ron e eu temos que ir.
Harry poderia jurar que viu Rony fazer uma cara de pena por ele ter que ficar a sós com aquela garota que ele nunca tinha visto antes, que aparentava não ser muito sociável.
Os dois saíram. Harry simplismente não sabia o que fazer, e sentiu um certo alívio quando a mulher gorduxa que vendia doces, bateu na porta de sua cabine.
- Doces, garotos?
Helena não respondeu. Continuou imóvel, encostada na janela. Harry olhou para ela, e logo em seguida disse, tentando disfarçar o constrangimento.
- Eu vou querer. Bem.. – Harry levou a mão ao bolso e pegou qualquer coisa depressa – Me dê o que dá para comprar com isso.
Ele não havia percebido, mas tinha estendido o suficiente para obter 7 sapos de chocolate, 12 caixinhas de feijõezinhos de todos os sabores e 4 copos de suco de abóbora que ele acrescentou dizendo que queria bem gelado. Não teve tempo de voltar atrás, e seu constragimento cresceu quando tornou a entrar na cabine com tudo aquilo. Harry, com muita dificuldade, coloca tudo aquilo em cima do banco a frente de Helena, e então, esta finalmente se mexe. Ela abre os olhos, se vira para Harry e por um segundo o encara.
- Harry Potter, não é? – Ela diz, com a voz baixa, lentamente, sem muita emoção.
Harry faz que sim com a cabeça, mas se impressiona da menina não ficar tão admirada como todos os outros. Ela volta a encostar sua cabeça na janela de vidro, agora olhando para Harry e seus doces, em uma expressão quase indecifrável, mas pensativa.
- Er... você quer? Quer dizer, tem bastante, não vou comer sozinho.
- Não, obrigada. Você pode compartilha-las com seus amiguinhos depois.
Harry entendeu que ela não era do gênero amigável. Mas mesmo assim, se sentiu atraído para uma conversa.
- Você é nova, não é?
- Bela observação.
Harry sentiu a frieza nos olhos da garota, mas não iria desistir facilmente de conhecê-la.
- Qual é seu nome?
- Helena Kruckfel.
- Você foi transferida?
- Não. Mudei por opção.
- Ah... Da onde você era?
Harry estava constrangido, mas mesmo assim sua vontade de conhecer a misteriosa garota era maior do que sua vergonha em falar com ela. Enquanto analisava a garota, ele tentava descobrir sobre ela. Ele reparou que por trás daquele rosto frio, havia uma garota bonita. Harry arriscaria até em dizer que ela era linda. Ela tinha cabelos longos, totalmente negros, lisos até a metade, onde começavam a se ondular naturalmente. Seus olhos eram cinza-esverdeados, uma cor que Harry jamais vira antes, e não conseguiu destingir direito qual sentimento realmente havia neles. Mas ele via algo muito parecido com uma dor profunda - daquela que ele conhecia muito bem.

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