E que vença a melhor.
Uma guerra de dança! Por que uma Bombastic não perde a classe, não desce do salto, amor! Muito menos por uma qualquer! Muito menos pra Cho Chang e suas amigas sem classe! XP.
-Na pista? –a Cho perguntou com cara de nojo.
-Na pista! –eu afirmei. –Vai dizer que não sabe dançar?
-Muito melhor do que você, eu tenho certeza.
Ao som de Dirty, da Christina Aguilera (uma cantora trouxa) eu fui pro meio da pista. As pessoas formaram um circulo, deixando um grande espaço para a batalha. A Manu, a Bia, a Didy, e a Mandy me seguiram. As regras de uma batalha de dança são simples: três rounds, você não pode usar nenhum passo que o oponente já tenha usado, e não pode chamar ninguém de fora. Eu estava nervosa, e via que as meninas estavam também. Mas, a gente não podia perder... não MESMO!
Começou. A gente primeiro. Agora vai! Cinco, seis, sete e oito!
Os movimentos eram bem calculados, sex appeal forte, marcado, vire à esquerda, agora desce! Meu Deus, a Manu virou para a direita. Calma, a gente recupera. Cinco passos pra trás, agora é a vez delas. Passos bons, calculados também. Nenhum erro. Elas ganharam o primeiro round. Respira fundo! Segundo round. A coreografia está cada vez mais complicada, mão na cabeça, rebola, até o chão. Vai, segura firme, não cai do salto... Yeah, we did it! Empate. O ultimo round é decisivo. A gente não pode errar! Nunca! Perder pra aquelas desqualificadas? Nem que me paguem! Nem que eu ganhe toda a coleção da Louis Vuitton! Vai lá... a musica tá quase no fim, agora está mais difícil de não repetir nenhum passo. E a gente tá lá no meio, duas contrações, giro baixo, levanta. Mais uns passinhos, a música acabou. Oh My Gosh, a música acabou! Espera, a gente foi melhor? Elas não têm outra chance, a gente ganhou! MEU DEUS, A GENTE GANHOU! Eu corri e abracei a Manu, que estava mais perto, e as meninas correram ao nosso encontro... Meu deus, que perfeito! Depois de comemorar, eu parei e pus a mão na cintura, com a minha melhor cara de nojo! Dei uma risada, encarando Cho e as amiguinhas dela. Por que elas eram tão feias? Que dó! Hahaha... Mas, de que importa? A gente ganhou!
-E agora, lambisgóia? Engole essa! –eu disse rindo para a Cho.
-Você não pense que vai ficar assim, sua loira aguada. A gente vai virar isso!
-Tá, tá, tá... Agora vaza! ¬¬
Elas saíram batendo os pés, quebrando copos e garrafas que estavam no caminho. Estava obvio que elas iriam perder! Ralé contra Classe A? No way, sweet! Tá bom que é meio clichê, isso, de nós sempre sermos as melhores... Mas, vou confessar: só propus a guerra, porque a gente ensaia a coreografia às vezes. Imagina se não? A gente ia perder feio! Elas até que eram boas... Credo!
Bem, passado todo o vuco-vuco da batalha, a festa tinha voltado ao normal, eu estava conversando com o Ced, e com a Manu no sofá, quando a Manu falou que nem criança:
-E aí, Ced, e vocês dois?
Eu fiquei vermelha. Por que ela não mantém aquela língua dentro da boca? ¬¬ Ai, que raiva! Ela podia ter perguntado sobre TUDO, menos sobre isso. Porque ela não lança assuntos do tipo... “Assistiu o último jogo dos Lakers?” Ai, criança!
-Não depende só de mim. –ele disse pegando na minha mão. Eu olhei pra ele, e depois abaixei a cabeça. Se ele fosse só mais um, beleza, mas ele era tão especial...
-Ah, Ashy, vai dizer que não é uma proposta tentadora? Eu te conheço, sei que você iria amar uma aliança bem brilhante no seu dedo, né? –a Manu prosseguiu. Fiquei ainda mais vermelha!
-Cala a boca, Manuella! –eu disse com os lábios cerrados.
Ela começou a rir. Olha o que dá adotar essas infames... ¬¬’ Hahaha. O Ced riu também. Só eu não vi graça. ¬¬ Então o Ced me beijou, e eu viajei naquele beijo, como nunca antes. Nunca vou esquecer! Quando ele se afastou, eu já tinha até esquecido do que a Manu havia falado. Aliás, ela nem estava mais lá, e quem disse que eu liguei? Continuei a beijá-lo, como se não houvesse mais nada acontecendo no mundo, e como se a musica tivesse passado de um eletrônico agitado à um romântico lento, em uma fração de segundos, e como se as pessoas não estivessem lá. Parecia que tudo girava em torno daquele beijo. A essa altura da festa, eu já estava apenas com o tubinho preto (o vestido, antes que perguntem...), e os sapatos. As orelhas e a gravata estavam em cima de uma mesa, em que a Mandy estava com o Harry, eu as havia tirado para a batalha. E de repente, todo aquele mundo cor-de-rosa que havia nos envolvido estourou como bola de chiclete. Estava na hora de ir embora. Olhei no relógio do Ced; estávamos ali há quase uma hora. Mas pareciam cinco minutos. O que é bom vai tão rápido, não? Já se passava das duas da manhã e nós estávamos bem longe da sala comunal da Grifinória. Ai, que saudades disso. *.*
Acabamos indo embora. Mas foi como se eu nunca mais fosse vê-lo, pois eu já senti um aperto só de dizer “até amanhã”. Queria ficar mais, ficar com ele, o tempo todo. Fui até a torre pensando nele o tempo todo. Chegando lá, ninguém estava com sono. Sentamos nas poltronas fofas em frente à lareira, a sala comunal estava vazia. Eu me joguei na primeira poltrona, e tirei os scarpins. Estava exausta. A Mandy sentou-se na ponta do sofá, como uma criança que fez algo errado. A Bia sentou-se na poltrona ao meu lado, e também tirou os sapatos. A Manu sentou-se ao lado da Mandy, com as pernas cruzadas sobre o sofá. E a Didy sentou-se no chão, encostada no sofá, à frente das pernas dobradas da Manu. De repente, reparei na Mandy, com aquela cara de não fui eu.
-O que você tem, Mandy? –eu perguntei.
-Naaaaaada.
-Cara, ainda não acredito que a Mandy beijou o Harry, e foi na festa, e dançou daquele jeito, e experimentou batida! –disse a Didy.
-‘Pera ae! –eu disse ficando de joelhos na poltrona. –Batida, Mandy? Essa eu perdi!
-Lógico que perdeu, você estava fazendo sem vergonhices de novo. –a Mandy disse.
-Sem vergonhice? Olha quem fala... –eu respondi rindo.
As meninas riram.
-Gente, vocês nunca me contaram que era tão legal ficar com alguém.
-Ahn? –a Didy perguntou estranhando.
-É... Vocês nunca me falaram como era.
-Aaah, esqueci que você era BV, Mandy. –a Didy respondeu com uma piscadela.
A Mandy ficou vermelha.
-Bom, mas agora, todo mundo já conhece o que é bom, neh? Legal, já chega!-eu disse brincando. Nós rimos. –Não, é sério, vai que a Mandy se anima. Depois que perdeu o cabaço... Um abraço, neh, fofa? Hahaha.
-Pára com isso, Ashley! Você acha que eu sou capaz de fazer alguma coisa? Vocês que são muito assanhadinhas, eu sei me comportar. –a Mandy respondeu corando.
Eu olhei para as outras meninas, nos comunicando com um olhar, como se pudéssemos ler os pensamentos umas das outras. Elas riram também.
-As santinhas são as piores, Mandy.- disse a Bia.
-Vocês querem saber? Eu vou dormir que eu ganho mais.
-Aaaah, a Mandy tá com vergonha!
-É, Manu, a gente deixou a Mandy vermelha, olha lá! –a Didy riu-se
-Ele beija bem?
-Isso é pergunta que se faça, Ashley? –ela respondeu corando mais ainda.
-Claro que é. A gente sempre comenta como é o beijo dos meninos.
-Mas, Manu, eu nunca beijei outro menino, como eu vou saber se é bom ou não?
-Você achou bom pra um primeiro beijo?
-Aaah...-ela pensou pra responder.
Nunca cheguei a saber a resposta dela. De repente ouvimos uma batida na janela. Ficamos silenciosas, e eu me levantei e atravessei a sala. Era apenas uma coruja. Eu desamarrei da perna dela a carta que lá estava presa, e voltei ao sofá com o envelope nas mãos, lendo o nome do destinatário.
Às senhoritas Candy Sheraston Herons, Bianca Anne Potter, Amanda Nuelle Clarckson, Manuella Claire Lidron e Ashley Lievana McGuire.
Sala Comunal da Grifinória.
Alto da Torre da Grifinória.
Hogwarts.
Não havia remetente, selo, ou qualquer coisa que identificasse quem havia mandado a carta. Nem o envelope indicava algo. Era apenas um envelope de pergaminho simples, daqueles que a gente compra na “Floreios e Borrões”. Eu abri o envelope e apenas li.
Li uma. Duas. Três vezes. Em nenhuma delas acreditei no que estava escrito. Não, nunca. Não podia ser verdade aquilo. Como? Talvez fosse uma brincadeira de mau gosto, ou alguma piada.
Esperei uma delas gritar algo como “Feliz primeiro de abril!”. Mas não era primeiro de Abril. E ninguém gritou nada.
Minha expressão denunciava o que eu sentia. Olhei para cada uma delas, e não consegui acreditar ainda. Todas elas haviam parado de rir, e pareciam estar preocupadas com o conteúdo da tal carta, apenas pela minha expressão. A Bia se esticou para pegar no chão o envelope que havia escorregado das minhas mãos.
- Às senhoritas Candy Sheraston Herons, Bianca Anne Potter, Amanda Nuelle Clarckson, Manuella Claire Lidron e Ashley Lievana McGuire. Sala Comunal da Grifinória. Alto da Torre da Grifinória. Hogwarts. –ela leu em voz alta. –Não tem remetente. Ash, o que está escrito? –eu continuei em silencio, olhando aquele pedaço de pergaminho em minhas mãos. –Ash? Ash? Ash, você tá bem?
Eu dobrei novamente o pergaminho. As letras garranchosas à tinta vermelha ainda se passavam na minha cabeça, como se o pergaminho fosse fruto da minha imaginação. Mas não era. Eu o abri de novo e li uma quarta vez. As garotas me observavam atentamente, talvez esperando que eu dissesse alguma coisa, ou abrisse um largo sorriso dizendo “surpresa!”, como se o que estava ali escrito fosse algum convite para uma super festa da elite bruxa, ou um elogio pela batalha de dança de alguns minutos mais cedo. Não. Simplesmente não era. Eu senti meu corpo escorregar pela poltrona e de repente eu estava sentada no chão, abraçando meus próprios joelhos. Larguei a carta no chão e a Didy se sentou ao meu lado, passando a mão pelos meus ombros.
-Ashley, você tá bem? Sua pressão está caindo? Você quer alguma coisa? Isso é efeito da bebida? A gente foi expulsa? Alguém morreu? Ashley, você tá pálida. Você vai vomitar? Ashley, pelo amor de Deus, me responde!
Eu simplesmente não conseguia. As palavras se perdiam no caminho entre meu cérebro e minha boca. Não chegavam. Simples assim.
-Mandy, pega a carta. –disse a Manu. Ela também já estava no chão ao meu lado, segurando uma das minhas mãos e eu nem tinha percebido. A Mandy abaixou e pegou o pergaminho já meio amassado e jogado no chão. Ela não se atreveu a ler. Parecia que o papel estava amaldiçoado, pois ninguém o abriu. Pareciam ter medo. E deveriam. Eu queria nunca ter lido aquilo. Preferia ter deixado a coruja lá fora, até outra pessoa pegar a carta na manhã seguinte, ou até ela voltar ao seu destinatário, cansada de esperar.
-Ashley, lê a carta.
-Não. –foi tudo que eu consegui dizer, num tom amedrontado, como uma criança assustada.
-Ashley, não pode ser tão ruim assim.
-Então lê você! –eu respondi à Manu, que me mandava ler a carta.
-Porque você não pode ler?
-Eu posso, mas não vou ler isso de novo.
-O que tem de tão mal aqui, Ashley? Pára de ser criança! Lê logo!
-Já disse, lê você!! Eu não quero, e ponto!
Ela pegou o pergaminho da mão da Mandy, bufando. Leu uma, duas, três, quatro, cinco, seis vezes. Para ela, com certeza foi pior do que para mim. Ela perdeu a cor, ficou branca como um fantasma. Nem mesmo a expressão constantemente doce e maliciosa que ela levava parecia permanecer agora. Ela tinha a mesma expressão que eu. Parecia também não acreditar. Claro que não, não era verdade, não podia ser. Como?
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