Capítulo 4



N/A: Eu esqueci de avisar no ultimo capítulo que veriamos o esperado encontro entre Harry e Hermione, então aviso agora, mas se preparem pois Harry é um 'pouquinho' grosso com a Mione.

Capítulo Quatro


— Srta. Ginny Granger? — o cavalheiro inquiriu com cortesia.
— Sou eu — Ginny se adiantou, fitando o homem de cabelos brancos e trajes impecáveis.
— Fui instruído por sua alteza, a duquesa de Claremont, para levá-la à casa dela. Onde está a sua bagagem?
— Ali.
Ele só teve de olhar por cima do ombro para que dois criados também impecavelmente uniformizados, saíssem da luxuosa carruagem preta, com brasão dourado pintado na porta, e corressem até onde se encontrava o baú.
— Nesse caso, creio que podemos partir — voltou a se dirigir a Ginny.
— E quanto a minha irmã? — Ginny indagou, apertando a mão de Hermione com evidente pavor.
— Tenho certeza de que os encarregados de levar sua irmã não tardarão. Seu navio chegou quatro dias antes da data prevista.
— Não se preocupe comigo — Hermione declarou com uma confiança que não sentia. — A carruagem do duque deve chegar a qualquer momento. Enquanto isso, o capitão Moody permitirá que eu espere a bordo.
Ginny abraçou a irmã.
— Mione prometo convencer nossa bisavó a convidá-la para ficar conosco. Estou assustada. Não se esqueça de escrever todos os dias!
Hermione ficou onde estava, observando a carruagem se afastar, enquanto Ginny acenava da janela. Acotovelada por marinheiros ansiosos por algumas doses de bebida e pela companhia de mulheres de reputação duvidosa, sentiu-se mais solitária do que jamais se sentira antes.
Passou os dois dias seguintes sozinha em sua cabina, interrompendo as longas horas de tédio apenas para breves caminhadas no convés e refeições na companhia do capitão Moody, um homem afável e paternal, que parecia apreciar a companhia de Hermione. Ela logo passou a considerá-lo um novo amigo.
Quando, na manhã do terceiro dia, nenhuma carruagem chegou para levar Hermione até Gryffindor Park, o capitão assumiu o controle da situação e alugou uma.
— Chegamos antes da data prevista, o que é uma ocorrência rara — ele explicou. — Seu primo pode demorar dias para mandar alguém vir buscá-la. Preciso resolver assuntos importantes em Londres e não posso deixá-la a bordo, desprotegida. O tempo que uma mensagem levaria para chegar a seu primo é o mesmo que sua viagem até lá vai durar.
Durante horas, Hermione apreciou a paisagem dos campos ingleses em todo o seu esplendor. Flores coloridas cobriam vales e colinas. Apesar dos solavancos provocados pelas pedras e raízes no caminho, o ânimo de Hermione se elevava a cada quilômetro percorrido. O cocheiro apareceu na janela dianteira.
— Estamos a menos de três quilômetros da propriedade, madame. Se quiser...
Tudo aconteceu muito depressa. A roda atingiu uma grande raiz, a carruagem foi atirada para o lado, o cocheiro desapareceu da janela e Hermione foi atirada no chão. Um minuto depois, a porta se abriu e o cocheiro a ajudou a se levantar.
— Está ferida? — indagou, preocupado.
Hermione sacudiu a cabeça, mas antes que pudesse pronunciar uma palavra sequer, ele já se virava para lançar sua ira sobre dois homens, vestindo roupas de trabalho de camponeses, que seguravam os chapéus apertados contra o peito.
— Malditos idiotas! Como entram na estrada desta maneira? Vejam o que fizeram! O eixo da minha carruagem se quebrou!
Continuou esbravejando, recitando uma ladainha de palavrões.
Delicadamente, Hermione deu as costas ao homem irado e seu linguajar ofensivo, e tentou sem o menor sucesso limpar a sujeira da saia. O cocheiro deslizou para debaixo da carruagem, a fim de verificar o eixo quebrado, e um dos camponeses se aproximou de Hermione, torcendo o chapéu nas mãos.
— Arthur e eu sentimos muito pelo que aconteceu, madame. Nós a levaremos até Gryffindor Park, isto é, se não se importar de colocarmos o seu baú na carroça, junto com os leitões.
Grata por não ter de caminhar os quase três quilômetros restantes, Hermione aceitou prontamente. Pagou o cocheiro com parte do dinheiro que Sirius Potter enviara para as despesas de viagem e se acomodou no banco da carroça, entre os dois camponeses. Viajar de carroça, apesar de dar menos prestígio que uma carruagem, era muito mais confortável. A brisa acariciava-lhe o rosto e ela tinha visão ampla e irrestrita dos campos.
Com suas maneiras amigáveis e sem afetação, Hermione não demorou a se engajar em uma animada conversa com os dois homens. Evidentemente, camponeses ingleses eram violentamente contra a implementação de máquinas agrícolas.
— Elas nos deixam desempregados — um deles argumentou, justificando sua apaixonada condenação das “coisas infernais”.
Hermione mal ouviu o comentário, pois haviam acabado de atravessar os pesados portões que se abriam para os jardins cuidadosamente tratados que se estendiam até onde a vista podia alcançar. Os gramados eram recortados por canteiros de flores e riachos.
— Parece um conto de fadas! — Hermione murmurou, fascinada pela paisagem espetacular. — Devem ser necessários dezenas de jardineiros para cuidar de um lugar assim.
— Verdade — Arthur confirmou. — O lorde emprega quarenta deles, sendo que dez cuidam só dos jardins da casa. — Depois de rodarem pela estrada bem cuidada por quinze minutos, dobraram uma curva e Arthur apontou à frente, anunciando: — Aí está Gryffindor Park. Ouvi dizer que tem cento e sessenta cômodos.
Hermione respirou fundo. Sua mente girava em disparada, enquanto o estômago, completamente vazio, se contorcia. Diante de seus olhos estava a casa de três andares mais espetacular que ela já vira, cujo esplendor ia muito além do que sua imaginação jamais poderia alcançar. A construção de tijolos, com suas chaminés, pairava sobre ela como um palácio, cujas janelas refletiam o brilho dourado do sol.
A carroça parou diante da entrada, também magnífica, e Hermione desviou o olhar da mansão, enquanto um dos camponeses a ajudava a descer.
— Obrigada. Os senhores foram muito gentis — agradeceu aos dois e começou a subir os degraus com dificuldade, pois a apreensão tornara seus joelhos trêmulos.
Atrás dela, os dois camponeses abriram a parte traseira da carroça, a fim de retirar o baú de Hermione. Infelizmente, quando o fizeram, os dois leitõezinhos saltaram para o chão e saíram correndo pelo gramado.
Hermione virou-se ao ouvir os gritos dos camponeses e caiu na risada ao vê-los correndo atrás dos velozes animaizinhos.
Naquele momento, a porta da mansão se abriu e um homem de expressão rígida e uniforme impecável lançou olhares irados para os camponeses, para os leitões e, claro, para a jovem despenteada, de vestido sujo, a sua frente.
— As entregas — ele falou em voz alta e ameaçadora — devem ser feitas na porta dos fundos.
Erguendo o braço. Ele apontou para o caminho que dava a volta na casa.
Hermione abriu a boca para explicar que não estava fazendo nenhuma entrega, mas teve a atenção distraída por um dos leitõezinhos que, mudando de direção, agora corria diretamente para ela.
— Tire essa carroça, esses porcos e a sua pessoa daqui imediatamente! — o homem uniformizado explodiu.
Lágrimas provocadas pelo riso embaçaram a visão de Hermione, que se abaixou para apanhar o leitão, antes de começar.
— O senhor não enten...
Ignorando-a, Slughorn virou-se para o lacaio e falou por cima do ombro:
— Livre-se de todos eles! Agora!
— Que diabo está acontecendo aqui? — um homem de seus trinta anos, cabelos negros, inquiriu.
O mordomo apontou para Hermione, os olhos faiscando.
— Essa mulher é...
— Hermione Granger — ela falou depressa, tentando conter o riso.
Um misto de tensão, cansaço e fome ameaçavam levá-la à histeria. Quando viu o choque estampado nas feições do homem de cabelos negros, uma vez mencionado o seu nome, ela foi invadida por profundo alarme que, em uma fração de segundo resultou em uma explosão de gargalhadas.
Esforçando-se ao máximo para conter o riso, Hermione virou-se e entregou o leitão para o camponês. Então, alisou a saia e fez uma pequena referência.
— Acho que houve um engano — falou com voz sufocada. — Eu vim...
A voz gelada do homem alto interrompeu-a:
— Foi você quem se enganou a vir para cá, senhorita Granger. Entretanto, estamos muito próximos do anoitecer para mandá-la de volta para o lugar de onde veio.
Segurando-a pelo braço, ele a puxou para dentro da casa com gestos rudes.
Hermione recuperou a seriedade no mesmo instante. A situação já não lhe parecia nada engraçada. Ao contrário, acabara de se tornar assustadora. Foi invadida pela timidez ao se ver em um hall de entrada, todo revestido de mármore, maior do que a casa inteira onde morara, em Nova York. Do lado oposto à porta de entrada, duas escadas curvas levavam aos andares superiores. Acima de sua cabeça, a uma altura vertiginosa, uma abóbada de vidro filtrava a luz do sol, que banhava o ambiente magnífico. Hermione ficou alguns segundos olhando para cima, até lágrimas brotarem de seus olhos e a abóbada começar a dançar, ao mesmo tempo em a angústia lhe apertava o peito. Viajara milhares de quilômetros, por mar e por terra, esperando ser recebida por um cavalheiro gentil. Porém, seria mandada de volta, para longe de Ginny... A abóbada girou mais depressa, formando um caleidoscópio de cores brilhantes.
— Ela vai desmaiar — o mordomo previu.
— Ah, meu Deus! — o homem de cabelos negros exclamou, tomando-a em seus braços.
O mundo já começava a recuperar o foco para Hermione, quando ele subiu os primeiros degraus da escada de mármore.
— Ponha-me no chão — ela pediu com voz fraca, contorcendo-se. — Estou perfeitamente...
— Fique quieta! — ele ordenou.
Ao alcançar o primeiro patamar, virou-se à direita e entrou no primeiro quarto, dirigindo-se para a cama imensa, coberta por um acolchoado azul e prateado que combinava com as cortinas. Sem dizer uma palavra, deitou-a sem a menor cerimônia. Quando ela tentou se levantar, ele a forçou a permanecer deitada, pousando as mãos em seus ombros, sem a menor delicadeza.
O mordomo entrou correndo.
— Aqui, milorde, amoníaco — anunciou.
Milorde apanhou o vidro e aproximou-o do rosto de Hermione.
— Não! — ela gritou, tentando virar a cabeça para o outro lado, sem sucesso. Desesperada, inquiriu: — O que está tentando fazer? Quer que eu beba isso?
— Excelente idéia — ele replicou, mal-humorado, embora diminuísse a pressão da mão que a segurava pela nuca.
Exausta e humilhada, Hermione virou-se, fechou os olhos e engoliu seco, ao mesmo tempo em que lutava para reprimir as lágrimas que haviam formado um nó em sua garganta.
— Espero, sinceramente— ele falou em tom de profundo desgosto —, que você não esteja pensando em vomitar nesta cama, pois devo informá-la de que você mesma terá de limpá-la.
Hermione Jane Granger, produto de dezoito anos de educação cuidadosa que, até então, havia produzido uma jovem gentil e amável, virou a cabeça lentamente no travesseiro e fitou-o com olhar assassino.
— Você é Sirius Potter?
— Não.
— Nesse caso, faça o favor de sair desta cama, ou permitir que eu saia!
Franzindo o cenho, ele examinou a jovem rebelde que o fitava com um brilho de ódio nos olhos excepcionalmente marrons. Seus cabelos espalhados sobre o travesseiro mais pareciam chamas douradas, emoldurando um rosto que lembrava uma escultura em porcelana feita por um artista. Os cílios eram incrivelmente longos, os lábios rosados eram macios e...
De maneira abrupta, ele se pôs de pé e saiu do quarto, seguido pelo mordomo. A porta se fechou atrás deles, deixando Hermione no mais absoluto silêncio.
Lentamente, ela se sentou na cama e, então, pôs os pés no chão e se levantou, temerosa de que a tontura voltasse a atacá-la. O desespero fez com que sentisse frio, mas suas pernas continuaram firmes, enquanto ela olhava em volta. A sua esquerda, cortinas azuis encontravam-se atadas por delicadas faixas prateadas, revelando uma parede quase totalmente coberta de janelas. No extremo oposto do quarto, um par de canapés, também azul e prata, formavam um ângulo aconchegante diante da lareira. A expressão “esplendor decadente” cruzou-lhe a mente, enquanto ela alisava a saia, lançava mais um olhar ao seu redor e voltava a se sentar na cama.
Um nó de desolação se formou em sua garganta. Hermione cruzou as mãos sobre as coxas e tentou pensar no que fazer a seguir. Era evidente que seria mandada de volta para Nova York, como uma encomenda indesejada. Ora, mas então, por que seu primo, o duque, a levara até ali? Onde estava ele?
Hermione não poderia recorrer à irmã, ou à bisavó, uma vez que a duquesa escrevera uma carta para o dr. Dumbledore, deixando claro que Ginny, e somente Ginny, seria bem recebida em sua casa. Confusa, Hermione franziu o cenho. Refletiu que, tendo sido o homem alto, de cabelos negros, quem a carregara nos braços até o quarto, talvez ele fosse um criado e o outro, de expressão rígida, fosse o duque. À primeira vista, o mais velho lhe parecera um criado de alta posição, como a sra. Pince, governanta da casa de Draco.
Alguém bateu na porta e Hermione se levantou de um pulo, antes de dizer:
— Entre.
Uma criada envergando um vestido preto engomado, avental e touca brancos, entrou, carregando uma bandeja de prata. Seis outras criadas a seguiram, vestindo uniformes idênticos, parecendo marionetes com baldes de água quente nas mãos. Em seguida, foi a vez de dois lacaios, em uniformes verdes, com galões dourados, parecidos com o do homem que abrira a porta para Hermione, trazendo seu baú.
A primeira criada depositou a bandeja na mesa entre os canapés, enquanto as outras desapareciam atrás de uma porta que Hermione não vira antes e os lacaios colocavam o baú ao pé da cama. Um minuto depois, todos deixaram o quarto, em fila, fazendo Hermione se lembrar de soldadinhos de chumbo animados. A única criada que ficou, a mesma que trouxera a bandeja, virou-se para Hermione, que permanecera imóvel ao lado da cama.
— Trouxe algo para a senhorita comer — informou-a com rosto inexpressivo, apesar da voz suave e agradável.
Hermione foi se sentar no canapé e a visão de torradas com manteiga e chocolate quente a deixaram com água na boca.
— O lorde mandou dizer que a senhorita deve tomar um banho — a criada anunciou, dirigindo-se para onde as outras haviam levado a água quente.
Hermione imobilizou a mão que levava a xícara a seus lábios.
— Lorde? — repetiu. — Está se referindo ao... cavalheiro... que abriu a porta, quando cheguei? Aquele de cabelos brancos?
— Não! — a criada replicou em tom de surpresa. — Aquele é o senhor Slughorn, o mordomo, senhorita.
O alívio de Hermione durou pouco, apenas até a criada continuar:
— O lorde é um homem alto, de cabelos negros e desarrumados.
— E ele mandou dizer que eu deveria tomar um banho? — Hermione indagou, furiosa.
A moça assentiu, corando.
— Bem, estou mesmo precisando — Hermione admitiu com certa relutância.
Depois de comer as torradas e tomar o chocolate, foi até o banheiro, onde a criada despejava sais de banho na água fumegante. Enquanto tirava o vestido de viagem, extremamente sujo, Hermione pensou na carta breve que Sirius Potter lhe enviara, convidando-a para se mudar para a Inglaterra. Ele parecera tão ansioso para recebê-la. Venha imediatamente, minha querida, escrevera. Será muito bem-vinda aqui. Esperamos ansiosos por sua chegada. Talvez ela não fosse mandada de volta. Talvez o “lorde” houvesse cometido um engano.
A criada a ajudou a lavar os cabelos e, depois de lhe entregar uma toalha felpuda, ajudou-a a sair da banheira.
— Já guardei suas roupas e arrumei a cama, caso a senhorita deseje descansar um pouco.
Hermione sorriu e perguntou-lhe o nome.
— Meu nome? — a moça repetiu, incrédula. — Bem, é... Angelina.
— Muito obrigada, Angelina, por ter guardado minhas roupas.
Um leve rubor cobriu as faces pontilhadas de sardas de Angelina, ao mesmo tempo em que ela se curvava em uma reverência.
— O jantar é servido às oito horas — ela informou. — O lorde não costuma obedecer aos horários do campo, em Gryffindor.
— Angelina — Hermione chamou, um pouco constrangida —, existem dois lordes aqui? Estou me referindo a Sirius Potter...
— Ah, está falando de sua alteza! — Angelina reconheceu, olhando ansiosa por cima do ombro, como se tivesse medo de ser ouvida. — Ele ainda não chegou, mas está sendo esperado ainda esta noite. Ouvi o lorde ordenar a Slughorn que enviasse uma mensagem a sua alteza, informando-o sobre a chegada da senhorita.
— E como é... sua alteza? — Hermione perguntou, sentindo-se ridícula por usar aqueles títulos esquisitos.
Angelina pareceu prestes a descrevê-lo, mas mudou de idéia.
— Sinto muito, senhorita, mas o lorde não permite que os criados façam mexericos. Nem estamos autorizados a conversar com hóspedes.
Curvando-se mais uma vez, ela saiu do quarto.
Hermione ficou chocada por saber que, naquela casa, duas pessoas eram proibidas de conversar só porque uma era da criadagem e a outra, hóspede. Porém, considerando seu breve contato com o “lorde”, não era difícil imaginá-lo estabelecendo regras absolutamente desumanas.
Retirando a camisola do guarda-roupa, Hermione vestiu-a e se deitou. Deleitando-se com os lençóis macios que lhe afagaram a pele, fez uma prece pedindo que Sirius Potter fosse mais gentil e simpático do que o outro lorde. Então, seus olhos se fecharam e ela adormeceu imediatamente.


N/A: Eu sei que o Harry tá meio cruel, mas acreditem, ele tem todo direito de ser revoltadinho, com o desenrolar da história vocês vão descobrir porque!!!
Só pra não perder o hábito, COMENTEM!!!
Jéssica Malfoy

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