Descobertas Desconcertantes
Rony estava confuso. Mais ou menos uma hora atrás, quando ele estava indo procurar por Harry no jardim, Gina passou correndo e chorando, sem notá-lo, e subiu as escadas. Harry tinha saído não se sabe pra onde uns 5 minutos atrás, com Hermione atrás, gritando com ele. Os integrantes da ordem ‘tavam em algum tipo de reuniãozinha secreta, e Luna ‘tava no jardim fazendo alguma coisa relacionada à Astrologia. Resultado: Rony tinha ficado sozinho em casa.
Ele já tinha subido e descido as escadas milhões de vezes, procurando alguma coisa pra fazer, já tinha tentado ler um ou dois livros, mas, como ele explicava sempre pra Hermione, quando “eu ‘tô lendo, dá vontade de fazer tudo, MENOS ler.”, já tinha tentado, por mais que contra sua vontade, puxar um assunto com Luna, porém, ela começou a falar sobre duendes, runas e astrologia, e ele desistiu dizendo que ia comer alguma coisa. Agora, ele estava sentado com o queixo apoiado nos joelhos, esses envoltos pelos braços, na sua cama, olhando pro nada e pensando. Ele estava definitivamente confuso. Tinha pensado em ir dar um “oi” pra Gina, mas do jeito que ela estava quando subiu, ele descartou a idéia imediatamente. Pensou por mais alguns segundos, quando (mais) uma dúvida surgiu em sua cabeça. O que havia se passado naquelas 2 horas que eles haviam ficado em Hogsmeade, sofrendo o ataque dos comensais? Ele não tinha nenhuma lembrança daquele pequeno intervalo de tempo. Lembrava-se de que acordou estonteado ao lado de Hermione, que tinha pegadas de felino a sua volta.
Pegadas de felino? Pensou ele. De onde isso...
Uma idéia repentina surgiu em sua mente, direcionando-a inteiramente apenas para isso. Remoeu a idéia alguns momentos, quando se lembrou que Harry havia ganhado, um tempo atrás, um livro sobre Animagia.
Levantou-se de um salto e foi fuçar nas coisas de Harry. Virou sua mala e se pôs a procurar, jogando tudo numa pilhazinha. Nada. Abriu as portas do único armário que tinha no quarto, e, novamente, pôs-se a colocar as coisas em uma pilha (agora já bem maior). Achou alguns livros, que deveriam ser os livros dos anos anteriores de Harry em Hogwarts. Porém, nada do livro sobre Animagia. Andou de um lado pro outro no quarto. É claro que ele poderia se consultar com Hermione, mas preferiu esperar para ter certeza de que estava realmente certo. Deu uma última remexida na pilha e no armário e se deitou no chão para ver embaixo das camas. Ali, uma pilha de livros velhos jazia envolta por camadas de poeira. Pegou rapidamente os livros e achou o que procurava.
Rony se sentou de pernas cruzadas na cama e começou a ler o livro, mais impressionado a cada página que virava.
-x-
Harry andava pelas ruas hipermovimentadas de Londres. Vez ou outra ele parava pra olhar uma vitrine, mas na realidade não dava a mínima para o que via. Já passava do meio-dia, e ele estava com fome. Mas incrivelmente não sentia vontade de comer. Pensava na besteira que fizera. Quer dizer, se era mesmo o que ele queria, será que era realmente uma besteira? O garoto se sentia culpado pelo sofrimento que vinha causando a Gina. Mas ele não podia fazer nada, afinal, a gente não escolhe quem a gente ama. Harry achava que talvez devesse se afastar das duas, dando um tempo. Mas ao mesmo tempo, essa era a pior idéia que já surgira em sua cabeça.
Harry decidiu ir visitar a casa de seus tios. Hermione, a princípio, o seguira, mas ela provavelmente havia desviado seu rumo, ou perdido-o de vista no meio da população Londrina. Pegou o primeiro ônibus que ia para as redondezas, e pensou um pouco antes de seguir em frente ao chegar ao bairro. Em frente à casa, Harry olhou para o grande carro estacionado em frente à garagem e bateu na porta. Não houve resposta. Ele bateu novamente, dessa vez mais forte, e novamente, não houve resposta. Com uma terceira tentativa falha, ele resolveu tentar abrir. Incrivelmente, a porta estava aberta. Ele abriu e fechou a porta cuidadosamente, evitando fazer barulho. Todas as luzes estavam acesas, mas na casa reinava um silêncio descomunal, permitindo a Harry ouvir o que provavelmente seriam os vizinhos almoçando. Ele foi em direção à cozinha, esperando ver sua tia Petúnia cozinhando tranqüilamente. Porém, a cozinha estava vazia e, como normalmente, brilhando. Ele foi em direção à sala de estar, onde ficava a TV. O que ele viu o deixou horrorizado. Walter e Petúnia, de mãos dadas, estavam deitados no chão, ensangüentados e sem respirar. A TV estava jogada no chão, e o sofá virado de cabeça pra baixo, assim como a mesa quebrada e os demais objetos espalhados pelo chão. A TV, ainda ligada, piscava sem parar e de vez em quando chiava. De repente, Harry ouviu, por mais baixo que fossem, soluços.
– Duda? – Perguntou ele – Duda, ‘cê tá aí?
Sem resposta, Harry seguiu o barulho, e, embaixo da escada, onde à muitos e muitos anos, antes de conhecer Hogwarts, Harry dormia, Duda estava agachado, tremendo e chorando. Seus olhos estavam vermelhos, e ele tinha roxos por toda parte.
– Eles... – tentou Duda – Eles... seus amigos... aqui... – Duda desmaiou.
Harry tentou segurá-lo, mas não conseguiu, por maior esforço que fizesse. Então saiu correndo em direção a lareira, tirou um resto de pó de flu do bolso e foi em direção a casa Black. Lá, os membros da ordem estavam espalhados pela casa. Ele começou a gritar desesperadamente.
– Artur! Artur! Hermione!
Em um momento, todos os funcionários da ordem estavam em volta dele, que estava sendo abraçado calorosamente pela Sra. Weasley.
– Duda... Os Dursley – Disse ele, entre soluços. Ele nunca havia cogitado essa possibilidade. Também não imaginava que choraria com a morte dos tios. Eles nunca foram lá muito bonzinhos com ele, muito pelo contrário. Harry pensava ter ódio deles. Mas a verdade era que ele sentiria a falta deles. Quando se recompôs, o Sr. Weasley aparatou para a casa dos Dursley, com Harry e Lupin.
A cena também os chocou, e eles logo chegaram à uma conclusão: Os Dursley haviam sido torturados e mortos por comensais. Eles nada podiam fazer aos pais. Porém, levaram Duda, que ainda estava desmaiado embaixo da escada, para o quartel da ordem.
-x-
Rony estava em um enorme gramado aberto, perto d’A Toca. Ainda com o livro de Harry em mãos, ele tentava conjurar o feitiço. Não era um feitiço qualquer. Segundo o livro, no começo, Animagos precisam murmurar o feitiço para se transformar. Depois, ao longo do tempo, eles adquiriam prática e se transformavam apenas em pensar. Rony já havia tentado cinco vezes. O sol já estava quase se pondo. Rony tentou mais uma vez, e mais uma vez fracassou. Da casa, ele começou a ouvir gritos chamando-o. Rapidamente guardou o livro numa mochila que tinha trazido. Ele se concentrou longamente. A imagem de um imponente leão veio-lhe a cabeça. Nesse momento, ele murmurou o feitiço. Seu corpo começou a se transfigurar. Primeiro as patas, depois o corpo, o rabo, a juba e finalmente a cara. Ele havia conseguido. Voltou a sua forma humana, tentou mais uma vez (novamente com sucesso), voltou novamente a ser humano, e saiu correndo em direção A Toca, mais feliz do que nunca. Uma felicidade inconveniente para a notícia que estava para receber.
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