Capítulo 22



N/A: São agora 00:24, bem ainda conta como dia 16, né? Enjoy the chapter!

Capítulo Vinte e Dois

Na manhã seguinte, com passos determinados, Hermione foi até o estábulo e lá esperou enquanto o cavalariço selava um cavalo. Seu novo traje de montaria era muito bem cortado, e o casaquinho justo acentuava-lhe o volume arredondado dos seios e a cintura delgada. A blusa branca ressaltava sua pele clara e os cabelos castanhos, que ela prendera em um coque discreto, na nuca. Ao se olhar no espelho, antes de sair do quarto, sentira-se bastante bonita e sofisticada, o que contribuíra para aumentar sua autoconfiança.
Exibiu um sorriso largo quando o cavalariço lhe trouxe um lindo alazão, cujos pelos reluziam ao sol.
— É um animal muito bonito, John. Como se chama?
— Matador, pois creio que veio da Espanha. O lorde deixou instruções para que milady use este cavalo, até o seu chegar, dentro de algumas semanas.
Harry havia lhe comprado um cavalo, Hermione concluiu, enquanto montava com a ajuda de John. Não podia compreender a necessidade de adquirir um novo animal, quando seus estábulos eram famosos por abrigarem as melhores montarias da Inglaterra. Mesmo assim, tratava-se de um atitude bastante generosa e muito típico de Harry Potter o fato de ele nem sequer ter mencionado o assunto.
Ao parar diante do chalé do capitão Lupin, Hermione suspirou aliviada ao vê-lo abrir a porta e se adiantar para ajudá-la a desmontar.
— Obrigada — agradeceu. — Estava rezando para encontrá-lo em casa.
Ele sorriu.
— Eu pretendia ir até Gryffindor, hoje, a fim de verificar como você e Harry estão se saindo.
— Nesse caso — ela comentou com um sorriso triste —, foi bom não ter se dado a esse trabalho.
— A situação não melhorou? — ele inquiriu, surpreso, convidando-a para entrar.
Enquanto Lupin punha água para ferver, a fim de preparar o chá, Hermione se acomodou no sofá, sacudindo a cabeça.
— Eu diria que, se a situação mudou, foi para pior. Bem, não exatamente. Pelo menos, Harry ficou em casa ontem à noite, em vez de ir para Londres, visitar a sua... bem, o senhor sabe, do que estou falando.
Hermione não planejara mencionar questões tão íntimas. Só queria discutir o estado de ânimo de Harry.
O capitão retirou duas xícaras do armário e lançou-lhe um olhar perplexo por cima do ombro.
— Não, não sei do que está falando.
Hermione corou e desviou o olhar.
— Ora, vamos criança! Confiei em você. Devia saber que pode confiar em mim. Com quem mais pode conversar?
— Ninguém — ela respondeu, desolada.
— Se o que tem a dizer é tão difícil, pense em mim como se fosse seu pai, ou pai de Harry.
— Além de não ser nem uma coisa, nem outra, não sei se eu seria capaz de contar ao meu pai o que está querendo saber, capitão.
Ele pôs as xícaras na mesa e virou-se para encará-la.
— Sabe qual é a única coisa que não gosto no mar? A solidão da minha cabina. Às vezes, gosto de estar lá, sozinho, mas quando algo me preocupa, como, por exemplo, uma tempestade que se aproxima, não tenho com quem partilhar meus medos. Não posso deixar meus homens perceberem que estou com medo, pois eles entrariam em pânico. Por isso, tenho de guardar tudo dentro de mim, onde o medo cresce, até atingir proporções exageradas. Às vezes, eu me encontrava em alto-mar e tinha o pressentimento de que minha esposa estava doente, ou correndo algum tipo de perigo, e o sentimento me assombrava porque eu não tinha ninguém para me garantir que tudo não passava de tolice. Se não pode conversar com Harry e não quer conversar comigo, nunca encontrará as respostas que está procurando.
Hermione fitou-o com olhar afetuoso.
— É um dos homens mais gentis que já conheci, capitão Lupin.
— Então, por que não imagina que sou seu pai e conversa comigo?
Muita gente, incluindo mulheres, havia confiado todo tipo de problemas ao dr. Granger, sem o menor embaraço, ou vergonha. Hermione sabia disso. E se tinha alguma esperança de compreender Harry, precisava conversar com o capitão.
— Muito bem — começou, sentindo-se grata por ele ter o tato de se fingir ocupado com a preparação do chá e lhe dar as costas, pois era muito mais fácil falar, quando ele não a fitava nos olhos. — A verdade é que vim perguntar se o senhor tem certeza de que me contou tudo o que sabe sobre Harry. Mas, para responder a sua pergunta, Harry ficou em casa, ontem à noite, pela primeira vez desde que estive aqui. Ele tem ido a Londres para visitar sua... bem.. sua amante.
O capitão se empertigou, visivelmente chocado, mas não se virou para encará-la.
— O que a levou a essa conclusão? — ele perguntou.
— Li no jornal, ontem pela manhã. Harry havia passado a noite fora e chegou justamente quando eu acabava de ler o artigo. Eu estava furiosa e...
— Posso imaginar.
— E quase perdi a calma, mas tentei ser razoável. Disse a ele que compreendo o fato de um marido civilizado ter uma amante, mas acho que ele deve ser discreto e...
O capitão virou-se de súbito, boquiaberto.
— Disse a ele que acha “civilizado” ele ter uma amante, mas que deve ser “discreto”?
— Sim. Não deveria?
— Por que disse isso? Aliás, por que pensa assim?
Hermione reconheceu o tom de crítica na voz do capitão e ficou imediatamente tensa.
— A senhorita Trelawney... Sibila Trelawney explicou que, na Inglaterra, é comum os maridos que consideram suas esposas terem...
— Sibila Trelawney? — ele repetiu, incrédulo. — Sibila Trelawney é uma solteirona, sem mencionar que não é muito certa da cabeça! Harry costumava mantê-la em Gryffindor para ajudar a cuidar de Jaime, pois só assim o garoto recebia carinho e atenção, quando Harry tinha de viajar. Sibila era carinhosa e atenciosa, sem dúvida, mas um dia perdeu o bebê dentro de casa! E você foi pedir conselhos a uma mulher como ela?
— Não pedi. Ela ofereceu a informação — Hermione se defendeu, corando.
— Desculpe, se gritei com você, criança. Na Irlanda, uma esposa bate no marido com um cabo de vassoura, se ele for procurar outra mulher! É mais simples, mais direto e muito mais eficiente, eu garanto. Por favor, continue o que estava contando. Disse que confrontou Harry e...
— Acho melhor não continuar. Na verdade, não foi boa idéia ter vindo até aqui. Eu só queria saber se o senhor pode explicar por que Harry se tornou distante depois da noite...
— O que quer dizer com “distante”?
— Não sei como explicar.
Ele encheu as duas xícaras de chá.
Hermione, está tentando me dizer que Harry não tem se deitado com você?
As faces de Hermione se tornaram escarlate.
— A verdade é que ele não faz isso desde a nossa noite de núpcias, embora eu temesse que fosse fazê-lo, quando derrubou a porta depois de eu tê-la trancado...
Sem dizer uma palavra, o capitão depositou as xícaras na mesa e encheu dois copos de uísque. Então, estendeu um deles para Hermione.
— Beba isto — ordenou. — Tornará mais fácil falar e eu quero ouvir o resto da história.
— Sabe, antes de vir para a Inglaterra, eu nunca tinha bebido, exceto depois do enterro de meus pais, quando tomei vinho. No entanto, desde que cheguei aqui, as pessoas me dão vinho, conhaque e champanhe, dizendo que vou me sentir melhor, mas não me sinto melhor com a bebida.
— Beba — ele insistiu.
— No dia do casamento, eu estava tão nervosa que tentei fugir de Harry, no altar. Então, quando chegamos a Gryffindor, achei que um pouco de vinho me ajudaria a enfrentar o resto da noite. Bebi cinco copos, na festa, mas tudo o que consegui foi ficar enjoada, quando... quando fui para a cama, mais tarde.
— Está dizendo que quase abandonou Harry no altar, diante de todas as pessoas que o conhecem?
— Sim, mas não me dei conta do que estava fazendo. Harry percebeu, infelizmente.
— Meu Deus!
— E, na nossa noite de núpcias, eu quase vomitei.
— Meu Deus! — ele repetiu. — E, na manhã seguinte, trancou Harry para fora do seu quarto?
— E, ontem, disse a ele que considera “civilizado” ele procurar a amante?
Quando Hermione assentiu novamente, Lupin limitou-se a fitá-la, boquiaberto, por um longo momento.
— Tentei compensar tudo isso, ontem à noite — Hermione informou-o na defensiva.
— É bom ouvir isso.
— Sim, sugeri que fizéssemos qualquer coisa que ele tivesse vontade de fazer.
— O que deve ter melhorado um bocado o humor dele — o capitão calculou com um sorriso satisfeito.
— Bem, por um momento, foi o que pensei. Mas, quando sugeri que jogássemos xadrez, ele se tornou...
— Sugeriu que jogassem xadrez? Pelo amor de Deus! Por que xadrez?
Hermione fitou-o com expressão magoada.
— Tentei pensar nas coisas que meu pai e minha mãe costumavam fazer juntos. Pensei em sugerir um passeio pelo campo, mas estava muito frio.
Visivelmente entre a vontade de rir e o quase desespero, o capitão sacudiu a cabeça.
— Pobre Harry — murmurou baixinho, antes de voltar a encarar Hermione com seriedade. — Garanto que seus pais faziam... outras coisas, juntos.
— Como por exemplo? ela perguntou, inocente, pensando nas noites que seus pais passavam diante da lareira, lendo bons livros.
Sua mãe também cozinhava os pratos prediletos de seu pai, mantinha a casa limpa e arrumada e cuidava das roupas dele. Harry, porém, contava com um verdadeiro exército de criados para desempenhar tais funções com perfeição. Ela olhou para Lupin com expressão confusa.
— A que tipo de coisa está se referindo? — indagou.
— Estou me referindo às coisas íntimas que seus pais faziam quando você estava na sua cama e eles, na deles — o capitão respondeu.
Uma lembrança antiga voltou à mente de Hermione: seus pais parados diante do quarto de sua mãe, a voz suplicante do pai, que tentava abraçar a esposa, dizendo: “Não me recuse, Katherine. Pelo amor de Deus, não...”.
Só agora Hermione se dava conta de que sua mãe recusava que seu pai partilhasse sua cama. Então, lembrou-se de como ele parecera magoado e desesperado e de como ela ficara furiosa com a mãe por magoá-lo. Seus pais eram amigos, sem dúvida, mas sua mãe jamais amara seu pai. Katherine amava Sirius Potter e, por isso, se negara a dormir com o marido, depois que Ginny nascera.
Hermione pensou em como seu pai sempre parecera solitário. Perguntou-se se todos os homens se sentiam solitários, ou, talvez, rejeitados, se suas esposas se recusavam a dormir com eles.
A mãe não amara o pai, mas eles haviam sido amigos. Amigos... Hermione deu-se conta de que estava tentando transformar Harry em seu amigo, exatamente como a mãe fizera com seu pai.
— Você é uma mulher cheia de vida e de coragem, Hermione. Esqueça os casamentos que viu na ton, pois são vazios, insatisfatórios e superficiais. Pense no casamento de seus pais. Eles eram felizes, não eram?
O silêncio prolongado levou o capitão a franzir o cenho e mudar o foco da conversa.
— Esqueça o casamento de seus pais, também. Conheço os homens e conheço Harry. Por isso, quero que se lembre de uma coisa. Se uma mulher trancar seu marido para fora do quarto, ele vai trancá-la para fora de seu coração. É o que vai fazer, se possuir orgulho. E o que não falta a Harry é orgulho. Ele não vai se ajoelhar a seus pés, nem implorar pelos seus favores. Você se negou a se entregar a ele. Agora, cabe a você fazer com que Harry compreenda que não é assim que você pretende viver, ao lado dele.
— E como posso fazer isso?
— Não sugerindo um jogo de xadrez. Nem pensando que é civilizado e correto ele ter uma amante. — O capitão coçou a cabeça, um tanto embaraçado. — Nunca me dei conta de quanto deve ser difícil para um homem criar uma filha. Existem coisas difíceis de discutir com o sexo oposto.
Hermione se pôs de pé.
— Vou pensar em tudo o que me disse — prometeu, tentando disfarçar seu próprio embaraço.
— Posso lhe fazer uma pergunta?
— Nada mais justo, já que fiz tantas — ela respondeu com um sorriso, disfarçando o pânico.
— Alguma vez, alguém conversou com você sobre o amor no casamento?
— Não é o tipo de coisa que uma mulher discuta, a não ser com sua mãe — ela respondeu, voltando a corar. — Ouvi falar de obrigações maritais, claro, mas não entendi muito bem...
— Obrigações! — Lupin repetiu com desgosto. — No meu país, as mulheres mal podem esperar pela noite de núpcias. Vá para casa e trate de seduzir seu marido, menina. Ele se encarregará do resto. E nunca mais pensará nisso como sendo uma “obrigação”, depois que vocês se entenderem. Conheço Harry o bastante para ter certeza do que estou dizendo.
— Se eu fizer o que está dizendo, ele ficará feliz comigo?
— Sim. E vai fazer você muito feliz, também.
Hermione deixou o copo de uísque intocado sobre a mesa.
— Sei pouco sobre o casamento, menos ainda sobre ser uma boa esposa e absolutamente nada sobre sedução.
O capitão estudou a beldade morena a sua frente e teve de conter o riso.
— Não creio que vá precisar se esforçar para seduzir Harry, minha querida. Assim que perceber que você o quer em sua cama, tenho certeza de que ele não perderá tempo em atendê-la.
Hermione corou ainda mais, sorriu envergonhada e se dirigiu para a porta.
Voltou para casa tão distraída com os próprios pensamentos, que nem percebeu como Matador era gentil e, ao mesmo tempo, rápido. Quando puxou as rédeas diante da porta da mansão, estava certa de uma coisa, ao menos: não queria que Harry tivesse um casamento que o fizesse se sentir tão solitário quanto fora o de seu pai.
Submeter-se a Harry na cama não seria tão terrível, especialmente se, em outros momentos, ele a beijasse daquele jeito ousado que fazia seu corpo tremer e amolecer. Em vez de pensar em vestidos novos, como a srta. Sibila havia sugerido, quando Harry estivesse na cama, trataria de se lembrar daqueles beijos. Àquela altura, já podia até admitir que adorava os beijos de Harry. Era uma pena que os homens não fizessem aquele tipo de coisa quando estavam na cama, ela pensou. Tudo seria mais fácil e melhor!
— Não me importo! — Hermione falou em voz alta e determinada.
Estava decidida a fazer qualquer coisa que pudesse deixar Harry feliz e recuperar a proximidade que tinham antes. Segundo o capitão Lupin, tudo o que precisava fazer era insinuar para Harry que ela queria que ele partilhasse sua cama.
— Lorde Potter está em casa? — perguntou a Slughorn, assim que chegou em casa.
— Sim, milady. Está no escritório.
— Sozinho?
— Sim, milady.
Hermione agradeceu e foi até o escritório. Abriu a porta e entrou sem fazer barulho. Harry estava sentado à escrivaninha, diante de uma pilha de papéis. Hermione estudou-o, vendo o garotinho que saíra da infância pobre e miserável, para se transformar em um homem rico, atraente e poderoso. Ele fizera fortuna, comprara propriedades, perdoara o pai e abrigara uma órfã vinda da América. Ainda assim, estava sozinho. Ainda trabalhava, ainda tentava.
“Eu amo você”, ela pensou, e seus joelhos quase vergaram diante da constatação inesperada. Sempre amara Draco, mas jamais sentira aquela necessidade desesperada de fazê-lo feliz. Sim, amava Harry, apesar das advertências de seu pai e das do próprio Harry, que não queria o seu amor, mas apenas o seu corpo. Era uma ironia do destino Harry ter exatamente o que não queria e, ao mesmo tempo, não ter o que queria. E Hermione estava determinada a fazê-lo querer as duas coisas.
Atravessou o escritório, seus passos abafados pelo tapete espesso, e parou atrás da cadeira de Harry.
— Por que trabalha tanto? — perguntou com voz suave.
Ele se sobressaltou ao ouvir sua voz, mas não se virou.
— Gosto de trabalhar — respondeu. — Quer alguma coisa? Estou muito ocupado.
Não foi um bom começo e, por uma fração de segundo, Hermione chegou a pensar em falar com toda a objetividade que queria que ele a levasse para a cama. A verdade, porém, era que ela não tinha tanta ousadia, nem se sentia tão ansiosa para ir para a cama, especialmente quando Harry parecia estar com um humor bem pior do que na noite do casamento. Na esperança de melhorar-lhe o ânimo, falou:
— Deve ter dores nas costas, passando tanto tempo sentado.
Reuniu toda a coragem que possuía para pousar as mãos nos ombros dele e massageá-los.
O corpo de Harry tornou-se tenso no momento em que ela o tocou.
— O que está fazendo? — ele inquiriu.
— Pensei em fazer uma massagem nos seus ombros.
— Meus ombros não precisam dos seus cuidados, no momento, Hermione.
— Por que está me tratando assim? — ela perguntou, dando a volta na mesa e parando diante dele.
Como se voltasse a escrever, ignorando-a por completo, Hermione sentou-se na beirada da mesa.
Harry largou a pena com expressão contrariada, reclinou-se na cadeira e encarou-a. A coxa de Hermione estava bem ao lado de sua mão, a perna balançando, enquanto ela lia o documento sobre a mesa. Como se tivessem vontade própria, os olhos de Harry subiram até a altura dos seios redondos, moldados pela blusa, e continuaram até pousarem nos lábios generosos e convidativos.
— Saia de cima da mesa e me deixe em paz — ordenou.
— Como desejar — ela replicou com um sorriso e se pôs de pé. — Só vim lhe desejar um bom-dia. O que gostaria de comer no jantar?
Você, ele pensou, mas respondeu:
— Qualquer coisa.
— E para sobremesa, quer algo especial?
O mesmo que gostaria no jantar, Harry pensou.
— Não — falou em voz alta, cerrando os dentes na tentativa de controlar os impulsos que haviam tomado conta de seu corpo.
— Você é muito fácil de agradar — Hermione provocou-o, passando um dedo pelas sobrancelhas negras de Harry.
Ele arrebatou-lhe a mão com um gesto ágil, segurando-a com força.
— O que pensa que está fazendo?
Embora tremesse por dentro, Hermione conseguiu dar de ombros, fingindo-se impassível.
— Há sempre uma porta entre nós. Só pensei em abrir a porta de seu escritório e ver o que você estava fazendo.
— Há muito mais que portas nos separando — ele a corrigiu, soltando-lhe a mão.
— Eu sei — ela concordou com tristeza, fitando-o diretamente nos olhos.
Harry desviou o olhar.
— Estou muito ocupado — declarou, antes de voltar ao documento que abandonara.
— Estou vendo — Hermione murmurou. — Ocupado demais para mim, agora.
Com isso, saiu em silêncio.
Pouco antes do jantar, Hermione entrou no salão, usando um vestido cor de pêssego que aderia a cada curva de seu corpo, além de ser quase totalmente transparente. Harry estreitou os olhos.
— Eu paguei por isso?
Percebendo a direção do olhar dele, Hermione sorriu e respondeu:
— Claro. Não tenho dinheiro algum.
— Não use esse vestido fora de casa. É indecente.
— Eu sabia que você iria gostar! — ela comentou com uma risadinha.
Harry fitou-a como se não acreditasse nos próprios ouvidos.
— Aceita um cálice de licor?
— Não! Como já deve ter percebido, não me dou bem com álcool. Sempre que bebo, fico enjoada. Veja o que aconteceu na nossa noite de núpcias. — Sem fazer idéia da importância do que estava dizendo, Hermione virou-se para examinar um valiosíssimo vaso de porcelana chinesa e, de súbito, teve uma idéia. — Quero ir a Londres amanhã.
— Por quê?
Ela se acomodou no braço da cadeira em que Harry acabara de se sentar.
— Para gastar o seu dinheiro, é claro.
— Não me lembro de ter lhe dado dinheiro — ele murmurou, distraído pela proximidade da perna bem torneada.
— Ainda tenho a maior parte do dinheiro que você tem me dado como mesada. Vai comigo a Londres? Quando eu terminar as compras, poderemos ir ao teatro e dormir na mansão da Brook Street.
— Tenho uma reunião de negócios, aqui, depois de amanhã.
— Sem problemas. Voltaremos amanhã à noite.
— Não posso perder tanto tempo.
— Harry... — Hermione falou com ternura, enroscando os dedos nos cabelos dele.
Ele se pôs de pé, fitando-a com ar de desprezo.
— Se quer dinheiro, diga logo, mas pare de se comportar como uma prostituta barata, ou vou tratá-la como tal e você vai acabar naquele sofá, com a saia acima da cabeça.
Hermione foi tomada pela fúria e pela humilhação.
— Pois saiba que prefiro ser uma prostituta barata a ser tola e cega, como você, que interpreta mal todo gesto das pessoas e vai tirando conclusões erradas!
— O que, exatamente, você está querendo dizer?
— Descubra você mesmo! Afinal, você é ótimo para adivinhar tudo o que sinto e penso. É uma pena que esteja sempre errado! Mas vou lhe dizer uma coisa: se eu fosse uma prostituta, morreria de fome, se dependesse de você! E tem mais! Pode jantar sozinho e despejar o seu mau humor nos criados, em vez de em mim. Amanhã irei a Londres sem você!
Com isso, Hermione saiu do salão, deixando Harry mais confuso do que nunca. Ao chegar a seu quarto, tirou o vestido transparente e vestiu um robe de cetim. Sentou-se à penteadeira e, à medida que sua ira se dissipava, um sorriso maroto curvou-lhe os lábios. A expressão de Harry ao ouvi-la dizer que morreria de fome se fosse uma prostituta e dependesse dele fora cômica.

N/A: Hermione sedutora? A partir de agora as coisas começam a esquentar! Aguardem!

Jéssica Malfoy

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