O Tempo Voa
Aos quinze anos, Antoine se tornou monitora-chefe, era seguida como uma deusa por todo lado. Tinha incríveis poderes, que usava nas aulas, e nos alunos que desobedeciam as regras, para demonstrar o quanto poderosa era.
― Ela é um pé no saco! Faz isso só para se mostrar! Não sei como Dumbledore não vê isso!
― Ah, Hermione, - disse Harry - afinal das contas, Snape a protege.
Harry, Hermione e Rony estavam entrando no seu último ano em Hogwarts e aqueles anos não foram muito bons, pois Antoine estava lá... Ela era simplesmente desprezível, fazia um par tão perfeito com Draco, que os três grifinórios, quando sozinhos, riam dizendo que eles se casariam! Hermione não se conformava ao ver Antoine fazer a cabeça das pessoas. Tentara descobrir isso durante tempos, mas nada parecia dar certo quando atentavam algo contra aquela menina francesa. Antoine, por sua vez, mantinha relações restritas de amizade. Ela apenas dirigia-se a alguém quando a resposta lhe seria útil, por isso falava apenas com Draco, com os sonserinos e com os professores, exceto pela professora de Herbologia, Sprout, não gostava muito dela, pois a achava muito necessitada e carente. Hermione pegara muitas detenções por causa de Antoine, sentia um ódio quase mortal pela garota, se não fosse por Harry, com certeza, já teria feito alguma coisa de ruim. Mas, Harry estava perto... ele estava no encalce de Antoine... nada escaparia ao seu olhar! Harry queria descobrir o que ela fazia que deixava a todos muito nervosos.
O baile da Primavera aconteceria dali a um dia. Os jardins de Hogwarts estavam tão belos e floridos que Dumbledore resolveu organizar a festa ali.
Era uma noite estrelada, o jardim principal do castelo estava todo iluminado. Alguns alunos estavam preparando uma homenagem para Dumbledore porque estaria completando anos. Os alunos chegavam aos pares e se sentavam aglomerando-se para ver a apresentação, que seria uma peça de teatro. Harry a organizara. Faltavam poucos minutos para começar quando um alvoroço veio dos fundos do jardim. Era Antoine chegando, acompanhada por Draco. Eles estavam magnificamente lindos. Todos deram passagem para eles, que soberbos, sentaram-se na primeira fila ao lado de seu estimado professor, Snape, que se levantou cavalheiramente e sentou-se após Antoine sentar.
― Tinha que chamar a atenção de algum jeito! - retrucou Hermione para Harry, que balançou a cabeça impaciente.
A peça foi maravilhosa. Dumbledore gostou tanto que deu para cada um dos alunos que participaram da peça, dez pontos. O baile prosseguiu igualmente admirável. Mas as atenções se voltaram para Antoine e Snape que dançavam juntos a primeira música. Dumbledore gostou de ver os dois se darem bem, se isso continuasse assim era sinal de que Antoine estava no caminho certo.
― O senhorr me surrprreende, prrofessorr Snape! - disse ela enquanto era conduzida por ele. Snape nem deixou que ela continuasse.
― Eu? Hum... - respondeu - assim que você pisou em minha sala tive a sensação de que ao menos alguém sabia o que eu estava falando.
― Nós temos muito em comum! Ambos fomos deixados de lado porr nossas famílias! - Snape ergueu a sobrancelha, fez cara de espanto, mas falou antes dela.
― Sua família - perguntou ele - estava muito empolgada com sua vinda a Hogwarts?
― Sim... - disse ela ironicamente e olhou para o lado - ...o senhorr me dá licença, prrofessorr? Drraco está acenando parra mim...
― Claro! - disse Snape cumprimentando-a com a cabeça, sentindo que aquele assunto a deixara extremamente desconfortável. Draco e Antoine namoravam. Não que Snape aprovasse, mas o jovem Malfoy fora a única pessoa pela qual Antoine se interessara... abertamente, porque no fundo ela escondia algo que se fosse revelado causaria espanto até em professores.
Era tarde quando Draco e Antoine pararam em frente ao quarto dela.
― Só alguns meses para eu me formar. Já sinto sua falta.
― Bobinho, é muito tempo, sabendo que nos vemos todos os dias! - respondeu Antoine a Draco.
― Sim. - disse ele beijando-a - Mas virei vê-la!
― Drraco, assim você só irrá me complicarr! - ele a beijou e apertou-a contra a porta. - Tem alguém aí! - disse ela ao ver um vulto atrás de um pilar.
― E o que tem de mais nisso? Estamos dentro da nossa casa, você é a monitora-chefe... - e a beijou novamente - Me deixa entrar um pouco - pediu ele.
― Não é você quem gosta de corrrerr rriscos? - perguntou Antoine desabotoando a calça dele - Porr que não me surrprreende?
Draco sorriu maliciosamente, a apertou mais uma vez contra a parede, olhou para os lados com o canto dos olhos e a tomou nos braços...
A manhã daquele sábado era especial: Sonserina versus Grifinória. O estádio estava lotado. Os sonserinos desfilavam seu belo uniforme verde e prata em suas velozes vassouras. O time grifinório ainda estava reunido, discutindo as táticas. Antoine estava sentada entre Snape e Dumbledore, como sempre, desde o primeiro jogo, quando Draco se aproximou e lhe deu um suave beijo na testa. Antoine amarrou no braço dele um lencinho como se fosse um objeto da sorte. Ele sorriu, o tocou e saiu em disparada.
― Ah, o amor... - disse Dumbledore - que excitação!
Snape olhou o diretor com desprezo e voltou a olhar para o jogo.
― Esse Draco é um maria-mole. Está caidinho por ela! - retrucou Harry, que estava pairando com sua vassoura perto de uma das traves de seu time.
― É só o Draco quem está? - retrucou Angelina, atacante do time. Harry baixou os olhos, e não demorou nada para que a professora Hook desse início à partida.
O jogo foi acirrado, mas Draco estava tão assoberbado que pegou o pomo aos cinqüenta minutos de jogo. Mal vira ele que sua namorada tinha o olhar fixo no pomo durante o jogo todo!
― Se eu fosse minha mãe diria que Draco estava enfeitiçado! - resmungou Rony da arquibancada.
― Senhor Weasley! - era a professora McGonagall chamando a atenção - Não faça uma acusação sem ter provas!
― Provas são tudo o que preciso! - respondeu ele irônico, colocando os braços na cintura, virando o rosto para os amigos e fazendo caretas que imitava a professora.
Draco, exibindo-se, sobrevoou os alunos de Grifinória estendendo a mão onde estava o pomo, mostrando que era melhor do que o amado apanhador deles: Potter. Em seguida, voou até Antoine. “Para você”, disse Draco entregando a ela o pomo, “Nos vemos no jantar!” e saiu disparado. Antoine recebeu um olhar estranho de Snape, mas ele estava orgulhoso por Sonserina ter vencido.
Eram onze horas da noite daquele sábado festivo quando Antoine entrou em seu quarto com vários livros debaixo do braço. Ela fechou a porta e empilhou-os sobre o batente da lareira. Espreguiçou-se e massageou o pescoço. Estava frio ali, com apenas um gesto ela fez o fogo se acender.
― Bem melhor! - sussurrou, mas um barulho atrás dela a fez virar-se num pulo, Snape estava sentado em uma cadeira.
― Prrofessorr...
― Desculpe o susto. Estou esperando desde as nove horas.
― Bem, eu fui até a bibli... - ela olhou para a parede onde havia um enorme relógio e depois para os livros sobre a lareira.
― Deixe-me vê-los! - pediu Snape.
― Os... livrros... são sobrre poções!!
Snape estendeu a mão esquerda. Ela pegou os livros tremendo e os entregou a ele. Mas antes que ele pudesse abrir um deles ela disse:
― Petrificus Totalis!
― Boa idéia! - disse Snape rindo alto - Demorada, mas boa! Contudo, não tente ensinar ao ferreiro o seu ofício! - ela olhava assustada para o professor pensando na repreensão. Fora uma enorme estupidez tentar jogar um feitiço tão merreca em uma pessoa experiente como Snape - Seu poder é realmente forte, sua varinha é muito poderosa também! - cumprimentou ele e voltou a olhar para os livros como se nada tivesse acontecido. Os olhos de Antoine quase saíam das órbitas - Vejamos, Por trás das Sombras... Ótimo! A Dança como Princ... ah, coisa de mulher! - então ele fez uma pausa - O Esférico Estrelado? Muito adiantado, não acha?
― Dê-me os livrros, prrofessorr! - disse ela num tom forte de voz.
― Está me desafiando? - perguntou ele ficando de pé defronte a ela. Antoine teve que olhar para cima. Era alta, tinha mais de um metro e setenta de altura, no entanto, Snape tinha quase dois palmos a mais do que ela.
― Não! - respondeu rápido e baixinho.
― Quem disse que eu iria tirar os livros de você? - ela não entendeu, franziu a testa e vendo-o sorrir, sorriu também - Tire esse sorrisinho dos lábios. Se você quiser aprender magia negra terá que seguir algumas regras e... roubar livros na biblioteca não é uma delas!
― Sim senhorr.
― Vá devolver os livros. Amanhã de manhã chegue mais cedo na minha sala e pegue emprestado os meus!
― Obrrigada! - ela sorriu surpresa e aproximou-se do professor na intenção de agradecê-lo com um abraço, mas Snape deu um passo atrás. O clima na sala ficou estranho e o sorriso de Antoine se fechou. Ela apenas agradeceu mais uma vez, olhando para o chão. Snape seguiu em direção à porta, porém, subitamente, se voltou para ela e disse:
― E somente pratique magia quando tiver certeza de que ninguém saiba que você o fará! - fingiu um rosnado baixinho.
― Sim, prrofessorr Snape!
Antes mesmo de Snape chegar à classe, na manhã seguinte, Antoine chegara lá. Estava parada atrás da mesa do professor, acariciando a cadeira dele. Aproximou o rosto da cadeira e sentiu o inconfundível perfume do professor, uma mistura de...
― Senhorita Dimanchè, acordou cedo! Entusiasmad...
― Issima!! - respondeu ela sorrindo.
― Tome. - disse Snape estendendo os livros; pareciam novos, mas as páginas estavam amareladas, surradas, sinal de anos de uso. Ela agarrou os livros colocou-os na mochila e sentou-se. Mas o dia pareceu uma eternidade, ela mal conseguiu prestar atenção ao que os professores falavam e faziam. Quando a noite chegou, Antoine grudou nos livros e enfiou-se em sua cama. Devorou todos naquela noite e, das principais partes, fez desenhos e anotações em seu diário.
Na manhã seguinte, Severo Snape entrou na sala de poções e sobre a mesa viu os livros que havia emprestado. Não entendeu o que estava acontecendo, mas ao ler o bilhete dentro de um deles tudo se esclareceu.
“Querido professor Snape, os livros são magníficos, traguei-os noite adentro. Agora os devolvo com o mesmo carinho que me foram entregues. Antoine ”.
Snape sorriu por dentro sentindo um aperto ao saber que não daria aula a ela naquele dia.
Os sábados estavam sendo repletos de emoção, já que o torneio de quadribol chegava ao fim e os sonserinos organizavam grandes festas nos dias de vitória, regadas a muita comida, bebida e dança. Aquele sábado não fora diferente. Mas Antoine havia se retirado cedo, estava cansada porque estudara em excesso e executar magias avançadas desgastava muito, principalmente, quando se tinha que lançar contra-feitiços para que ninguém percebesse o que estivera fazendo. Snape também estava indo se deitar, já não era mais um garoto, seu corpo não acompanhava seu cérebro tão bem quanto antes. Resolveu dar uma olhadela no salão comunal, os sonserinos estava muito empolgados e se excediam em algumas noites. Deu uma espiada geral e tudo parecia calmo. Passou pelo quarto de Antoine e viu a porta entreaberta. Olhou para dentro. Ela estava deitada de costas, dormindo com um livro sobre a cara. Sorriu, entrou, tirou o livro de debaixo da cabeça dela e colocou o travesseiro.
― Não... ele não vai querer... - sussurrou ela. Snape levou um susto, mas logo percebeu que ela estava falando durante o sono. Riu do próprio susto e saiu do quarto fechando a porta. Balançou a cabeça e seguiu em direção ao seu quarto. Parou ao ouvir passos atrás de si. Encostou-se na parede e olhou para trás: era Malfoy.
― Boa-noite, professor Snape! - disse Draco erguendo a mão e desviando para a esquerda, tentando fazer Snape pensar ia para o dormitório. O professor acenou e andou um metro, até onde estava muito escuro e parou para observar Draco. O garoto pousou os olhos na porta do quarto de Antoine, esperou por alguns minutos, olhou para os lados e quando percebeu que estava sozinho seguiu em direção à porta e girou a maçaneta. Entrou com meio corpo no quarto, parando por um breve momento, mas finalmente entrou. Então, Snape aproximou-se.
― Oi, Drraco. - disse ela sonolenta - Está zangado? - o rapaz não respondeu - Eu estava cansada, não tinha vontade de comemorrar...
― O que é que o Snape estava fazendo aqui?
― O prrofessorr Snape? - indagou ela.
― Sim, o prrofessorr Snape - ironizou Draco. Antoine olhou para Draco com desgosto, odiava que a arremedassem.
― Não estive com ele, estudei até pegarr no sono! - Draco tinha o olhar ausente, mordia os lábios.
― Eu o vi saindo daqui agora mesmo! Não sou cego!
― Porr que não o chama aqui e tirra suas dúvidas?
― É o que eu deveria fazer.
― Pois então faça! - gritou. Draco hesitou. Antoine deitou-se novamente na cama, dando costas para ele. Draco suspirou e lentamente deitou-se ao lado dela abraçando-a.
― Desculpe, Antoine. Eu só não posso imaginar ele tocando em você!
― É? E porr que não? Porr acaso ele é alguma aberrração?
― Bem... - Draco não sabia o que responder, então soltou - ele é tão velho?
― É! É mesmo.
Do lado de fora do quarto Snape sentiu um aperto estranho na garganta e lhe pareceu que o tempo passou pelos olhos como se o tivesse desperdiçado totalmente.
― E não sei porrque as mulherres não caem babando porr ele, afinal, olhe só o poderr que ele tem nas mãos! - disse ela virando-se para Draco.
― Ah, você pensa isso dele é? Está apaixonada por ele? - brincou Draco sorrindo. Antoine riu e deu um leve beijo nos lábios dele. Draco envolveu-a com os abraços, deitou-se sobre ela e a beijou.
― Quer saber o que eu queria agora?
― O quê? - perguntou Antoine.
― Que o Snape estivesse aqui pra ver o que é que faço com você, pra ver como é ter você! - disse suavemente, beijando-a. Um repentino pigarro soou alto porta adentro. Os dois olharam rapidamente para lá. Snape estava parado com os braços na cintura.
― Pois aqui estou, senhor Malfoy! - a voz de Snape ecoou pelos corredores. Draco pulou de cima da cama, ajeitou as calças abertas e vestiu a camisa. Estava roxo de vergonha. - Espere-me no corredor! - falava devagar, separando cada sílaba, com voz arrastada e tremida, estava furioso - E contente-se em perder apenas cinqüenta pontos!
― Cinqüenta?? - disse Draco manhoso e indignado.
― Saia! - berrou fulminando com o olhar. Antoine permanecia deitada de costas olhando para Snape. Ele ergueu uma das sobrancelhas e a observou, estava seminua. Uma camiseta de botões era só o que tampava seu corpo, e não ao todo.
― Não esperava isso de você, senhorita Dimanchè!
― O que posso fazerr, prrofessorr, se meus horrmônios estão à florr da pele?
― Quero falar com você antes da aula começar na segunda! - e terminando a frase ele saiu. Mas voltou quando a ouviu chamar seu nome - O que foi? - perguntou seco.
― Não querr converrsarr comigo agorra? - disse ela abrindo a blusa. Snape não pôde conter que seus olhos percorressem o corpo dela com muita curiosidade. Seus lábios se comprimiram e sua língua inquietou-se dentro da boca.
― Espero que tenha se divertido com essa brincadeira! Vou ficar de olho nos dois! - e saiu batendo os pés. Antoine deitou a cabeça de lado e arrependida soltou um suspiro, deu um soco no colchão, não contava com aquele repúdio!
O domingo amanheceu chuvoso. O salão principal já estava servido quando ela sentou-se à mesa de Sonserina. Draco a olhava de longe, mas não sorriu como ela tinha sorrido. Ela sabia que Snape os observava, mas pelo menos Draco poderia ter mostrado os dentes. Tomou seu café da manhã olhando para baixo e foi a última pessoa a deixar o salão. Harry, Hermione e Rony estavam parados do lado esquerdo do corredor que levava às masmorras e puderam ouvir Antoine e Draco conversarem atrás de um dos pilares de mármore.
― Agorra vai serr assim? Nem mesmo vai olharr na minha carra?
― Calma, tudo vai voltar ao normal... é que a gente pegou pesado! - disse ele com a mão no rosto dela.
― A gente? Foi você quem desejou o Snape lá!!! - Draco estava muito perto de Antoine e seu corpo apertava o dela contra a parede.
― Desculpe. - e beijou-a - Nos veremos!
― Ahã. - sibilou ela. Draco se afastou. O corpo de Antoine escorregou pela parede abaixo e caiu sentado no corredor. Harry, Rony e Hermione notaram que algo estava errado, pois nunca tinham visto Antoine desanimada e abatida daquela forma. Passaram por ali como se não a tivessem visto ou ouvido. A uns oito metros de distância, porém, Harry olhou para trás, Antoine estava olhando para ele, mas já não possuía aquele olhar amedrontador, tinha os olhos redondos de tristeza.
Na manhã seguinte os alunos seguiam para mais uma aula nas masmorras.
― A senhorita deveria estar aqui mais cedo hoje, não se lembrou que queria vê-la? - rosnou Snape ao ver Antoine entrar na sala.
― Desculpe - disse ela tentando esconder os olhos vermelhos tanto do professor quanto dos alunos, estava nervosa e isso a fez derrubar os livros no chão. Harry levantou-se para ajudá-la o mais rápido que pôde. Os dois se olharam e foi como se passassem a se conhecer apenas a partir daquele momento. Ela sorriu e agradeceu, ele ficou vermelho e sentiu uma forte pulsação no baixo ventre, sabia muito bem o que era aquilo, sentira a primeira vez quando avistara Cho Chang, uma aluna da Corvinal, montada em uma vassoura, no campo de quadribol há alguns anos; mas não entendeu porque sentira tal coisa.
― Potter! Vá para seu lugar? Senhorita Dimanchè, sente-se aqui na frente! - era Snape acabando com aquele melaço entre os dois alunos.
― Sim, prrofessorr. - mas ao sentar ela deu uma olhadinha para Harry e sorriu.
― O que foi isso? - murmurou Rony - Não acha que ela está afim de você, acha?
― Ah, cala boca! Ela odeia qualquer um que não seja sonserino! Só precisava de ajuda e ninguém teve coragem... - resmungou Harry. E preparou-se para a aula, que foi um pouco mais chata, parecia que Snape estava muito mal-humorado. No final, Snape pediu a Antoine que esperasse. Precisava conversar com ela.
― Quero que a senhorita vá de seu quarto às refeições, delas às aulas, e destas para seu quarto novamente. Não quero que fale e não ouse - disse ele acentuando essa palavra - fazer nada com Draco Malfoy. Ele acabou de revelar que não é uma boa companhia! - Ela não respondeu, estava cabisbaixa - Você está aqui para estudar. Quando sair da escola poderá se preocupar com sua vida amorosa.
Mas ela não queria isso. Queria mais, mas não podia desobedecer ao professor. Não depois do que ela fizera com ele... do que lhe mostrara. Envergonhava-se muito daquilo agora. Saiu da sala rapidamente, correndo para a aula seguinte.
Os dias passaram e tudo estava diferente, todos estavam hesitantes, mas animados porque Antoine não encabeçava mais os sonserinos ao lado de Draco, estava sozinha. Ela havia se tornado de pior monitora-chefe que Hogwarts já teve a um cordeirinho... não se importava mais com os que burlassem qualquer regra. Snape estava decepcionado e Dumbledore notou isso.
― Notícias de casa? - Antoine levantou a cabeça, tirando os olhos avermelhados do grosso livro de feitiços.
― Não, prrofessorr Dumbledorre - respondeu com voz tremida.
― Recebe poucas, não é?
Ela não respondeu.
― Tem alguma coisa que queira me contar, senhorita Dimanchè?
― Não - disse engolindo em seco. “Porr que quando falo com ele tenho a vontade de dizerr a verrdade?”, ela se perguntava.
― Sabe por que a escolhi para vir a Hogwarts?
― Não.
― Seus pais estavam muito assustados com você, com seus poderes e com o passar do tempo com qualquer que fosse a varinha que você usasse. Ficaram tão aliviados quando recebeu a carta que deram sua tutela a mim! - ela olhou para Dumbledore e fez menção de dizer-lhe algo, mas logo voltou os olhos para o chão - Sim, eu sou seu guardião e lhe peço que tenha mais calma com as pessoas!
― E eu me esforrcei tanto, passei todos os verrões na biblioteca lendo, relendo... eles nunca se derram ao luxo... apenas querriam que eu fosse diferrente de meu trrisavô e porr isso decidirram não passarr ensinamentos adiante, quase cem anos sem magia na família...
― Eles não souberam educá-la.
― Idiotas!
― Você era apenas uma criança.
― Ainda sou, não sou?
― Mas agora suas atitudes já podem ser podadas por você mesma! Sabe distinguir o certo do errado.
― Prrofessorr Dumbledorre... - disse puxando a manga da capa dele - ...ferri os sentimentos de...
― Você deve conversar com as pessoas por mais difícil que seja o assunto - foi apenas o que ele lhe disse. Antoine também não falou mais nada. Dumbledore se levantou e lhe deu um tapinha carinhoso na cabeça, em seguida, ela saiu correndo até as masmorras. Tropeçou em Harry e Rony, voltou para pedir desculpas e entrou na sala de Poções. Os dois rapazes se entreolharam.
― Prrofessorr Snape, posso entrrarr?
― Sim - disse seco, sem tirar os olhos do livro a sua frente.
― Estive... pensando... eu o desapontei... o senhorr não merrecia... será que... poderria me desculparr?
A princípio, ele a olhou erguendo uma das sobrancelhas, aquela atitude o deixou orgulhoso. Mas ao pensar melhor voltou a olhar para o livro que lia e, soltando uma risadinha irônica, falou:
― Boa tentativa, quase me pegou! - disse com sarcasmo - Mas se pensa que vai voltar àquela sua vidinha sorrateira está enganadíssima!
― Não, eu não pensei! Só querria que o senhorr me perrdoasse... - ela aproximou-se dele e pôs a mão sobre seu braço - ...eu não tive ninguém a quem me espelharr, prrofessorr, não querro perrderr a única pessoa que me fez bem! O senhorr!
Snape sentiu seu peito inflar satisfeito, era uma revelação e tanto saber que ela se importava com o que ele pensava.
― Certo, aceito suas desculpas... - disse sem olhá-la nos olhos - ...no entanto, não irei tratá-la de forma privilegiada como tenho feito. Tudo o que lhe falei ontem está de pé! - ela sorriu e, pela segunda vez, quis abraçá-lo, quase conseguindo, contudo, ele a empurrou com as mãos e apontou a porta. Antoine saiu decepcionada, mas pelo menos havia esclarecido as coisa.
Entretanto, Snape mal lhe dirigia a palavra, e deixara claro que Draco também não o fizesse.
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