Olhos Espantados



O expresso de Hogwarts partia, a maioria dos alunos estava sentada nas cabines enquanto outros, como sempre, perambulavam tentando encontrar os colegas do ano anterior. Hermione entrou em sua costumeira cabine, uma das últimas daquele vagão, e sentou em frente a uma menina cabisbaixa de aspecto muito conhecido: macilento. A garota era muito branca, tinha cabelos negros com ligeiras mechas vermelhas e cortado batido ao pescoço. Hermione achou pitoresca a cor dos olhos da menina, que eram marrom-avermelhados.
― Olá, sou Hermione Granger!
A menina apenas lhe lançou um olhar precipitado de lágrimas e, apertando os braços contra o peito, empinou o nariz. Hermione não sabia explicar o porquê, mas sentiu pena da menina e continuou falando enquanto Harry e Rony entravam na cabine.
― Não precisa se envergonhar... em Hogwarts somos todos iguais!
― Hum! - zumbiu a menina - Como se eu estivesse imporrtando-me com o que grrifinórrios pensam - continuou a menina de onze anos.
― Ei! Sabe quem somos...
Rony sentiu sua boca ser apertada, mas ninguém a estava tapando. Naquele mesmo instante, os olhos da menina se tornaram escuros e sem poderem fazer nada, os três grifinórios foram empurrados por uma força invisível para fora da cabina. A menina baixou os olhos para o grosso livro e os três amigos ficaram estáticos e indignados de pé no corredor.
― Quem era ela? - perguntou Harry.
― Não tive tempo de perguntar - disse Hermione - Vocês viram o que ela fez? - Rony soltou um gritinho agudo - Como é que ela nos pôs pra fora sem a varinha? - continuou Hermione.
― E como é que ela sabia que nós somos da Grifinória?
― Ai, Rony! - resmungou Hermione impaciente - Com esse baita bordado na sua camisa você não acha que ela deduziu?
Harry olhou para o peito de Rony e viu no que a senhora Weasley tinha trabalhado naquelas férias.

A ante-sala que levava ao salão principal estava cheia de meninos e meninas do primeiro ano, que lentamente vinham chegando. A professora McGonagall pediu para aguardarem em silêncio até a cerimônia de seleção de casas ter início. Ela seguiu em direção a Dumbledore e Snape, que conversavam ali adiante, para informá-los que houve um pequeno incidente com um dos barcos que trazia os primeiro-anistas, mas que tudo já estava sendo resolvido e logo, logo a cerimônia estaria começando. Para surpresa de todos, a menina de olhos marrom-avermelhados parou à frente de Dumbledore, fez uma reverência e sorriu.
― Mocinha, volte imediatamente para a fila! - repreendeu a professora McGonagall.
A menina nem deu bola para a velha professora, que tinha uma cara muito zangada, continuou olhando para Dumbledore, estendeu a mão e com um forte sotaque francês disse:
― Minha família manda lembrranças ao senhorr.
― Muito obrigado, srta. Dimanchè, como vão todos? - respondeu Dumbledore.
― Muito bem, obrrigada! Estão orrgulhosíssimos de eu terr vindo parra Hogwarrts. - concluiu ela vendo a cara de espanto dos professores.
― Faz muito tempo que nenhum parente seu recebe a Carta - afirmou Dumbledore!
― Hum... - pigarreou ela arrogantemente - simplesmente porrque não merreciam!
A professora McGonagall colocou a mão em frente à boca horrorizada, e a menina continuou:
― Vejo que serrei sagrrada com um ótimo prrofessorr de Defesa Contrra a Arrte das Trrevas - disse olhando para Snape com uma das sobrancelhas erguida - e de Poções, é clarro! - terminou ela fazendo outra reverência, desta vez para Snape. O professor de Poções pigarreou e soltou um sorrisinho amarelado - Bem, desculpem-me, mas tenho que voltarr ao meu lugarr... Não posso fazerr feio diante de meu prrofessorr e dirretorr. - ela deu um passo e voltou-se para Snape - O senhorr sabe, já que serrei uma sonserrina.
Ela então voltou para a fila. Snape olhou para Dumbledore e concluiu:
― Definitivamente era o que meu ego esta pedindo!
Para Dumbledore não foi surpresa que aquela menina foi parar na casa Sonserina, mas o jeito como ela foi escolhida serviu de ti-ti-ti durante as três primeiras semanas em Hogwarts. Assim que McGonagall pronunciou o nome “Dimanchè, Antoine” o chapéu seletor voou alto e rodopiou.
― Uaaau! - disse o chapéu - Dimanchè!
A menina saiu da fila e fez reverência para o chapéu, que continuou a falar sem que ficasse sobre a cabeça dela:

“Você é certa para este lugar,
paixão e poder, ambição e prazer,
burlar sem submeter-se a ninguém,
tudo isso numa pessoa só!
Sua casa é tão obvia
que não há mais nada a dispor!
SONSERINA!”

Antoine olhou para Dumbledore e para Snape e disse com ar soberbo:
― Então apenas oficialize isto! - e sorridente sentou na cadeira e o chapéu assentou-se sobre a cabeça dela.
Era a primeira vez que algo daquele tipo acontecia em Hogwarts. Os professores estavam espantados e ao mesmo tempo maravilhados. E os alunos, ah, os de Sonserina estavam arrogantemente assoberbados. Hermione olhava para Rony e fazia caretas, que eram correspondidas à amiga, mas Harry não estava nem aí para os dois, seus olhos estavam vidrados na garotinha de onze anos. Snape por sua vez sorria com escárnio ao olhar para a Grifinória.

Harry e Rony apressavam-se para chegar à aula de Poções em tempo, mas provavelmente aquele ano não seria diferente quanto ao número de pontos que seriam retirados da Grifinória. Estavam no terceiro ano, treze anos de idade. Sentaram-se no fundo da sala de Poções. Snape levantou-se de sua mesa e rabiscou algumas letras no quadro-negro: “Poção da Perna Mole”, e passou a explicar que serventia tinha tal poção e como a preparariam. Por fim, pediu que os alunos começassem a prepará-la. Hermione, como sempre, acertou em cheio, mas não havia sido a primeira a terminar! Depois de Snape olhar para sua poção e torcer o nariz sem nada dizer, Hermione ajeitou-se na cadeira e olhou para o lado, para sua surpresa viu a menina que a expulsara da cabina, e ela estava sentada recostada na cadeira, lixando as unhas.
― Que diabos ela está fazendo aqui? - disse Hermione.
― E eu lá sei? Ela é do primeiro ano! - murmurou Rony.
― Olha que arrogante ela é!
― Só por que ela terminou antes do que a senhorita? - perguntou Snape sorrindo a Hermione - Ela é um exemplo de como o aluno deveria ser! Vinte pontos para a Sonserina! - disse ele surpreendido por Antoine ter terminado a poção tão rápido - E dez pontos... à menos para Grifinória, porque a senhorita Granger não aprende a calar a boca em sala de aula!

Quatro meses se passaram, Antoine havia se tornado a aluna preferida dos professores. Tirava sempre a nota máxima e na sala em que estava o professor se sentia honrado de ensinar porque ela realmente prestava atenção. Snape então, parecia explodir de tanta altivez, Sonserina estava à frente no ranking escolar e tinha Antoine Dimanchè, a melhor aluna da escola, a menina prodígio que com onze anos foi colocada, em certas aulas, dois anos adiante, por conta de seus avançados conhecimentos e Poções e Feitiços. Ele não era o único que dava pontos a Antoine, ela os recebia de todos os professores. A professora McGonagall, que de início tinha antipatizado com a menina, agora a achava “adorável e engraçada, muito avançada para sua idade!” e ria de muitas atitudes de Antoine, porque parecia um adulto em miniatura. Mas Antoine não havia se entrosado da mesma forma com seus colegas de classe. A maioria ainda tentava entender porque ela tinha avançado alguns anos. E, como era sonserina e havia se tornado amiga de ninguém menos que Draco Malfoy, ninguém queria muito papo com ela.

Era um sábado ensolarado e ameno, todos estavam no campo de quadribol, seria o primeiro jogo oficial do ano. Antoine foi a última a chegar para assisti-lo. Havia poucos lugares disponíveis e um deles ficava justamente ao lado direito do...
― Prrofessorr Snape, posso me sentarr ao seu lado? - perguntou Antoine. Ele fechou a cara, engoliu em seco enquanto observava o dedinho fino e branco da menina apontado para o lugar vago depois dele.
― Ah, sim, pode! - disse levantando-se, para dar espaço a ela passar, e sentando-se depois de Antoine o fazer.
― Obrrigada. - respondeu ela sorrindo. Snape pigarreou, ajeitou o paletó e voltou a olhar para o jogo, que estava prestes a começar.
― Você assistiu a Copa Regional em Le Blonquè? - perguntou Snape sem tirar os olhos do campo.
― A... não... não assisti não, apesarr de serr bem perrto. - respondeu ela olhando para as próprias unhas - Não gosto muito de jogos! Só estou aqui porrque não há mais ninguém no castelo e aquela gata desprrezível do... - e riu ingenuamente - Ops... bem, ela me dá arrrepios!
Snape ergueu uma das sobrancelhas e deu um sorrisinho quase invisível.
― Aqueles à direita, de azul e cinza, são da casa Corvinal, - disse abaixando a cabeça para perto de Antoine - os outros são da Lufa-lufa.
Ela agradeceu com um sorriso.
― Pode não parecer, mas o jogo é muito importante para Sonserina. Não ganhamos o torneio há dois anos, desde que aquele Potter... - rosnou sem perceber, mas ao olhar para a menina, que estava com os olhinhos arregalados, interrompeu o que ia dizer - Se os lufa-lufas ganharem ficamos invictos - e bufou.
― Os pobrrezinhos são os últimos? - Snape fez que sim com a cabeça e deu um repentino soco sobre o peitoril a sua frente. Foi um gol da Corvinal - Um sonho quase impossível! - murmurou Antoine. Snape olhou para ela.
O jogo continuou com os corvinais cinquenta pontos à frente. No entando, subitamente, o artilheiro lufa-lufa deu uma arrancada, que mais pareceu uma rajada de vento conduzindo-o até os aros adversários e marcou um golaço nos corvinais. Snape olhou para Antoine e ela estava rindo ao ver as vassouras irem e virem feito loucas.
“Os lábios dela pareciam se mexer... não! Não mesmo, estou vendo coisas!”, pensou Snape. Contudo, a cada ponto de Lufa-lufa, ele tinha a impressão de que ouvia mesmo a menina sussurrar algo. Porém, ao olhar para a ela, Antoine o encarava e perguntava “Algum prroblema, prrofessorr Snape?’, em seguida, ele balançava a cabeça negativamente e voltava a assistir ao jogo. Quando Corvinal pediu tempo, Draco Malfoy, aluno de Sonserina, apareceu ao lado de Snape e olhando para Antoine perguntou inseguro:
― Posso me sentar ao seu lado?
― Porr favorr, mas sem seus amigos aí! - disse ela sorrindo e olhando para Goyle e Crabe - Você está parrecendo um típico trrouxa com seus guarda-costas.
A professora McGonagall deu uma gargalhada. Draco sentou-se ao lado da amiga ao olhar cerrado de Snape.
― Trouxe umas guloseimas para você!
― Ah, Drraco, obrrigada - e ela sorriu. Draco também abriu um largo sorriso.
― Engraçado o que está acontecendo, não? Lufa-lufa nunca jogou nada, são uns maria-moles! E hoje eles estão arrasando.
― Sim... mas lembrre-se de um ditado: - disse ela - os últimos serrão os prrimeirros! - Draco não se conteve e riu!
― Schiiiu! - eram a professora McGonagall e o professor Snape juntos - Antoine e Draco se entreolharam e riram baixinho.
― Ei, Drraco, olha só! - disse ela concentrando-se no jogo. Olhou para o pomo, sussurrou umas palavras e então o mesmo disparou na vertical em direção ao céu. Draco sussurrou algo no ouvido dela e os dois riram baixinho novamente. E coisas mais estranhas aconteceram durante o jogo, e Snape tinha quase certeza de que os dois sonserinos sentados a seu lado tinham algo haver com aquilo. Porém, Snape estava meio que orgulhoso.
Draco saiu para falar com Goyle enquanto a Lufa-lufa completava duzentos e cinqüenta pontos a frente de Corvinal. Antoine estava concentrada ao máximo no jogo...
― Com licença, - disse uma voz suave, era Dumbledore olhando para Antoine - Este lugar está ocupado?
Antoine levou um susto, olhou para o campo onde dois apanhadores se chocaram e caíram no chão e quase que de imediato olhou para o assento pensando em Draco, mas não poderia dizer não para o diretor de Hogwarts.
― Não, não está ocupado. - respondeu para ele. Dumbledore olhou para a agitação no campo. Por sorte ninguém havia se machucado.
― Interessante, muito interessante, o time de Lufa-lufa não estava tão bem este ano. Estavam desfalcados. Como é que pode? - perguntou Dumbledore coçando a barba e olhando para Antoine. Ela sentiu um calafrio. Snape concordou com Dumbledore balançando a cabeça e voltaram seus olhares para o jogo que havia recomeçado.
― Toma, Antoine - disse Draco estendendo a mão para que ela pegasse sapinhos de chocolate. Ele a olhou, desapontado, como se pedisse o que Dumbledore estava fazendo ali - Vou me sentar aqui, então. - disse desanimado, sentando do outro lado de Dumbledore. Antoine moveu-se olhando para Draco por trás de Dumbledore e sorriu para o rapaz. Draco retribuiu soltando com um largo sorriso, mas este logo sumiu de seu rosto quando olhou por sobre o ombro de Antoine: Snape o fulminava com o olhar. Antoine olhou para cima e Snape a encarava. Draco e ela ajeitaram-se em seus assentos permanecendo quietos. De vez em quando se olhavam, mas Snape os policiava constantemente. O jogo acabou com a sorte do apanhador de Lufa-lufa que caiu de sua vassoura sobre o pomo.
No jantar, Hermione se aproximou da mesa de Sonserina e, com segundas intenções, cumprimentou Antoine, que estava de pé ao lado de Draco Malfoy.
― Boa-noite! - respondeu Antoine sem dar muita atenção à garota grifinória.
― Fiquei sabendo que você está adiantada nas aulas porque é iniciada em magia! - disse Hermione com ironia na voz, jogando verde para colher maduro - Isso nunca aconteceu em Hogwarts.
― É, - continuou Rony - e como é que pode ser sua família não freqüenta uma escola de bruxos há muitos anos?
― Andou pesquisando sobrre a vida dos outrros? - alfinetou Antoine.
― A gente faz o que tem que fazer - rosnou Hermione.
― Ou seja, especula sobrre a vida alheia como se ela deverria serr de seu interresse! - ironizou Antoine concluindo o pensamento.
Rony fez uma careta, Hermione espremeu os olhos.
― Não tem nada mais o que fazer, não? - quis saber Draco, cheio de desdém, mas Antoine interveio.
― Não dê atenção a eles Drraco, você tem mais com o que se prreocuparr.
Hermione saiu batendo o pé e rugindo. Não suportava aquela menina. Mas Harry e Rony sabiam que o motivo daquele desprezo todo era o de Hermione não ser mais a número um de Hogwarts. Antoine, porém, tinha um gênio muito difícil, tratava todos com ar de superioridade, e ninguém achava isso certo porque aos olhos de Dumbledore todos eram iguais, e a única pessoa que tinha a permissão do diretor para agir daquela forma era Snape. Os alunos sabiam que havia algo de estranho em torno da vida de Antoine, ninguém fazia idéia de quem era a garota, contudo, não queriam saber de nada porque depois que Antoine chamara a atenção de Draco Malfoy, este nunca mais havia importunado um aluno sequer. E todos queriam que as coisas continuassem daquela forma.

― Eu SEI que algo está acontecendo! - disse Hermione andando de um lado para o outro - Antoine é popular, não se pode negar, mas vocês já notaram como os sonserinos abaixam suas cabeças para ela? Eles até se afastam quando ela passa!
― Você está paranóica! E se ela os tivessem enfeitiçado Dumbledore saberia! Ela é bonita e cheia de mistério, claro que o pessoal a venera! - afirmou Harry.
― Acho que é mais do que isso, Harry, os sonserinos sabem de algo que o resto de nós não sabe. - deduziu - Vamos! - Harry e Rony se olharam e seguiram a amiga até a biblioteca, mais especificamente na seção de Feitiços, porque era um fato: Hermione estava sempre certa!
― O que estamos procurando? - pediu Rony, quando já estavam em frente aos milhares de livros.
― Onde é que está! - Hermione se perguntava freneticamente - Aqui! - continuou ela empolgada. Harry leu em voz alta:
― Feitiço da Verdade Oculta! Este feitiço não revela, ao bruxo que a lançou, a verdade em si, apenas indica se há alguma magia ou feitiço acontecendo com o suspeito. Se você quiser saber se a pessoa está fazendo algo ruim basta trocar a palavra Valedra por Viscuso. - Harry olhou para Hermione.
― É só o que podemos fazer! Nunca conseguiríamos fazer com que ela tome a Poção da Verdade!! - disse Hermione. Os três concordaram e ela ficou encarregada de lançar o feitiço.

Na tarde daquela quarta-feira, Hagrid explicava sobre alguns animais encantados e mostrava aos alunos livros sobre tais animais. Mas ele tinha uma surpresa, havia trazido um unicórnio. As crianças ficaram encantadas. Era o animal perfeito, apesar de estar ali por causa de um ferimento em uma das patas. Hermione só tinha olhos para Antoine, esperava o momento certo, mas ele não chegava. Até Antoine começar a expirar sem parar enquanto acariciava o unicórnio. Expirou tantas vezes seguida que ao se recompor seus olhos estavam lacrimejando, Hagrid pediu que ela se sentasse um pouco mais longe para que não assustasse o animal, a garota ficou indignada. Hermione sorria, havia conseguido lançar seu feitiço, e observou com muito gosto Antoine se retirar da aula para ir à enfermaria ver se Madame Pomfrey descobriria o que estava acontecendo.
Hermione estava satisfeita, durante todo o dia não vira nem a sombra de Antoine, e já era hora do jantar, todos já estavam no grande salão, sorriu para si mesma aliviando-se por não ter que se preocupar com a soberba da rival naquele dia, e quem sabe, outros dois ou três dias também. Entretanto, sua alegria não durou muito, a imensa porta de entrada rangeu, abrindo-se lentamente, dando espaço para Antoine entrar. Sentou à mesa de Sonserina, tudo pareceu normal para Hermione, no entanto, volta e meia. Antoine se coçava. Mas passado o tempo, coçou-se tanto que Draco lhe pediu se ela estava com piolhos. Antoine rosnou com ele, chamando a atenção dos professores e saiu furiosa sob o olhar atento de Snape.
Era quase uma hora da manhã e Antoine não conseguia dormir, já havia tomado mais de cinco banhos na tentativa de fazer passar a coceira.. Estava angustiada, nada parecia adiantar, nem feitiços! E o que faltava acabara de acontecer: no último banho que estava tomando seus cabelos começaram a cair, aos montes! Desesperada, saiu correndo em direção ao quarto do diretor de sua casa, apenas de calcinha e camiseta. Snape acordou assustado com a porta sendo esmurrada. Ao abri-la deu de cara com uma garotinha de onze anos toda molhada e aos prantos. Ajoelhou-se diante dela e segurou seu rostinho com as duas mãos. Jamais estivera numa situação como aquela.
― Antoine, acalme-se! O que aconteceu? - perguntou ele, mas a menina não conseguia responder de tanto que soluçava - Olhe para mim! - disse Snape sério - Tudo vai ficar bem se você me contar. Posso resolver qualquer coisa!
Ela pareceu se acalmar com aquela frase, mas ainda soluçava quando lhe contou o que estava acontecendo:
― Meus cabelos... estão caindo! - e dizendo isso ela mostrou as mãozinhas cheias de cabelos.
― Você andou mexendo com magia?
― Não prrofessorr, eu jurro! - disse ela olhando para as mãos.
― Tudo bem - disse Snape pegando-a no colo e encaminhando-se para a enfermaria.
Eram seis horas da manhã, Dumbledore entrou na enfermaria e encontrou Snape sentado ao lado da cama onde estava Antoine, dormindo com o queixo apoiado na mão. Madame Pomfrey e Dumbledore conversaram durante longo tempo e podia se ver que o velho diretor estava abalado e decepcionado com o que acabara de ouvir da enfermeira. E aquele foi um dia e tanto em Hogwarts, os professores corriam apressados nos intervalos entre as aulas, e Dumbledore não cumprimentou ninguém.
À noite, no jantar, toda aquela intriga foi revelada:
― Queridos alunos, - começou Dumbledore com uma aparência nervosa - acho que todos vocês notaram que o dia de hoje não foi bom para todos os professores! - e fez uma pausa - Isto porque nos decepcionamos com o que aconteceu! - Hermione prestava muita atenção enquanto olhava para Antoine. - Vou ser bem exato e direto. Alguém lançou um feitiço em uma colega e este não prejudicou apenas ela, mas a todos porque a pessoa que lançou um feitiço poderoso como aquele num colega poderá muito bem lançar em qualquer outra pessoa - disse Dumbledore voltando-se vagarosamente para cada mesa. Hermione fez menção de falar, ela queria dizer que nunca lançaria um feitiço em outra pessoa, mas Harry a segurou. - Depois do jantar, esperarei que o culpado se apresente em meu gabinete. Se ninguém se apresentar, serei obrigado a tirar alguns privilégios de todos vocês! - pode-se ouvir “ahs” desanimados e vários “não é justo” - Agora jantem!
Antoine estava sentada comportadamente ao lado de Draco, parecia uma santa em vida se não fosse pelos seus cabelos, que estavam muito oleosos e por seu olhar, que era aterrador. Até Snape sentiu os olhos frios dela.

Mais tarde, no salão comunal da Grifinória, Harry e Rony conversavam.
― Deu certo! - Rony disse baixinho - Mione tinha razão, ela estava fazendo magia.
― É, mas acabamos de nos ferrar! - continuou Harry - não podemos assumir a culpa senão seremos castigados e o Snape então, vai nos comer no almoço!
― Vamos ser castigados de qualquer forma! - balbuciou Rony, que como um relâmpago largou um sorrisinho amarelo depois de olhar para a cara de Hermione.
Os dois ficaram quietos durante vários minutos, sentados, observando as chamas na lareira, como se fossem muito interessantes.
― Vou me entregar! - disse Hermione se pondo de pé num pulo - Vou contar a Dumbledore o que suspeitei de Antoine.
― Não! - bradou Harry - Você vai ser expulsa!
― E por nada! - rosnou Rony - Sabemos que ela está envolvida em algo que não deveria estar e vamos seguir cada passo! Ou não me chamo Ronald Weasley! - Harry e Hermione foram obrigados a rir da vontade do amigo em tentar ajudar, mas tiveram que concordaram com ele.
A espera de Dumbledore foi em vão, ninguém se apresentou como culpado. Então, no jantar daquela noite, o diretor resolveu bombardear o corpo discente com o pior: todos, sem exceções, estavam terminantemente proibidos de saírem do castelo, especialmente para irem à Hogsmeade, por tempo indeterminado. E após o terrível jantar, onde a perda de apetite foi geral, Dumbledore reuniu os professores para lhes dar rígidas instruções, e não deteve muito tempo.
― Quero que prestem muita atenção a crianças excepcionalmente inteligentes porque elas tendem a se perder pelo caminho. Quero dizer que, além de caírem nas garras do mal, podem se perder em meio ao entusiasmo e a prepotência. Portanto, dediquem-se e não deixem que estas crianças fiquem desocupadas em sala de aula, os poderes delas devem ser bem aproveitados.
Os professores concordaram e se dispersaram.
― Severo! - chamou Dumbledore. O professor de Poções parou, não deixava que vissem seus dedos comprimindo-se no entrelaço das mãos, que estavam às costas; olhou para o chão, desviando o olhar de Flitwick, que foi o último a sair, e assim que o bruxinho desapareceu corredor afora Snape respondeu.
― Sim, diretor?
― Antoine é uma criança iniciada e pôde e teve que avançar alguns anos. Contudo, todos os passos devem ser vistos. - Snape sentiu o peso daquela afirmação, mas concordou imediatamente - E Severo... ela será seu reflexo, conto com você!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.