Traçando o Futuro



CAPÍTULO XXIV. - TRAÇANDO O FUTURO

Aquelas férias foram, provavelmente, as piores férias da vida de Amélia... Não era por causa do comportamento estranho do seu pai... Não era porque a sua mãe, mesmo estando sempre ao seu lado, parecia ter a mente permanentemente longe... Não era porque aqueles que se auto-intitulavam seus amigos não mandavam sequer uma carta... Não era porque ela tinha que ficar em casa... Para tudo isso ela encontrava justificativas...

O pai deveria estar se comportamento daquela forma justamente por causa da ausência da mãe... Ela imaginava que sua mãe estava tendo um caso, ou algo assim... E ele, seu pai, como bom político, deixava tudo encoberto para preservar a imagem... Ela já tinha visto isso acontecer com muitos dos amigos dos pais... Sempre achara que um dia acabaria acontecendo com eles, mesmo... Isso não a preocupava...

Mal sabia ela que esse comportamento era o reflexo de uma coisa muito mais séria, que mudaria a sua vida por completo.

A tristeza dela também não era, de jeito nenhum, pela falta de notícias dos amigos... Ela já esperava por isso, também. Já estava mais que pronta para isso. Era apenas uma triste conseqüência dos seus atos... Atos pelos quais ela não se arrependia nem um pouco... Tinham sido por uma boa causa, e ela faria tudo de novo se fosse preciso.

Não era por ter de ficar em casa... A guerra só tinha aumentado, e o pai dela parecia ter ficado ainda mais neurótico... Passou todas as férias junto dela, dizendo que não queria perdê-la jamais, e por isso não podia sair... Dizia que estava perigoso lá fora.

Ela também nem desconfiava que essa preocupação excessiva era mais um reflexo daquilo que ela só teria conhecimento tempos depois.

Ela estava triste – deprimida, mesmo – porque não se agüentava de saudades de Severo. A vontade que ela tinha de falar com ele, de tocá-lo, era tão grande que o peito dela parecia querer explodir todas as vezes que uma coruja negra – a coruja dele – pousava no parapeito da sua janela.

Mas nem isso ela teve por muito tempo... Logo as cartas pararam... E ninguém mais, exceto Lílian e Remo, parecia se importar com ela. Ela se sentia tão sozinha...

Mas tudo mudou quando o dia de voltar às aulas chegou. Quase não se agüentou de alegria ao ver que o namorado estava l�, que estava esperando por ela, que tinha sentido tanta falta dela quanto ela dele.

Sabia que jamais teria todos os amigos de antes... Mas se felicitou quando percebeu que ainda tinha – e teria para sempre – Remo, Lílian e todos os Sonserinos... Mas principalmente os Sonserinos. Tanto que, em seu sexto ano, a sua casa foi muito mais a Sonserina que a Grifinória.

O fato é que, na Grifinória, ela passou a ser vista como uma estranha... Como uma inimiga infiltrada. Mas ela bem sabia que não podia ser diferente.

Que se dane... Eu nasci para ser Sonserina, mesmo!’

O sexto ano foi, talvez, o ano menos importante de Amélia em Hogwarts.

Foi o ano em que tudo se estabilizou. Ela nasceu para a Sonserina, e era a Sonserina que ela via como casa; ela nasceu para Severo, e com Severo ela estava.

Lílian nascera para Tiago, e com ele ela começou a namorar.

Professor Dousset foi descoberto como Comensal da Morte e foi para a Azkaban. Alberdeen McSueyd, o melhor e verdadeiro professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Amélia, voltara ao seu posto.

E a rivalidade entre os Marotos e os Sonserinos voltou ao seu nível normal... Sem humilhações muito pesadas e nem episódios com risco de morte.

Tudo parecia caminhar para uma situação de equilíbrio na vida de Amélia.

Mas, então, o sétimo ano chegou.

Os seus pais, Amélia pôde perceber nas férias, estavam mais estranhos do que nunca. De vez em quando, ela encontrava Albert Lair chorando pelos cantos. Mas não deu muita importância. Continuava achando que não deveria se meter... A verdade é que ela era muito egoísta para perceber que a sua casa estava caindo.

A guerra tomou proporções inimagináveis. Os líderes mundiais temiam que ela se espalhasse ainda mais e acabasse ultrapassando os limites europeus. Mas isso não preocupava Amélia... E nem os outros alunos do sétimo ano, afinal, eles tinham muito com o que se preocuparem!

NIEMs e baile de formatura. Precisa dizer mais?

E, é claro, era nesse ano que eles todos deveriam escolher seus destinos, suas profissões... E Amélia já tinha um caminho todo traçado... Mal sabia ela que todos os seus planos ruiriam.

XxXxXxX

- Táticas de guerra? – Severo se levantou. – Amélia, você pode me explicar por que diabos você quer estudar Táticas de Guerra quando sair daqui?

Ela suspirou. Já era ruim suficiente passar a tarde inteira enfurnada no salão comunal da Sonserina, preenchendo todos os formulários para a universidade... Não precisava ter Severo do seu lado, questionando tudo o tempo todo!

Rolou os olhos.

- Esse, Severo, é o formulário para a universidade americana!

- E por que você está preenchendo?

Ela choramingou. Não queria mesmo conversar agora... Só queria poder terminar aquilo logo!

- Meu pai quer que eu volte para Nova York, entendeu! – Ele a olhou, meio espantado. Explicou-se. – Mas eu não vou. É por isso que eu coloquei Táticas de Guerra! Assim que ele vir o curso que eu escolhi, vai querer que eu fique aqui.

Ela poderia jurar que o viu suspirar aliviado. Mas não... Não era muito do feitio dele.

- E... Para que você vai se inscrever aqui?

Ela sorriu brilhantemente.

- Adivinha!

- Eu não sei... Você parece uma Curandeira.

Ela riu.

Nem perto, meu amor, nem perto.’

- Não! Defesa Contra as Artes das Trevas.

Ele ergueu uma sobrancelha. O seu semblante ficou sarcástico. Ele cruzou os braços.

- Quer dizer que você, Amélia Lair, quer acabar como uma professora em Hogwarts?

Rolou os olhos mais uma vez.

- Claro que não! Bom, talvez quando eu estiver velha. Por enquanto, pretendo trabalhar para o Ministério, na guerra.

- Na guerra?

- Bom, esse é o campo que mais cresce hoje em dia. Poucas pessoas procuram se formar em Defesa simplesmente porque querem ficar longe da guerra... Eu acho esse motivo estúpido!

- Isso quer dizer que você quer participar ativamente dessa guerra? Ora, vamos! Você está querendo se matar!

Amélia deu de ombros.

- Como você pode saber, se não participa? Sev, eu não acredito que tudo seja tão ruim quanto dizem! Quer dizer, eu ainda estou viva, não estou? E meu pai luta ativamente contra a guerra. E contra aquele-que-a-mídia-tirou-o-nome.

- E, no fim de tudo, você acaba como um fantoche nas mãos do Ministério.

- Ou não! – Passou a mão pelos cabelos. – Severo, eu não tenho certeza se quero participar da guerra... Mas não sei se terá um outro trabalho para uma recém-formada... e eu não me vejo fazendo alguma coisa que não tenha ligação com as Artes das Trevas!

- Ele balançou a cabeça. Caminhou para trás da cadeira que ela estava sentada e massageou levemente os seus ombros.

- Eu ainda acho esse negócio de Táticas de Guerra muito perigoso...

- Não é, não... Afinal, é só para dar um susto no meu pai. Eu vou ficar na Inglaterra.

- Tem certeza?

- Absoluta! Assim que for aceita na universidade daqui, eu arrumo um emprego e me mudo de vez. Meus pais vão ter que aceitar.

Ele a soltou, pensativo. Sentou-se na cadeira ao lado dela. Começou a examinar os papéis que Amélia furiosamente preenchia.

- Tem papel demais aí, não?

-É que eu não estou pedindo apenas para Táticas de Guerra – ela disse, displicente. – Também estou enviando para os cursos de Magia Negra e Espionagem.

Ele riu.

- Táticas de Guerra, Magia Negra e Espionagem! Amélia, que Universidade é essa!

Ela o olhou, divertida.

- Universidade Militar.

Severo finalmente soltou a sua risada. Era a risada de uma pessoa que não era muito acostumado a rir, bastante rouca, sem jeito. Ele falou.

- Você quer dar um susto no seu pai ou fazê-lo ter um infarto? Quem diria que o Ministro Albert Lair teria uma filha soldado!

- Eu não vou ser um soldado! Só vou fazê-lo pensar isso!

- Mas se você acabar indo, vai ter que servir ao exército, não?

- Sei l�! Acho que sim... Mas isso não importa! Eu não vou, mesmo!

Amélia voltou aos papéis. Severo, para não ficar sem fazer nada, começou a revisá-los, buscando algum erro.

Mas Amélia de repente parou. Lembrou-se que não fazia idéia dos planos do namorado. E se culpou por nunca ter perguntado...

E se ele pensar que eu não e importo!’

- Sev, o que você vai fazer depois de Hogwarts?

- Como? – Ele disse, sem tirar os olhos dos papéis.

-Você ainda não me disse. Que faculdade você pensa em fazer?

-Eu estive pensando em poções.

Ela se controlou para não rir.

- Poções?

-É. – ‘Oh, ele não está brincando!’ – Eu sou ótimo nesse assunto e não existem muitos profissionais bons. Acho que é um ramo onde eu posso fazer muito dinheiro.

-E você vai morar aonde? Vai voltar para a sua casa?

Agora ele voltou a encará-la.

- Para a Mansão? Nunca!

Ela estranhou. Largou todos os papéis para dar atenção exclusiva ao namorado.

- Por que?

Ele suspirou. O seu rosto ficou vazio, sem expressão. Ele disse, numa voz dura.

- Eu saí de casa. Desde o fim do nosso quinto ano – ela abrir a boca, mas ele não deu a ela oportunidade de falar. – Briguei com o meu pai e me separei da família. Tanto que você deve ter percebido que eu mau falo com Sérvolo.

Sérvolo era o irmão de Severo. Tinha entrado para Hogwarts no ano anterior, e, até então, Amélia nunca tinha o visto falar com o irmão, por mais que também estivesse na Sonserina. Agora tudo estava explicado.

- Severo, isso é horrível!

Ele crispou os lábios.

- Não é, não. Eu vou tentar um emprego. E compro um apartamento pequeno... – Ele pausou um pouco, como se procurasse as palavras certas para continuar. E então, displicentemente, falou. – Sabe, nós podíamos morar juntos.

O coração de Amélia congelou. Morar junto implicava necessariamente em dormir com ele! Gaguejando, ela tentou desconversar.

- M... Morar juntos! Não sei... Acho que meus pais não iriam aprovar uma coisa dessas!

-Você não parece estar procurando a aprovação deles, morando aqui.

Pensou um pouco. A verdade era que ela estava louca de vontade de fazer amor com ele... Nem sabia como tinha resistido por tanto tempo! E, além disso, se ela procurava a independência, era melhor que fosse independente ao lado da pessoa que amava. Por fim, disse.

- Sabe, acho que você tem razão. E vai sobrar mais dinheiro, se morarmos juntos!

-Exato.

Os dois se mantiveram calados até que Amélia terminou de preencher todos os papéis e se encaminhou, ele escoltando-a, para o corujal. Ao chegar l�, ele disse.

- E as nossas férias?

-O que têm elas? – ela disse, despachando as corujas.

-Nós vamos passá-las juntos, mesmo?

Mas uma vez, sentiu um frio na barriga. As férias. Algo aconteceria nelas, ela tinha certeza. Seria a primeira vez que os dois passariam um período juntos, viajando.

- Com certeza! – Ela disse, recobrando o fôlego. – Eu já falei com a minha mãe, ela já conseguiu umas passagens para Nova York. É uma cidade bem política, mas tem ótimas festas à noite!

-Eu também já falei com a minha mãe. Ela conseguiu tirar aquele homem que se diz meu pai de casa por uma semana. Você vai poder conhecer a mansão.

-Ótimo!

As férias começariam em duas semanas... E foi incrível como as duas semanas se passaram rápido.

XxXxXxX

Faça uma autora feliz! Revise! E lembrem-se: qto mais feliz a autora estah, mais rápido ela atualiza a fic! Hehehehehehe!

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