Prólogo





Estava sozinho. Sentia que seus pés estavam descalços. Escuro... Estava tudo escuro. Não dava pra ver nada. Nada! Mais que diabos...? Um vulto. Tudo muito preto. Comensais... Só podiam ser Comensais! Ele falhou, vieram buscá-lo. Mas seu pai não deixaria pega-lo não é? Uma risada gelada. “Você tem pai moleque?”. Cabelos quase brancos. Seu pai. Tudo preto, escuro. “Pai?” tentou chamar. Mas não saiu voz nenhuma de sua boca. Vultos, muitos vultos atrás dele. “Pai!” novamente tentou chama-lo, mais sua voz não existia mais. Tropeçou numa pedra. “Vão me alcançar!” pensou desesperado. De repente, uma roda de vultos negros, mais negros que a própria escuridão que ele se encontrava, se formou em sua volta. Alguém tirou o capuz. Só podia ver seus cabelos. “Eu te mato moleque, você devia ter matado o velho!”. “Não pai!” tentou falar. “EU TE MATO” e viu uma luz intensamente verde.

_NÃO! – Gritou. Olhou em volta, era o mesmo quarto que fora dormir á horas atrás. Tudo ajeitadamente no lugar. Olhou pra sua roupa; seu caríssimo pijama estava todo ensopado de suor. “Mais que sonho!” pensou, tentando não parecer muito criança. O estranho é que não parecia totalmente sonho, quer dizer, o grito de seu pai pareceu muito vivo pra ele.

Decidiu se levantar e ir á cozinha tomar água. Calçou seus chinelos e foi em direção ao seu enorme guarda-roupa e trocou sua camiseta. Jogou no chão e imediatamente a camiseta sumiu. Os elfos iriam dar um jeito nisso. Foi em direção à porta e girou a maçaneta com cuidado, não queria acordar sua mãe. Ultimamente ela andava muito nervosa por causa da prisão de seu pai.
Saiu do quarto e foi andando no imenso corredor que levava á escada principal da casa. Passou pelos quadros penduradas na parede; pintados pelo autor mais bem sucedido do mundo bruxo. Mas não lhe deu a mínima quando eles reclamaram do barulho que seus passos faziam.
Estava na frente do quarto de sua mãe. Decidiu tentar entrar pra ver como ela estava. Estranhou ao ver a porta entreaberta. Sua mãe sempre dormia com a porta fechada. Uma coisa que ele tentava mudar de uns tempos para cá; e se ela precisasse de ajuda no meio da noite? A porta iria ser um grande problema porque o Alomorra não combatia o feitiço que sua mãe usava pra fechar a porta. Mas ela sempre falava que precisava de privacidade, coisas de mulher quando ele perguntava.
Entrou no quarto pisando em ovos, mais ficou completamente pasmo ao ver que sua mãe não estava na cama. Ela? Que sempre dizia que uma boa noite de sono evita a velhice e que se a acordassem levava um Crucio de boa? Estava tudo muito estranho aquela noite.
Tornou a fechar a porta com cuidado, para não acordar os quadros, eles sabiam irritar quando queriam.
Chegou á escada e olhou para o grande relógio que ficava na ponta da mesma. Já eram 03h30min da manhã. Desceu a escada em direção á cozinha e quando estava bem perto ouviu um murmúrio:

“Fala mais baixo sua imbecil, o garoto vai acordar!” – Vinha da biblioteca. E com certeza era seu pai. Então finalmente o chefe tinha saído de Azkaban?

Foi com todo cuidado em direção á biblioteca. Encostou seu ouvido na porta, pelo menos não tinham colocado um feitiço silenciador. Mas por quê?
Logo viu, estavam nervosos demais pra lembrar de algum feitiço.

_Eu não vou deixar você fazer isso com o MEU filho Lucio! Ele é SEU filho! O Lord só quer brincar com ele e você sabe disso! Você é o MOTIVO! – Gritou sua mãe desesperadamente.

_Já falei pra você não gritar sua vadia! – E dizendo isso, Draco ouviu um sonoro tapa. Seu pai estava batendo na sua mãe, de novo.

_Pode me bater Lucio. Eu não me importo. Eu só te digo que antes do Draco se tornar um Comensal da Morte, você terá que me matar! – Disse sua mãe ameaçadoramente.

_Não aponte esse dedo pra mim! – Draco ouviu um barulho de um tapa, supôs que seu pai havia tirado a mãe de sua mãe da frente. – Você está delirando imprestável. Draco já tem a marca. É um Comensal.

_Não interessa. Só porque ele tem a marca, não quer dizer que ele precise se tornar um Comensal. E você sabe disso Lucio!

_Vamos Narcisa. Até estes dias você estava muito orgulhosa do nosso filho. Ele, tão cedo, conseguiu se tornar um de nós. – Disse seu pai visualmente mudando de tática. Dito isso, Draco ouviu seu pai sentando no sofá.

_NÃO! DRACO É MEU FILHO! O LORD SÓ ESTA BRINCANDO COM ELE! DEIXA-O EM PAZ. VOCÊ TERÁ QUE ME MATAR LUCIO! – Gritou sua mãe. Draco tremeu.

_ EU NÃO CRIEI UM FILHO PRA ELE FALHAR ASSIM! AGORA QUE ELE PODE VOLTAR, EU VOU PEGAR O POTTER E LEVÁ-LO AO LORD. DRACO É MEU FILHO. EU O CRIEI, ENSINEI E CUIDEI PARA O LORD. ELE É DO LORD. E VOCÊ SÓ FOI A COISA QUE SERVIU PRA ELE TER VIDA. VOCÊ NÃO É NADA! – Gritou seu pai ainda mais alto.

Então era isso? Toda devoção que tinha pelo seu pai e ele o entregaria assim?

_NÃO! EU JÁ DISSE! DRACO SÓ SAI DAQUI SE VOCÊ ME MATAR. – Disse sua mãe aos prantos.

_ENTÃO EU TE MATO!

Era hora de entrar.

_O que está havendo aqui? – Disse ao ver seu pai apontando a varinha pra sua mãe. Ela chorando descompassadamente e ele muito vermelho.

_Nada. Não está havendo nada. Vá dormir. Agora! – Disse seu pai voltando a sentar.

Sua mãe foi em sua direção, ainda chorando. Pegou suas mãos e olhou de canto para seu pai. Ainda parecia muito furioso.

_Draco. – Começou com a voz tremida. – Me prometa que você não se tornará um Comensal da Morte! – Disse meio segundo antes de Lucio levantar do sofá.

_O que? Não! Não escute ela Draco. Vá dormir moleque! Agora! – Disse Lucio pegando sua mãe nos braços e a arrastando pro fundo da biblioteca.

Draco viu sua mãe apoiar seus pés na mesa e empurrar seu pai, que caiu e bateu a cabeça na parede, mas só o que conseguiu foi que ele ficasse meio zonzo.
Vendo isso, Narcisa correu novamente para Draco.

_Por favor, Draco! Prometa-me! Por favor. – Disse Narcisa desesperadamente.

Draco viu seu pai pegar a varinha e ainda caído apontar pra sua mãe.

_AVADA KEDAVRA!

_Eu prometo!

E sua mãe escorregou as mãos das suas e caiu no chão, na sua frente. Sem gritos, sem sangue, sem vida.

_ NÃO! Mãe, por favor, mãe não vai embora. Mãe! – De repente Draco viu que fazia muito frio. Muito frio agora. – Está com frio mãe? Eu vou pegar um cobertor! É só a senhora me pedir!

Draco a olhou. Estava com uma expressão horrorizada que nunca sairia de seu rosto. Ela não respondia! Porque ela não respondia? Sua ficha caiu. Ela não voltaria, não mais. De repente o ódio foi correndo em suas veias. Olhou pra trás e viu seu pai, no chão, no mesmo lugar, com a varinha apontada para o mesmo lugar onde, á minutos atrás, sua mãe estava, e com a boca levemente aberta. Draco largou sua mãe e se levantou.

_VOCÊ! – Berrou com uma expressão que até Lucio Malfoy temeria. – VOCÊ A MATOU! COMO TEVE CORAGEM? SEU DESGRAÇADO! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! VOU TE DENUNCIAR! VOCÊ VAI VOLTAR DA ONDE VOCÊ SAIU! AZKABAN! SEU DESGRAÇADO!

_Olha Draco... – Começou Lucio se levantando.

_NÃO! NÃO FALE COMIGO! EU NÃO QUERO TE OUVIR! PORQUE VOCÊ NÃO VAI FAZER UM BOQUETE NO LORD? JÁ QUE VOCÊ VIVE PRO “LORD” – Disse imitando o jeito que Lucio tinha falado de Voldemort a minutos atrás.

_Olha aqui garoto, ainda sou se pai. Você me deve respei...

_VOCÊ NÃO É MEU PAI. EU NÃO QUERO ACREDITAR QUE SEJA. VOCÊ É O CARA QUE ME DARIA PRO MAIOR BRUXO DAS TREVAS SEM PROBLEMAS! EU-VOU-ACABAR-COM-VOCÊ! – E dizendo isso, Draco procurou sua varinha nas vestes. “Puta que pariu” pensou ao ver que esquecera sua varinha no quarto.

Lucio pensou. Sua situação não estava nada boa. Sabia do amor de Draco por sua mãe e sabia que ele realmente o mandaria pra Azkaban se pudesse.

_Se você conseguir me pegar moleque... – E aparatou.

_NÃO! SEU COVARDE! VOLTE AQUI! – Gritou Draco pro lugar onde Lucio estava segundos atrás.
Voltou ao lado de sua mãe. A abraçou e sentiu as lágrimas voltarem mais forte. Mas as segurou, não ia ficar chorando igual a um bebe e sim fazer o impossível pra prender Lucio.
Sussurrou “Eu prometo” no ouvido de sua mãe, foi ao quarto pra minutos depois voltar completamente vestido. Pegou Pó de Floo, amaldiçoando até o bisavô do Ministro por não ter feito a maioridade com menos anos, gritou “Profeta Diário” e com as chamas verdes, sumiu.




_Eu quero falar com o Allan Brown! – Disse Draco á bonita secretária da redação. Se ela fosse boazinha, poderia chamá-la pra sair depois.

_Senhor Malfoy! – Disse assustada. – Sim... Já vou avisá-lo... – Disse num sussurro, numa tentativa ridícula de ser sexy. Draco quase riu.

_Pode entrar, ele irá recebê-lo... – Disse lambendo os lábios.

_Eu sei, não precisava anunciar. – Disse e foi direto pra porta do escritório, entrou, sem bater é claro.

_ Senhor Malfoy – Disse o Editor se levantando da mesa e estendendo a mão para ele.

_Tenho a matéria do ano pra vocês! – Disse Draco se sentando na cadeira á frente da mesa do Editor.

Allan recolheu sua mão, sabendo da fama de mal educados dos Malfoy e sentou-se novamente na cadeira. Uma matéria?

Duas horas depois ou, o que pareceu para Draco, vários anos depois, ele estava deixando o prédio do Profeta Diário, disse tudo a seu favor; Que seu pai o tinha obrigado a tudo! E foi em direção ao Cabeça de Javali para poder ir á funerária. Este pensamento fez seu estômago revirar.

Chegou em casa esgotado, ficara o dia inteiro fora e menos que 7 horas não era. Foi direto para a biblioteca mostrar ao cara da funerária onde estava o corpo de sua mãe. Abriu a porta e lá estava ela, do mesmo jeito e com a mesma expressão. Minutos depois o corpo de sua mãe estava dentro do carro funerário.

_Este será o horário do funeral. Se o senhor quiser pode mudá-lo.

_Não, pra mim está tudo bem. Já paguei para o dono ok? – O cara fez que sim com a cabeça.

No outro dia de manhã, aconteceu o funeral e o enterro de sua mãe. Ambos só com Draco e o Padre.
Draco se ajoelhou no túmulo de sua mãe, depois das palavras bonitas do padre e de o mesmo fechar a bíblia e ir embora, e passou a mão pela linda foto de sua mãe. Leu o “Mãe Amada” e sussurrou novamente “Eu prometo”

Draco falava aquilo sempre que podia, não por drama ou por dó de si mesmo, e sim porque ele tinha medo de que sua mãe não tivesse ouvido sua promessa. Seu pai a matou no mesmo segundo que ele prometeu.

Mas o que ele não sabia, é que sua mãe tinha ouvido sim sua promessa.

Chegou em casa e foi direto tomar um banho. Depois foi para o quarto, mas não dormiu aquela noite. Suspeitava que não dormiria mais.

Ás 7 horas da manhã, alguém tocou a campainha. Fazendo-a tocar sonoramente pela casa inteira. Draco colocou seu roupão e desceu ás escadas. Olhou pela janela e viu o carro do Ministério. Só estava esperando. Abriu a porta decididamente e deu de cara com o próprio Rufo Scrimgeour.

_Senhor Malfoy, viemos buscá-lo, precisamos fazer algumas perguntas. – E Draco viu a edição do dia do Profeta Diário em sua mão. “Eles são rápidos” pensou divertido.

Depois de trocar de roupa, já dentro do carro, Draco olhou pra sua mansão. Não iria ser preso, ele sabia, porque era menor de idade. Não queria matar o bisavô do Ministro afinal.

“Vai ser um longo dia!” – Pensou ao ver a Cabine Telefônica vermelha.

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