Olhos nos olhos
- Lily, eu queria realmente ter uma conversa séria com você. Se possível. – Tiago não perdera esse costume de se fazer de sério. Ajeitara os óculos e, apontando uma poltrona para a garota se sentar, fez um aceno com a cabeça, o que fez com que Sirius se retirasse para não gargalhar na frente de Lily. Tiago, vendo que a ruiva não se movera e o encarava com os olhos verdes profundos, continuou: - Olha Evans, todos esses anos eu venho tentando conversar com você numa boa. Falar o que sinto e você não liga, e...
- Olha Potter, eu sinto muito. Logo hoje, você não vai estragar minha felicidade, não mesmo. Só tenho uma coisa para te dizer – agora, a ruiva dera um passo à frente, e ficou a um palmo de distância do nariz do garoto – Não venha querer me convencer de que você só pensa em mim e não tem olhos para outras garotas. Eu não tenho mais quatorze anos, Potter, sei bem o que acontece. Você pode até ter um carinho por mim, mas isso não lhe deixa preso a uma só pessoa. Você é igual os outros, igual seu amigo Black.
Finalmente, Tiago percebeu que, em quatro anos, apesar da intensidade do assunto, estavam finalmente conversando. Ele lamentava que não estavam trocando carícias ou palavras amáveis, mas sabia que um dia isso ia acontecer.
- Você não tem provas – começou ele, disposto a mostrar o que sentia – de que não estou preso a você. Não falo em nenhuma garota, só em você. Não penso em nenhuma outra garota, só em você. Mas eu tenho provas disso. – e olhou para Sirius, que não estava ali. Suspirou, sem a testemunha, abaixou a cabeça e olhou para Lily, na esperança de que a ruiva se declarasse. Ela pareceu amolecer ao seu olhar de vencido. As palavras ‘só penso em você’ ecoavam nos ouvidos dela, e, lutando para não mergulhar em lembranças do que Tiago já havia feito por ela, fez questão de fazer uma cara de forte e disse, num tom seco:
- É só isso? – eles estavam perto. Muito perto.
Tiago não respondeu, os olhos fixos em Lily. Talvez nunca estivera tão perto da ruiva, queria aproveitar o momento. Podia sentir a respiração dela, e, se não fosse loucura, poderia jurar que ela estava esperando ser beijada. Como um empurrão, ele se aproximou ainda mais, estava quase tocando seu nariz no dela, os lábios quase se encontrando... os olhos ainda se encarando...
- Lily, Por Merlin, achei você! Precisa vir comigo, um novato desceu a escadaria principal correndo e sabe-se lá o que ele pensou, acho que sabia voar, caiu como um ovo no chão. Está chorando e se debatendo, todo ensangüentado! Preciso de você, monitores! Rápido!
A ruiva demorou a encarar a outra garota. Quando a olhou, viu que estava um pouco corada, talvez se deu conta de que atrapalhara alguma coisa. Lily deu um último olhar a Tiago e, segurando a outra garota, saiu da Sala Comunal, com Kath nos calcanhares. – Desculpe! – disse a estraga prazeres, segundo a mente do rapaz.
Ele ainda ficou um pouco parado, no mesmo lugar, encostado no encosto do sofá. Agora a cena passava em sua cabeça e, cada vez mais sentia raiva de si. “Tinha que tê-la beijado, eu tinha!” pensava. Mas seus pensamentos foram totalmente desviados quando, em coro, a Sala inteira gritava seu nome.
- TIAGO! TIAGO! TIAGO!
Dois alunos do sexto ano o empurravam para o meio da roda que estava feita em torno da mesa de guloseimas.
- Este ano, como o último do nosso Capitão Apanhador, vamos consagrar como o ano dos Grifinórios! A Taça de Quadribol é nossa! – dizia o goleiro do Time, Timothy Felks.
- Ah sim, claro. É nossa. – disse Tiago, forçando um sorriso. Quadribol era realmente sua paixão (depois de Lily, claro), mas aquele momento não era apropriado para falar de Quadribol. “Lily o olhava, a poucos centímetros de sua boca, e ele sem fazer nada...”
- OK pessoal, chega de bagunça com meu amigo aqui. Vou ter que pega-lo emprestado um pouco, se não se incomodarem. – E, com murmúrios de muitos, Sirius o puxou para perto da janela. Tinha nos lábios um inconfundível sorriso maroto, os cabelos como sempre nos olhos.
- Cara, não acredito. Cadê seu entusiasmo? O que foi aquilo que eu vi entre você e a Evans? Ou melhor, não vi nada, né... porque você não fez nada!
- Mais um pra me torturar com isso, já basta eu, Almofadinhas!
- Olha, acho que posso ajudar. Enquanto você estava lá, imóvel, eu estava com a Mirella, aquela, amiga da sua ruiva – e sorriu marotamente – Sabe, ela torce por vocês dois, como eu, aliás, mais um dos nossos pontos em comum, mas não vem ao caso – disse ele rapidamente ao ver Pontas revirar os olhos – acho que podemos fazer com que, acidentalmente, você se encontre com Lily, assim, realmente por acaso, sabe...
- Onde está ela?
- Ali, sentada. Vamos. – e puxou-o.
- Olá, Mirella. Como vai? – Tiago sabia bem ser educado, sem ser galanteador. Sentou-se na poltrona oposta à da garota e esperou que Sirius tocasse no assunto.
- Ah, muito bem, e você Tiago? – disse a garota, com um sorriso. Tiago acenou com a cabeça, e olhou para Sirius.
- Bem, Mi – começou Sirius, encostado no braço da poltrona em que a garota estava sentada – como nós três sabemos, Tiago vem tentando se aproximar de Lily, sem sucesso – Tiago pigarreou – mas nós podemos ajudar, não é?
- Claro, Sirius. – ela fez questão de dar bastante ênfase no nome completo, SIRIUS – realmente acho que vocês formam um belo casal. Não sei se faria mal em “programar” um encontro de vocês, mas acho que só falta uma mãozinha...
- Que nós – completou Sirius – podemos dar.
- Acho que seria ótimo. – disse Tiago, com brilho nos olhos. – Apesar de conhecer bem minha ruiva, ela não ia gostar nem um pouco, entretanto...
- Como você está muito lento de amor, colocaremos nossas fantasias de cupido.
Um olhar de “pode parar de tirar uma com a minha cara” de Pontas para Almofadinhas foi o bastante. Sirius sempre foi o mais chegado de Tiago, era como um irmão mais velho. Estava sempre presente nos melhores e piores momentos da vida do rapaz, um amigos de verdade. Sabia que, este ano, prometia.
- Quando então? – disse Tiago, balançando suas pernas, não conseguindo esconder o nervosismo.
- Todo primeiro dia de aula, a Lily costuma ir à tarde numa das estufas, para ver sua mini plantação de flores, que fez quando estava no quinto ano. Talvez, se você aparecesse por lá ia ser uma boa.
- AMANHÃ?
- Sim, porquê? Tem algum prob...
- Amanhã temos o primeiro treino no ano, também. Vamos escolher um novo batedor, porque o Phill já se formou. – e apoiou a cabeça nas mãos.
- É pegar, ou largar. Lily ou Quadribol.
- Eu dou um jeito de aparecer por lá. Não vou perder essa chance, nunca. Que horas, mais ou menos?
- Umas três da tarde.
- Perfeito.
Depois de agradecer pela ajuda, Tiago subiu para seu dormitório. Pensava em cada detalhe, em cada coisa que poderia falar para a ruiva no outro dia, apesar de o lugar não ser o mais romântico, uma estufa de herbologia.
Deitado em sua cama, a cena do quase-beijo ainda passava em sua cabeça. Um sorriso bobo e involuntário formava em sua boca cada vez que lembrava do olhar profundo de Lily. Meia hora mais tarde, viu os amigos entrarem no dormitório, e Remo murmurando coisas como: “Que menininho mais alegre. Queria se matar logo no primeiro dia”.
Estava atento à conversa, esperando ouvir alguma coisa sobre sua ruiva, mas não queria mostrar que estava acordado, queria continuar imaginando como seria seu encontro com Lily, logo no primeiro dia... era tudo ou nada.
N/A: Pessoal! Nossa, que saudade daqui! Primeiro, queria me desculpar pela demora, pela grande demora. Agora prometo que vou me esforçar mais e escrever com mais freqüência. Espero que gostem desse capítulo e, sem querer pedir demais, comentem por favor! HUAHUAUHHUA
Beijos!
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